Bible in 90 Days
O SENHOR destruiu Jerusalém
2 Olhe com que desprezo tem tratado
o SENHOR na sua ira à filha de Sião.
Ele fez com que a glória de Israel
caísse lá do céu até tocar o chão.
No dia da sua ira, ele se esqueceu do lugar
onde descansam os seus pés.
2 O SENHOR destruiu tudo
e nenhuma das casas de Jacó ficou em pé.
Na sua ira destruiu
as fortalezas da filha de Judá.
Fez com que Judá caísse
e feriu o seu reino e os seus príncipes.
3 No ardor da sua fúria,
tirou toda a força de Israel.
Retirou a sua mão protetora
quando se aproximou o inimigo.
Ele veio contra Jacó como um grande fogo
que queima tudo o que há ao seu redor.
4 Como um inimigo, preparou o seu arco;
agarrou a espada com a sua mão direita.
Como se fosse o inimigo,
matou os nossos seres amados.
Ele derramou a sua ira como fogo
sobre as tendas de Sião.
5 O SENHOR tornou-se nosso inimigo
e destruiu Israel.
Destruiu todas as suas fortalezas
e as suas cidades com altos muros.
Multiplicou as queixas
e lamentos da filha de Judá.
6 Ele arrancou o seu templo como se fosse um jardim.
Arruinou o seu festival.
O SENHOR fez que em Sião fossem esquecidos
os festivais e o dia de descanso.
No meio da sua violenta fúria,
mostrou desprezo pelo rei e pelo sacerdote.
7 O SENHOR rejeitou o seu altar;
o seu santuário lhe causava repugnância.
Pôs nas mãos do inimigo
as muralhas de Jerusalém.
Os inimigos gritaram de alegria na casa do SENHOR
como se estivessem numa festa.
8 O SENHOR decidiu destruir
a muralha da filha de Sião.
Fez os seus planos muito cuidadosamente
e não hesitou em destruí-la.
Ele fez que as fortificações e as muralhas
se lamentassem e se enfraquecessem.
9 Os seus portões vieram abaixo,
ele quebrou em pedaços as suas barras de ferro.
O rei e os seus príncipes foram espalhados por todas as nações
e não ficou ninguém para ensinar a lei ao povo.
Nem sequer os profetas
podem receber uma visão do SENHOR.
10 Os líderes da filha de Sião
sentam-se no chão em silêncio.
Colocam pó sobre as suas cabeças
e se vestem com roupa áspera.[a]
As jovens de Jerusalém
inclinam a sua cabeça para a terra.
11 Os meus olhos estão cheios de lágrimas,
ardem as minhas entranhas.
Estou desconsolado
por causa da destruição do meu povo
e por ver morrer nas ruas da cidade
as crianças e os bebês.
12 Eles perguntam às suas mães:
“Onde estão o pão e o vinho?”
Como feridos de morte,
caem nas praças da cidade.
Choram de dor
e morrem nos braços das suas mães.
13 Que posso dizer a você?
Com o que a posso comparar, filha de Sião?
Com o que a posso comparar para lhe trazer consolo,
filha virgem de Sião?
Realmente, a sua ruína é tão imensa como o mar.
Quem poderá curá-la?
14 Os seus profetas lhe contaram as suas visões,
mas essas visões eram falsas e sem valor.
Eles não trataram de melhorar o seu destino
advertindo você dos seus crimes.
Pelo contrário, só contaram as suas “profecias”
as quais só eram palavras vazias e falsas.
15 Os que passam pelo caminho
espantam-se ao vê-la.
Fazem gestos e sacodem a sua cabeça
ao ver a filha de Jerusalém.
Ao vê-la, perguntam:
“É esta a cidade que diziam ser a mais bela de todas?
É esta a cidade que toda a terra admirava?”
16 Todos os seus inimigos
falam contra você.
Fazem escândalo e dizem:
“Nós os destruímos.
Este é o dia que tanto esperamos.
Esse dia chegou e o vimos”.
17 O SENHOR fez o que planejou.
Cumpriu a sua ameaça;
o que prometeu há tanto tempo.
Ele nos destruiu e não teve compaixão.
Deu a vitória aos seus inimigos
e fez com que eles celebrassem a nossa derrota.
18 Muralha da filha de Sião,
grite com todo o seu coração ao SENHOR!
Que as suas lágrimas corram
como um rio dia e noite.
Não se detenha,
não permita que os seus olhos se detenham.
19 Levante-se e grite de noite,
no início de cada hora.
Implore por piedade
diante do SENHOR.
Eleve as suas mãos a ele
para o bem dos seus filhos,
que morrem de fome
em todas as ruas da cidade.
20 SENHOR, olhe e pense
se alguém foi tratado antes desta maneira.
Está certo ver as mulheres comendo os seus filhos
que elas tanto amam?
Está certo ver os sacerdotes e profetas
sendo assassinados no templo do SENHOR?
21 Os jovens e velhos
estão mortos nas ruas da cidade.
As minhas moças e homens jovens
caíram na batalha.
Você os matou no dia da sua ira;
destruindo-os sem compaixão.
22 Você convidou de todas partes
as pessoas que me aterrorizavam,
como se estivesse convidando pessoas para um festival.
Ninguém escapou nem sobreviveu
quando você, SENHOR, mostrou a sua ira.
O meu inimigo tem destruído
as crianças que eu acariciei e criei.
O significado do sofrimento
3 “Eu sou um homem que tem visto o sofrimento
quando Deus castiga cheio de ira.
2 Ele me guiou e me fez caminhar
na escuridão, não na luz.
3 Ele se pôs contra mim
uma e outra vez, todo o tempo.
4 “Enfraqueceu o meu corpo e a minha pele,
quebrou os meus ossos.
5 Ele me encurralou
e me cercou de pobreza e amargura.
6 Ele me fez viver na escuridão,
como aqueles que morreram há muito tempo.
7 “Construiu um muro em torno de mim para eu não poder escapar.
Ele me atou com correntes de bronze bem pesadas.
8 Apesar de eu ter chorado e pedido a ele para me resgatar,
ele ignorou a minha oração.
9 Bloqueou com muralhas de pedra
os caminhos que eu queria seguir;
desviou o meu caminho.
10 “O SENHOR parecia um urso pronto para se atirar sobre mim.
Um leão escondido pronto para atacar.
11 Ele me afastou do caminho e me quebrou em mil pedaços.
Ele me deixou completamente só.
12 O SENHOR preparou o seu arco,
e me usou como alvo para praticar.
13 “Lançou as suas flechas
diretamente ao meu coração[b].
14 As pessoas do meu povo se riem de mim;
me desprezam cantando todo o dia.
15 Ele me encheu de amargura;
me deu para beber a bebida mais amarga.
16 “Ele me atirou ao chão e me fez comer pedras.[c]
Esmagou-me no pó.
17 A paz se afastou da minha alma;
já esqueci o que significa estar bem.
18 Disse comigo mesmo:
‘A minha força e esperança no SENHOR desapareceram’.
19 “Lembre-se de que estou triste e não tenho lugar para morar.
Lembre-se da bebida amarga e do veneno que me deu.
20 Tenho bem presente todos os meus problemas
e me sinto triste demais.
21 Mas nunca esquecerei algo
que sempre me dará esperança.
22 “O amor fiel do SENHOR nunca termina[d];
sua compaixão não tem fim,
23 cada manhã se renovam.
Imensa é sua fidelidade!
24 Minha alma disse:
‘O SENHOR é tudo o que tenho e necessito’;
por isso sempre terei esperança nele.[e]
25 “O SENHOR é bom com os que acreditam nele;
com os que o buscam.
26 É bom esperar pacientemente
a salvação que o SENHOR traz.
27 É melhor para nós
aprender a levar o jugo desde que somos jovens.
28 “Devemos aprender a estar sozinhos e calmos
quando o SENHOR coloca o seu jugo sobre nós.
29 Devemos aprender a ajoelhar-nos e inclinar as nossas cabeças até tocar o chão em sinal de submissão:
talvez ainda haja esperança.
30 Devemos aprender a dar a outra face quando nos batem.
Devemos aprender a aceitar a humilhação.
31 “O SENHOR não rejeita as pessoas
para sempre.
32 Embora ele cause sofrimento nelas,
ele também tem compaixão
e grande é o seu amor fiel.
33 Ele não deseja fazer mal às pessoas
nem lhes causar sofrimento.
34 “Ele não gosta quando alguém
esmaga os prisioneiros da terra;
35 o Altíssimo não gosta quando uma pessoa
viola os direitos de outra pessoa
36 ele não gosta quando uma pessoa
impede que outra receba justiça no tribunal,
o SENHOR se dá conta de tudo isto.
37 Ninguém pode fazer que algo aconteça
a não ser que o SENHOR o tenha ordenado.
38 As coisas boas e as desagradáveis
chegam porque o Altíssimo as ordena.
39 Ninguém deve queixar-se do castigo
que recebe pelos seus pecados enquanto estiver vivo.
40 “Examinemos e avaliemos a nossa conduta
e voltemos para o SENHOR.
41 Elevemos o nosso coração e as nossas mãos
para Deus, que está no céu.
42 Fomos rebeldes e desobedientes
e por isso não nos perdoou.
43 “Ele se vestiu com a sua ira e nos perseguiu,
matando-nos sem piedade.
44 Ele se cobriu com uma nuvem
para que as nossas orações não chegassem até ele.
45 Ele nos fez parecer
porcaria e lixo diante das pessoas.
46 “Todos os nossos inimigos
se riem de nós e nos insultam.
47 Fomos presa do pânico e caímos na fossa.
Sofremos a ruína e fomos destruídos.
48 Pelo meu rosto correm rios de água
por causa da destruição do meu povo amado.
49 “Os meus olhos estão cheios de lágrimas
que não deixam de correr,
50 até que o SENHOR olhe do céu
e veja o que acontece.
51 Eu me sinto triste ao ver o destino
das jovens da minha cidade.
52 “Sem razão nenhuma,
os meus inimigos me agarram como eles agarram a um pássaro.
53 Trataram de acabar com a minha vida numa fossa
e lançaram pedras contra mim.
54 A água chegava até a minha cabeça
e pensei que a minha vida tinha terminado.
55 “SENHOR, chamo você pelo seu nome
do fundo da fossa.
56 Peço a você que ouça a minha voz
e não tampe os ouvidos da minha oração.
57 Aproxime-se quando o chamo
e diga-me: ‘Não tenha medo’.
58 “SENHOR, defenda a minha causa
e me devolva a vida.
59 SENHOR, olhe o mal que me fizeram
e faça com que eu obtenha justiça no tribunal.
60 Você viu todas as ações dos meus inimigos
e os seus planos contra mim.
61 “SENHOR, você tem ouvido os seus insultos
e os seus planos contra mim.
62 As palavras e pensamentos dos meus inimigos
estão contra mim o tempo todo.
63 Sou objeto da sua zombaria em todos os momentos;
quando estão sentados
e quando estão de pé.
64 “Espero, SENHOR, que lhes dê
o que se merecem pelo que fizeram.
65 Tire-lhes a capacidade de entender
e faça cair sobre eles as suas maldições.
66 Persiga-os com a sua ira
e destrua-os desde o céu, SENHOR!”
Horrores do ataque a Jerusalém
4 Em cada esquina das ruas
há joias[f] atiradas ao chão.
O ouro mudou;
como perdeu o seu brilho!
2 Os cidadãos de Sião eram tão valiosos
que valiam o seu peso em ouro,
mas agora são considerados vasilhas baratas
feitas por um artesão qualquer.
3 Até as lobas dão leite às suas crias;
deixam que se alimentem do seu peito.
Mas a filha do meu povo[g] tornou-se mais cruel
do que o animal mais selvagem do deserto.
4 A língua dos bebês pega-se ao céu da boca
de tanta sede que eles têm.
Os jovens pedem pão,
mas não há ninguém para lhes dar algo.
5 Os que estavam acostumados com comidas finas,
estão famintos nas ruas.
Os que antes se vestiam com roupa fina[h],
agora juntam trapos.
6 Os crimes de Jerusalém eram maiores
do que o pecado de Sodoma e Gomorra.
Sodoma foi destruída num segundo,
embora nunca fosse atacada.
7 Os nazireus de Jerusalém eram mais puros do que a neve,
mais brancos do que o leite.
O seu corpo era forte como o carvalho,
e o seu cabelo era bonito como a safira.
8 Agora tornaram-se mais negros do que o carvão.
Ninguém os reconhece nas ruas.
A pele se grudou aos ossos
e está tão seca como a madeira.
9 Tiveram melhor sorte os que morreram na batalha
do que os que morreram de fome.
Quando falta uma colheita,
os famintos enfraquecem lentamente.
10 Com as suas próprias mãos,
as mulheres mais amorosas cozinharam os seus filhos.
Ficaram sendo a sua comida,
quando o meu povo foi vencido.
11 O SENHOR desatou toda a sua fúria;
derramou o fogo da sua ira.
Incendiou um fogo em Sião
que queimou até aos confins da terra.
12 Os reis da terra e os seus habitantes
não acreditaram no que tinha acontecido;
não podiam acreditar que um inimigo
pudesse atravessar os portões de Jerusalém.
13 Por causa dos pecados dos seus profetas
e os crimes dos seus sacerdotes,
foi derramado dentro de Jerusalém
o sangue de pessoas justas.
14 Os profetas e sacerdotes
vagaram como cegos pelas ruas,
tão manchados de sangue
que ninguém queria tocar nos seus vestidos.
15 “Afastem-se, impuros!”, gritavam-lhes os outros.
“Afastem-se, não nos toquem!”
Porque a ruína tinha caído sobre eles e ficaram sem lugar,
as pessoas lhes diziam:
“Já não queremos que vivam conosco”.
16 O SENHOR mesmo os destruiu
e já não cuida deles.
Ele não mostrou respeito pelos sacerdotes
nem teve consideração com os líderes.
17 Nossos olhos ficaram cansados
de tanto procurar ajuda em vão.
Da nossa torre de vigilância
buscamos e procuramos uma nação que nos salvasse,
mas nenhuma chegou.
18 Os nossos inimigos seguiram os nossos passos
para que não pudéssemos caminhar nas nossas ruas.
O nosso fim estava perto,
os nossos dias estavam contados.
19 Os homens que nos perseguiam
eram mais rápidos do que as águias do céu.
Eles nos perseguiram nas montanhas
e preparam uma emboscada
no deserto para nos apanhar.
20 Apanharam o nosso rei,
o consagrado pelo SENHOR
e que era para nós
como o ar que respiramos.
Nós acreditávamos que o nosso rei
nos protegeria de todas as nações.
21 Cante e celebre, povo de Edom,
que vive na terra de Uz,
mas lembre-se que o cálice do sofrimento
também chegará até você.
Beberá desse cálice,
ficará embriagado e ficará nu.
22 O seu castigo terminou, Sião;
não voltarão a fazê-la prisioneira.
Agora, povo de Edom, o SENHOR castigará o seu crime;
castigará você pelos seus pecados.
Uma oração ao SENHOR
5 SENHOR, lembre-se do que nos têm acontecido;
observe e veja a nossa desgraça.
2 A terra que herdamos dos nossos antepassados foi entregue a estrangeiros
e as nossas casas são ocupadas por estranhos.
3 Ficamos órfãos;
as nossas mães ficaram viúvas.
4 Temos que pagar pela água que bebemos
e pagar também pela nossa lenha.
5 Somos obrigados a levar uma corrente[i] nos nossos pescoços.
Estamos fracos e não encontramos descanso.
6 Fizemos uma aliança com o Egito e com a Assíria
para ter suficiente comida.
7 Os nossos antepassados pecaram e agora estão mortos,
mas nós sofremos as consequências dos seus crimes.
8 Os servos nos governam
e não há quem nos liberte do seu poder.
9 Arriscamos as nossas vidas
para conseguir comida no meio dos perigos do deserto.
10 A nossa pele está tão quente como um forno
pela febre que nos causa a fome.
11 Os soldados inimigos violaram as mulheres de Sião,
as virgens das cidades de Judá.
12 Os inimigos penduraram os nossos príncipes;
não mostraram o devido respeito pelos nossos líderes.
13 Nossos jovens devem carregar a pedra do moinho
e caem ao chão ao tropeçar com as cargas de madeira.
14 Os líderes já não estão no portão da cidade.
Os jovens já não fazem música.
15 A nossa felicidade terminou.
A nossa dança se tornou em lamento.
16 A coroa já caiu da nossa cabeça.
Estas coisas terríveis aconteceram porque pecamos.
17 Por tudo isto estamos desanimados;
perdemos a esperança.
18 As raposas andam rondando
pelo monte Sião, que está deserto.
19 Mas você, SENHOR, governa para sempre.
O seu trono permanece de geração em geração.
20 Por que então nos ignora todo o tempo?
Por que então nos tem abandonado durante tanto tempo?
21 SENHOR, restaure a nossa relação com você e nós regressaremos a você.
Faça com que a nossa vida volte a ser como era no passado.
22 Será que nos tem rejeitado completamente?
Será que está assim tão irritado conosco?
A visão do trono de Deus
1 No quinto dia do quarto mês do ano trinta[j], enquanto vivia com os exilados, junto ao rio Quebar, o céu se abriu e vi visões celestiais. 2 Isso aconteceu no quinto dia do mês, no quinto ano do exílio do rei Joaquim. 3 Eu declaro que a visão que eu vi na terra dos caldeus, junto ao rio Quebar da Babilônia, foi uma mensagem do SENHOR e senti o seu poder quando isso aconteceu. Eu sou Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote.
4 Vi que do norte vinha um forte vento de tormenta, como uma nuvem com relâmpagos por todos os lados. No seu interior havia uma luz âmbar resplandecente como o fogo. 5 No meio do fogo tinha algo parecido com quatro seres viventes cuja aparência era a seguinte: 6 eles tinham forma humana, mas cada um tinha quatro rostos e quatro asas. 7 As pernas de cada ser eram retas. Os seus pés eram parecidos com cascos de bezerro, e o brilho dos seus cascos era como o brilho do bronze polido. 8 Cada um dos quatro seres viventes tinha quatro rostos e quatro asas, além de mãos humanas debaixo das asas. 9 As asas de um apenas encostava nas asas do outro. E ao invés de se virarem ao avançar, se mexiam indo para a frente. 10 O rosto de cada um deles tinha a seguinte aparência: de frente, tinham rosto de homem; do lado direito, rosto de leão; do lado esquerdo, rosto de touro; e na parte de trás, rosto de águia. 11 Tais eram os seus rostos. Quanto às suas asas, elas eram separadas em cima. Cada ser tinha duas que estavam tocando as asas dos outros, enquanto as outras duas asas estavam cobrindo seu corpo. 12 Os seres iam aonde o espírito fosse, sem ter que dar uma volta, indo no sentido de qualquer rosto. 13 Pareciam carvões acesos, como tochas que se mexiam entre eles. O fogo resplandecia e atirava relâmpagos. 14 Correndo para lá e para cá entre as criaturas, havia algo que parecia com o relâmpago.
15 Enquanto olhava para os seres viventes, percebi que uma roda tocava o chão junto a cada um deles. 16 Quanto à aparência e estrutura das rodas, elas brilhavam como o berilo. Todas as quatro rodas tinham a mesma forma; a aparência e estrutura de cada uma era de duas rodas, uma atravessando a outra. 17 As quatro rodas podiam avançar em qualquer direção sem ter que se virar. 18 Os aros das rodas eram majestosos e impressionantes, e estavam cobertos de olhos. 19 Quando os seres viventes se mexiam, as rodas do seu lado também se mexiam, e quando os seres viventes voavam, as rodas também voavam junto com eles. 20 Os seres viventes iam aonde o espírito os levava, e as rodas iam com eles, porque o espírito dos seres viventes estava nas rodas. 21 Quando os seres viventes se mexiam, as rodas também se mexiam. Quando paravam de se mexer, as rodas também paravam de se mexer. Quando voavam, as rodas também voavam, porque o espírito dos seres viventes estava nas rodas.
22 Sobre as cabeças dos seres viventes se estendia algo como uma plataforma[k] com forma de domo cristalino. Era impressionante. 23 Debaixo da plataforma, os quatro seres viventes tinham suas asas estendidas, com a asa de um apenas tocando na asa do outro. Com as outras duas, cada um cobria o seu corpo. 24 Quando os seres viventes avançavam, eu podia escutar o ruído das suas asas. Era como o rugir das águas do mar, como a voz do Todo-Poderoso, como o ruído tumultuoso de um campo militar. Quando paravam de se mexer, dobravam as suas asas. 25 Então, quando estavam parados com suas asas dobradas, foi ouvida uma voz que vinha da bóveda que estava sobre as suas cabeças. 26 Na parte de cima da plataforma tinha algo semelhante a um trono de safira, e sobre o que parecia ser um trono de safira tinha algo que parecia com um ser humano. 27 Da cintura para cima, parecia ter um fogo dentro de algo que era como o âmbar, rodeado de um brilho forte. Da cintura para baixo, vi algo como um fogo com um brilho forte ao seu redor. 28 Aquele brilho forte era como o arco-íris que aparece nas nuvens após a chuva. Esta imagem era a glória do SENHOR. Portanto, apenas vi isso, fiquei curvado até encostar o meu rosto no chão. Então ouvi uma voz que falava comigo.
O Senhor chama a Ezequiel
2 A voz me disse:
—Homem mortal[l], fique em pé, que vou falar com você.
2 Quando falou comigo, o Espírito entrou em mim e me manteve em pé para que pudesse escutar àquele que falava comigo. 3 Ele me disse:
—Homem mortal, vou enviar você ao povo de Israel, gente rebelde, que se rebelou contra mim. Seus antepassados se rebelaram contra mim, e os filhos deles fazem o mesmo no dia de hoje. 4 Eles são teimosos e obstinados. Vou enviar você para levar a minha mensagem a eles. Você lhes dirá: “Assim diz o Senhor DEUS”. 5 Pode ser que eles queiram ouvir a minha mensagem. Mas por eles serem um povo rebelde é possível que eles não queiram ouvir a minha mensagem. Não importa! Ao menos eles saberão que há um profeta no seu meio. 6 Você, homem mortal, não tenha medo deles nem do que falam, ainda que seja como viver entre sarças, espinhos e escorpiões. Não tenha medo das palavras nem da aparência deles, porque são pessoas rebeldes. 7 Você tem que levar a minha mensagem para eles. Não importa se, por causa deles serem rebeldes, não o escutarem nem mudarem a maneira como eles estão se comportando. 8 Você, homem mortal, preste atenção no que eu lhe falar. Não seja rebelde como eles. Abra a sua boca e coma o que vou lhe dar.
9 Então vi uma mão com um rolo escrito que se estendia na minha direção. 10 O rolo se abriu bem diante de mim e pude ver o que estava escrito nos dois lados: lamentos, gemidos e ameaças.
3 Então me disse:
—Homem mortal, coma o que você encontrar ali. Engula esse rolo e depois vá falar sobre estas coisas ao povo de Israel.
2 Portanto, abri a boca para tratar de engolir o rolo. 3 Ele tornou a insistir comigo:
—Homem mortal, bom proveito! Coma com vontade e encha seu estômago com o rolo que dou a você.
Então comi o rolo, senti na minha boca o sabor do mel, por causa da sua doçura. 4 Então ele me disse:
—Homem mortal, vá ao povo de Israel e fale para eles o que eu lhe falar. 5 Não envio você a um povo que fala um idioma complicado e difícil, mas ao povo de Israel. 6 Existem vários lugares neste mundo aos quais eu poderia enviar você. Nesses lugares as pessoas falam idiomas que são complicados e difíceis de aprender. Mas posso assegurar a você que se o enviasse a esses lugares, as pessoas certamente escutariam a sua mensagem. 7 Mas o povo de Israel não vai querer escutar você visto que não quer me escutar. Todos eles são teimosos e obstinados. 8 Eles são um povo rebelde, mas eu farei de você uma pessoa tão teimosa e obstinada como eles! 9 Não tenha medo deles. Você será como o diamante, mais duro do que uma pedra.
10 Depois me disse:
—Homem mortal, escute e entenda bem cada uma das minhas palavras, 11 depois vá com os seus aonde estiverem exilados e dê minha mensagem a eles, falando o seguinte: “Assim diz o Senhor DEUS”, ainda que não escutem você nem deixem de fazer o mal.
12 Então o Espírito me levantou e por trás de mim escutei uma voz de trovão que dizia:
—Bendita seja a glória do SENHOR onde ele habita!
13 Também ouvi um ruído como o de um grande terremoto e foi produzido pelo roçar das asas dos seres viventes, os quais as batiam uma contra a outra, e pelo ruído das rodas que estavam junto a elas. 14 O Espírito me levantou e me levou. Assim fui embora, amargurado e chateado, mas sob o poder do SENHOR. 15 Eu fui a Tel-Abibe, junto ao rio Quebar, onde vivia a comunidade dos exilados. Ali fiquei sentado em silêncio durante sete dias.
Ezequiel, a sentinela que avisa a Israel
16 Depois de sete dias, o SENHOR me disse:
17 —Homem mortal, tenho colocado você como sentinela do povo de Israel. Portanto, quando você receber uma mensagem da minha parte, terá que avisar a quem a mensagem for dirigida. 18 Se eu dizer a uma pessoa malvada: “Você morrerá!” e você não falar com ela nem lhe avisar que deve mudar sua conduta, ela será declarada culpada e sofrerá a pena de morte. Morrerá pelo seu crime, mas eu também farei que você seja responsável pela sua morte. 19 Porém, se apesar da advertência que você lhe fizer, ela não deixar de fazer o mal nem mudar a sua conduta, então ela será declarada culpada e sofrerá a pena de morte, mas você se salvará. 20 Se um homem bom deixar de fazer o bem e começar a fazer o mal quando eu lhe colocar alguma pedra de tropeço, ele morrerá se você não lhe avisar. Não serão levadas em conta suas boas ações, e farei com que você seja o responsável pela sua morte. 21 Porém, caso você avisar a um homem bom para não pecar, e este seguir fazendo o bem e não pecar, ele conservará a sua vida por ter feito caso do seu aviso, e você se salvará.
22 Então, nesse lugar, senti que o poder do SENHOR me tocou. Ele me disse:
—Fique em pé e vá ao vale[m], que ali falarei com você.
23 Portanto, me levantei e me dirigi ao vale. De repente vi a glória do SENHOR, como a que tinha visto no rio Quebar. Caí curvado até tocar com o meu rosto o chão, 24 mas o Espírito entrou em mim e me colocou em pé. Então me disse:
—Vá e fique dentro da sua casa! 25 Eles o amarrarão com cordas para que você não possa sair da sua casa nem andar em público. 26 Farei com que a sua língua fique grudada ao paladar para que você não possa falar. Você não poderá repreendê-los, porque são pessoas rebeldes. 27 Mas quando eu falar com você, soltarei a sua língua para que você lhes fale: “Assim diz o Senhor DEUS”. Quem quiser escutar, que escute; e quem não quiser escutar, que não escute; porque são um povo rebelde.
Anúncio do cerco de Jerusalém
4 Deus me disse:
—Homem mortal, pegue um tijolo e coloque-o diante de você. Faça nele um desenho da cidade de Jerusalém. 2 Construa uma muralha ao redor da cidade e uma rampa que chegue até ela. Ponha um acampamento como sendo do inimigo. Cerque aquela cidade com máquinas para que seja derrubada. 3 Tome uma lâmina de ferro e coloque-a como se fosse uma muralha entre você e a cidade. Fixe seu olhar nela para assim mostrar que você está contra a cidade. Isto servirá de sinal aos israelitas.
4 —Fique deitado sobre seu lado esquerdo e leve sobre você a culpa do povo de Israel. Todo o tempo em que você estiver atacando a cidade, você levará a culpa dela. 5 Você deverá sofrer pela culpa de Israel durante trezentos e noventa dias[n]. Isso mostrará quanto tempo Israel será punido: um dia para cada ano. Este é o tempo durante o qual você levará a culpa de Israel. 6 Após esse tempo, você vai ficar deitado no seu lado direito e sofrer pela culpa de Judá durante quarenta dias. Isso mostrará quanto tempo Judá será punida: um dia para cada ano. 7 Você terá que ficar concentrado no cerco de Jerusalém, terá que levantar seu braço em sinal de castigo e profetizar contra ela. 8 Amarrarei você com cordas para que não se vire de um lado para outro até terminar o cerco[o].
9 —Você vai fazer o seguinte para ter comida. Você deverá ter algum grão para fazer pão. Pegue trigo, cevada, feijão, lentilhas, trigo miúdo e aveia. Misture todos esses alimentos num recipiente, amasse todos eles e faça pão suficiente para os trezentos e noventa dias nos quais você ficará deitado. Cada dia que você permanecer deitado, poderá comer um pão. 10 Você só poderá usar para fazer pão apenas duzentos e trinta gramas de farinha para cada dia. Você vai comer o pão aos poucos durante todo o dia. 11 Também tomará meio litro de água aos poucos durante todo o dia. 12 Cada dia assará um pão de cevada diante do povo, usando fezes humanas como combustível.
13 Depois, o SENHOR também disse:
—O povo de Israel deverá comer deste jeito o pão impuro[p] quando eles estiverem vivendo no meio dos estrangeiros.
14 Então exclamei:
—Ó Senhor DEUS, não pode ser! Eu nunca comi nada impuro. Jamais provei nada nojento nem nada que algum animal tenha matado. Desde que era um menino até agora, nunca comi nada impuro.
15 Então Deus me disse:
—Pode usar cocô de vaca em vez de fezes humanas como combustível para assar o seu pão.
16 Depois me disse:
—Vou cortar os alimentos em Jerusalém e comerão com ansiedade, e mesmo assim beberão da água que também vou cortar. 17 Que fiquem espantados pela escassez de pão e água! Que apodreçam por causa dos seus pecados!
5 —Homem mortal, pegue uma espada afiada e use-a como navalha de barbear. Com ela irá rapar a sua cabeça e barbear a sua barba. Depois tome uma balança e divida o cabelo em três partes. 2 Quando o cerco terminar, queime uma terceira parte do cabelo na cidade, corte a outra terceira parte na parte de fora da cidade e espalhe a última parte ao vento. Eu os atacarei com minha espada. 3 Pegue também alguns cabelos e guarde esses cabelos no seu bolso. 4 Depois pegue alguns deles e jogue esses cabelos no fogo. Dali se espalhará o fogo por todo o povo de Israel.
5 —Este tijolo representa a cidade de Jerusalém. Eu a coloquei entre nações e territórios estrangeiros. 6 Mas esta mesma Jerusalém é a que se rebelou contra meus decretos e leis para fazer um mal maior do que foi feito por todas as nações. Rejeitou meus decretos e não obedeceu às minhas leis.
7 —Vocês têm sido mais rebeldes do que as nações ao seu redor e não obedeceram às minhas leis nem guardaram os meus decretos. Nem sequer cumprem com os requisitos que lhes impõem as nações ao seu redor. 8 Eu também estou contra vocês e efetuarei o castigo contra vocês à vista de todas essas nações. 9 Por todas as coisas horríveis que fizeram, farei com vocês o que nunca jamais fiz nem nunca jamais tornarei a fazer. 10 Assim, por causa dos seus atos, os pais comerão os seus filhos, e os filhos comerão os seus pais. Realizarei o meu juízo contra vocês e espalharei os seus restos ao vento.
11 —Prometo por mim mesmo que os destruirei! Não terei misericórdia nem compaixão! Porque vocês profanaram meu templo com suas horríveis, abomináveis e detestáveis práticas. 12 Uma terceira parte de vocês morrerá de enfermidade e fome; outra terceira parte cairá pela minha espada nos campos que cercam a cidade; e espalharei a outra parte ao vento. Assim ameaçarei de morte o meu povo com minha espada. 13 Quando minha ira tiver se acalmado, após me vingar contra meu povo, saberão que eu, o SENHOR, tenho falado com zelo e que tenho saciado a minha ira contra meu povo.
14 —Deixarei que morram pela espada e farei com que sejam objeto de zombaria das nações vizinhas e de todos os que passarem por ali. 15 Quando eu executar meu juízo e minha fúria os repreender, serão objeto de zombaria e desgraça, servirão de lição e serão objeto de espanto para todas as nações que os cercam. Podem ter certeza disto! 16 Tudo isto acontecerá quando enviar contra vocês tempos terríveis de fome. A fome fará com que sejam destruídos pois não haverá o que comer. 17 Certamente enviarei fome e animais selvagens para tirar os seus seres queridos de vocês. A enfermidade e a violência os visitarão. Mandarei a espada contra vocês. Podem ter certeza disto!
Profecia contra a região de Efraim
6 O SENHOR falou comigo o seguinte:
2 —Homem mortal, olhe em direção aos montes de Israel e profetize contra eles. 3 Diga a eles: “Montes de Israel, escutem a voz do Senhor DEUS nos montes e colinas, nos rios secos e nos vales. Eu, o Senhor DEUS, vou fazer vir contra vocês a espada e destruirei seus lugares altos de idolatria. 4 Destruirei seus altares e os lugares onde queimam incenso e jogarei seus mortos diante dos seus ídolos. 5 Jogarei os cadáveres dos israelitas diante dos seus deuses nojentos e espalharei seus ossos pelos seus altares. 6 Todas suas cidades virarão ruínas e seus lugares de adoração serão destruídos. Assim tudo ficará desolado: os seus altares serão derrubados, os seus ídolos nojentos serão feitos em pedaços e ficarão mudos, os seus altares de incenso serão destruídos e os seus ídolos sumirão. 7 Pessoas cairão mortas no meio de vocês! Então vocês aprenderão que eu sou o SENHOR!
8 —“Mas deixarei que alguns de vocês se salvem da minha espada e sejam espalhados entre as nações. 9 Ali os sobreviventes se lembrarão de mim e da minha dor ao ver o que eles faziam. Eles se apartaram de mim e foram atrás desses ídolos vãos. Eles foram infiéis a mim, como uma mulher que tem o desejo de se prostituir. Então ficarão com nojo por causa da maldade que fizeram e da forma como se contaminaram, e já não terão mais vontade de continuar fazendo isso. 10 Então saberão que eu sou o SENHOR e quando eu falar que vou fazer alguma coisa, irei fazê-lo! Eles saberão que fui eu a causa de todas as suas desgraças.
11 —“Celebrem por toda a maldade detestável de Israel. Eles serão mortos pela guerra, pela fome e pelas doenças. 12 Os que estiverem longe morrerão doentes e os que estiverem perto morrerão pelo fio da espada. Os que conseguirem ficar escondidos morrerão de fome. Só desse jeito acalmarei a minha ira! 13 Assim aprenderão que eu sou o SENHOR: quando os cadáveres ficarem espalhados nos altares, em todos os lugares onde eram oferecidos sacrifícios de agradável aroma aos seus terríveis ídolos. 14 Com a minha mão os castigarei e farei com que a sua terra fique deserta, desde o deserto até Ribla. Assim aprenderão que eu sou o SENHOR!”
O fim está chegando
7 O SENHOR falou comigo o seguinte:
2 —Homem mortal, assim diz o Senhor DEUS:
“É o fim!
Está chegando o fim de toda a terra.
3 Chegou o seu fim,
o momento em que irei descarregar a minha ira contra vocês,
quando eu julgá-los conforme o seu comportamento
e ajustar contas com vocês por todos seus atos abomináveis.
4 Não terei piedade de vocês,
nem mostrarei compaixão alguma;
ao contrário, castigarei vocês pela sua conduta
e por todos seus atos detestáveis.
Assim todos aprenderão que eu sou o SENHOR.
5 “Assim diz o Senhor DEUS:
Uma desgraça após a outra virá contra vocês,
uma após a outra.
6 Acabou! Chegou o fim!
Está pronta a colheita com relação a vocês.
Aqui está.
7 Habitantes do país: chegou o desastre.
Já chegou a hora, o dia está perto.
Começou a guerra,
não é o som da colheita
o que se ouve nas montanhas.
8 Pronto derramarei a minha fúria contra vocês
e descarregarei a minha ira contra vocês.
Julgarei vocês por causa da sua conduta
e me prestarão contas dos seus atos abomináveis.
9 Quando eu vir vocês assim, não os salvarei
nem terei compaixão de vocês.
Darei a vocês o troco que merecem
e vocês apodrecerão por causa dos seus horríveis atos,
de maneira que saibam que fui eu,
o SENHOR, quem feriu vocês.
10 “Já chegou o dia,
está chegando o desastre.
Nasce e brota o caule;
floresce a arrogância.
11 Cresce a violência
até ser como bastão de maldade.
Quando termine o desastre,
não restará nenhum deles,
nem da gente comum nem dos ricos.
Não haverá diferença.[q]
12 Chegou a hora,
é o dia que lhes corresponde.
Que não se alegre aquele que compra
nem se entristeça aquele que vende,
porque a ira de Deus será contra todos,
e o vendedor não poderá retornar para a terra que vendeu.[r]
13 O vendedor não voltará para sua propriedade,
ainda que o vendedor e o comprador estiverem vivos.
A visão é para todo o povo;
não será anulada.
Não ficará firme
quem praticar o pecado.
14 “Ainda que toquem a trombeta,
não se prepararão nem irão à batalha,
porque eu mostrarei a minha ira contra a multidão.
15 Fora da cidade está o inimigo,
enquanto dentro estão a peste e a fome.
Os que estiverem nos campos
morrerão pelo fio da espada.
Os que estiverem na cidade
morrerão pela peste e pela fome.
16 Os sobreviventes conseguirão escapar
e fugirão aos montes.
Como pombas do vale,
cada um chorará pelo seu pecado.
17 Por causa do susto seus braços cairão e se urinarão,
ficando os seus joelhos molhados.
18 Colocarão neles roupas de luto e tremerão de medo.
Envergonhados, todos ficarão se lamentando.
19 Jogarão seus ídolos de prata na rua
e os de ouro serão como lixo.
Seus ídolos de prata e ouro não conseguirão fazer com que se salvem,
quando o SENHOR mostrar a sua ira.
O dinheiro não conseguirá satisfazer o seu apetite
nem encher o seu estômago.
20 Porque Deus fez da formosa cidade da sua aliança um lugar de honra;
mas o povo introduziu nela seus horríveis e abomináveis ídolos.
Por isso, tenho convertido esses ídolos em lixo.
21 Entregarei esses ídolos a estrangeiros
para que os tirem à sorte,
e aos dirigentes de seus países
para que os levem como saque
e façam com que esses ídolos virem lixo.
22 Virarei as costas,
e os estrangeiros entrarão
no meu santuário para que seja profanado.
Os invasores entrarão
e o profanarão.
23 “Prepare as cadeias para os prisioneiros,
porque muitos nesta terra estão condenados à morte,
porque a terra está cheia de violência.
24 Trarei pessoas malvadas para que tomem possessão
das casas dos israelitas.
Acabarei com a glória dos poderosos
e seus centros de adoração serão profanados.
25 Um tempo terrível se aproxima!
Procurarão pela paz,
mas não a acharão,
porque a paz não existirá mais.
26 Uma tragédia seguirá a outra,
só existirão más notícias.
O povo pedirá por visões,
mas os profetas já não terão visões.
Os sacerdotes não saberão mais a lei de Deus;
e os líderes não terão mais nenhum bom conselho.
27 O rei chorará,
o governante vestirá roupas de luto
e as mãos do povo tremerão.
Eu os castigarei pelos seus atos.
Eu os julgarei e receberão o castigo que merecem.
Assim aprenderão que eu sou o SENHOR”.
A visão dos pecados de Jerusalém
8 No dia cinco do sexto mês do sexto ano,[s] estando eu na minha casa em companhia dos líderes de Judá, o Senhor DEUS colocou sua mão sobre mim. 2 Ao olhar, vi que de súbito apareceu uma imagem que parecia com o fogo, e parecia arder da cintura para baixo. Da cintura para cima, parecia brilhar de maneira semelhante ao âmbar. 3 Nesse momento, algo parecido com uma mão se esticou e me pegou do cabelo. Então o Espírito[t] me levantou até eu ficar entre o céu e a terra, e me levou, na visão divina, para Jerusalém. Ele me levou até a porta da entrada norte, onde tinham colocado o ídolo talhado, que fez com que Deus ficasse furioso. 4 De súbito, apareceu a glória do Deus de Israel com todo o seu esplendor, como na visão que tive no vale. 5 Deus me disse:
—Homem mortal, olhe em direção ao norte!
Fiz isso e vi que ali, ao norte da entrada do altar, estava o ídolo que fez com que Deus ficasse furioso. 6 Também me disse:
—Homem mortal, você está vendo as atrocidades que os israelitas fazem neste lugar? Eles adoram esses ídolos inúteis e com isso me estão obrigando a deixar este templo. Se você vier comigo, irá ver coisas ainda piores.
7 Ele me levou em direção à entrada do pátio, onde vi um furo na parede, 8 e me disse:
—Homem mortal, cave e faça com que esse furo fique maior.
Fiz isso e achei uma porta. 9 Então ele me disse:
—Entre e veja a maldade e as atrocidades que fazem aqui!
10 Entrei e por toda a parede vi pinturas de todo tipo de criaturas e animais impuros e dos ídolos nojentos de Israel. 11 Setenta chefes israelitas estavam de pé em frente aos ídolos. Entre eles se encontrava Jazanias, filho de Safã. Cada um tinha um incensário do qual saíam nuvens cheirosas de incenso.
12 E me disse:
—Homem mortal, você está vendo o que os chefes de Israel fazem às escondidas com seus ídolos? Eles dizem: “O SENHOR não nos vê. O SENHOR abandonou esta terra!”
13 Então ele me disse:
—Você vai ver coisas ainda piores do que estas.
14 Então Deus me levou à entrada norte do templo do SENHOR, onde as mulheres estavam sentadas, chorando pelo deus Tamuz[u]. 15 Ele me disse:
—Homem mortal, você está vendo o que elas fazem? Pois você vai ver coisas ainda piores!
16 Então ele me levou ao pátio interior do templo do SENHOR. Na entrada do templo do SENHOR, entre o pórtico e o altar, vinte e cinco homens estavam adorando o sol, de costas ao templo do SENHOR e olhando em direção ao leste. 17 Deus me disse:
—Você está vendo isso, homem mortal? Não é suficiente com que eles desprezem o templo e façam atrocidades ali? Também eles tinham que encher a terra com violência e provocar a minha ira ainda mais? Olhe como esfregam seus ramos pelo nariz. 18 Por isso farei com que vejam a minha fúria e não terei compaixão deles! E ainda que me implorem a gritos, não os escutarei.
Visão dos mensageiros da destruição
9 Enquanto eu escutava, Deus gritou com voz forte:
—Que façam vir os carrascos da cidade! Cada um deve trazer sua arma!
2 Então, pela entrada superior que dá ao norte, apareceram seis homens levando garrotes. Um deles estava vestido de linho[v] com um estojo de escriba[w] na cintura. Entraram e ficaram em pé perto do altar de bronze. 3 Nesse momento, a glória do Deus de Israel saiu do lugar junto aos querubins, onde tinha permanecido antes, e ficou suspendida na entrada do templo. Então chamou pelo homem que estava vestido de linho e que levava um estojo de escriba na cintura. 4 O SENHOR lhe disse:
—Vá por toda a cidade de Jerusalém e coloque um sinal na testa de todos os que gemem e se lamentam por todas as atrocidades que estão sendo feitas.
5 Ouvi que Deus disse aos demais:
—Vão após ele e matem a todos os que não tenham esse sinal na testa. Não tenham piedade nem compaixão! 6 Matem os líderes e os jovens, as jovens, as crianças e as mulheres, mas não façam nenhum mal aos que levam o sinal na testa. Comecem por aqui, pelo templo.
Então começaram com os líderes que estavam na frente do templo.
7 Depois lhes disse:
—Profanem o templo com o sangue destes homens e encham o pátio de cadáveres. Depois saiam da cidade e matem todos os que não tenham o sinal.
8 Portanto, quando mataram a todos, eu fui o único que restou. Rapidamente caí curvado até o meu rosto encostar na terra e disse:
—Ai, Senhor DEUS, vai destruir o que resta de Israel deixando que a ira que o Senhor tem venha contra Jerusalém?
9 Ele me disse:
—A culpa de Israel e Judá é muito grande. A terra está cheia de sangue e a cidade está cheia de injustiça. Eles dizem: “O SENHOR abandonou esta terra e não vê o que está acontecendo”. 10 Por isso, eu não terei piedade nem compaixão. Eu os castigarei pelo que eles fizeram.
11 Então o homem vestido de linho com o estojo de escriba na cintura respondeu:
—Tenho feito tudo o que me foi ordenado.
A glória do Senhor abandona o templo
10 De súbito, sobre a bóveda que parecia safira, a que estava sobre os querubins, vi que surgia sobre eles algo semelhante a um trono. 2 Então ele disse ao homem vestido de linho:
—Fique entre as rodas[x] que estão debaixo dos querubins e com as mãos pegue do carvão do altar que está entre os querubins, e espalhe esse carvão pela cidade.
O homem passou na minha frente para fazer o que lhe foi ordenado. 3 Os querubins estavam em pé, ao sul do templo. Quando o homem se aproximou, a nuvem começou a encher o pátio interior. 4 Quando a glória do SENHOR se havia elevado sobre os querubins, indo em direção à entrada do templo, a nuvem encheu o templo e a luz gloriosa do SENHOR inundou o pátio. 5 O som das asas dos querubins podia ser ouvido até o pátio exterior, como uma voz de trovão do Deus Todo-Poderoso.
6 Portanto, quando o Senhor ordenou ao homem vestido de linho que pegasse o fogo que estava entre as rodas, ou seja na área que estava entre os querubins, ele foi e ficou parado ao lado das rodas. 7 Um dos querubins estendeu a mão no fogo que estava entre eles e pegou um carvão ardente. Logo ele o colocou nas mãos do homem que estava vestido de linho, que o recebeu e foi embora. 8 Debaixo das asas, os querubins tinham algo parecido com as mãos humanas.
9 Notei que havia quatro rodas perto dos querubins, uma por cada querubim. As rodas pareciam com o topázio e todas eram iguais. 10 Todas as quatro rodas pareciam iguais. Cada roda parecia estar atravessada por dentro de outra roda. 11 Os quatro animais avançavam juntos. Não se viravam, mas aonde ia a parte da frente, a parte de trás a seguia. Não se viravam ao avançar. 12 Os quatro querubins estavam cobertos de olhos por todo o corpo, as costas, os braços, as asas e as rodas. 13 Ouvi que as rodas eram chamadas de “as rodas que giram”.
14 Cada querubim tinha quatro rostos: o primeiro, de querubim; o segundo, de homem; o terceiro, de leão; e o quarto, de águia. 15 (Então percebi que os querubins que se elevaram eram os mesmos animais da visão que tive junto ao rio Quebar.)[y]
16 Quando os querubins avançavam, as rodas também avançavam, e quando os querubins abriam as asas para se elevar, as rodas permaneciam com eles. 17 Quando os querubins paravam, as rodas também paravam; quando se elevavam, as rodas também se elevavam, pois o espírito dos animais estava com eles.
18 Portanto, a glória do SENHOR deixou a entrada do templo e se colocou sobre os querubins. 19 Então os querubins abriram as asas e se elevaram no ar junto com as rodas, diante dos meus próprios olhos. Depois pararam na entrada leste do templo do SENHOR, com a glória do Deus de Israel sobre eles.
20 Eram os mesmos seres viventes que havia visto debaixo do Deus de Israel, junto ao rio Quebar, e percebi que eram querubins. 21 Cada um tinha quatro rostos, quatro asas, e embaixo das asas havia algo parecido com mão de homem. 22 Os quatro rostos eram os mesmos rostos que tinha visto junto ao rio Quebar, e cada um deles avançava de frente.
O castigo dos líderes do povo
11 O Espírito[z] me levantou e me levou até a entrada leste do templo do SENHOR. Ali havia vinte e cinco homens. Entre eles reconheci a Jazanias, filho de Azur, e a Pelatias, filho de Benaias. Eles eram chefes do povo. 2 Deus me disse:
—Homem mortal, estes são os que tramam a maldade e aconselham mal na cidade. 3 São os que dizem: “Ainda não é o momento de reconstruir casas. A cidade é a panela e nós somos a carne”. 4 Por isso, homem mortal, profetize contra eles. Profetize, homem mortal!
5 O Espírito do SENHOR veio sobre mim e o SENHOR me ordenou que falasse o seguinte:
—Vocês têm falado certo, casa de Israel. Eu sei das grandes coisas que estão planejando. 6 Aumentaram suas atrocidades nesta cidade e encheram as ruas de cadáveres. 7 Portanto, eu, o Senhor DEUS, asseguro a vocês que as atrocidades que fizeram nesta cidade são a carne e Jerusalém é a panela. 8 Temem a espada, mas é o que usarei contra vocês. Eu, o Senhor DEUS, afirmo isto.
9 —Expulsarei vocês da cidade, colocarei vocês nas mãos de estrangeiros e os castigarei com justiça. 10 Vocês morrerão pelo fio da espada. Julgarei vocês não importando em que lugar de Israel estiverem, e assim aprenderão que eu sou o SENHOR. 11 Jerusalém não será a panela que os protegerá, mas vocês serão a carne dentro dela. Julgarei vocês não importando em que lugar de Israel estiverem. 12 Então saberão que eu sou o SENHOR, cujas leis não obedeceram e cujos regulamentos não guardaram. Ao contrário, seguiram os costumes das nações.
13 Enquanto eu profetizava, Pelatias, filho de Benaias, caiu morto. Então caí com o rosto encostado na terra e exclamei:
—Ai, Senhor DEUS! O Senhor vai destruir por completo o resto de Israel?
Anúncio de uma nova aliança
14 Então o SENHOR me disse:
15 —Homem mortal, os habitantes de Jerusalém falam mal de seus irmãos, dos seus parentes[aa] e de todo o povo de Israel. Eles dizem: “Eles se afastaram do SENHOR e por isso nós temos herdado a terra”.
16 —Por tanto, fale para eles que isto é o que o Senhor DEUS diz: “Tenho enviado vocês para longe daqui, para nações estrangeiras. Eu os dispersei para outras terras. Por um tempo curto serei um templo para vocês. 17 Eu, o Senhor DEUS, afirmo que irei recolher vocês do meio dessas nações. Eu os reunirei do meio dos países aonde os dispersei e lhes darei a terra de Israel. 18 Quando retornarem, jogarão dali todas as coisas detestáveis e tudo o que profana a terra de Israel. 19 Então lhes darei um coração sincero e um espírito novo. Mudarei o coração de pedra que vocês têm por um de carne 20 para que cumpram as minhas leis e obedeçam aos meus mandamentos. Então vocês serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. 21 Mas eu castigarei os que continuam com os ídolos, por causa dos seus atos detestáveis e nojentos. Terão que me prestar contas dos seus atos. Eu, o Senhor DEUS, afirmo isto”.
A glória do Senhor abandona Jerusalém
22 Depois os querubins levantaram suas asas, com as rodas ao lado deles e a glória do Deus de Israel por cima deles. 23 Assim, a glória do SENHOR subiu e saiu da cidade e se deteve no monte das Oliveiras, ao leste da cidade. 24 Ao mesmo tempo, na visão, o Espírito de Deus me levantou e me levou à terra dos caldeus, onde estavam os exilados[ab]. Depois, a visão sumiu. 25 Depois disse aos exilados tudo o que o SENHOR tinha me mostrado.
O exílio é anunciado
12 O SENHOR me disse:
2 —Homem mortal, você mora no meio de um povo rebelde. Eles têm olhos para ver, mas não veem; ouvidos para escutar, mas não escutam, porque são um povo rebelde. 3 Portanto, homem mortal, prepare sua bagagem e vá ao exílio em plena luz do dia, à vista de todos. Saia daqui e vá ao exílio. Talvez reconheçam que são um povo rebelde. 4 Tire a sua bagagem em plena luz do dia, à vista de todos, como se fosse a bagagem de um exilado. Ao entardecer, também à vista de todos, você deverá sair como se fosse um exilado, 5 e, diante de todos, faça um buraco pequeno no muro, saia por ali com a sua bagagem 6 e, diante da vista de todos, ponha a sua bagagem no ombro. Cubra o seu rosto para que não veja a terra, porque usarei você como um sinal para o povo de Israel.
7 Então eu cumpri essas ordens. Durante o dia tirei a minha bagagem, como se fosse um exilado. À tarde, fiz um buraco pequeno no muro com as minhas mãos. Depois de escurecer, carreguei a minha bagagem sobre o ombro à vista de todos.
8 Na manhã seguinte o SENHOR me disse:
9 —Homem mortal, esses rebeldes não lhe perguntaram o que você estava fazendo? 10 Diga a eles que eu, o Senhor DEUS, digo que esta triste mensagem diz respeito às pessoas importantes de Jerusalém e ao seu governante. 11 Diga a eles também que você serve como sinal a todos eles. O que você fez também acontecerá com eles. Serão feitos prisioneiros e serão levados ao exílio. 12 E o seu governante colocará a sua bagagem no ombro e sairá da cidade de noite. Ele fará um buraco pequeno no muro para tirar as suas coisas. O governante cobrirá o seu rosto para que não veja a terra com seus próprios olhos. 13 Jogarei a minha rede sobre ele e cairá na minha armadilha. Depois o levarei para a Babilônia, a terra dos caldeus, mas não poderá ver essa cidade. Ele morrerá ali. 14 Dispersarei todos seus conselheiros e seus exércitos em todas as direções. Eles serão perseguidos por soldados com espadas que eu enviarei atrás deles. 15 Assim, quando os dispersar entre as nações e países, aprenderão que eu sou o SENHOR.
16 —Mas deixarei que alguns sobrevivam à espada, à fome e às pragas para que falem às nações todos os atos horríveis que fizeram em Judá. Assim saberão que eu sou o SENHOR.
17 Então o SENHOR me disse:
18 —Homem mortal, quando comer, atue como se estivesse nervoso. Quando beber água, atue como se estivesse chateado e preocupado. 19 Você falará ao povo que eu, o Senhor DEUS, digo o seguinte: “As pessoas que vivem em Jerusalém, na terra de Israel, comerão com medo e beberão água em silêncio porque sua terra será destruída pela violência dos que vivem em Jerusalém. 20 As cidades habitadas virarão ruínas e o país ficará desolado. Assim saberão que eu sou o SENHOR”.
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