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O pecado de Israel e a obediência do servo

50 Pergunta o Senhor: “Vender-vos-ia eu a credores? Ter-se-á ido embora a vossa mãe, porque me divorciei dela e a despedi? Não! Foram vocês mesmos que se venderam pelos vossos pecados. A vossa mãe foi tomada como paga das vossas maldades. Seria eu tão fraco que não pudesse salvar-vos? Será por isso que a casa está envolvida em silêncio e vazia quando eu regresso? Não terei eu mais poder para libertar? Não! Essa não é a razão! Porque eu até posso repreender o mar e fazê-lo secar! Posso transformar os rios em desertos cheios de peixes mortos! Sou eu quem controla as trevas através do firmamento.

O Senhor Deus deu-me as suas palavras de sabedoria, a fim de que possa saber o que devo dizer aos que estão cansados. Em cada manhã ele me acorda e abre o meu entendimento à sua vontade. O Senhor Deus falou-me e eu ouvi. Não me revoltarei, nem voltarei atrás. Dei as costas aos que me açoitavam e as faces aos que queriam puxar-me pela barba. Não fujo à vergonha e aos que me cospem no rosto. É o Senhor Deus quem me ajuda, por isso, não enfraquecerei. Fiz do meu rosto uma rocha, sei que triunfarei. Está perto de mim aquele que me fará justiça. Sendo assim, quem ousará lutar comigo agora? Onde estão então os meus inimigos? Que apareçam! Vejam bem, o Senhor Deus está a meu favor! Quem é que poderá declarar-me culpado? Todos os meus inimigos serão destruídos, como trapos velhos, roídos pela traça!

10 Quem entre vocês teme o Senhor e obedece ao seu servo? Se algum destes andar em trevas, sem um raio de luz sequer na sua vida, então que confie no nome do Senhor, que se entregue inteiramente ao seu Deus! 11 Quanto a vocês, os que vivem à luz de si mesmos, que se aquecem com o calor que só vem de si próprios e não de Deus, a vossa vida será apenas tormentos!

A salvação eterna para Sião

51 Ouçam-me, todos os que buscam a justiça, que procuram o Senhor! Considerem bem a pedreira donde foram extraídos, a rocha donde foram cortados! Sim, pensem nos vossos antecessores Abraão e Sara! Lamentam-se de serem pequenos e tão poucos, mas Abraão era apenas um só quando o chamei. Depois de o ter abençoado tornou-se numa grande nação. O Senhor tornará a abençoar Sião e a transformar os desertos em zonas florescentes! As vossas terras desoladas tornar-se-ão tão belas como o Éden, e a sua solidão, como o jardim do Senhor! Alegria e satisfação é o que ali haverá, assim como sentimentos de gratidão e som de hinos.

Ouçam-me, meu povo! Ouçam-me, ó Israel! Eu estabelecerei a Lei e farei com que a justiça prevaleça e conduza os povos na luz. A minha justiça e a minha salvação estão quase a chegar. Com a força dos meus braços governarei os povos; as ilhas esperam confiadamente em mim e depositam a sua confiança na ação do meu braço forte. Reparem nos céus em cima! Atentem para a Terra em baixo! Pois os céus desaparecerão como fumo e a Terra envelhecerá como um fato usado. As gentes da Terra morrerão como moscas, mas a minha salvação durará, terá efetividade para sempre, e o meu governo de justiça nunca mais será abolido, não terá fim.

Escutem-me, vocês que sabem diferenciar o que é justo do que é errado e que acarinham, nos vossos corações, a minha Lei. Não tenham receio da troça dos outros e das suas palavras caluniosas. Porque a traça os destruirá como faz com a roupa; o bicho os comerá como faz com a lã. A minha justiça, porém, permanecerá para sempre, assim como a minha salvação, através de todas as gerações.”

Desperta, desperta! Levanta-te, ó braço forte do Senhor! Ergue-te como nos dias de antigamente em que liquidaste Raab[a], o dragão dos mares! 10 Não és tu o mesmo hoje, o Deus poderoso que secou o mar, abrindo um caminho pelo meio dele para que passassem os teus redimidos? 11 Estes, os que o Senhor resgatou, regressarão a Sião cantando e com uma alegria perpétua brilhando no rosto. Estarão cheios de júbilo e gozo. A tristeza e o abatimento desaparecerão.

12 “Eu, eu mesmo, sou quem vos conforta e vos dá toda esta alegria! Por isso, que razão têm para temer simples homens mortais, que morrem naturalmente como a erva dos campos e que hão de desaparecer? 13 Mesmo assim, não têm temor ao Senhor que vos fez! Esqueceram-no, a ele que distribuiu os astros pelo universo e fez a Terra! Ficarão vocês sob o constante temor da opressão dos homens, receando a sua ira? Mas onde está a fúria do opressor?

14 Em breve, muito em breve, os escravos serão libertados! Masmorras, fome e morte, esse não é o vosso destino! 15 Porque eu sou o Senhor, vosso Deus, o Senhor dos exércitos, que agito o mar para fazer rugir as suas ondas. 16 Coloquei as minhas palavras na vossa boca; abriguei-vos seguramente sob a palma da minha mão. Fui eu quem fez o universo e quem moldou a Terra. Eu sou aquele que diz a Sião: ‘Tu és meu povo!’ ”

A ira do Senhor

17 Acorda, acorda! Levanta-te, Jerusalém! Bebeste do copo da ira do Senhor. Bebeste até perderes os sentidos, sorvendo até às últimas gotas. 18 Nenhum dos seus filhos ficou vivo para a ajudar ou para lhe dizer o que devia fazer. 19 Estas duas coisas foi o que te calhou em sorte: desolação e destruição. Sim, a fome e a espada! E quem ficou para te consolar? Quem ficou para te dar conforto? 20 Porque os teus filhos desmaiaram e caíram nas ruas sem amparo, como se fossem animais selvagens apanhados na rede duma armadilha. Foi o Senhor quem derramou a sua cólera e os castigou.

21 Mas agora ouçam isto, vocês que foram afligidos, que estão cheios de perturbação e como que embriagados, mas não com vinho. 22 Eis o que diz o Senhor, vosso Deus, que defende a causa do seu povo: “Vejam, estou a tirar-vos das mãos esse copo terrível e não mais hão de beber da minha ira! 23 Acabou-se, enfim! Vou pô-lo antes nas mãos dos que vos atormentaram e vos diziam: ‘Baixem-se para que vos passemos por cima!’ E vocês deitaram-se no chão e calcaram-vos com os pés.”

52 Desperta, desperta, Sião! Reveste-te de força! Põe a tua melhor roupa, ó Jerusalém, cidade santa, porque os incircuncisos, os impuros, nunca mais entrarão pelas tuas portas! Levanta-te do pó do chão, Jerusalém! Tira a corda da escravidão do teu pescoço, ó filha cativa de Sião! Porque o Senhor diz: “Foram levados para o exílio sem nenhuma indemnização, também serão resgatados sem nada pagar. O meu povo refugiou-se no Egito e ali habitou; mais tarde foi tiranizado sem causa pela Assíria.

E agora? Pergunta o Senhor. Porque está de novo escravizado o meu povo? Porque está ele novamente oprimido sem justificação alguma? Os que os governam dão uivos de exaltação e o meu nome é constantemente blasfemado, todo o dia, por vossa causa. Contudo, revelarei o poder do meu nome ao meu povo e conhecerão a virtude que há nele. Por fim, hão de reconhecer que sou eu, sim, eu quem fala com eles.”

Como são belos, sobre as montanhas, os pés dos que trazem as felizes notícias de paz e salvação, as boas novas, dizendo a Sião: “O teu Deus reina!” A sentinela de vigia levanta a voz e canta de alegria, porque ali perante os seus olhos vê o Senhor que regressa a Sião. Que as próprias ruínas de Jerusalém rompam em cânticos de felicidade, pois o Senhor confortou o seu povo, redimiu Jerusalém! 10 O Senhor arregaçou a manga do seu forte e santo braço aos olhos de todas as nações. Até as extremidades da Terra hão de ver a salvação do nosso Deus.

11 Vamos então! Deixem as vossas cadeias e a escravidão! Saiam do meio deles! Afastem-se! Não tenham contacto com aquilo que eu repudio! Purifiquem-se, todos os que transportam os recipientes santos do Senhor! 12 Não será à pressa que hão de sair de lá, como se fugissem para salvar as vidas, porque é o Senhor quem vai à vossa frente. Ele, o Deus de Israel, vos protegerá, até mesmo à retaguarda.

O sofrimento e a glória do Servo

13 “Reparem! O meu Servo prosperará e será altamente exaltado! 14-15 Tal como muitos ficaram pasmados diante dele, até as nações mais distantes e os seus governantes ficarão como que emudecidos na sua presença. Porque aqueles que nunca antes tinham ouvido falar dele agora o verão e compreenderão. Verão o meu Servo tão desfigurado que dificilmente se perceberá que se trata duma figura humana. É assim que ele limpará muitas nações.”

Footnotes

  1. 51.9 Ver nota a 30.7.