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David e Mefibosete

Um dia, David começou a inquirir se haveria ainda alguém da família de Saul com vida, pois queria fazer-lhe bem, tal como prometera ao príncipe Jónatas. Falaram-lhe então num tal Ziba que fora um dos servos de Saul. O rei mandou-o chamar: “Chamas-te Ziba?” Respondeu: “Sim, senhor, sou eu próprio.”

“Conheces alguém que tenha ficado da família de Saul? Porque quero cumprir a minha promessa de demonstrar bondade de Deus a essa pessoa.” Ziba respondeu: “Há um filho de Jónatas, que vive ainda, e que é coxo.”

“Onde mora ele?”, perguntou o rei. E disse-lhe: “Em Lo-Debar na casa de Maquir, filho de Amiel.”

5-6 David mandou buscar esse filho de Jónatas e neto de Saul que se chamava Mefibosete. Quando este se aproximou do soberano, saudou-o inclinando-se perante ele em sinal de profunda submissão.

Mas David disse-lhe: “Não tenhas receio! Mandei vir-te para que possa fazer-te bem, de acordo com a promessa que fiz ao teu pai Jónatas. Devolver-te-ei todas as terras do teu avô Saul e viverás aqui no meu palácio!”

Mefibosete prostrou-se até ao chão e disse: “Será possível que o rei se mostre assim tão bom com alguém que não passa de um cão morto como eu?”

David mandou chamar Ziba, o servo de Saul, e disse-lhe. “Dei ao neto do teu senhor tudo o que pertencia a Saul e à sua família. 10 Tu, teus filhos e servos deverão trabalhar nas suas terras, para que a sua família tenha o que comer. Quanto a ele próprio, viverá aqui comigo.”

Ziba, que tinha quinze filhos e vinte servos, 11 replicou: “Senhor, farei tudo o que mandaste.” Daí em diante Mefibosete passou a comer regularmente com o rei David, como se fosse um dos seus próprios filhos.

12 Mefibosete tinha um filho pequeno chamado Mica. Toda a família de Ziba ficou a trabalhar ao serviço de Mefibosete. 13 Mas Mefibosete, que era coxo dos dois pés, veio para Jerusalém para viver no palácio do rei.

David derrota os amonitas

(1 Cr 19.1-19)

10 Algum tempo depois, o rei amonita morreu e o seu filho Hanum ascendeu ao trono em seu lugar. David declarou: “Vou mostrar bondade para com Hanum, filho de Naás, por causa da amizade que o seu pai revelou para comigo.” David enviou embaixadores para expressarem as suas condolências a Hanum pelo falecimento do pai. Quando os embaixadores de David chegaram, os conselheiros de Hanum falaram desta forma ao rei amonita: “Esta gente não veio honrar a memória do teu pai. David mandou-os para espiarem a cidade antes de a atacar!” Então Hanum mandou rapar metade da barba dos embaixadores e cortar-lhes a roupa que traziam, até à altura das ancas. Depois mandou-os embora.

Quando David teve conhecimento do que acontecera, disse-lhes que ficassem em Jericó até lhes crescer novamente a barba, pois aqueles homens estavam envergonhados por causa do aspeto que tinham.

Nessa altura, o povo de Amon deu-se conta de como tinha suscitado seriamente a ira de David. Em consequência, contrataram 20 000 mercenários arameus, de Bete-Reobe e de Zobá, outros 1000 ao rei de Maacá e 12 000 da terra de Tobe.

Quando contaram isto a David, este enviou Joabe e todo o exército israelita para os atacar. O exército dos amonitas saiu-lhes ao encontro e começou o combate às portas da cidade de Medeba, enquanto os arameus de Zobá, Reobe, Tobe e Maacá lutavam no campo.

Joabe, vendo que tinha de lutar em duas frentes, pôs de parte os melhores combatentes das suas tropas e, sob o seu próprio comando, levou-os a confrontarem-se com os arameus na planície. 10 Outro grupo, sob o comando do seu irmão Abisai, dirigiu-se contra os amonitas. 11 “Se os arameus forem mais fortes do que eu, vem ajudar-me”, disse Joabe ao irmão. “Se os amonitas prevalecerem sobre ti, vou eu ajudar-te.” 12 “Coragem e atuemos como homens que defendem o povo e as cidades do nosso Deus. Que o Senhor faça o que for melhor!”

13 Seguidamente, quando Joabe e as suas tropas atacaram, os arameus começaram a fugir. 14 Por sua vez, os amonitas ao verem o que estava a acontecer também se puseram a fugir para dentro da cidade. Então Joabe deu por terminada a campanha contra os amonitas e regressou a Jerusalém.

15 Os arameus perceberam que não eram suficientes para fazer frente ao exército de Israel, por isso, ao reagruparem-se, engrossaram os seus efetivos com um contingente adicional. 16 Hadadezer enviou mensageiros para reunir os arameus que viviam do outro lado do rio Eufrates. Estas tropas chegaram a Helã sob as ordens de Sobaque, comandante das forças militares de Hadadezer.

17 Ao saber dos acontecimentos, David mobilizou todo o Israel, atravessou o rio Jordão e foi para Helã, onde os arameus tinham atacado. 18 Os arameus fugiram de novo dos israelitas, mas desta vez deixaram mortos no campo de batalha 700 condutores de carros de combate e ainda 40 000 cavaleiros, incluindo o general Sobaque. 19 Os aliados de Hadadezer, constatando que os arameus tinham sido derrotados, renderam-se a Israel e tornaram-se seus servos.

A partir de então, os arameus tiveram medo de ajudar os amonitas.

David e Bate-Seba

11 Na primavera do ano seguinte, na altura em que as guerras costumam recomeçar, David enviou Joabe e o exército israelita destruir os amonitas. Começaram por pôr cerco à cidade de Rabá. David ficara em Jerusalém.

Uma noite, levantou-se do leito onde repousava e foi para um terraço do seu palácio. Enquanto passeava reparou numa mulher muito bonita que estava a tomar banho. Procurou saber quem era e disseram-lhe que se tratava de Bate-Seba, filha de Eliam, mulher de Urias, o hitita. Mandou-a chamar. Quando veio, deitou-se com ela. A mulher tinha acabado de completar os ritos de purificação do seu período. Depois disso, voltou para casa. A mulher ficou grávida e mandou avisá-lo.

O rei enviou um recado a Joabe: “Que Urias, o hitita, venha ter comigo.” Quando este chegou, David perguntou-lhe como ia Joabe e as tropas e como iam as ações de combate. Disse-lhe que fosse para casa descansar; mais tarde fez-lhe chegar um presente. Contudo, Urias não entrou na sua casa. Ficou à porta do palácio do soberano e ali passou a noite com outros servos do rei.

10 Ao saber do que Urias tinha feito, David mandou-o chamar: “Que é que se passa contigo? Porque não foste para casa ter com a tua mulher a noite passada, depois de teres estado longe tanto tempo?”

11 Urias replicou: “A arca, os exércitos, o general e os seus oficiais estão todos no campo de batalha e eu iria para casa beber vinho e dormir com a minha mulher? Juro que nunca me tornarei culpado de tal ação!”

12 “Está bem. Fica então aqui e amanhã voltas.” Urias manteve-se por ali perto. 13 Entretanto, David convidou-o para jantar e embebedou-o. Mesmo assim ele não foi a casa nessa noite; tornou a dormir à entrada do palácio.

14 Na manhã seguinte David escreveu uma carta a Joabe e deu-a a Urias para que lha entregasse. 15 A carta dava instruções a Joabe para colocar Urias na frente mais acesa da batalha, e para que depois se afastassem e o deixassem morrer.

16 Joabe destacou Urias para um sítio junto à cidade sitiada, onde sabia estarem os melhores atiradores do inimigo. 17 Dessa forma, Urias foi morto, com mais alguns outros soldados israelitas.

18 Quando Joabe enviou ao rei o relatório dos combates, 19-20 disse ao mensageiro: “Se o rei ficar furioso e perguntar: ‘Porque é que as tropas se chegaram tão perto da cidade? Não sabiam que havia atiradores lá dentro? 21 Não foi Abimeleque, filho de Jerubaal, morto em Tebez por uma mulher que lhe atirou com uma mó de moinho em cima?’ Diz-lhe assim: ‘Também morreu teu servo Urias, o hitita.’ ”

22 O mensageiro chegou a Jerusalém e transmitiu o relatório a David: 23 “O inimigo veio sobre nós e eram mais fortes do que nós”, disse-lhe, “e quando estávamos a persegui-los até à entrada da cidade, 24 do alto da muralha os arqueiros dispararam as suas flechas contra as tropas do rei, e alguns dos nossos, incluindo Urias, o hitita, foram mortos.”

25 “Diz a Joabe que não perca a coragem”, respondeu David. “A espada tanto mata uns como outros! Lutem com mais ardor para a próxima vez e conquistem a cidade. Diz-lhe que estou satisfeito com a sua atuação.”

26 Quando Bate-Seba soube que o marido tinha morrido, pôs luto por ele. 27 Passado esse período de nojo, David mandou-a chamar e trouxe-a para o palácio. Ela tornou-se uma das suas mulheres e deu à luz o seu filho. No entanto, tudo isto que David fez pareceu muito mal aos olhos do Senhor.

O filho perdido

11 E contou-lhes o seguinte: “Certo homem tinha dois filhos. 12 O mais novo disse ao pai: ‘Dá-me agora a minha parte da herança a que tenho direito!’ O pai concordou então em dividir a fortuna entre os filhos.

13 Poucos dias depois, este filho, já na posse de tudo o que lhe pertencia, partiu para uma terra distante, onde desperdiçou o dinheiro em pândegas e na má vida. 14 Ao mesmo tempo que o dinheiro se acabava, a terra foi assolada por uma grande fome e ele começou a passar privações. 15 Foi então ter com um lavrador que o contratou para lhe tomar conta dos porcos. 16 O jovem sentia tanta fome que até as bolotas que dava aos porcos lhe apetecia comer. Mas nem isso lhe davam.

17 Quando, por fim, caiu em si, disse consigo mesmo: ‘Na casa de meu pai, até os trabalhadores têm comida em abundância e eu estou aqui a morrer de fome! 18 Vou voltar para o meu pai e dizer-lhe: “Pai, pequei contra o céu e contra ti, 19 e já nem mereço ser chamado teu filho. Peço-te que me contrates como trabalhador.” ’

20 Pôs-se então a caminho de casa. E ainda vinha longe, quando o seu pai, vendo-o aproximar-se, e cheio de compaixão, correu ao seu encontro, abraçou-o e beijou-o. 21 O filho disse-lhe: ‘Pai, pequei contra o céu e contra ti e já nem mereço ser chamado teu filho.’

22 Mas o pai disse aos servos: ‘Depressa, tragam o melhor manto que houver em casa e vistam-lho; e ponham-lhe um anel no dedo e calçado novo! 23 Matem o bezerro que estamos a engordar; porque vai haver grande festa! 24 Pois este meu filho estava como morto e voltou à vida; estava perdido e tornou a ser achado!’ Com isto começou o banquete.

25 Entretanto, o filho mais velho, que estava no campo a trabalhar, ao voltar para casa ouviu a música da festa e das danças. 26 E perguntou a um dos criados o que se passava. 27 ‘Foi o teu irmão que voltou’, respondeu-lhe. ‘O teu pai matou o bezerro que estávamos a engordar e preparou uma grande festa para celebrar o regresso dele são e salvo ao lar.’

28 O filho mais velho ficou zangado e não queria entrar, mas o pai saiu e insistiu que o fizesse. 29 Ele, porém, respondeu: ‘Todos estes anos tenho trabalhado duramente para ti sem nunca me recusar a fazer fosse o que fosse que me mandasses, e em todo este tempo nunca me deste nem sequer um cabrito para que festejasse com os meus amigos. 30 Agora volta este teu filho, depois de te gastar o dinheiro na má vida, e celebras o seu regresso matando o melhor bezerro!’

31 ‘Meu querido filho, eu e tu continuamos ligados e tudo o que possuo é teu! 32 É justo, porém, festejarmos, pois o teu irmão estava como morto e tornou a viver; estava perdido e foi achado!’ ”

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