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Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC)
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Daniel 4-6

O edito do rei. O seu sonho de uma árvore grande. A sua loucura

Nabucodonosor, rei, a todos os povos, nações e línguas que moram em toda a terra: Paz vos seja multiplicada! Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo. Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas, as suas maravilhas! O seu reino é um reino sempiterno, e o seu domínio, de geração em geração.

Eu, Nabucodonosor, estava sossegado em minha casa e florescente no meu palácio. Tive um sonho, que me espantou; e as imaginações na minha cama e as visões da minha cabeça me turbaram. Por mim, pois, se fez um decreto, pelo qual fossem introduzidos à minha presença todos os sábios de Babilônia, para que me fizessem saber a interpretação do sonho. Então, entraram os magos, os astrólogos, os caldeus e os adivinhadores, e eu contei o sonho diante deles; mas não me fizeram saber a sua interpretação. Mas, por fim, entrou na minha presença Daniel, cujo nome é Beltessazar, segundo o nome do meu deus, e no qual o espírito dos deuses santos; e eu contei o sonho diante dele: Beltessazar, príncipe dos magos, eu sei que em ti o espírito dos deuses santos, e nenhum segredo te é difícil; dize-me as visões do meu sonho que tive e a sua interpretação. 10 Eram assim as visões da minha cabeça, na minha cama: eu estava olhando e vi uma árvore no meio da terra, cuja altura era grande; 11 crescia essa árvore e se fazia forte, de maneira que a sua altura chegava até ao céu; e foi vista até aos confins da terra. 12 A sua folhagem era formosa, e o seu fruto, abundante, e havia nela sustento para todos; debaixo dela, os animais do campo achavam sombra, e as aves do céu faziam morada nos seus ramos, e toda carne se mantinha dela. 13 Estava vendo isso nas visões da minha cabeça, na minha cama; e eis que um vigia, um santo, descia do céu, 14 clamando fortemente e dizendo assim: Derribai a árvore, e cortai-lhe os ramos, e sacudi as suas folhas, e espalhai o seu fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela e as aves dos seus ramos. 15 Mas o tronco, com as suas raízes, deixai na terra e, com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo; e seja molhado do orvalho do céu, e a sua porção seja com os animais na grama da terra. 16 Seja mudado o seu coração, para que não seja mais coração de homem, e seja-lhe dado coração de animal; e passem sobre ele sete tempos. 17 Esta sentença é por decreto dos vigiadores, e esta ordem, por mandado dos santos; a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre os reinos dos homens; e os dá a quem quer e até ao mais baixo dos homens constitui sobre eles. 18 Isso em sonho eu, rei Nabucodonosor, vi; tu, pois, Beltessazar, dize a interpretação; todos os sábios do meu reino não puderam fazer-me saber a interpretação, mas tu podes; pois em ti o espírito dos deuses santos.

19 Então, Daniel, cujo nome era Beltessazar, esteve atônito quase uma hora, e os seus pensamentos o turbavam; falou, pois, o rei e disse: Beltessazar, não te espante o sonho, nem a sua interpretação. Respondeu Beltessazar e disse: Senhor meu, o sonho seja contra os que te têm ódio, e a sua interpretação, para os teus inimigos. 20 A árvore que viste, que cresceu e se fez forte, cuja altura chegava até ao céu, e que foi vista por toda a terra; 21 cujas folhas eram formosas, e o seu fruto, abundante, e em que para todos havia mantimento; debaixo da qual moravam os animais do campo, e em cujos ramos habitavam as aves do céu, 22 és tu, ó rei, que cresceste e te fizeste forte; a tua grandeza cresceu e chegou até ao céu, e o teu domínio, até à extremidade da terra. 23 E, quanto ao que viu o rei, um vigia, um santo, que descia do céu e que dizia: Cortai a árvore e destruí-a, mas o tronco, com as suas raízes, deixai na terra e, com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo; e seja molhado do orvalho do céu, e a sua porção seja com os animais do campo, até que passem sobre ele sete tempos, 24 esta é a interpretação, ó rei; e este é o decreto do Altíssimo, que virá sobre o rei, meu senhor: 25 serás tirado de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e te farão comer erva como os bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete tempos por cima de ti, até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer. 26 E, quanto ao que foi dito, que deixassem o tronco com as raízes da árvore, o teu reino voltará para ti, depois que tiveres conhecido que o céu reina. 27 Portanto, ó rei, aceita o meu conselho e desfaze os teus pecados pela justiça e as tuas iniquidades, usando de misericórdia para com os pobres, e talvez se prolongue a tua tranquilidade.

28 Todas essas coisas vieram sobre o rei Nabucodonosor. 29 Ao cabo de doze meses, andando a passear sobre o palácio real de Babilônia, 30 falou o rei e disse: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder e para glória da minha magnificência? 31 Ainda estava a palavra na boca do rei, quando caiu uma voz do céu: A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Passou de ti o reino. 32 E serás tirado dentre os homens, e a tua morada será com os animais do campo; far-te-ão comer erva como os bois, e passar-se-ão sete tempos sobre ti, até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre os reinos dos homens e os dá a quem quer. 33 Na mesma hora, se cumpriu a palavra sobre Nabucodonosor, e foi tirado dentre os homens e comia erva como os bois, e o seu corpo foi molhado do orvalho do céu, até que lhe cresceu pelo, como as penas da águia, e as suas unhas, como as das aves.

34 Mas, ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o meu entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é um domínio sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. 35 E todos os moradores da terra são reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão e lhe diga: Que fazes? 36 No mesmo tempo, me tornou a vir o meu entendimento, e para a dignidade do meu reino tornou-me a vir a minha majestade e o meu resplendor; e me buscaram os meus capitães e os meus grandes; e fui restabelecido no meu reino, e a minha glória foi aumentada. 37 Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, e exalço, e glorifico ao Rei dos céus; porque todas as suas obras são verdades; e os seus caminhos, juízo, e pode humilhar aos que andam na soberba.

O banquete do rei Belsazar. A mão misteriosa

O rei Belsazar deu um grande banquete a mil dos seus grandes e bebeu vinho na presença dos mil. Havendo Belsazar provado o vinho, mandou trazer os utensílios de ouro e de prata que Nabucodonosor, seu pai, tinha tirado do templo que estava em Jerusalém, para que bebessem neles o rei, os seus grandes e as suas mulheres e concubinas. Então, trouxeram os utensílios de ouro, que foram tirados do templo da Casa de Deus, que estava em Jerusalém, e beberam neles o rei, os seus grandes, as suas mulheres e concubinas. Beberam o vinho e deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de cobre, de ferro, de madeira e de pedra.

Na mesma hora, apareceram uns dedos de mão de homem e escreviam, defronte do castiçal, na estucada parede do palácio real; e o rei via a parte da mão que estava escrevendo. Então, se mudou o semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos bateram um no outro. E ordenou o rei, com força, que se introduzissem os astrólogos, os caldeus e os adivinhadores; e falou o rei e disse aos sábios de Babilônia: Qualquer que ler esta escritura e me declarar a sua interpretação será vestido de púrpura, e trará uma cadeia de ouro ao pescoço, e será, no reino, o terceiro dominador. Então, entraram todos os sábios do rei; mas não puderam ler a escritura, nem fazer saber ao rei a sua interpretação. Então, o rei Belsazar perturbou-se muito, e mudou-se nele o seu semblante; e os seus grandes estavam sobressaltados.

10 A rainha, por causa das palavras do rei e dos seus grandes, entrou na casa do banquete; e falou a rainha e disse: Ó rei, vive eternamente! Não te turbem os teus pensamentos, nem se mude o teu semblante. 11 Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; e nos dias de teu pai se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria, como a sabedoria dos deuses; e teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos astrólogos, dos caldeus e dos adivinhadores. 12 Porquanto se achou neste Daniel um espírito excelente, e ciência, e entendimento, interpretando sonhos, e explicando enigmas, e solvendo dúvidas, ao qual o rei pôs o nome de Beltessazar; chame-se, pois, agora Daniel, e ele dará interpretação.

13 Então, Daniel foi introduzido à presença do rei. Falou o rei e disse a Daniel: És tu aquele Daniel, dos cativos de Judá, que o rei, meu pai, trouxe de Judá? 14 Tenho ouvido dizer a teu respeito que o espírito dos deuses está em ti e que a luz, e o entendimento, e a excelente sabedoria se acham em ti. 15 Acabam de ser introduzidos à minha presença os sábios e os astrólogos, para lerem esta escritura, e me fazerem saber a sua interpretação; mas não puderam dar a interpretação destas palavras. 16 Eu, porém, tenho ouvido dizer de ti que podes dar interpretações e solver dúvidas; agora, se puderes ler esta escritura e fazer-me saber a sua interpretação, serás vestido de púrpura, e terás cadeia de ouro ao pescoço, e no reino serás o terceiro dominador.

17 Então, respondeu Daniel e disse na presença do rei: As tuas dádivas fiquem contigo, e dá os teus presentes a outro; todavia, lerei ao rei a escritura e lhe farei saber a interpretação. 18 Ó rei! Deus, o Altíssimo, deu a Nabucodonosor, teu pai, o reino, e a grandeza, e a glória, e a magnificência. 19 E, por causa da grandeza que lhe deu, todos os povos, nações e línguas tremiam e temiam diante dele; a quem queria matava e a quem queria dava a vida; e a quem queria engrandecia e a quem queria abatia. 20 Mas, quando o seu coração se exalçou e o seu espírito se endureceu em soberba, foi derribado do seu trono real, e passou dele a sua glória. 21 E foi tirado dentre os filhos dos homens, e o seu coração foi feito semelhante ao dos animais, e a sua morada foi com os jumentos monteses; fizeram-no comer erva como os bois, e pelo orvalho do céu foi molhado o seu corpo, até que conheceu que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre os reinos dos homens e a quem quer constitui sobre eles. 22 E tu, seu filho Belsazar, não humilhaste o teu coração, ainda que soubeste de tudo isso. 23 E te levantaste contra o Senhor do céu, pois foram trazidos os utensílios da casa dele perante ti, e tu, os teus grandes, as tuas mulheres e as tuas concubinas bebestes vinho neles; além disso, deste louvores aos deuses de prata, de ouro, de cobre, de ferro, de madeira e de pedra, que não veem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está a tua vida e todos os teus caminhos, a ele não glorificaste.

24 Então, dele foi enviada aquela parte da mão, e escreveu-se esta escritura. 25 Esta, pois, é a escritura que se escreveu: Mene, Mene, Tequel e Parsim. 26 Esta é a interpretação daquilo: Mene: Contou Deus o teu reino e o acabou. 27 Tequel: Pesado foste na balança e foste achado em falta. 28 Peres: Dividido foi o teu reino e deu-se aos medos e aos persas.

29 Então, mandou Belsazar que vestissem Daniel de púrpura, e que lhe pusessem uma cadeia de ouro ao pescoço, e proclamassem a respeito dele que havia de ser o terceiro dominador do reino. 30 Naquela mesma noite, foi morto Belsazar, rei dos caldeus. 31 E Dario, o medo, ocupou o reino, na idade de sessenta e dois anos.

Daniel na cova dos leões

E pareceu bem a Dario constituir sobre o reino a cento e vinte presidentes, que estivessem sobre todo o reino; e sobre eles três príncipes, dos quais Daniel era um, aos quais esses presidentes dessem conta, para que o rei não sofresse dano. Então, o mesmo Daniel se distinguiu desses príncipes e presidentes, porque nele havia um espírito excelente; e o rei pensava constituí-lo sobre todo o reino. Então, os príncipes e os presidentes procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum vício nem culpa. Então, estes homens disseram: Nunca acharemos ocasião alguma contra este Daniel, se não a procurarmos contra ele na lei do seu Deus.

Então, estes príncipes e presidentes foram juntos ao rei e disseram-lhe assim: Ó rei Dario, vive eternamente! Todos os príncipes do reino, os prefeitos e presidentes, capitães e governadores tomaram conselho, a fim de estabelecerem um edito real e fazerem firme este mandamento: que qualquer que, por espaço de trinta dias, fizer uma petição a qualquer deus ou a qualquer homem e não a ti, ó rei, seja lançado na cova dos leões. Agora, pois, ó rei, confirma o edito e assina a escritura, para que não seja mudada, conforme a lei dos medos e dos persas, que se não pode revogar. Por esta causa, o rei Dario assinou esta escritura e edito.

10 Daniel, pois, quando soube que a escritura estava assinada, entrou em sua casa (ora, havia no seu quarto janelas abertas da banda de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como também antes costumava fazer. 11 Então, aqueles homens foram juntos e acharam Daniel orando e suplicando diante do seu Deus. 12 Então, se apresentaram e disseram ao rei: No tocante ao mandamento real, porventura não assinaste o edito pelo qual todo homem que fizesse uma petição a qualquer deus ou a qualquer homem, por espaço de trinta dias, e não a ti, ó rei, seria lançado na cova dos leões? Respondeu o rei e disse: Esta palavra é certa, conforme a lei dos medos e dos persas, que se não pode revogar. 13 Então, responderam e disseram diante do rei: Daniel, que é dos transportados de Judá, não tem feito caso de ti, ó rei, nem do edito que assinaste; antes, três vezes por dia faz a sua oração.

14 Ouvindo, então, o rei o negócio, ficou muito penalizado e a favor de Daniel propôs dentro do seu coração livrá-lo; e até ao pôr do sol trabalhou por salvá-lo. 15 Então, aqueles homens foram juntos ao rei e disseram ao rei: Sabe, ó rei, que é uma lei dos medos e dos persas que nenhum edito ou ordenança, que o rei determine, se pode mudar. 16 Então, o rei ordenou que trouxessem a Daniel, e o lançaram na cova dos leões. E, falando o rei, disse a Daniel: O teu Deus, a quem tu continuamente serves, ele te livrará. 17 E foi trazida uma pedra e foi posta sobre a boca da cova; e o rei a selou com o seu anel e com o anel dos seus grandes, para que se não mudasse a sentença acerca de Daniel. 18 Então, o rei dirigiu-se para o seu palácio, e passou a noite em jejum, e não deixou trazer à sua presença instrumentos de música; e fugiu dele o sono.

19 E, pela manhã cedo, se levantou e foi com pressa à cova dos leões. 20 E, chegando-se à cova, chamou por Daniel com voz triste; e, falando o rei, disse a Daniel: Daniel, servo do Deus vivo! Dar-se-ia o caso que o teu Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões? 21 Então, Daniel falou ao rei: Ó rei, vive para sempre! 22 O meu Deus enviou o seu anjo e fechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dele; e também contra ti, ó rei, não tenho cometido delito algum. 23 Então, o rei muito se alegrou em si mesmo e mandou tirar a Daniel da cova; assim, foi tirado Daniel da cova, e nenhum dano se achou nele, porque crera no seu Deus. 24 E ordenou o rei, e foram trazidos aqueles homens que tinham acusado Daniel e foram lançados na cova dos leões, eles, seus filhos e suas mulheres; e ainda não tinham chegado ao fundo da cova quando os leões se apoderaram deles, e lhes esmigalharam todos os ossos.

25 Então, o rei Dario escreveu a todos os povos, nações e gente de diferentes línguas, que moram em toda a terra: A paz vos seja multiplicada! 26 Da minha parte é feito um decreto, pelo qual em todo o domínio do meu reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo e para sempre permanente, e o seu reino não se pode destruir; o seu domínio é até ao fim. 27 Ele livra, e salva, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra; ele livrou Daniel do poder dos leões.

28 Este Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario e no reinado de Ciro, o persa.

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