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Ele

Como és formosa, meu amor, como és bela!
Os teus olhos são como pombas, escondidas atrás do teu véu.
Os teus cabelos, como um rebanho de cabras
pastando no monte de Gileade.
Os teus dentes são brancos como a lã de ovelhas tosquiadas,
subindo do lavadouro.
Todas elas têm gémeos,
não há nenhuma estéril entre elas.
Os teus lábios são como um fio de escarlate.
Como é linda a tua boca!
As tuas faces são duas romãs,
por detrás do teu véu.
O teu pescoço é como a torre de David,
erguida como um arsenal.
Ela está ornada com mil escudos de guerra,
todos eles escudos dos heróis.
Os teus dois seios são como duas crias,
como crias gémeas de gazela,
apascentando-se entre lírios.
Antes que refresque o dia,
e caiam as sombras,
irei ao monte de mirra e ao outeiro de incenso.
És toda formosa, minha querida!
Não tens nenhum defeito!

Vem comigo do Líbano, minha esposa!
Olharemos para baixo, do cimo das montanhas,
do alto dos cumes de Amaná, Senir e Hermon,
onde os leões habitam e os leopardos vagueiam.
Arrebataste-me o coração, meu amor, minha esposa.
Fico vencido, quando os teus olhos se põem em mim;
fico preso às voltas do teu colar.
10 Como me é doce o teu amor, minha querida mulher!
Ele vale muito mais, para mim, do que o melhor vinho!
O perfume do teu amor é mais intenso
do que o das melhores especiarias.
11 Os teus lábios, minha esposa, são de mel!
Sim, mel e leite estão debaixo da tua língua!
A fragrância dos teus vestidos
é semelhante à das florestas de cedro do Líbano.
12 A minha querida esposa é como um jardim privado,
como uma fonte de que mais ninguém bebe,
que é só para mim.
13 És semelhante a um pomar de romãs encantador,
que dá frutos excelentes,
onde se cheiram flores de alfena e de nardo:
14 o nardo, o açafrão, o cálamo, a canela
e toda a espécie de árvores de incenso;
a mirra, o aloés e outras especiarias agradabilíssimas.
15 Tu és a fonte principal dos jardins,
és como um poço de águas vivas,
alimentando as correntes que descem das montanhas do Líbano.

Ela

16 Levanta-te, vento norte, desperta!
Vem, vento sul, sopra sobre o meu jardim!
Espalhem os seus perfumes encantadores!
Que ele venha para o seu jardim
e coma os seus frutos excelentes!

Ele

Cá estou eu no meu jardim, minha querida esposa!
Colhi a minha mirra e as minhas especiarias.
Comi o meu favo com o mel.
Bebi o meu vinho e o meu leite.

As filhas de Jerusalém:

Oh! Querido e amado, come e bebe!

Sim, bebe abundantemente!

Ela

Uma noite, estava eu a dormir,
o meu coração acordou, num sonho.
É que ouvi a voz do meu amor,
que estava a bater à porta do meu quarto:
“Abre, minha querida, minha amada!
Minha pomba sem defeito!
Passei a noite toda fora
e estou coberto de orvalho.”
Mas eu respondi-lhe:
“Já me despi, iria vestir-me de novo?
Já lavei os pés, iria tornar a sujá-los?”
O meu amor tentou abrir, ele próprio, o fecho da porta
e as minhas entranhas estremeceram por amor dele.
Saltei, por fim, da cama para lhe abrir.
As minhas mãos destilavam mirra,
quando puxei a fechadura da porta.
Abri, então, ao meu amado,
mas ele já se tinha ido embora.
O meu coração parou de bater.
Busquei-o por toda a parte, sem o encontrar.
Chamei por ele, mas não obtive resposta.
Os guardas, que faziam a ronda na cidade,
viram-me e espancaram-me, deixando-me ferida;
a sentinela da muralha rasgou-me o manto.
Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém,
que se encontrarem o meu amor
lhe digam que estou doente de amor.

As filhas de Jerusalém:

Ó mulher de rara beleza,
que tem o teu amado mais do que qualquer outro,
para que nos peças tal coisa?

Ela

10 O meu querido tem uma pele de cor saudável;
é elegante e melhor do que dez mil outros mais!
11 A sua cabeça é como ouro puríssimo;
tem os cabelos ondulados e pretos retintos.
12 Os seus olhos são duas pombas,
junto a uma corrente de águas límpidas e calmas.
13 As suas faces são um canteiro de especiarias;
os seus lábios, perfumados,
são como lírios que gotejassem mirra!
14 Os seus braços parecem argolas de ouro engastadas de topázios;
o seu corpo é como esplêndido marfim,
escrustado de safiras.
15 As sua pernas, é como se fossem pilares de mármore,
assentes em bases de ouro puro,
parecem-se com os maravilhosos cedros do Líbano;
não têm rival!
16 O seu falar é doce!
Sim, é todo desejável!
Tal é o meu amado, o meu amigo,
ó filhas de Jerusalém!

Eis que és formosa, amiga minha, eis que és formosa; os teus olhos são como os das pombas entre as tuas tranças, o teu cabelo é como o rebanho de cabras que pastam no monte de Gileade. Os teus dentes são como o rebanho das ovelhas tosquiadas, que sobem do lavadouro, e das quais todas produzem gêmeos, e nenhuma estéril entre elas. Os teus lábios são como um fio de escarlata, e o teu falar é doce; a tua fronte é qual pedaço de romã entre as tuas tranças. O teu pescoço é como a torre de Davi, edificada para pendurar armas; mil escudos pendem dela, todos broquéis de valorosos. Os teus dois peitos são como dois filhos gêmeos da gazela, que se apascentam entre os lírios.

Antes que refresque o dia e caiam as sombras, irei ao monte da mirra e ao outeiro do incenso.

Tu és toda formosa, amiga minha, e em ti não mancha. Vem comigo do Líbano, minha esposa, vem comigo do Líbano; olha desde o cume de Amana, desde o cume de Senir e de Hermom, desde as moradas dos leões, desde os montes dos leopardos. Tiraste-me o coração, minha irmã, minha esposa; tiraste-me o coração com um dos teus olhos, com um colar do teu pescoço. 10 Que belos são os teus amores, irmã minha! Ó esposa minha! Quanto melhores são os teus amores do que o vinho! E o aroma dos teus bálsamos do que o de todas as especiarias! 11 Favos de mel manam dos teus lábios, minha esposa! Mel e leite estão debaixo da tua língua, e o cheiro das tuas vestes é como o cheiro do Líbano. 12 Jardim fechado és tu, irmã minha, esposa minha, manancial fechado, fonte selada. 13 Os teus renovos são um pomar de romãs, com frutos excelentes: o cipreste e o nardo, 14 o nardo e o açafrão, o cálamo e a canela, com toda a sorte de árvores de incenso, a mirra e aloés, com todas as principais especiarias. 15 És a fonte dos jardins, poço das águas vivas, que correm do Líbano!

16 Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim, para que se derramem os seus aromas. Ah! Se viesse o meu amado para o seu jardim, e comesse os seus frutos excelentes!

A esposa finge indiferença pelo esposo, mas segue-o imediatamente, busca-o e reconcilia-se com ele

Já vim para o meu jardim, irmã minha, minha esposa; colhi a minha mirra com a minha especiaria, comi o meu favo com o meu mel, bebi o meu vinho com o meu leite.

Comei, amigos, bebei abundantemente, ó amados.

Eu dormia, mas o meu coração velava; eis a voz do meu amado, que estava batendo:

Abre-me, irmã minha, amiga minha, pomba minha, minha imaculada, porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos, das gotas da noite.

despi as minhas vestes; como as tornarei a vestir? lavei os meus pés; como os tornarei a sujar? O meu amado meteu a sua mão pela fresta da porta, e o meu coração estremeceu por amor dele. Eu me levantei para abrir ao meu amado, e as minhas mãos destilavam mirra, e os meus dedos gotejavam mirra sobre as aldravas da fechadura. Eu abri ao meu amado, mas já o meu amado se tinha retirado e se tinha ido; a minha alma tinha-se derretido quando ele falara; busquei-o e não o achei; chamei-o, e não me respondeu. Acharam-me os guardas que rondavam pela cidade, espancaram-me e feriram-me; tiraram-me o meu manto os guardas dos muros.

Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, que, se achardes o meu amado, lhe digais que estou enferma de amor.

Que é o teu amado mais do que outro amado, ó tu, a mais formosa entre as mulheres? Que é o teu amado mais do que outro amado, que tanto nos conjuraste.

10 O meu amado é cândido e rubicundo; ele traz a bandeira entre dez mil. 11 A sua cabeça é como o ouro mais apurado, os seus cabelos são crespos, pretos como o corvo. 12 Os seus olhos são como os das pombas junto às correntes das águas, lavados em leite, postos em engaste. 13 As suas faces são como um canteiro de bálsamo, como colinas de ervas aromáticas; os seus lábios são como lírios que gotejam mirra. 14 As suas mãos são como anéis de ouro que têm engastadas as turquesas; o seu ventre, como alvo marfim, coberto de safiras. 15 As suas pernas, como colunas de mármore, fundadas sobre bases de ouro puro; o seu aspecto, como o Líbano, excelente como os cedros. 16 O seu falar é muitíssimo suave; sim, ele é totalmente desejável. Tal é o meu amado, e tal o meu amigo, ó filhas de Jerusalém.

Canta o amado

Quão bela é você, amada minha,
    realmente muito bela.
Os seus olhos parecem duas pombas
    por trás do véu.
O seu cabelo é comprido e ondulado;
    cai como um rebanho de cabras
    que descem pelos montes de Gileade.
Os seus dentes são brancos, como ovelhas tosquiadas
    que acabaram de tomar banho.
Todas têm gêmeos,
    não falta nenhuma.
Os seus lábios e a sua boca são lindos,
    como um fio de cor vermelha.
As suas faces, debaixo do seu véu,
    parecem pedaços de romã.
O seu pescoço mantém a cabeça erguida,
    é como a torre de Davi, feita para guardar o armamento.
Na sua cabeça são pendurados
    mil escudos de corajosos soldados.
Os seus seios são como dois cervos gêmeos
    que se alimentam entre as flores da primavera.
Subirei nessas montanhas perfumadas
    de incenso e mirra
enquanto o dia continuar respirando o vento fresco
    e as sombras forem aumentando[a].

Amada minha, tudo em você é lindo!
    Você não tem defeito algum.
Venha comigo, noiva minha,
    desça comigo do Líbano.
Desça depressa do alto do Amana[b],
    do topo do Senir[c] e do Hermom,
das covas dos leões,
    do monte dos leopardos.

Amada minha, você roubou o meu coração;
    roubou o meu coração com um só dos seus olhares,
    com uma só pérola do seu colar.
10 Amada minha,[d] o seu amor é maravilloso!
    É mais doce do que o vinho.
O aroma da sua pele é muito melhor
    do que o aroma que qualquer outra fragância possa ter!
11 Noiva minha, seus lábios sabem a mel;
    há leite e mel debaixo da sua língua.
E a fragância da sua roupa
    é tão doce e fresca[e]!
12 Amada minha, noiva minha,
    você é tão pura como um jardim
no qual ninguém tem entrado ainda[f];
    como uma fonte que ninguém tem tocado[g] ainda.
13 O seu corpo é como um jardim cheio de romãs,
    que dão o seu melhor fruto,
    perfumado com flores de hena,
14 nardos e açafrão[h]
    com cálamo e canela[i];
com todas as árvores de incenso,
    mirra e aloés;
    com os melhores perfumes.
15 Você é como uma fonte de água fresca
    que desce das montanhas do Líbano.

Canta a amada

16 Acorde, vento norte!
    Venha aqui, vento sul!
Soprem no meu jardim
    e espalhem a sua suave fragância
para que meu amado entre
    e prove dos seus deliciosos frutos.

Canta o amado

Amada minha, noiva minha,
    entrei no meu jardim,
peguei a minha mirra e as minhas especiarias,
    o meu mel do seu favo,
    e tenho bebido do meu néctar e do meu vinho.

Coro

Ó, queridos amigos, comam e bebam,
    fiquem embriagados de amor!

Canta a amada

Eu durmo, mas o meu coração vigia.
    Ouça, meu amado está chamando:
“Abra a porta,
    amada e companheira minha,
    minha pomba, minha amada perfeita.
Abra a porta,
    que a minha cabeça está coberta de orvalho
    e a chuva da noite tem molhado o meu cabelo”.

Eu lhe respondi: “Já tirei a minha roupa,
    terei que vesti-la de novo?
Já lavei os meus pés,
    terei que sujá-los de novo?”

Mas quando percebi
    que meu amado tentava abrir a porta,
    senti uma pena profunda dele.[j]
Então me levantei para abrir a porta;
    as minhas mãos estavam cobertas de mirra
que escorria pelos meus dedos
    enquanto tentava abrir a porta.
Abri a porta,
    mas ele já tinha ido embora.
Quase morri ao ver
    que ele não estava mais lá.[k]
Procurei por ele, mas não o encontrei;
    chamei por ele mas não respondeu.
Os guardas da cidade me encontraram
    e bateram em mim.
Me feriram
    e tiraram o meu véu.[l]

Mulheres de Jerusalém,
    prometam-me que se virem o meu amado
    lhe dirão que estou doente de amor.

Coro

Bela entre as belas,
    o que seu amado tem que outros homens não tenham?
O que ele tem que os outros não tenham
    para que nos obrigue a fazer essa promessa?

Canta a amada

10 O meu amado é muito bonito e tem uma linda pele acastanhada como a cor da canela.
    Poderia reconhecê-lo embora ele estivesse entre dez mil homens.
11 A sua cabeça brilha como o ouro puro;
    seu cabelo é ondulado
    e de cor negra como a cor do corvo.
12 Os seus olhos são tranquilos,
    como duas pombas ao lado de uma fonte;
são limpos, lavados em leite,
    combinam bem com ele como se fossem joias.
13 As suas faces são suaves e fragantes,
    os seus lábios são como lírios perfumados.
14 Os seus braços são fortes e bonitos,
    como varas de ouro enfeitadas com pedras preciosas.
Seu tronco é como marfim polido
    coberto com safiras.
15 As suas pernas são como colunas de mármore
    sobre bases de ouro puro.
É alto como o mais majestoso
    cedro do Líbano.
16 Os seus lábios são os mais doces de todos
    e é o homem mais desejado.
Assim é o meu amado, filhas de Jerusalém,
    assim é o meu companheiro.

Footnotes

  1. 4.6 forem aumentando Literalmente, “fogem”. Pode ser uma referência tanto ao começo como ao fim do dia.
  2. 4.8 Amana É o nome de um monte do Líbano.
  3. 4.8 Senir É a palavra amorrea para um monte com neve. Faz referência ao monte Hermom.
  4. 4.10 Amada minha Literalmente, “Irmã minha”. Isto não significa que os dois fossem parentes, mas era uma expressão que se usava quando um homem tratava a uma mulher como se ela tivesse a mesma idade que ele. O mesmo acontece em 5.1; 7.6.
  5. 4.11 doce e fresca Literalmente, “como o Líbano”. O Líbano era famoso pelo cedro. Refere-se ao aroma perfumado do cedro.
  6. 4.12 no qual ninguém tem entrado ainda Literalmente, “fechado, porque os seus encantos são só para o seu amado”.
  7. 4.12 tocado Literalmente, “selado”.
  8. 4.14 açafrão Flor que se usava para fazer um condimento que tornava a cor da comida em amarelo-vermelho.
  9. 4.14 canela Flor que se usava como condimento e para fazer perfumes.
  10. 5.4 senti (…) dele Literalmente, “o meu interior ficou comovido por ele”.
  11. 5.6 Quase (…) não estava mais lá ou “Minha alma ficou abatida quando ele falou”.
  12. 5.7 tiraram o meu véu ou “arrancaram o meu manto”.

A fé ou a Lei

Ó Gálatas insensatos! Quem foi que vos fascinou, a vocês a quem Cristo crucificado foi apresentado, como se tivesse sido pregado na cruz mesmo sob os vossos olhos? Só queria que me respondessem a isto: receberam o Espírito Santo através do cumprimento dos mandamentos da Lei? Não, porque o Espírito Santo veio sobre vocês somente depois de terem crido na mensagem do evangelho que ouviram e receberam com fé. Falta-vos assim tanto a compreensão espiritual destas coisas que, tendo começado pelo Espírito de Deus, pensem agora aperfeiçoá-la através dos vossos esforços humanos? Será que tudo aquilo que já sofreram por causa do evangelho foi inútil? Certamente que não.

Deus, que vos dá o Espírito Santo, atuando com milagres no vosso meio, faz isso em consequência da vossa obediência à Lei judaica? Claro que não! É sim em resultado da fé com que aceitaram a pregação do evangelho.

Assim como Abraão “creu em Deus e este declarou-o como justo”,[a] da mesma forma, só os que têm a mesma fé em Deus é que são os verdadeiros filhos de Abraão.

E as Escrituras previram que Deus haveria de declarar os gentios justos em resultado da sua fé, quando dizem que Deus se dirigiu a Abraão com estas palavras: “Por teu intermédio serão abençoados todos os povos.”[b] Por isso, todos os que põem a sua fé em Cristo beneficiam da mesma bênção que Abraão recebeu, graças à sua fé.

10 Por outro lado, todos aqueles que se apoiam nas suas próprias obras, em obediência à Lei judaica, estão debaixo da maldição, porque está escrito: “Maldito é quem não cumpre tudo o que está escrito neste livro da Lei.”[c] 11 É portanto evidente que pela Lei ninguém poderá ser aceite por Deus. Porque a Escritura diz: “O justo pela fé viverá.”[d] 12 Ora a Lei e a fé são duas coisas incompatíveis. Pois a Lei diz: “Quem cumprir estas prescrições viverá por elas.”[e] 13 Mas Cristo pagou o preço necessário para nos libertar desse sistema legal, que nos mantinha debaixo da maldição, e colocou-se ele próprio sob a maldição divina, tomando sobre si a culpa dos nossos pecados. Até porque também diz na Escritura: “Maldito todo aquele que for pendurado no poste de madeira.” 14 E assim a bênção que Deus prometeu a Abraão pode chegar também até aos gentios por meio do sacrifício de Jesus Cristo. E nós, os cristãos, podemos receber o Espírito Santo prometido aos que têm fé.

A Lei e a promessa

15 Irmãos, mesmo na vida corrente, se alguém prometer seja o que for a outra pessoa, e essa promessa estiver escrita e assinada, ninguém a poderá alterar nem anular. 16 Ora Deus fez promessas a Abraão e a Escritura diz que foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz “às tuas descendências”, como seria se estivesse a falar de muitas. Mas fala no singular, “à tua descendência”,[f] referindo-se a Cristo.

17 O que estou a dizer é isto: a aliança que Deus fez com Abraão não podia ser anulada 430 anos mais tarde, quando Deus deu a Lei a Moisés. Isso seria Deus a quebrar a sua promessa. 18 Se a herança de vida dependesse do cumprimento desse código legal, deixaria de ser, como é evidente, uma promessa de Deus em que os crentes apoiassem a sua fé. Mas não, ela é algo que Deus garantiu a Moisés, gratuitamente, sem lhe pedir em troca submissão a uma lei.

19 Então para que serve a Lei? Ela teve de ser acrescentada por causa das transgressões. Mas esse sistema vigorava apenas até à vinda do descendente de Abraão (ou seja Cristo), a quem a promessa dizia respeito. E há uma outra diferença: Deus deu a sua Lei aos anjos para a dar a Moisés, que foi o mediador entre Deus e o povo. 20 Ora, um mediador é necessário se duas pessoas entram num acordo; mas Deus agiu por si próprio quando fez a sua promessa a Abraão.

21 Então a Lei é contra as promessas divinas? De maneira nenhuma! Porque se uma Lei tivesse sido dada que pudesse transmitir vida, então a justificação viria certamente pela observância da Lei. 22 Contudo, as Escrituras declaram que todos nós somos prisioneiros do pecado. Sendo assim, a única saída para a nossa salvação é a fé em Jesus Cristo. Por ele é que a promessa de vida, da parte de Deus, foi dada aos crentes.

23 Mas antes que chegasse esse tempo em que a fé em Cristo nos abriu a entrada junto de Deus, nós estávamos como que guardados e vigiados pela Lei, esperando o momento em que, pela fé, pudéssemos crer no Salvador que haveria de vir.

Os filhos de Deus

24 Dito de outra maneira: a Lei foi como que um aio que nos conduziu a Cristo. Então, por meio da fé, pudemos estabelecer a nossa relação com Deus. 25 E agora que Cristo já veio, já não há mais razão para continuarmos a viver sob esse educador, pois agora somos muito mais do que alunos. 26 Somos filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. 27 E todos quantos fomos batizados em nome de Cristo, identificados com a sua morte, ficámos assim revestidos dele. 28 E aqui não há lugar para diferenças: tanto judeus, como gregos, escravos e livres, homens ou mulheres, em Cristo Jesus todos formam um só povo. 29 Se somos de Cristo, somos então descendência de Abraão e herdeiros da mesma promessa.

A lei é impotente para salvar, mas conduz a Cristo e à fé

Ó insensatos gálatas! Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi representado como crucificado? Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne? Será em vão que tenhais padecido tanto? Se é que isso também foi em vão. Aquele, pois, que vos dá o Espírito e que opera maravilhas entre vós o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé?

É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti. De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão. 10 Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las. 11 E é evidente que, pela lei, ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé. 12 Ora, a lei não é da fé, mas o homem que fizer estas coisas por elas viverá. 13 Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro; 14 para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo e para que, pela fé, nós recebamos a promessa do Espírito.

15 Irmãos, como homem falo. Se o testamento de um homem for confirmado, ninguém o anula nem lhe acrescenta alguma coisa. 16 Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua posteridade. Não diz: E às posteridades, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua posteridade, que é Cristo. 17 Mas digo isto: que tendo sido o testamento anteriormente confirmado por Deus, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não o invalida, de forma a abolir a promessa. 18 Porque, se a herança provém da lei, já não provém da promessa; mas Deus, pela promessa, a deu gratuitamente a Abraão. 19 Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita, e foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro. 20 Ora, o medianeiro não o é de um só, mas Deus é um. 21 Logo, a lei é contra as promessas de Deus? De nenhuma sorte; porque, se dada fosse uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei. 22 Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes.

23 Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar. 24 De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que, pela fé, fôssemos justificados. 25 Mas, depois que a fé veio, já não estamos debaixo de aio. 26 Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus; 27 porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. 28 Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. 29 E, se sois de Cristo, então, sois descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa.

As bênçãos de Deus vêm pela fé

Gálatas tolos! Quem foi que os enfeitiçou? A morte de Cristo na cruz foi descrita claramente diante dos olhos de vocês! Quero saber apenas isto: Vocês receberam o Espírito por fazerem o que a lei manda, ou por ouvirem e crerem nas Boas Novas? Será que são tão tolos que, tendo começado uma vida com o Espírito, estão agora se aperfeiçoando com as suas próprias forças[a]? Será que tudo o que vocês sofreram foi em vão? Espero que não! É Deus que lhes dá o Espírito e realiza milagres entre vocês. Mas será que ele faz isso porque fazem o que a lei manda, ou porque vocês ouviram e creram nas Boas Novas?

Como dizem as Escrituras a respeito de Abraão: “Abraão teve fé em Deus e, por causa de sua fé, Deus o aceitou como justo”.(A) Saibam, pois, que aqueles que têm fé é que são os verdadeiros filhos de Abraão. As Escrituras disseram o que ainda ia acontecer, quando falaram que Deus iria declarar justos, por meio da fé, todos aqueles que não são judeus. As Escrituras também anteciparam as Boas Novas a Abraão, dizendo: “Através de você, serão abençoadas todas as nações”.(B) Dessa forma, aqueles que têm fé são abençoados, assim como Abraão foi abençoado porque creu. 10 Mas todos aqueles que, por obediência à lei, querem ser justos diante de Deus, estão debaixo de maldição. Pois as Escrituras dizem: “Maldito seja todo aquele que não continuar a fazer tudo o que está escrito no Livro da Lei”.(C) 11 Está claro que pela lei ninguém pode ser declarado justo diante de Deus, porque as Escrituras dizem: “Aquele que pela fé é declarado justo viverá”.(D) 12 A lei não está baseada na fé. Mas, como dizem as Escrituras: “Quem fizer o que a lei manda terá vida por meio dela”(E). 13 Cristo nos livrou da maldição que a lei nos impõe, tornando-se maldição em nosso lugar. Como dizem as Escrituras: “Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro[b]”.(F) 14 Cristo fez isto para que a bênção que Abraão recebeu pudesse ser dada aos que não são judeus. Esta bênção foi dada por meio de Jesus Cristo a fim de que, pela fé, nós pudéssemos receber o Espírito prometido.

A lei e a promessa

15 Irmãos, vou lhes dar um exemplo da vida diária: Se um contrato é firmado entre duas pessoas, ninguém pode quebrá-lo ou acrescentar alguma coisa a ele depois de assinado. 16 O mesmo acontece com as promessas feitas a Abraão e à sua descendência. Notem que Deus não disse “e aos seus descendentes”[c], como se estivesse falando de muitas pessoas. Ao contrário. Ele disse “e à sua descendência”, isto é, somente uma pessoa, que é Cristo. 17 O que eu quero dizer é isto: Deus fez uma aliança com Abraão e prometeu cumpri-la. A lei de Moisés, que veio quatrocentos e trinta anos mais tarde, não pôde cancelar essa aliança ou anular essa promessa. 18 Se a herança que Deus prometeu a Abraão dependesse da lei, então ela já não dependeria mais da promessa. Mas Deus lhe deu essa herança gratuitamente por causa da promessa que tinha feito.

19 Então, para que serve a lei? Ela foi dada para mostrar o que é contra a vontade de Deus. A lei foi dada por meio de anjos com a ajuda de Moisés como mediador, e deveria durar até que viesse aquele descendente a quem foi feita a promessa. 20 Mas um mediador não é necessário quando existe apenas um lado, e Deus é um só.

O propósito da lei de Moisés

21 Quer isto dizer que a lei é contra as promessas de Deus? De maneira nenhuma! Se houvesse uma lei que nos pudesse dar vida, então seríamos declarados justos por ela. 22 Mas as Escrituras dizem que todo o mundo está preso pelo pecado para que, por meio da fé em Jesus Cristo,[d] a promessa fosse dada aos que creem.

23 Antes que viesse aquele que é fiel, nós estávamos sendo guardados pela lei como prisioneiros, até ser revelada a fé daquele que deveria vir. 24 De modo que a lei nos serviu de guia[e] para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos declarados justos pela fé. 25 Mas, agora que a fé veio, já não vivemos mais como dependentes do nosso guia. 26 Pois todos vocês são filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus; 27 porque todos vocês que foram batizados para pertencer a Cristo, de Cristo se revestiram. 28 Portanto, não há diferença entre judeus e não-judeus,[f] entre escravos e livres, entre homens e mulheres; todos vocês são um em Cristo Jesus. 29 E, se vocês pertencem a Cristo, então vocês são descendentes de Abraão e, portanto, herdeiros das bênçãos que Deus prometeu a ele.

Footnotes

  1. 3.3 com as suas próprias forças Literalmente, “com a carne”. Paulo usa geralmente esta frase para se referir à fraqueza humana que nos leva a pecar. Porém, nesta carta, ele também usa esta frase para se referir à circuncisão (ver 6.12,13), um assunto que foi o ponto central da discussão entre Paulo e aqueles que estavam confundindo os crentes gálatas (ver 1.7).
  2. 3.13 madeiro A cruz. Dt 21.22-23 diz que quando uma pessoa era morta por ter cometido pecado, o seu corpo tinha que ser pendurado num madeiro para humilhá-la. Paulo quer dar a entender que a cruz de Jesus foi algo parecido.
  3. 3.16 e aos seus descendentes Literalmente, “e às suas sementes”.
  4. 3.22 por meio da fé em Jesus Cristo ou “por meio da fidelidade de Jesus Cristo”.
  5. 3.24 guia Os meninos tinham, na maioria das vezes, escravos que cuidavam deles quando os levavam para a escola e que lhes faziam companhia a todo momento, para assim protegê-los dos perigos e das más companhias.
  6. 3.28 não-judeus Literalmente, “gregos”.