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Nova Versão Internacional (NVI-PT)
Version
Jó 6-9

Então Jó respondeu:

“Se tão-somente pudessem
    pesar a minha aflição
e pôr na balança a minha desgraça!
Veriam que o seu peso é maior
    que o da areia dos mares.
Por isso as minhas palavras
    são tão impetuosas.
As flechas do Todo-poderoso
    estão cravadas em mim,
e o meu espírito suga delas o veneno;
os terrores de Deus
    me assediam.
Zurra o jumento selvagem,
    se tiver capim?
Muge o boi, se tiver forragem?
Come-se sem sal
    uma comida insípida?
E a clara do ovo, tem algum sabor?
Recuso-me a tocar nisso;
esse tipo de comida
    causa-me repugnância.

“Se tão-somente fosse atendido
    o meu pedido,
se Deus me concedesse o meu desejo,
se Deus se dispusesse a esmagar-me,
a soltar a mão protetora
    e eliminar-me!
10 Pois eu ainda teria o consolo,
    minha alegria
em meio à dor implacável,
    de não ter negado
    as palavras do Santo.

11 “Que esperança posso ter,
    se já não tenho forças?
Como posso ter paciência,
    se não tenho futuro?
12 Acaso tenho a força da pedra?
Acaso a minha carne é de bronze?
13 Haverá poder que me ajude,
agora que os meus recursos se foram?

14 “Um homem desesperado
    deve receber
    a compaixão de seus amigos,
muito embora ele tenha abandonado
    o temor do Todo-poderoso.
15 Mas os meus irmãos enganaram-me
    como riachos temporários,
como os riachos que transbordam
16 quando o degelo os torna turvos
    e a neve que se derrete os faz encher,
17 mas que param de fluir
    no tempo da seca,
e no calor desaparecem
    dos seus leitos.
18 As caravanas se desviam
    de suas rotas;
    sobem para lugares desertos
    e perecem.
19 Procuram água
    as caravanas de Temá,
olham esperançosos
    os mercadores de Sabá.
20 Ficam tristes,
    porque estavam confiantes;
lá chegaram tão-somente
    para sofrer decepção.
21 Pois agora vocês
    de nada me valeram;
contemplam minha temível situação,
    e se enchem de medo.
22 Alguma vez lhes pedi
    que me dessem alguma coisa?
Ou que da sua riqueza
    pagassem resgate por mim?
23 Ou que me livrassem
    das mãos do inimigo?
Ou que me libertassem das garras
    de quem me oprime?

24 “Ensinem-me,
    e eu me calarei;
mostrem-me onde errei.
25 Como doem as palavras verdadeiras!
Mas o que provam
    os argumentos de vocês?
26 Vocês pretendem corrigir o que digo
    e tratar como vento
as palavras de um homem
    desesperado?
27 Vocês seriam capazes
    de pôr em sorteio o órfão
e de vender um amigo
    por uma bagatela!

28 “Mas agora,
    tenham a bondade
    de olhar para mim.
Será que eu mentiria
    na frente de vocês?
29 Reconsiderem a questão,
    não sejam injustos;
tornem a analisá-la,
    pois a minha integridade
    está em jogo[a].
30 Há alguma iniqüidade em meus lábios?
Será que a minha boca
    não consegue discernir a maldade?
“Não é pesado o labor
    do homem na terra?
Seus dias não são
    como os de um assalariado?
Como o escravo que anseia
    pelas sombras do entardecer,
ou como o assalariado
    que espera ansioso pelo pagamento,
assim me deram meses de ilusão,
e noites de desgraça
    me foram destinadas.
Quando me deito,
    fico pensando:
Quanto vai demorar
    para eu me levantar?
A noite se arrasta,
    e eu fico me virando na cama
    até o amanhecer.
Meu corpo está coberto de vermes
    e cascas de ferida,
minha pele está rachada
    e vertendo pus.

“Meus dias correm mais depressa
    que a lançadeira do tecelão,
e chegam ao fim
    sem nenhuma esperança.
Lembra-te, ó Deus,
    de que a minha vida
não passa de um sopro;
    meus olhos jamais
tornarão a ver a felicidade.
Os que agora me vêem,
    nunca mais me verão;
puseste o teu olhar em mim,
    e já não existo.
Assim como a nuvem se esvai
    e desaparece,
assim quem desce à sepultura[b]
    não volta.
10 Nunca mais voltará ao seu lar;
a sua habitação não mais o conhecerá.

11 “Por isso não me calo;
na aflição do meu espírito
    desabafarei,
na amargura da minha alma
    farei as minhas queixas.
12 Sou eu o mar,
    ou o monstro das profundezas,
para que me ponhas sob guarda?
13 Quando penso que
    a minha cama me consolará
e que o meu leito
    aliviará a minha queixa,
14 mesmo aí me assustas com sonhos
e me aterrorizas com visões.
15 É melhor ser estrangulado e morrer
    do que sofrer assim[c];
16 sinto desprezo pela minha vida!
Não vou viver para sempre;
deixa-me,
    pois os meus dias não têm sentido.

17 “Que é o homem,
    para que lhe dês importância
    e atenção,
18 para que o examines a cada manhã
    e o proves a cada instante?
19 Nunca desviarás de mim o teu olhar?
Nunca me deixarás a sós,
    nem por um instante?
20 Se pequei, que mal te causei,
    ó tu que vigias os homens?
Por que me tornaste teu alvo?
Acaso tornei-me um fardo para ti?[d]
21 Por que não perdoas
    as minhas ofensas
e não apagas os meus pecados?
Pois logo me deitarei no pó;
tu me procurarás,
    mas eu já não existirei”.

Bildade

Então Bildade, de Suá, respondeu:

“Até quando você vai
    falar desse modo?
Suas palavras
    são um grande vendaval!
Acaso Deus torce a justiça?
Será que o Todo-poderoso
    torce o que é direito?
Quando os seus filhos
    pecaram contra ele,
ele os castigou
    pelo mal que fizeram.
Mas, se você procurar a Deus
e implorar junto ao Todo-poderoso,
se você for íntegro e puro,
ele se levantará agora mesmo
    em seu favor
e o restabelecerá no lugar
    que por justiça cabe a você.
O seu começo parecerá modesto,
mas o seu futuro será
    de grande prosperidade.

“Pergunte às gerações anteriores
e veja o que os seus pais aprenderam,
pois nós nascemos ontem
    e não sabemos nada.
Nossos dias na terra
    não passam de uma sombra.
10 Acaso eles não o instruirão,
    não lhe falarão?
Não proferirão palavras vindas
    do entendimento?
11 Poderá o papiro crescer
    senão no pântano?
Sem água cresce o junco?
12 Mal cresce e,
    antes de ser colhido, seca-se,
mais depressa que qualquer grama.
13 Esse é o destino
    de todo o que se esquece de Deus;
assim perece a esperança dos ímpios.
14 Aquilo em que ele confia é frágil,
aquilo em que se apóia
    é uma teia de aranha.
15 Encosta-se em sua teia, mas ela cede;
agarra-se a ela, mas ela não agüenta.
16 Ele é como uma planta
    bem regada ao brilho do sol,
espalhando seus brotos pelo jardim;
17 entrelaça as raízes
    em torno de um monte de pedras
e procura um lugar entre as rochas.
18 Mas, quando é arrancada
    do seu lugar,
este a rejeita e diz: ‘Nunca a vi’.
19 Esse é o fim da sua vida,
e do solo brotam outras plantas.

20 “Pois o certo é que
    Deus não rejeita o íntegro,
e não fortalece as mãos
    dos que fazem o mal.
21 Mas, quanto a você,
ele encherá de riso a sua boca
e de brados de alegria os seus lábios.
22 Seus inimigos
    se vestirão de vergonha,
e as tendas dos ímpios
    não mais existirão”.

Então Jó respondeu:

“Bem sei que isso é verdade.
Mas como pode o mortal
    ser justo diante de Deus?
Ainda que quisesse discutir com ele,
não conseguiria argumentar
    nem uma vez em mil.
Sua sabedoria é profunda,
seu poder é imenso.
Quem tentou resistir -lhe e saiu ileso?
Ele transporta montanhas
    sem que elas o saibam,
e em sua ira
    as põe de cabeça para baixo.
Sacode a terra e a tira do lugar,
e faz suas colunas tremerem.
Fala com o sol, e ele não brilha;
ele veda e esconde a luz das estrelas.
Só ele estende os céus
e anda sobre as ondas do mar.
Ele é o Criador da Ursa e do Órion,
das Plêiades e das constelações do sul.
10 Realiza maravilhas
    que não se pode perscrutar,
milagres incontáveis.
11 Quando passa por mim,
    não posso vê-lo;
se passa junto de mim, não o percebo.
12 Se ele apanha algo,
    quem pode pará-lo?
Quem pode dizer-lhe:
    ‘O que fazes?’
13 Deus não refreia a sua ira;
até o séquito de Raabe[e] encolheu-se
    diante dos seus pés.

14 “Como então poderei eu
    discutir com ele?
Como achar palavras
    para com ele argumentar?
15 Embora inocente,
    eu seria incapaz de responder-lhe;
poderia apenas implorar
    misericórdia ao meu Juiz.
16 Mesmo que eu o chamasse
    e ele me respondesse,
não creio que me daria ouvidos.
17 Ele me esmagaria
    com uma tempestade
e sem motivo multiplicaria
    minhas feridas.
18 Não me permitiria
    recuperar o fôlego,
mas me engolfaria em agruras.
19 Recorrer à força?
    Ele é mais poderoso!
Ao tribunal?
    Quem o[f] intimará?
20 Mesmo sendo eu inocente,
    minha boca me condenaria;
se eu fosse íntegro,
    ela me declararia culpado.

21 “Conquanto eu seja íntegro,
já não me importo comigo;
desprezo a minha própria vida.
22 É tudo a mesma coisa;
    por isso digo:
Ele destrói tanto o íntegro
    como o ímpio.
23 Quando um flagelo
    causa morte repentina,
ele zomba do desespero dos inocentes.
24 Quando um país
    cai nas mãos dos ímpios,
ele venda os olhos de seus juízes.
Se não é ele, quem é então?

25 “Meus dias correm
    mais velozes que um atleta;
eles voam
    sem um vislumbre de alegria.
26 Passam como barcos de papiro,
como águias que mergulham
    sobre as presas.
27 Se eu disser:
Vou esquecer a minha queixa,
vou mudar o meu semblante e sorrir,
28 ainda assim me apavoro
    com todos os meus sofrimentos,
pois sei que não me considerarás inocente.
29 Uma vez que já fui
    considerado culpado,
por que deveria eu lutar em vão?
30 Mesmo que eu me lavasse
    com sabão[g]
e limpasse as minhas mãos
    com soda de lavadeira,
31 tu me atirarias num poço de lodo,
para que até as minhas roupas
    me detestassem.

32 “Ele não é homem como eu,
    para que eu lhe responda
e nos enfrentemos em juízo.
33 Se tão-somente houvesse alguém
    para servir de árbitro entre nós,
para impor as mãos sobre nós dois,
34 alguém que afastasse de mim
    a vara de Deus,
para que o seu terror
    não mais me assustasse!
35 Então eu falaria sem medo;
    mas não é esse o caso.

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