Bible in 90 Days
Vivendo em harmonia
15 Ainda que acreditemos que para o Senhor é indiferente que façamos ou não essas coisas, nós os que somos fortes não podemos contudo continuar a praticá-las para agradarmos a nós mesmos; porque temos de ter em consideração as dúvidas e os receios dos outros. 2 Procuremos agradar aos outros, não a nós próprios; façamos aquilo que pode contribuir para a edificação da sua vida espiritual. 3 Nem Cristo procurou o seu próprio prazer. Como disse o Salmista: “Os insultos dos teus inimigos têm caído sobre mim.”[a] 4 Porque tudo o que anteriormente foi escrito, é para nos ensinar, para que pela paciência e pelo consolo das Escrituras, aguardemos com esperança as promessas de Deus.
5 Possa Deus, que vos dá paciência e consolo, ajudar-vos a viver em harmonia uns com os outros, na mesma atitude que Cristo Jesus teve. 6 E então todos podem, a uma só voz, dar glória a Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.
7 Sendo assim, recebam-se afetuosamente uns aos outros, tal como Cristo vos recebeu, e assim Deus será glorificado. 8 E lembrem-se de que Cristo veio como um servo dos judeus, a fim de mostrar que Deus é verdadeiro e confirma as promessas que fez aos nossos antepassados. 9 Ele veio também para que os gentios possam dar glória a Deus pela misericórdia que lhes manifestou. É isto o que está escrito:
“Por isso, dar-te-ei graças entre as nações,
e cantarei louvores ao teu nome.”[b]
10 E noutra passagem:
“Alegrem-se, ó nações, com o povo de Deus!”[c]
11 E ainda noutro local:
“Louvem o Senhor, todas as nações!
Que todos os povos lhe deem louvores!”[d]
12 E o profeta Isaías disse:
“Haverá uma raiz para a família de Jessé,
que será rei sobre as nações;
estes porão nele as suas esperanças.”[e]
13 Que Deus, que vos deu esperança, vos mantenha felizes e cheios da paz que nasce pela fé, através do poder do Espírito Santo nas vossas vidas.
Paulo, o mensageiro aos gentios
14 Eu estou certo, irmãos, de que estão cheios de bondade, para que com o conhecimento que já têm possam aconselhar-se uns aos outros.
15 Apesar disso, tive a ousadia para vos escrever sobre estes pontos, convencido de que o que vos falta é sobretudo que estes assuntos estejam sempre bem presentes na vossa mente. 16 Pois, pela graça de Deus, fui chamado a ser ministro de Jesus Cristo junto de vocês, os gentios, servindo-o como sacerdote do evangelho, para que sejam apresentados a Deus como um sacrifício inteiramente aceite por ele, santificado pelo Espírito Santo.
17 Por isso, me é lícito ter esta grande satisfação, por tudo aquilo que Cristo Jesus fez por meu intermédio no meu serviço para Deus. 18 Porque nem sequer ousaria abrir a boca, se Cristo não tivesse usado a minha vida para levar os gentios a Deus, ganhando-os através da minha mensagem e da forma como vivi diante deles; 19 e ainda pelos milagres feitos por meu intermédio como sinais vindos de Deus, tudo isto pelo poder do Espírito Santo. E desta maneira tenho pregado o evangelho de Cristo, por toda a parte, desde Jerusalém até ao Ilírico.
20 O meu grande desejo tem sido ir sempre mais longe, pregando de preferência onde o nome de Cristo ainda não tenha sido ouvido, e não edificando sobre um fundamento posto por outro. 21 Tenho seguido o plano de que falam as Escrituras, onde Isaías diz:
“Aqueles que nunca antes tinham ouvido falar dele
agora o verão e compreenderão.”[f]
22 Eis no fundo a verdadeira razão porque não pude ir visitar-vos mais cedo.
O plano de Paulo para visitar Roma
23 Mas agora acabei, enfim, o meu trabalho nestas regiões e estou desejoso de ir ter convosco, após todos estes longos anos de espera. 24 Porque estou a fazer planos para uma viagem a Espanha e de caminho tenciono ficar em Roma um tempo, para gozar da vossa convivência, depois do que alguns de vocês poderão até ajudar-me no prosseguimento da minha viagem.
25 Mas antes disso tenho de ir a Jerusalém levar uma oferta para os santos dali. 26 Pois pareceu bem aos cristãos da Macedónia e da Acaia enviar um donativo para os seus irmãos de Jerusalém, que têm atravessado tempos bem difíceis. 27 Eles tiveram muita alegria em fazê-lo, porque sentem que têm como que uma dívida para com os cristãos de Jerusalém, pois os gentios foram participantes das bênçãos espirituais dos judeus. E sentem que o mínimo que poderão fazer em retribuição será enviar à igreja de Jerusalém uma ajuda material. 28 Portanto, logo que tenha executado essa tarefa, entregando o fruto da sua gratidão, irei ver-vos no meu caminho para Espanha. 29 Estou certo de que nessa visita que vos farei hei de levar-vos todas as riquezas espirituais da bênção de Cristo.
30 E peço-vos muito, meus irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo e pela afeição com que o Espírito Santo nos une, que participem comigo, pela oração, no combate que irei travar. 31 Orem para que eu fique livre dos que na Judeia se recusam a crer em Cristo. E também que os cristãos de Jerusalém aceitem bem a minha missão junto deles. 32 E assim, se for a vontade de Deus, poderei então ir ter convosco mais feliz, para juntos nos encorajarmos uns aos outros.
33 Que Deus, a fonte da verdadeira paz, esteja com todos. Amém!
Votos e saudações pessoais
16 Recomendo-vos Febe, nossa irmã, que tem servido na igreja de Cencreia. 2 Recebam-na com toda a afeição cristã, como deve ser entre crentes. Ajudem-na em tudo o que puderem, porque ela própria prestou o seu auxílio a muita gente na necessidade, incluindo eu próprio.
3 Transmitam as minhas saudações a Priscila e a Áquila, meus colaboradores na obra de Jesus Cristo, 4 que puseram em risco as suas vidas por minha causa. E não só eu, mas também todas as igrejas dos gentios lhes estão agradecidas. 5 Peço-vos que deem as nossas saudações a todos aqueles que se reúnem na sua casa para o culto a Deus.
Deem cumprimentos ao meu querido amigo Epéneto que foi o primeiro, da província da Ásia, a converter-se a Cristo. 6 Deem também lembranças minhas a Maria que tanto trabalhou para vos ajudar. 7 O mesmo também a Andrónico e Júnia, meus parentes, que estiveram comigo na prisão. Eles gozam da consideração dos apóstolos e tornaram-se cristãos mesmo antes de mim. 8 Transmitam a minha sincera amizade a Ampliato, a quem eu muito quero, no Senhor. 9 Igualmente a Urbano, nosso colaborador, e a Estáquio, meu querido amigo.
10 E há também Apeles, um homem que tem resistido, pelo poder de Cristo, a todas as provas; deem-lhe toda a minha estima. O mesmo peço que façam junto dos que trabalham na casa de Aristóbulo. 11 Deem lembranças minhas a Herodião, também meu parente. E aos da casa de Narciso, que pertencem ao Senhor. 12 Saudades a Trifena e a Trifosa, que trabalham para o Senhor fielmente. Também à estimada Pérsida que tanto se tem esforçado na obra de Deus. 13 Saudações da minha parte a Rufo, esse cristão distinto, e a sua mãe, a qual foi igualmente uma mãe para mim.
14 Peço também que deem lembranças minhas a Asíncrito, a Flegonte, a Hermes, a Patrobas, a Hermas e aos outros irmãos que estão com eles. 15 Transmitam a minha amizade a Filólogo, a Júlia e a Nereu, assim como à sua irmã, e a Olimpas, tal como a todos os cristãos que com eles estão. 16 Entre vocês, saúdem-se também uns aos outros com um beijo de irmãos crentes. Todas as igrejas daqui vos saúdam.
Últimas recomendações de Paulo
17 Peço-vos que se afastem daqueles que andam a provocar divisões e a perturbar a fé das pessoas, ensinando coisas contrárias às que ouviram. 18 Tal gente não está ao serviço do nosso Senhor Jesus Cristo; servem-se antes a si mesmos. Em geral, sabem falar muito bem e as pessoas simples são enganadas por eles. 19 Mas todos conhecem a vossa obediência a Cristo e isso muito me alegra. Queria que permanecessem esclarecidos no que respeita ao que é justo e de sobreaviso em relação ao mal. 20 O Deus de paz não tardará a esmagar Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco. Que assim seja!
21 Timóteo, meu colaborador, e Lúcio, Jason e Sosípatro, meus parentes, mandam-vos saudações. 22 E eu, Tércio, que fui quem escreveu esta carta, também vos mando as minhas melhores saudações, como vosso irmão no Senhor. 23 Gaio manda-vos lembranças. Estou instalado em sua casa, onde aliás se reúne a igreja aqui. Erasto, tesoureiro municipal, envia-vos cumprimentos tal como o irmão Quarto. 24 Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos. Amém!
25 Deus é poderoso para vos tornar firmes em toda a palavra do evangelho e na doutrina de Jesus Cristo. O plano de Deus para a salvação dos não-judeus manteve-se secreto desde o princípio dos tempos. 26 Mas agora, tal como as Escrituras dos profetas previram, e como o Deus eterno tinha ordenado, esta mensagem é anunciada a todas nações para que possam crer e obedecer a Cristo. 27 Ao único Deus, que possui toda a sabedoria, seja dada glória para sempre através de Jesus Cristo. Amém!
1 Paulo, escolhido por Deus para ser o apóstolo de Jesus Cristo, e o irmão Sóstenes. 2 Escrevemos esta carta à igreja de Deus em Corinto, aos chamados por Deus para serem o seu povo santo, e a todos os que em toda a parte invocam o nome de Jesus Cristo, Senhor deles e nosso.
3 Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo vos deem a sua graça e a sua paz.
Agradecimento a Deus
4 Agradeço continuamente ao meu Deus a vosso respeito, pela graça de Deus que vos foi concedida através de Cristo Jesus. 5 Ele enriqueceu toda a vossa vida, toda a vossa maneira de falar e todo o vosso conhecimento. 6 O testemunho que vos dei acerca de Cristo foi confirmado nas vossas vidas. 7 Deste modo, não vos faltará nenhum dos dons espirituais, durante este tempo em que esperam a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo. 8 Deus também garante que vos manterá firmes até ao fim e que serão por ele considerados isentos de culpa no dia em que Cristo voltar. 9 Porque Deus, que vos chamou para um relacionamento maravilhoso com o seu Filho, Jesus Cristo, nosso Senhor, sempre cumpre aquilo que diz.
Divisões na igreja
10 Irmãos, suplico-vos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que tenham todos uma mesma palavra, que não se criem divisões no vosso meio e que sejam unidos numa só maneira de pensar, num só propósito. 11 Porque, meus irmãos, alguns dos membros da família de Cloé contaram-me das vossas disputas. 12 Alguns dentre vocês andam dizendo: “Eu sou adepto de Paulo!” Outros, por seu lado, afirmam ser seguidores de Apolo. Outros ainda de Pedro. E uma parte diz serem só eles os verdadeiros seguidores de Cristo.
13 Estará Cristo dividido em muitos pedaços? Terei sido eu, Paulo, por acaso, quem morreu pelos vossos pecados? Foi algum de vocês batizado em meu próprio nome? 14 Agradeço a Deus por não ter batizado nenhum de vocês, com exceção de Crispo e Gaio. 15 Porque ninguém poderá dizer que foi batizado em meu nome. 16 Lembro-me ainda que batizei a família de Estéfanas, mas creio que não batizei mais ninguém. 17 Porque Cristo não me enviou para fazer batismos, mas a pregar o evangelho. E a minha pregação nem sequer é feita com palavras inspiradas em sabedoria humana, para não tirar poder à mensagem da cruz de Cristo.
Cristo, a sabedoria e o poder de Deus
18 Eu sei bem como parece loucura, para os que estão perdidos, dizer que Jesus morreu na cruz para os salvar. Contudo, para nós que estamos salvos, isso é a expressão do poder de Deus. 19 Porque está escrito:
“Destruirei a sabedoria dos sábios,
frustrarei a inteligência dos inteligentes.”[g]
20 O que dizer então desses sábios, desses especialistas na Lei, desses comentadores das grandes questões mundiais? Deus tornou a sua sabedoria em loucura. 21 Porque Deus, na sua sabedoria, determinou que o homem não o encontraria por meio da sua inteligência, mas que haveria de salvar todos os que cressem nele mediante a loucura da pregação. 22 Os judeus pedem sinais milagrosos e os gentios procuram sabedoria. 23 Mas, quanto a nós, pregamos que Cristo foi crucificado, os judeus escandalizam-se e os gentios dizem que é loucura.
24 Mas para aqueles que foram chamados para a salvação, tanto judeus como gentios, Cristo é a força poderosa e a sabedoria de Deus. 25 O plano de Deus, considerado louco, é afinal bem mais inteligente do que o mais sábio dos planos construídos pelos homens. E Deus, naquilo que os homens podem considerar como fraqueza, é bem mais forte do que qualquer força humana.
26 Reparem, irmãos, que mesmo no vosso meio, entre os que seguem a Cristo, são poucos os sábios segundo critérios humanos, os que pertencem a altos estratos sociais ou têm poder e riquezas. 27 Pelo contrário, pois Deus escolheu de propósito as coisas que o mundo considera loucas para envergonhar aqueles que pensam ser sábios e escolheu as pessoas fracas para envergonhar as que têm poder. 28 Deus escolheu as coisas que no mundo são insignificantes, as desprezíveis e as que não são nada, e usou-as para aniquilar as que são alguma coisa, 29 para que ninguém se orgulhe seja do que for na presença de Deus.
30 É por ele que vocês estão em Jesus Cristo. Ele tornou-se a sabedoria de Deus para nosso benefício. Foi ele quem cumpriu para nós a justiça de Deus; tornou-nos santos e deu-se a si próprio para nossa redenção. 31 Tal como dizem as Escrituras:
“Quem se quiser gloriar, glorie-se no Senhor.”[h]
2 Caros irmãos, quando estive convosco, não empreguei palavras caras nem sábias para vos transmitir o misterioso plano de Deus. 2 Decidi que falaria apenas de Jesus Cristo e da sua morte na cruz. 3 Aliás, apresentei-me consciente da minha fraqueza; eu ia cauteloso e com receio. 4 A minha pregação foi muito simples; nada de retórica nem de sabedoria humana, mas o poder do Espírito Santo atuava, provando que a mensagem era de Deus. 5 Para que a vossa fé se apoiasse no poder de Deus e não em sabedoria meramente humana.
A sabedoria do Espírito
6 É claro que entre os crentes com maturidade espiritual, exprimo-me com palavras de sabedoria divina, mas não daquelas que são características dos líderes deste mundo, e que afinal estão destinadas a desaparecer. 7 Toda a sabedoria de que falamos é um mistério oriundo de Deus; é a expressão do seu sábio plano, oculto nos tempos antigos, ainda que tivesse sido elaborado em nosso benefício, desde sempre. 8 Mas os líderes deste mundo não o compreenderam; caso contrário, não teriam crucificado o Senhor da glória. 9 É esse o sentido das Escrituras quando dizem:
“As coisas que as pessoas jamais viram, nem ouviram,
nem sequer puderam imaginar,
foram as que Deus preparou para os que o amam.”[i]
10 E nós conhecemo-las porque Deus enviou o seu Espírito para no-las revelar. O seu Espírito perscruta e revela-nos os pensamentos mais profundos de Deus. 11 Quem pode conhecer o que uma pessoa está a pensar e como é realmente no seu íntimo, senão a própria pessoa? Também ninguém pode conhecer os pensamentos de Deus, se não for pelo seu próprio Espírito. 12 Deus deu-nos o seu Espírito, e não o espírito característico deste mundo, para nos revelar as dádivas que ele graciosamente nos concede. 13 Ao dizer-vos isto não usamos palavras de sabedoria humana. Nós falamos palavras que nos são dadas pelo Espírito e assim usamos as palavras do Espírito para explicar verdades espirituais. 14 Uma pessoa que não tenha o Espírito de Deus não pode compreender as coisas que o Espírito Santo nos ensina. Parecem-lhe loucura, pois só pelo Espírito Santo se podem perceber. 15 Uma pessoa espiritual tem a perceção de todas as coisas, mas os que são deste mundo não podem entendê-las. 16 Como poderiam? Porque está escrito:
“Porque quem conheceu o pensamento do Senhor
ou quem é o seu conselheiro?”[j]
Mas nós compreendemos estas coisas porque temos a mente de Cristo.
Paulo e Apolo, servos de Cristo
3 Meus irmãos, quando estive convosco, não pude falar-vos como se fossem cristãos maduros, mas como a pessoas controladas pelos seus próprios desejos. Tive de falar-vos como se fossem ainda criancinhas na vida cristã. 2 Tive necessidade de vos alimentar com leite, em vez de alimento sólido, porque não teriam podido digeri-lo. Nem ainda podem. 3 Porque são ainda cristãos controlados pelos vossos próprios desejos e não pelos de Deus. Quando têm inveja uns dos outros e se dividem em grupos desavindos, não é isso prova de que ainda só querem fazer a vossa vontade, e de que se comportam como gente que ainda não pertence ao Senhor? 4 Quando um de vocês diz: “Eu sou um seguidor de Paulo”, e outro diz: “Eu prefiro Apolo”, não estão a agir como descrentes?
5 Afinal quem sou eu e quem é Apolo? Não somos apenas servos de Deus, cada um com a capacidade que o Senhor lhe concedeu, e por intermédio de quem se tornaram crentes? 6 A minha missão consistiu em plantar a semente nos vossos corações e Apolo regou-a. No fim de contas, foi Deus, e não nós, quem fez crescer essa sementeira. 7 A pessoa mais importante não é aquela que semeia ou rega. Deus, sim, é importante, porque só ele produz o crescimento. 8 Tanto o que semeia como o que rega são iguais, ainda que cada um venha a ser recompensado segundo o seu próprio trabalho. 9 Nós não somos mais do que cooperadores de Deus. Vocês são o campo de Deus. Vocês são o edifício construído por Deus e não por nós.
10 Deus, na sua bondade, ensinou-me a ser um bom arquiteto, e eu coloquei os fundamentos, e agora outro continua a construção. Que cada um veja bem como edifica! 11 Ninguém pode colocar outro alicerce que não seja aquele que já está posto: Jesus Cristo. 12 Contudo, a verdade é que há muitas espécies de materiais que podem ser usados para construir sobre esse fundamento. Uns usam ouro, prata e pedras preciosas; mas outros empregam madeira e feno, ou até mesmo palha! 13 Está a chegar a ocasião em que perante o tribunal de Cristo será posto à prova o material que cada construtor usou. O trabalho de cada um passará como que pelo fogo, para que se possa provar a sua resistência. 14 Então quem trabalhou construindo sobre o bom alicerce e com o material conveniente, se a sua obra se tiver mantido, receberá a justa paga. 15 Mas se o edifício arder, grande será o prejuízo do seu construtor. Contudo, ele próprio será salvo; mas como um homem que tivesse escapado de um incêndio.
16 Não se dão conta de que constituem o templo de Deus e que o Espírito de Deus vive em vocês? 17 Se alguém estragar a casa de Deus, Deus o destruirá. Porque a habitação de Deus é santa e cada um de vocês é o seu templo.
18 Não se enganem a vós próprios. Se alguém se tem por muito sábio, neste mundo, faria melhor deixar que o considerem louco, para aceder à verdadeira sabedoria. 19 Porque a sabedoria deste mundo não é mais do que loucura perante Deus. Como está escrito: “Deus apanha os sábios na sua própria astúcia.”[k] 20 E também: “O Senhor conhece os pensamentos dos sábios e como os seus esforços são vãos.”[l] 21 Por isso, que ninguém sinta orgulho em seguir uma outra pessoa. Porque Deus já vos deu tudo aquilo de que precisam. 22 Têm Paulo, Apolo e Pedro para vos ajudarem. Deus deu-vos o mundo inteiro para dele usarem, a vida e a própria morte, o presente e o futuro. Tudo é vosso. 23 E vocês pertencem a Cristo e Cristo pertence a Deus.
A condição dos apóstolos
4 Que as pessoas nos encarem como estando ao serviço de Cristo e tendo ao nosso encargo os seus mistérios. 2 É evidente que se exige a alguém que presta serviços que faça exatamente o que lhe dizem para fazer. 3 Vocês sabem que eu não me deixo afetar pelo que poderão pensar a esse respeito; vocês ou seja quem for. Nem pelo meu próprio juízo a este respeito me deixo influenciar. 4 Aliás, a minha consciência em nada me acusa; mas nem isso me serve de justificação. É o próprio Senhor quem me examinará e me julgará.
5 Por isso, não se precipitem em juízos, antes da vinda do Senhor. Quando o Senhor vier, trará luz sobre todas as coisas, e não apenas as escondidas, para que se veja exatamente o que cada um de nós é no íntimo do coração. E Deus dará a cada um o louvor que merecer.
6 Meus irmãos, tomei-me a mim próprio e a Apolo como exemplos, para ilustrar aquilo que tenho vindo a dizer: o que cada um pensa deve ser submetido ao que dizem as Escrituras. Em relação àqueles que vos ensinam as coisas de Deus, não devem envaidecer-se a respeito de um e mostrar desfavor por outro. 7 Donde vos vem essa presunção de fazer diferenças? Afinal que sabem vocês que não vos tenha sido revelado por Deus? E se tudo o que têm vem de Deus, por que razão atuam como se tivessem realizado algo por vós mesmos?
8 Pensam que já têm tudo de que precisam! Já são ricos! Sem nós, tornaram-se reis! Eu desejaria que estivessem já nos vossos tronos, porque significaria que nós estaríamos a reinar também. 9 Com efeito, por vezes penso que Deus nos colocou a nós, os apóstolos, no lugar mais baixo da escala social, a par dos condenados à morte. Como prisioneiros que vão ser executados, expostos em espetáculo ao mundo inteiro e também aos anjos.
10 Nós tornámo-nos loucos pela causa de Cristo, mas vocês são sábios em Cristo. Nós somos os fracos e vocês os fortes! Vocês são considerados por toda a gente, mas de nós as pessoas riem-se. 11 Até este momento temos passado fome e sede, sem ter sequer roupa suficiente para nos agasalharmos, somos maltratados e perseguidos, e nem temos morada certa. 12 Temos trabalhado duramente com nossas próprias mãos para ganhar a vida. Abençoamos quem nos amaldiçoa. Somos pacientes para quem nos fere. 13 Respondemos com calma aos insultos. Até agora temos sido tratados como a sujeira das valetas, o lixo do mundo.
14 Não estou a escrever-vos estas coisas para vos chocar, mas para vos avisar como a filhos queridos. 15 Porque ainda que tivessem tido milhares de pessoas a ensinar-vos sobre Cristo, lembrem-se que só a mim tiveram como pai espiritual; pois fui eu quem vos conduziu a Cristo, quando vos anunciei o evangelho. 16 Por isso, peço-vos que sejam meus imitadores, fazendo o que eu faço.
17 Eis a razão por que vos envio Timóteo: para vos ajudar nesse sentido. Porque é também um daqueles que eu ganhei para Cristo, um querido filho espiritual, digno de toda a confiança. Ele vai lembrar-vos tudo o que tenho ensinado acerca de Cristo nas igrejas por onde tenho passado.
18 Sei que alguns se tornaram arrogantes, pensando que estou hesitante em ir tratar pessoalmente destes assuntos convosco. 19 Mas o certo é que irei, e em breve, se o Senhor permitir. Então verei se por detrás do orgulho dessas pessoas haverá algum poder espiritual ou se tudo não passa de palavras. 20 Porque o reino de Deus não é só discursos, mas sobretudo o viver pelo poder de Deus. 21 O que é que preferem? Que eu vá repreender-vos com vara ou com amor e bondade?
Disciplinando um caso de imoralidade
5 Fala-se muito por toda a parte da imoralidade sexual tolerada no vosso meio, tão má que nem sequer entre os gentios se encontra: um homem na vossa congregação está a viver em pecado com a mulher de seu pai. 2 Como se justifica então a vossa presunção? Não seria antes caso para chorar de tristeza e tirar esse indivíduo do vosso meio?
3 Ainda que não esteja convosco, contudo, estou espiritualmente presente. E em nome do nosso Senhor Jesus Cristo já decidi o que deverá fazer-se. 4 Devem convocar a assembleia da igreja, o poder do Senhor Jesus estará nessa reunião, e eu mesmo, em espírito, também estarei junto. 5 E então entreguem esse homem a Satanás, para este o levar à beira da morte e assim haver a esperança de ele buscar a salvação, no dia em que o nosso Senhor Jesus Cristo voltar.
6 Não é bom que se gabem da vossa espiritualidade e que uma tal situação se mantenha. Não se dão conta que, ao tolerar-se que uma só pessoa continue a pecar, em breve todas as outras serão afetadas? Como é costume dizer-se: basta um pouco de levedura para fermentar toda a massa. 7 Limpem-se pois de toda essa velha levedura; tornem-se uma massa sem fermento, para que todos se mantenham incontaminados. Cristo, o cordeiro da nossa Páscoa, foi sacrificado em nosso lugar. 8 Celebremos pois essa festa espiritual, deixando para trás o fermento da maldade, a antiga vida, podre de tanto vício, de tanto pecado. Em vez disso, participemos nessa festa espiritual com o pão da sinceridade e da verdade.
9 Já antes vos tinha escrito que não se misturassem com gente imoral. 10 Mas não me estava a referir aos descrentes que vivem na imoralidade sexual, que são gananciosos, ladrões e que se entregam à idolatria, porque então seria necessário sairem do mundo. 11 O que eu queria dizer é que não devem associar-se com alguém que, dizendo-se cristão, continua a viver na imoralidade, na avareza, na idolatria, na maledicência, em bebedeiras e no roubo. Nem sequer comam com tais pessoas.
12 Não nos compete a nós julgar os de fora, mas é sem dúvida nossa obrigação julgar os que estão dentro da igreja e que estão a pecar dessa maneira. 13 Deus julgará os que estão de fora. E as Escrituras dizem: “Tirem o mau do vosso meio.”
Problemas entre os crentes
6 Quando têm alguma coisa contra outro cristão esperam que seja um tribunal secular a decidir a questão, em vez de a resolverem entre crentes? 2 Não sabem que nós, os cristãos, haveremos de julgar o mundo? Como é que não são capazes de encontrar solução para essas pequenas divergências no vosso meio? 3 Não compreendem que nós, os cristãos, julgaremos até os anjos? Por isso, deveriam ser capazes de resolver no vosso meio os problemas desta vida. 4 Se têm questões legais para resolver, porque vão procurar juízes lá fora que não são respeitados pela igreja? 5 Digo isto para vossa vergonha. Será que em toda a igreja não há ninguém capaz de resolver tais diferendos? 6 É assim tão necessário que um cristão chegue ao ponto de meter um processo contra o outro e acusar o seu irmão na presença de descrentes?
7 Que tais processos possam existir já é uma derrota para vocês como cristãos. Porque não receber simplesmente a ofensa sem reagir? Seria melhor ficarem prejudicados. 8 Em vez disso, vocês mesmos cometem injustiças e chegam a defraudar até os próprios irmãos na fé.
9 Não sabem que os injustos não podem participar no reino de Deus? Não se deixem enganar; ninguém que viva na imoralidade sexual, que pratique a idolatria ou o adultério ou a homossexualidade terá parte no seu reino. 10 Nem tão-pouco os roubadores, os avarentos, os bêbedos, os caluniadores, os violentadores. 11 E houve um tempo em que alguns de vocês foram como eles. Mas agora os vossos pecados foram lavados e foram separados para Deus, o qual vos justificou em razão daquilo que o Senhor Jesus Cristo e o Espírito do nosso Deus fizeram por vocês.
Imoralidade sexual
12 “Tudo me é permitido”, mas nem tudo convém. “Tudo me é permitido”, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma. 13 Por exemplo, a comida: Deus deu-nos apetite para o alimento e um estômago para o digerir. Mas um dia Deus acabará tanto com o estômago como com o alimento. Já com a imoralidade sexual o caso não é o mesmo, porque não foi para tal que os nossos corpos foram feitos, mas para Deus, que quer enchê-los de si mesmo. 14 Deus, pelo seu poder, ressuscitará os nossos corpos dentre os mortos, tal como ressuscitou o nosso Senhor Jesus Cristo. 15 Não estão a perceber que os vossos corpos são membros de Cristo? Sendo assim poderia eu tomar uma dessas partes de Cristo e uni-la a uma prostituta? Nunca! 16 Não sabem que aquele que se une com uma prostituta se torna parte dela e ela dele? Porque Deus diz-nos na Escritura: “E serão os dois como um só.”[m] 17 Mas aquele que se une ao Senhor torna-se um só espírito com ele.
18 Fujam de toda a imoralidade sexual! Nenhum outro pecado atinge tanto o corpo como este; é um pecado contra o nosso próprio corpo. 19 Não aprenderam já que o vosso corpo é um templo do Espírito Santo, que Deus vos deu e que, portanto, vive em vocês? Por isso, o vosso corpo não vos pertence. 20 Porque Deus comprou-vos por um preço elevado. Sendo assim, usem todo o vosso ser, tanto o corpo como o espírito, para a glória de Deus, porque lhe pertencem.
O casamento
7 Quanto àquele assunto sobre o qual me escreveram: “É bom para o homem não ter relações sexuais com uma mulher”, 2 essa visão está errada. Visto que há tanta imoralidade sexual, o marido deve ter relações com a sua mulher e a mulher com o seu marido. 3 O homem deve dar à sua mulher tudo a que ela tem direito como mulher casada e o mesmo deverá fazer a mulher. 4 Uma mulher que casa deixa de ter direitos exclusivos sobre o seu próprio corpo, porque o marido passa também a ter direitos sobre ele. O mesmo acontece com o marido que deixa de ter direitos absolutos sobre o seu corpo e passa também a pertencer à sua mulher. 5 Não recusem pois esses direitos um ao outro, a não ser por acordo mútuo, por tempo limitado, para poderem entregar-se mais completamente à oração. Depois devem juntar-se novamente, para que Satanás não possa tentar-vos por falta de domínio próprio. 6 Não estou a dizer isto como uma ordem, mas como uma concessão em relação ao casamento. 7 Eu, pessoalmente, gostaria que os homens fossem como eu. Mas não somos todos iguais. A uns Deus dá o dom de se casarem e a outros dá-lhes o dom de poderem ser felizes sem casar.
8 Agora eu digo aos que não casaram e às viúvas que é melhor se ficarem sem casar, como eu. 9 Contudo, se não puderem dominar-se então que se casem. É melhor casarem do que arderem em paixões.
10 Quanto aos casados, tenho uma ordem a dar-lhes, que nem sequer é minha, mas algo que o Senhor mesmo estabelece. A esposa não deve abandonar o seu marido. 11 Mas se ela se separar dele, então que fique assim, sem tornar a casar, ou então que volte para o marido. E o marido não deve divorciar-se da mulher.
12 E aqui gostaria de acrescentar algumas sugestões minhas, embora não se trate de ordens diretas do Senhor. Se um cristão tem uma mulher que não é crente, e ela quiser ficar com ele, não deve deixá-la. 13 E se uma mulher cristã tiver um marido que não é crente, e ele quiser que ela permaneça com ele, não se divorcie. 14 Porque a esposa crente traz santidade ao seu casamento e o marido crente traz também santidade ao seu casamento. De outra maneira, os seus filhos não teriam uma boa influência, mas assim estão santificados.
15 Mas se o marido ou a mulher que não forem cristãos estiverem realmente decididos a separar-se, pois que o façam. Em casos desses, o marido ou a mulher cristãos não devem insistir para que o outro fique, porque Deus quer que vivamos em paz. 16 Contudo, vocês mulheres não sabem se os vossos maridos virão a salvar-se se ficarem e o mesmo para os maridos em relação às mulheres que queiram afastar-se.
17 Acima de tudo, é preciso que tenham a certeza de estar a viver como Deus pretende, casando-se ou não. Este é o meu critério para todas as igrejas. 18 Por exemplo, um homem que tenha sido submetido ao rito da circuncisão não procure tentar desfazer essa marca. Se, ao contrário, ainda não tiver sido circuncidado, também não deve fazê-lo agora. 19 Porque é indiferente que um cristão tenha ou não sido circuncidado. O que é importante é que ele procure fazer a vontade de Deus.
20 De um modo geral uma pessoa deve manter-se no estado em que Deus a chamou. 21 Se é escravo, que isso não se torne causa de aflição. Naturalmente, se tiver oportunidade de ficar livre, que a aproveite. 22 Aquele a quem o Senhor chama na condição de escravo, lembre-se que o Senhor o libertou da escravidão ao pecado. E aqueles que ele chamou sendo livres lembrem-se de que agora são como escravos de Cristo. 23 Porque foram comprados por Cristo, e por um alto preço, não se tornem agora escravos dos homens. 24 Queridos irmãos, seja qual for a situação em que alguém esteja ao tornar-se cristão, fique assim na sua nova relação com Deus.
25 Quanto às jovens que ainda não casaram, não tenho nenhum mandamento especial do Senhor. No entanto, o Senhor deu-me, na sua misericórdia, sabedoria na qual podem confiar e que partilho convosco. 26 Nós, os cristãos, enfrentamos grandes dificuldades nos tempos atuais; por isso, penso que é melhor para uma pessoa não casar. 27 Naturalmente que se alguém já estiver casado não vai, por isso, separar-se. Caso contrário, não se apresse a fazê-lo. 28 Entretanto, se um homem decidir ir para a frente com a sua decisão de casar, estará certo; e se uma rapariga casar, claro que não peca. Contudo, o casamento vai trazer-vos outros problemas que eu gostaria que não precisassem de enfrentar justamente agora.
29 O que é importante, irmãos, é lembrarem-se que o tempo que nos resta vai-se reduzindo. Por essa razão, aqueles que têm esposas deveriam manter-se tão livres quanto possível para o Senhor. 30 A tristeza, a felicidade e o poder de adquirir bens não deveriam impedir nunca ninguém de fazer o trabalho de Deus. 31 Aqueles que usufruem das coisas boas que a vida oferece devem usar delas, mas sem se deixar prender por elas; porque o mundo na sua forma atual acabará. 32 Em tudo o que fizerem gostaria que estivessem livres de preocupações. O solteiro dedica-se ao trabalho do Senhor e pensa em como agradar-lhe. 33 O que for casado cuida das suas responsabilidades terrenas e em como agradar à sua mulher. 34 Os seus interesses estão divididos. O mesmo acontece com uma rapariga que se casa. Quando solteira está desejosa de agradar ao Senhor em tudo o que pensa e faz. Mas uma mulher casada terá de considerar outras coisas, as tarefas terrenas e o dedicar-se ao seu marido.
35 Eu digo isto para vosso benefício e não para vos impor obrigações. O que eu quero no fundo é que tudo o que fizerem possa ajudar-vos a servir melhor o Senhor, com o mínimo de coisas que distraiam a vossa atenção dele. 36 Porque se alguém sentir que está a tratar com desrespeito a sua noiva e que deve casar, por razões de idade ou de necessidade, pois está certo, não peca; deve casar. 37 Por outro lado, se um homem tem suficiente domínio sobre a sua própria natureza para não casar, e decide então não casar, terá tomado uma decisão ajuizada. 38 Assim uma pessoa que casa faz bem e uma pessoa que não casa fará melhor.
39 A mulher está ligada ao seu marido todo o tempo que ele viva. Se ele morrer, fica então livre para se tornar a casar, mas só se o fizer com um homem que ame o Senhor. 40 Mas na minha opinião ela será mais feliz se não tornar a casar. E penso que ao dizer isto estou a dar-vos um conselho da parte do Espírito de Deus.
Comida sacrificada a ídolos
8 E agora, no que diz respeito ao assunto de comer alimentos que tenham sido sacrificados aos ídolos, todos parecemos saber o que está certo. Ainda que a fama de muita sabedoria torne as pessoas importantes, o que é realmente construtivo é o amor. 2 Se alguém pensa que tem a resposta para todas as questões não está mais do que a revelar a sua ignorância. 3 A pessoa que ama a Deus é aquela que Deus conhece.
4 Portanto, quanto a esse assunto, se devemos comer carne sacrificada previamente aos ídolos, nós sabemos que um ídolo não é coisa nenhuma. Só existe um Deus e nenhum outro. 5 Segundo muita gente, existe uma quantidade de deuses, tanto nos céus como na Terra. 6 Contudo, sabemos bem que há um só Deus, o Pai, a quem pertencem todas as coisas, e que nos fez para sermos dele. Também há um só Senhor, Jesus Cristo, que criou igualmente todas as coisas e nos dá a vida.
7 No entanto, alguns cristãos não compreendem isto. Durante toda a sua vida habituaram-se a pensar que a comida oferecida aos ídolos é realmente consagrada a deuses reais. E agora ao comerem tais alimentos isso perturba-os e fere a sua consciência sensível. 8 É verdade que não alcançamos o favor de Deus por aquilo que comemos. Não nos tornamos piores por não comermos, nem melhores por comermos. 9 Mas tenham cuidado ao usarem dessa liberdade de comerem seja do que for, para que não levem a pecar algum irmão cristão cuja consciência seja mais fraca.
10 Vejam o que pode acontecer se um crente fraco, que pensa ser mal comer desse tal alimento, vos vir a comer num templo de ídolos. No fundo, vocês sabem que não há mal nisso, mas ele será encorajado a violar a sua consciência, comendo aquilo que foi sacrificado a um ídolo, embora continuando a sentir que está a agir mal. 11 Dessa maneira, vocês que sabem não haver mal nisso, tornam-se responsáveis pelo dano espiritual causado a esse irmão cuja consciência é fraca, mas por quem Cristo, afinal, também morreu. 12 E pecar contra um irmão vosso, dando-lhe ocasião de fazer algo que pensa ser errado, é pecar contra Cristo. 13 Portanto, se o comer carne que tenha sido consagrada aos ídolos fizer com que o meu irmão em Cristo venha a pecar, nunca mais tomarei desse alimento para não ser uma razão de ele cair.
Os direitos de um apóstolo
9 Não sou eu livre? Eu sou um apóstolo. Não é pois a meros homens que tenho de prestar contas. Eu vi Jesus Cristo, nosso Senhor, com os meus próprios olhos. E as vossas vidas transformadas são o resultado do meu trabalho para Deus. 2 Se, na opinião de outros, eu não sou apóstolo, certamente que o sou para vocês, porque foram ganhos para Cristo por meu intermédio.
3 Esta é a minha resposta àqueles que questionam a minha autoridade como apóstolo. 4 Será que não temos o direito de ir comer e beber nas vossas casas? 5 Não temos nós o direito de levar connosco uma irmã na fé nas viagens que fazemos, tal como os outros apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Pedro? 6 Ou só eu e Barnabé não temos o direito de não trabalhar? 7 Qual é o soldado no exército que paga as suas próprias despesas? Já alguma vez ouviram de algum agricultor que tenha plantado uma vinha e não tenha o direito de comer do seu fruto? Qual é o pastor que não tem o direito de beber do leite do seu rebanho?
8 O que eu estou aqui a dizer não são meras considerações humanas. Trata-se daquilo que diz a própria Lei de Deus. 9 Porque na Lei que Deus deu a Moisés está escrito: “Não ates a boca ao boi, quando faz a debulha do trigo.”[n] Acham que Deus estava a pensar apenas nos bois quando disse isto? 10 Não se referia também a nós? Com certeza que sim! Tal como aqueles que lavram a terra e debulham o trigo devem contar em receber parte da colheita, os obreiros cristãos devem ser pagos pelos crentes a quem servem.
11 Nós plantámos a semente espiritual nas vossas almas. Será pois muito esperar em troca apoio material? 12 Se já o fizeram com outros que têm pregado no vosso meio, não deveríamos nós também ter esse direito, ainda mais do que eles? E no entanto nunca o reclamámos, mas sempre suprimos nós próprios as nossas necessidades. E isto para não levantar qualquer obstáculo à ação do evangelho de Cristo no vosso meio.
13 Vocês bem sabem que Deus ordenou que os que servissem no seu templo tomassem para seu próprio sustento parte dos produtos alimentares que eram trazidos como oferta. Igualmente os que se ocupavam do altar de Deus recebiam para si uma porção dos alimentos que ali eram oferecidos. 14 Da mesma forma, o Senhor manda que aqueles que pregam as boas novas sejam mantidos pelos que a aceitam.
15 E contudo nunca vos pedi fosse o que fosse. Nem tão-pouco estou a escrever estas coisas para dar a entender que gostaria que se começasse agora a fazer assim comigo. A verdade é que preferiria morrer de fome a perder a satisfação que me dá o facto de vos ter pregado sem nunca ter recebido nada vosso. 16 Por pregar as boas novas não me posso vangloriar. É Deus quem me obriga a pregar e ai de mim se não o fizer!
17 Se eu estivesse a fazer isso de minha livre vontade, então receberia um salário. Mas foi Deus quem me impôs este dever. 18 Sendo assim, qual será a minha paga? É o sentimento de profunda satisfação em anunciar as boas novas, sem encargos seja para quem for, sem reclamar aquilo que seria meu por direito.
19 Assim, estando livre em relação a quem fosse, tornei-me servo de todos, para que possa levar muitos a Cristo. 20 Quando estou com os judeus torno-me um deles, para que possa conduzi-los a Cristo. Quando estou entre aqueles que seguem as Lei, faço o mesmo, embora eu não esteja sujeito à Lei, para que possa conduzi-los a Cristo. 21 Quando estou entre os gentios, ligo-me com eles tanto quanto posso. Desta maneira, ganho a sua confiança e levo-os a Cristo. Não rejeito a Lei de Deus, obedeço, sim, à Lei de Cristo.
22 Com os fracos procedi como um fraco, para ganhá-los. Desse modo, torno-me tudo para com todos, a fim de conseguir, por todo e qualquer meio, salvar alguns. 23 Faço-o não só para lhes levar o evangelho, mas também para ser tomar parte de Cristo.
24 Numa corrida, são vários os que correm, mas um só ganha o prémio. Que cada um de vocês corra como se fosse aquele que vai ganhar. 25 Os atletas renunciam a tudo para vir a ganhar um prémio corruptível, mas nós fazemo-lo por um prémio divino que nunca perderá o seu valor. 26 Portanto, corro direto ao alvo, não às cegas. Neste combate eu luto para ganhar. Não luto contra figuras imaginárias. 27 Contudo, sujeito o corpo a uma dura disciplina e a um tratamento rude. De outra maneira receio que, depois de ter pregado Cristo aos outros, eu próprio venha a ser desclassificado.
Avisos contra idolatria
10 Porque não esqueçamos, irmãos, o que aconteceu aos nossos antepassados israelitas, no deserto, onde Deus os guiou, enviando uma nuvem que se movia à frente deles, e assim os conduziu com segurança através do mar Vermelho. 2 Isto poderia ser considerado o seu batismo, um batismo tanto na água como na nuvem, na qualidade de seguidores de Moisés. 3-4 E tiveram alimento e bebida durante a sua travessia do deserto. Beberam da água que jorrou da rocha poderosa que era Cristo, o qual estava ali com eles. 5 Mesmo assim, muitos não obtiveram a aprovação de Deus e foram destruídos no deserto.
6 A lição que daqui tiramos é que não devemos desejar coisas más, como eles fizeram, 7 nem cair na idolatria, como alguns deles caíram. As Escrituras dizem-nos que “o povo descansou a comer e a beber e levantou-se para se divertir.”[o] 8 Outra lição para nós é o que aconteceu quando alguns deles cometeram imoralidade sexual, com mulheres de outro povo, e num só dia morreram 23.000. 9 E não ponham à prova a paciência de Cristo, como eles ousaram fazer, e pereceram mordidos por serpentes. 10 E não protestem contra Deus como alguns deles fizeram, porque foi por isso que Deus enviou o seu anjo e eles foram mortos.
11 Todas essas coisas que lhes aconteceram são para nós lições e foram postas por escrito para nosso aviso, nós que vivemos nestes tempos em que todas as coisas convergem para o fim que se aproxima. 12 Por isso, tenham cuidado. Se estão a pensar que estão firmes, olhem que podem também cair nos mesmos pecados. 13 Lembrem-se que as tentações que vêm às vossas vidas não são diferentes daquelas que outros experimentam. E Deus é fiel. Ele não deixará que a tentação seja tão forte que não a possam enfrentar. Quando forem tentados, ele vai mostrar uma saída para que a possam suportar.
14 Por isso, queridos amigos, fujam da idolatria. 15 Falo-vos como a pessoas que sabem entender as coisas. Vejam vocês mesmos se o que vou dizer-vos está certo ou não. 16 Quando pedimos a bênção de Deus para o cálice de vinho que tomamos na ceia do Senhor, isso significa que todos os que bebem dele partilham juntos da bênção do sangue de Cristo. 17 De igual forma, quando na mesma ocasião se reparte o pão, para ser comido por todos, isso manifesta que participamos juntamente nos benefícios espirituais do corpo de Cristo. E todos comemos do mesmo pão, mostrando assim que somos parte do corpo único de Cristo. 18 O mesmo acontecia com o povo de Israel; todos os que comiam dos sacrifícios oferecidos ao Senhor estavam unidos por esse mesmo ato.
19 Que quero eu então dizer com isto? É que os ídolos não têm em si vida alguma, não são realmente deuses nenhuns, e que os sacrifícios que lhes são trazidos não têm qualquer valor. 20 Contudo, esses sacrifícios são oferecidos aos demónios e não a Deus. E eu não queria que algum de vocês tivesse qualquer espécie de comunhão com os demónios. 21 Não podem beber, ao mesmo tempo, do cálice do Senhor e do cálice dos demónios. Não podem comer o pão da mesa do Senhor, e depois ir comer dos alimentos dos demónios. 22 Pois quê? Iríamos levar o Senhor a irritar-se contra nós como fez Israel? Pensamos nós que poderíamos teimar com ele?
A liberdade do crente
23 Podem dizer: “Tudo me é permitido”, mas nem tudo me convém. “Tudo me é permitido”, mas nem tudo é bom para a minha formação. 24 E não procurem unicamente as vossas conveniências. Pensem também no que é o melhor para os outros.
25 Portanto, devem fazer assim: no mercado, levem de qualquer carne que ali esteja a ser vendida, sem perguntar se foi ou não consagrada aos ídolos, sem levantar questões de consciência. 26 Porque “a Terra toda e tudo o que nela há pertence ao Senhor.”[p]
27 Se alguém que não é cristão vos convida para comer, podem muito bem aceitar, se assim o desejarem. E então comam de tudo o que for servido, sem levantar questões de consciência. 28 Mas se alguém vos avisar que essa carne foi consagrada a um ídolo, então nesse caso não a comam, por causa da pessoa que vos avisou e da consciência dela. 29 Porque nessa altura o que está em causa não é o que vocês pensam, mas o que ela pode pensar do assunto.
30 Contudo, alguém poderá perguntar: “Se eu posso dar graças a Deus por esse alimento, porque hei de deixar que alguém me venha perturbar só porque julga que estou errado?” 31 É porque tudo o que fazemos deve ser para a glória de Deus, mesmo o comer ou o beber. 32 Não sejam vocês um meio de fazer tropeçar o vosso próximo, seja judeu, gentio ou cristão. 33 É assim que eu faço também. Procuro agradar a toda a gente naquilo que faço, não atuando segundo o que mais me agrada, mas segundo o que mais convém aos outros, a fim de que sejam salvos.
11 Vocês devem seguir o meu exemplo, tal como eu sigo o de Cristo.
Instruções para a reunião da igreja
2 Estou muito contente, irmãos, por me terem sempre no vosso pensamento e por fazerem tudo quanto vos tenho ensinado. 3 Mas há um assunto que quero que saibam: é que Cristo é a cabeça de todos os homens. O marido é a fonte da mulher. Deus é a fonte de Cristo. 4 Todo o homem que, quando está a orar ou a profetizar, cobre a cabeça desonra a Cristo. 5 E uma mulher que, em público, ora ou profetiza com a cabeça descoberta desconsidera o seu marido, porque é como se tivesse a cabeça rapada. 6 E se ela recusar cobrir-se, então que rape o cabelo. Mas se é uma vergonha uma mulher ter a cabeça rapada, então que a cubra. 7 Mas um homem não deverá ter nada na cabeça enquanto está a cultuar. O homem, feito à imagem de Deus, reflete a sua honra, e a mulher é o reflexo da honra do homem. 8 Com efeito, o primeiro homem não foi tirado da mulher, mas a primeira mulher foi tirada do homem. 9 E Adão, o primeiro homem, não foi feito para benefício de Eva, mas Eva, sim, foi feita para Adão. 10 Assim, a mulher deve cobrir a cabeça com um sinal de autoridade, por causa dos anjos.
11 Mas nos relacionamentos entre o povo do Senhor, o homem e a mulher precisam um do outro. 12 Porque se é verdade que a primeira mulher veio do homem, contudo todos os homens, desde então, nasceram de mulheres, e ambos, homens e mulheres, foram criados por Deus.
13 Vejam vocês mesmos: na vossa opinião será certo que uma mulher ore em público com a cabeça descoberta? 14-15 Porque as mulheres sentem orgulho no comprimento do seu cabelo, que lhe foi dado como um véu, enquanto os homens têm tendência para não se sentirem à vontade com o cabelo muito comprido e semelhante ao das mulheres. 16 E a quem quiser continuar a levantar discussões nós dizemos que é assim que pensamos; nós e também as igrejas de Deus.
A ceia do Senhor
(Mt 26.20-29; Mc 14.17-25; Lc 22.17-23)
17 E agora há um outro assunto em que não vos posso elogiar. Consta que quando se reúnem é maior o prejuízo do que a bênção recebida. 18 Ouço falar nas divisões que se manifestam nas vossas reuniões, e em parte acredito. 19 Mas eu até creio que é importante que isso aconteça para que sejam conhecidos os que estão certos.
20 Afinal quando se juntam, não é para participar na ceia do Senhor; 21 é para tomarem a vossa própria refeição. E assim cada um procura servir-se sem esperar para repartir com os outros, de tal forma que uns não comem o suficiente e outros excedem-se! 22 Não poderiam comer e beber cada um na sua casa, segundo a fome que tiverem, de forma a evitar esta vergonha para a igreja e a humilhação que representa para o pobre ter de retirar-se sem comer? Que esperam vocês que eu diga sobre isto? Não contem que venha elogiar-vos!
23 Eu recebi do Senhor o que já antes vos tinha transmitido. Na noite em que foi traído, o Senhor Jesus tomou o pão. 24 E depois de ter dado graças, partiu-o dizendo: “Tomem e comam; este é o meu corpo que é dado em vosso favor. Façam isto em memória de mim.” 25 De igual modo, pegou no cálice do vinho, no fim da ceia, e disse: “Este cálice é a nova aliança selada com o meu sangue. Façam isto, todas as vezes que beberem, em lembrança de mim.” 26 Porque cada vez que comerem este pão e beberem este cálice estão a anunciar a mensagem da morte do Senhor. Façam pois isto até que ele volte.
27 Por isso, se alguém come deste pão e bebe deste cálice do Senhor de uma maneira indigna, torna-se culpado de pecado contra o corpo e o sangue do Senhor. 28 É por isso que cada um se deve examinar cuidadosamente antes de tomar este pão e de beber deste cálice. 29 Porque se o fizer indignamente, não distinguindo o corpo do Senhor, está a comer e a beber para sua própria condenação. 30 É por isso que há no vosso meio muitos fracos e doentes e muitos já morreram.
31 Mas se cada um se examinar cuidadosamente evitará que seja julgado por Deus. 32 Contudo, quando somos julgados e castigados pelo Senhor, é para não sermos condenados com o resto do mundo. 33 Sendo assim, irmãos, quando se juntarem à mesa do Senhor, esperem uns pelos outros. 34 Se alguém tem realmente fome, deve comer em casa, para não atrair castigo sobre si próprio, quando estiverem todos reunidos.
Quanto aos outros assuntos, falarei sobre eles convosco quando aí chegar.
Os dons espirituais
12 E agora, irmãos, quero escrever-vos acerca dos dons espirituais que o Espírito Santo dá a cada um, pois é preciso que não haja qualquer confusão a esse respeito.
2 Lembrem-se que antes de se tornarem cristãos eram levados a adorar ídolos que nunca puderam dizer-vos uma palavra. 3 Portanto quero que saibam como discernir o que é verdadeiramente de Deus. Pois é desta maneira: ninguém que fale pelo Espírito de Deus poderá dizer: “Jesus é maldito!” E ninguém pode dizer conscientemente: “Jesus é o Senhor!”, se não for impulsionado pelo Espírito Santo.
4 Ora há diferentes espécies de dons espirituais, mas é do mesmo Espírito Santo que procedem. 5 Há várias espécies de serviço para Deus, mas é ao mesmo Senhor que estamos a servir. 6 Há muitas formas de Deus trabalhar nas nossas vidas, mas é sempre o mesmo Deus quem faz o trabalho em nós. 7 O Espírito Santo manifesta-se por intermédio de cada um de nós, para o que for útil à igreja.
8 A uma pessoa, o Espírito concede o dom de falar com sabedoria; a outro, o dom de falar com conhecimento, e tudo isto vem do mesmo Espírito. 9 A um outro, dá uma fé especial, e a outro, ainda, o poder de curar doentes. 10 Um tem a capacidade de fazer milagres, outro o de profetizar. A outra pessoa, dá a capacidade de distinguir os espíritos. A uma pessoa, a de falar línguas que nunca aprendeu e, a outra pessoa, a de ser capaz de interpretar o que aquela outra diz. 11 E é sempre o mesmo e único Espírito Santo que dá todos estes dons, decidindo aquilo que deve ser atribuído a cada um.
Um corpo, muitas partes
12 O nosso corpo tem muitas partes, mas o conjunto constitui um só corpo. Assim é também o corpo de Cristo: cada um de nós é uma parte do corpo. 13 Uns são judeus, outros gentios; uns são escravos, outros são livres. Mas todos nós fomos batizados no corpo de Cristo por um Espírito e todos nós recebemos o mesmo Espírito.
14 Sim, o corpo tem muitas partes; não é constituído só por uma parte. 15 Se o pé disser: “Eu não faço parte do corpo, porque não sou mão”, não é por isso que deixa de ser parte do corpo. 16 E se o ouvido se pusesse a dizer: “Não pertenço ao corpo, porque podia ser um olho, e afinal não passo de uma orelha.” Seria por isso que faria menos parte do corpo? 17 Vamos supor que todo o corpo era olho; como é que se podia ouvir? Ou então se todo ele fosse um enorme ouvido, como se poderia cheirar?
18 Mas Deus formou-nos com muitas partes e cada uma com a sua função própria. 19 E que coisa estranha seria um corpo humano com uma só parte! 20 Mas não, são muitas as partes, mas um só o corpo. 21 O olho nunca poderá dizer para a mão: “Não preciso de ti.” Nem a cabeça poderá dizer aos pés: “Vocês são-me inúteis.”
22 De facto, algumas partes que parecem mais fracas e menos importantes são realmente as mais necessárias. 23 E as partes que consideramos menos dignas são aquelas que vestimos com o maior cuidado. Protegemos cuidadosamente do olhar dos outros aquelas partes que não deveriam ser vistas; 24 enquanto há outras partes que não precisam deste cuidado especial. Assim Deus juntou o corpo de tal maneira que são dadas honras extras às partes que têm menos dignidade. 25 Assim é criada uma harmonia entre os membros, de maneira que todos os membros cuidam uns dos outros igualmente. 26 Se uma parte sofre, todas as partes sofrem com ela, e se uma parte é honrada, todas as partes ficam satisfeitas.
27 Ora vocês formam o corpo de Cristo e cada um separadamente constitui uma parte necessária desse corpo. 28 Por isso, na igreja Deus colocou em primeiro lugar, apóstolos; em segundo, profetas; em terceiro, ensinadores; e depois os que fazem milagres, os que têm o dom de curar, outros com o dom de ajudar o semelhante, outros que sabem administrar a igreja, e outros ainda que falam línguas que nunca aprenderam.
29 Deverão ser todos apóstolos? Serão todos pregadores ou profetas? Tornar-se-ão todos ensinadores? Poderão todos fazer milagres? 30 Podem todos curar os doentes? Dá-nos Deus a todos a capacidade de falar línguas que não conhecemos? Pode qualquer pessoa interpretar o que aqueles que têm esse dom dizem? Claro que não. 31 Contudo, esforcem-se por serem capacitados com os dons mais importantes.
O amor
Mas deixem-me mostar-vos o caminho mais excelente!
13 Ainda que eu falasse as línguas dos homens ou até mesmo dos anjos, mas não fosse capaz de amar os outros, não seria mais do que um sino que badala ou um chocalho barulhento. 2 Se eu tivesse o dom de profetizar, e se soubesse os mistérios do futuro, e se conhecesse tudo acerca de tudo, mas não amasse os outros, de que me serviria? E até mesmo que tivesse fé, de forma a poder falar a uma montanha e fazê-la deslocar-se, isso não teria valor algum sem o amor. 3 Ainda que desse tudo aos pobres, e ainda que deixasse que me queimassem vivo[q], mas não amasse os outros, eu não teria nenhum valor.
4 O amor é paciente e bondoso. Não é invejoso, nem orgulhoso; não é arrogante, 5 nem grosseiro. O amor não exige que se faça o que ele quer. Não é irritadiço e dificilmente suspeita do mal que os outros lhe possam fazer. 6 Nunca fica satisfeito com a injustiça, mas alegra-se com a verdade. 7 O amor nunca desiste, nunca perde a fé, tem sempre esperança e persevera em todas as circunstâncias.
8 Todos os dons e capacidades especiais que vêm de Deus terminarão um dia, porém o amor há de sempre continuar. Um dia, tanto a profecia, como o falar línguas desconhecidas, como o conhecimento, todos esses dons desaparecerão. 9 Nós agora sabemos muito pouco, mesmo com a ajuda desses dons especiais, e até a profecia mais inspirada é ainda muito imperfeita. 10 Mas quando chegar o que é perfeito estes dons especiais desaparecerão.
11 Quando eu era criança falava, pensava e raciocinava como uma criança. Mas quando me tornei adulto deixei as coisas de criança. 12 Da mesma maneira, nós agora compreendemos imperfeitamente as coisas como se estivéssemos a ver um reflexo num espelho de má qualidade. Mas um dia virá em que veremos de uma forma completa, face a face. Tudo quanto sei agora é parcial, mas depois verei tudo com clareza, como Deus conhece o interior do meu coração.
13 Há três coisas que hão de perdurar: a fé, a esperança e o amor. E destas, a principal é o amor.
Os dons de profecia e de línguas
14 Que o amor seja o vosso fundamental objetivo; mas aspirem também com zelo aos dons que o Espírito Santo vos dá, especialmente o dom de profetizar. 2 Aquele que fala línguas fala com Deus, mas não com os outros, visto que os outros não poderão entendê-lo. É verdade que poderá estar a falar pelo poder do Espírito, mas será como algo misterioso. 3 Aquele que profetizar estará a ajudar os outros a crescerem no Senhor, consolando-os e encorajando-os. 4 Uma pessoa que fala línguas estará a ajudar-se a si própria a crescer espiritualmente, mas aquele que profetiza ajuda toda a igreja a crescer.
5 Gostaria que todos falassem línguas, mas muito mais ainda que todos fossem capacitados a profetizar, porque isso tem mais importância do que falar línguas desconhecidas, a não ser que alguém interprete o que está a ser dito, para que os outros possam obter algum proveito espiritual.
6 Queridos irmãos, ainda que eu próprio viesse ter convosco falando-vos numa língua que não percebessem, como poderia ajudar-vos? Mas se vos disser com toda a simplicidade o que Deus me revelou, algum conhecimento, uma profecia, isso poderá ajudar-vos. 7 Até os instrumentos de música, a flauta, por exemplo, ou a harpa, demonstram a necessidade de que tudo o que se exprime seja com clareza, com nitidez. Ninguém reconhecerá a melodia que o instrumento estiver a tocar, se cada nota não soar com clareza. 8 E se no exército o corneteiro não tocar as notas certas, como é que os soldados saberão que estão a ser chamados para a batalha? 9 De igual forma, se falarmos com alguém numa linguagem que ele não perceba, como há de saber o que lhe estão a dizer? Seria a mesma coisa que falar numa sala sem ninguém.
10 Suponho que haverá centenas de línguas diferentes neste mundo e que todas elas exprimem bem o pensamento daqueles que as falam. 11 Mas se eu não souber o sentido daquilo que dizem, alguém que me fale numa dessas línguas será sempre para mim um estrangeiro, assim como eu para ele. 12 Visto que desejam ter dons do Espírito Santo, peçam para ter os que serão de real utilidade para toda a igreja.
13 Se a alguém é concedido o dom de falar línguas desconhecidas, deve também orar para que lhe seja dado o dom de interpretação, a fim de que possa depois transmitir explicitamente aos outros o que estava a falar. 14 Porque se eu orar em línguas, o meu espírito está a orar, mas no meu pensamento não sei o que estou a dizer.
15 Pois bem, que devo então fazer? As duas coisas: orarei no Espírito e orarei com palavras que eu entendo; cantarei no Espírito e cantarei com palavras que eu entendo. 16 Porque se louvarem a Deus de uma forma espiritual, sem que o entendimento acompanhe o que estão a dizer numa língua desconhecida, como é que aqueles que estão presentes vos podem acompanhar no louvor a Deus, se não sabem o que vocês estão a dizer? 17 Podem até estar a dizer coisas muito belas, mas que não serão de ajuda nenhuma para quem ali está.
18 Eu dou graças a Deus porque falo em outras línguas mais do que qualquer um de vocês. 19 Mas num culto público preferiria muito mais dizer uma frase apenas, cinco palavras que fosse, mas que todos compreendessem e que a todos ajudasse, do que fazer um discurso de milhares de palavras numa língua desconhecida.
20 Queridos irmãos, não sejam infantis quanto à compreensão destas coisas. Quando se trata de imaginar o mal, nessa altura sim, convém que sejam como meninos inocentes; mas procurem entender as coisas desta natureza com a maturidade de pessoas adultas. 21 As Escrituras dizem-nos:
“Enviarei homens de outra língua
a falar por lábios estranhos a este povo, diz o Senhor,
mas mesmo assim não quererão ouvir.”[r]
22 Veem então que o falar outras línguas pode ser um sinal para os descrentes. Enquanto que o profetizar é para os crentes. 23 Com efeito, se um descrente vem à igreja e vos ouve falar noutras línguas, poderá pensar que estão todos fora do seu perfeito juízo. 24 Mas se estiverem a profetizar e um estranho entrar na igreja, ou alguém que ainda não compreenda tudo, tem a possibilidade de ser convencido e a sua consciência será sensibilizada por tudo aquilo que ouvir. 25 À medida que for ouvindo, os seus pensamentos mais íntimos serão postos a nu perante Deus e no seu espírito prostrar-se-á perante o Senhor, adorando-o e confessando que Deus está na verdade no vosso meio.
Ordem nas reuniões da igreja
26 Pois bem, irmãos, resumamos o que já se disse. Quando se reúnem, um canta um hino, outro tem um ensinamento, um outro tem algo especial que Deus lhe revelou, outro fala numa língua desconhecida, enquanto outro interpreta o que foi dito por aquele. Mas tudo o que for feito deve ser de utilidade para todos e seu crescimento no Senhor. 27 Não deveriam falar mais do que dois ou três em línguas desconhecidas, e que fale um de cada vez, havendo sempre alguém para interpretar. 28 Mas se não houver ninguém que interprete, devem ficar em silêncio, na reunião da igreja, e falar só entre si e Deus.
29 Também dois ou três profetas podem falar a mensagem de Deus, cada um por sua vez, se tiverem o dom para tal, enquanto os outros devem ouvir atentamente. 30 E se, enquanto alguém está a transmitir a palavra de Deus, outra pessoa receber uma revelação do Senhor, aquele que está a falar deve terminar. 31 Assim, todos os que têm uma profecia podem falar, mas um após o outro; dessa forma todos aprenderão e serão ajudados. 32 Lembrem-se de que uma pessoa que profetiza deve ser capaz de se conter a si próprio e de esperar pela sua vez. 33 Deus não pode aceitar a desordem. Deus ama a harmonia e é isso que deseja encontrar em todas as igrejas.
34 As mulheres devem ficar em silêncio durante as reuniões na igreja. Não devem tomar parte nas discussões. Sejam submissas, tal como mandam as Escrituras. 35 Se tiverem questões a apresentar que o façam aos maridos em casa; não é próprio para as mulheres falarem nos cultos da igreja.
36 Será que pensam que o conhecimento da palavra de Deus começa e acaba unicamente em vocês, coríntios? 37 Se alguém julga ser profeta e ter outras capacidades da parte do Espírito Santo deveria ser o primeiro a perceber que aquilo que estou a dizer é um mandamento da parte do Senhor. 38 Mas se alguém continuar a discordar não temos mais do que deixá-lo na sua ignorância.
39 Portanto, meus irmãos na fé, procurem ansiosamente profetizar e não impeçam alguém de falar noutras línguas. 40 Certifiquem-se de que tudo é feito com ordem e sempre da forma mais conveniente.
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