Beginning
A primeira visão de Ezequiel (Caps. 1—7)
O trono de Deus
1 No dia cinco do quarto mês do ano trinta, eu, o sacerdote Ezequiel, filho de Buzi, vivia na Babilônia, na beira do rio Quebar, junto com os judeus que haviam sido levados para lá como prisioneiros. O céu se abriu, e eu tive uma visão de Deus. 2 Quando isso aconteceu, fazia cinco anos que o rei Joaquim estava preso. 3 Ali na Babilônia, na beira do rio Quebar, eu ouvi o Senhor falar comigo e senti o seu poder.
4 Olhei e vi uma tempestade que vinha do Norte. Raios saíam de uma nuvem enorme. Em volta da nuvem, o céu estava em fogo, e no meio do fogo havia uma coisa que brilhava como bronze. 5 No meio da tempestade, vi o que me pareciam quatro animais. A sua forma era de gente, 6 porém cada um tinha quatro caras e quatro asas. 7 As pernas deles eram retas e tinham cascos que eram parecidos com cascos de touro e que brilhavam como bronze polido. 8 Além das quatro caras e das quatro asas, cada um tinha quatro mãos de gente, uma debaixo de cada asa. 9 Duas asas de cada animal estavam abertas, com as pontas tocando uma na outra. Assim os animais formavam um quadrado e andavam em grupo, sem virar o corpo.
10 Cada animal tinha quatro caras diferentes: na frente, a cara era de gente; do lado direito, era de leão; do lado esquerdo, era de boi; e atrás a cara era de águia. 11 Duas asas de cada animal se abriam para cima e tocavam as pontas das asas dos animais que estavam ao seu lado; e com as outras duas asas eles cobriam o corpo. 12 Cada animal podia olhar para as quatro direções, e por isso o grupo ia aonde queria, sem precisar virar.
13 Entre os animais havia uma coisa que parecia uma tocha acesa e que estava sempre em movimento. O fogo aumentava, e do fogo saíam relâmpagos. 14 E os animais corriam para cá e para lá como relâmpagos.
15 Quando eu estava olhando para os quatro animais, vi quatro rodas no chão, uma ao lado de cada um deles. 16 As quatro rodas eram iguais e brilhavam como pedras preciosas. Dentro de cada roda havia outra roda, atravessada, 17 e assim, sem virar, as rodas podiam rodar em qualquer direção. 18 Os aros das rodas eram cobertos de olhos.
19 Quando os animais andavam, as rodas rodavam ao lado deles; quando os animais subiam da terra, as rodas também subiam. 20 Os animais iam aonde queriam, e as rodas faziam o que os animais faziam porque os animais as controlavam. 21 Assim, toda vez que os animais andavam ou paravam ou subiam do chão, as rodas faziam o mesmo.
22 Acima das cabeças dos animais havia uma coisa que parecia uma cobertura curva feita de cristal brilhante. 23 Debaixo da cobertura, cada animal abria duas asas na direção das asas do outro que estava ao seu lado e cobria o corpo com as outras duas asas. 24 Eu ouvi o barulho das suas asas quando voavam. Era como o rugido do mar, como o barulho de um grande exército, como a voz do Deus Todo-Poderoso. Quando paravam de voar, abaixavam as asas, 25 mas ainda se ouvia um som que vinha de cima da cobertura que estava sobre as cabeças deles.
26 Acima da cobertura curva havia uma coisa parecida com um trono feito de safira. Nele, estava sentado alguém que parecia um homem 27 e que brilhava como se fosse bronze no meio do fogo. Todo ele brilhava com o mesmo clarão de fogo. 28 E a sua luz tinha todas as cores do arco-íris nas nuvens. Esta era a luz brilhante que mostra a presença da glória do Senhor.
Deus chama Ezequiel para ser profeta
2 Quando vi isso, caí e encostei o rosto no chão. Então ouvi uma voz que dizia:
— Homem mortal, fique de pé. Eu quero falar com você.
2 Enquanto a voz falava, o Espírito de Deus entrou em mim e me fez ficar em pé. E eu ouvi a voz dizer:
3 — Homem mortal, eu o estou mandando ao povo de Israel, que se revoltou e se virou contra mim. Eles ainda são rebeldes, como os antepassados deles também eram. 4 São teimosos e não me respeitam. Estou mandando você para dizer a eles aquilo que eu, o Senhor Deus, quero dizer. 5 Tanto se derem atenção a você como se não derem, eles vão saber que um profeta esteve no meio deles.
6 — Mas você, homem mortal, não precisa ficar com medo deles, nem do que eles disserem. Eles o desafiarão e desprezarão; viver no meio deles será como viver no meio de escorpiões. Mesmo assim, não tenha medo daqueles rebeldes, nem de qualquer coisa que eles disserem. 7 Diga-lhes tudo o que eu mandar, quer eles lhe deem atenção ou não. Lembre que eles são teimosos.
8 — Homem mortal, preste atenção no que eu estou dizendo. Não seja teimoso como eles. Abra a boca e coma o que vou dar a você.
9 Aí eu vi uma mão que se estendia para mim, segurando um rolo. 10 Ela o desenrolou, e vi que nos dois lados havia coisas escritas. E o que estava escrito eram gritos de dor, lamentos e gemidos.
3 Deus disse:
— Homem mortal, coma esse rolo; depois, vá e fale ao povo de Israel.
2 Então abri a boca, e ele me deu o rolo para comer. 3 E disse:
— Homem mortal, coma esse rolo que lhe estou dando; encha o seu estômago com ele.
Eu comi, e era doce como mel.
4 Então Deus disse:
— Homem mortal, vá e diga ao povo de Israel o que eu ordenar. 5 Não estou enviando você a uma nação que fala uma língua estrangeira difícil, mas aos israelitas. 6 Se eu o enviasse a grandes nações que falam línguas difíceis que você não pudesse entender, elas dariam atenção a você. 7 Porém o povo de Israel não vai lhe dar atenção, pois eles não querem ouvir o que eu digo. Todos eles são teimosos e rebeldes. 8 Mas agora eu vou fazer com que você se torne tão teimoso e duro como eles. 9 Farei com que você fique tão forte como uma rocha e tão duro como um diamante. Por isso, não tenha medo, nem se assuste com esses rebeldes.
10 E Deus continuou:
— Homem mortal, preste bem atenção e lembre tudo o que lhe estou dizendo. 11 Depois, vá falar com os seus patrícios que foram levados para o cativeiro. Diga-lhes o que eu, o Senhor Deus, estou dizendo, tanto se lhe derem atenção como se não derem.
12 Então o Espírito de Deus me levou para o alto, e ouvi atrás de mim uma voz forte como um trovão. A voz gritava:
— Louvem nos altos céus a glória do Senhor!
13 Ouvi as asas dos animais batendo juntas no ar e também o barulho das rodas, que era tão forte como o de um trovão. 14 Aí o poder do Senhor me dominou, e o seu Espírito me levou dali; aí eu fiquei zangado e cheio de amargura. 15 Então fui a Tel-Abibe, na beira do rio Quebar, onde estavam vivendo os judeus que haviam sido levados como prisioneiros. E fiquei ali sete dias, espantado com o que tinha visto e ouvido.
O profeta como vigia(A)
16 Depois desses sete dias, o Senhor Deus falou comigo assim:
17 — Homem mortal, eu o estou pondo como vigia para a nação de Israel. Você entregará a eles os avisos que eu lhe der. 18 Se eu anunciar que um homem mau vai morrer, e você não avisar esse homem para que pare de fazer o mal e assim salve a sua vida, ele morrerá como pecador, e você será o responsável pela morte dele. 19 Se você avisar um homem mau, e ele não deixar de pecar, ele morrerá ainda pecador, mas você não morrerá.
20 — Se um homem direito começar a fazer o mal, e eu o puser em uma situação perigosa, ele morrerá se você não o avisar. Ele morrerá por causa dos pecados dele, e eu não lembrarei do bem que ele fez. E você será responsável pela morte dele. 21 Se você avisar um homem direito para que não peque, e, se ele der atenção a você e não pecar, então ele ficará vivo, e você também não morrerá.
Ezequiel fica mudo
22 Eu senti a presença poderosa do Senhor Deus e o ouvi dizer o seguinte:
— Levante-se e vá até o vale, que eu falarei com você ali.
23 Então fui até o vale e lá vi a glória do Senhor, como já havia visto na beira do rio Quebar. Eu caí com o rosto no chão, 24 mas o Espírito de Deus entrou em mim e me pôs de pé. E Deus me disse:
— Vá para casa e feche-se dentro dela. 25 Você, homem mortal, vai ser amarrado com cordas e não poderá sair. 26 Vou paralisar a sua língua, e você não poderá avisar essa gente rebelde. 27 Depois, quando eu falar de novo com você e lhe devolver a fala, você dirá a esse povo o que eu, o Senhor Deus, disser. Alguns deles vão ouvir, mas outros não, porque são um povo rebelde.
Mensagem a respeito de Jerusalém
4 Deus disse:
— Homem mortal, pegue um tijolo, ponha na sua frente e faça nele um desenho da cidade de Jerusalém. 2 Nesse desenho, a cidade deverá estar cercada pelos inimigos, com rampas e torres de ataque, com um acampamento e com máquinas de derrubar muralhas. 3 Pegue uma frigideira de ferro e ponha como se fosse um muro entre você e a cidade. Vire o rosto na direção da cidade. Ela está cercada, e é você quem a está cercando. Isso será um sinal para o povo de Israel.
4-5 — Deite-se do lado esquerdo, que eu vou colocar sobre você a culpa do povo de Israel. Você ficará deitado ali, carregando o pecado deles durante trezentos e noventa dias, porque eu o condenei a um dia para cada ano de castigo do povo. 6 Quando você terminar isso, vire do lado direito e carregue o pecado de Judá durante quarenta dias, isto é, um dia para cada ano do castigo deles.
7 — Olhe firme para Jerusalém cercada pelos inimigos. Então arregace as mangas e profetize contra a cidade. 8 Eu vou amarrá-lo, e assim você não poderá virar de um lado para outro até que os inimigos deixem de cercar a cidade.
9 — Agora, pegue trigo, cevada, ervilhas, lentilhas, trigo miúdo e aveia. Misture tudo e faça pão. É isso o que você vai comer durante os trezentos e noventa dias em que estiver deitado do lado esquerdo. 10 Você só vai poder comer quatro pãezinhos por dia e coma aos poucos. 11 A água que beber também será medida: dois copos por dia, para beber aos poucos. 12 Você fará fogo com fezes secas, de gente, assará o pão nas brasas e comerá esse pão em um lugar onde possa ser visto por todos.
13 O Senhor disse também:
— Quando eu espalhar os israelitas por outros países, é assim que eles terão de comer alimentos que a lei proíbe.
14 Mas eu respondi:
— Ó Senhor, meu Deus, isso não! Eu nunca me manchei comendo comida impura. Desde criança, nunca comi carne de nenhum animal que tivesse tido morte natural ou que tivesse sido despedaçado por animais ferozes.
15 Aí o Senhor disse:
— Está bem. Eu vou deixar você usar esterco de vaca para fazer fogo; asse o seu pão em cima dele.
16 E disse mais:
— Homem mortal, eu não vou deixar que a cidade de Jerusalém receba pão. Então o povo, aflito, vai racionar a comida e a água. 17 Eles vão ficar sem pão e sem água. Ficarão desesperados e acabarão morrendo por causa dos seus pecados.
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