Add parallel Print Page Options

Jesus Cristo é o Filho de Deus

Anteriormente Deus falou aos nossos antepassados de muitas maneiras por intermédio dos profetas. Agora, nos tempos em que vivemos, falou-nos através do seu Filho, a quem deu todas as coisas e por meio de quem criou tudo o que existe. Este reflete a glória de seu Pai e é a imagem perfeita da sua pessoa. Ele mantém todo o universo pela autoridade da sua palavra. Tendo morrido para nos purificar da culpa dos nossos pecados, sentou-se à direita do Deus glorioso, nos lugares celestiais.

Cristo é superior aos anjos

É assim muito superior aos anjos, como prova o nome excelso que Deus lhe deu. Deus nunca disse a nenhum anjo:

“Tu és meu Filho;
hoje tornei-me teu Pai.”[a]

Também não se referia a nenhum anjo quando disse:

“Eu serei para ele Pai
e ele será meu Filho.”[b]

E doutra vez, quando Deus trouxe o seu Filho primogénito à Terra, disse:

“Que todos os anjos de Deus o adorem.”

É verdade que Deus alude aos anjos dizendo:

“É ele que faz dos seus anjos espíritos
e os seus ministros eficazes como fogo.”[c]

Mas referindo-se ao Filho diz:

“O teu trono, ó Deus, dura para sempre.
A justiça é aquilo que faz a força do teu reino.
Tu amas a justiça e aborreces o mal.
Por isso Deus, o teu Deus, derramou sobre ti
mais óleo de alegria do que sobre os teus companheiros.”[d]

10 E ainda:

“Senhor, foste tu quem fundou a Terra.
Fizeste o universo com as tuas mãos.
11 Contudo, isso um dia desaparecerá,
mas tu ficas para sempre.
E todos acabarão, como roupa velha.
12 Tu os enrolarás como vestuário;
e eles serão trocados, como se faz com uma peça de roupa.
Tu, porém, és sempre o mesmo;
os teus anos não têm fim.”[e]

13 Deus nunca disse a um anjo:

“Senta-te à minha direita,
até que ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.”[f]

14 É que os anjos são apenas espíritos enviados para servir a favor daqueles que vão receber a salvação.

Avisos

Por isso, devemos prestar muita atenção à verdade que já temos ouvido. Se não, corremos o risco de nos desviarmos dela. Porque se a palavra da Lei vinda por intermédio de anjos se mostrou tão válida que todos os que lhe desobedeceram foram castigados, como escaparemos nós se ficarmos indiferentes a essa tão grande salvação, que nos foi anunciada pelo próprio Senhor, e depois transmitida por aqueles que a ouviram? Além disso, Deus mesmo tem apoiado esses testemunhos através de sinais, de milagres e de várias manifestações do seu poder, e por dons da parte do Espírito Santo, concedidos segundo a sua vontade.

Jesus, o Homem

Além disso, o mundo futuro, de que falamos nas nossas pregações, não é pelos anjos que há de ser dirigido. Porque há uma passagem das Escrituras em que se diz:

“Que é o homem, para que te preocupes com ele?
E quem é o filho do homem, para que te lembres dele?
E apesar disso, fizeste-o um pouco mais baixo que os anjos,
e coroaste-o de honra e glória,
puseste tudo sob os seus pés.”[g]

Contudo, não vemos que essas coisas estejam, de facto, realizadas e que tudo esteja submetido ao ser humano. Vemos, sim, Jesus, o qual por um pouco de tempo foi mesmo inferior aos anjos, dignificado agora com toda a glória e honra, por causa de ter sofrido a morte por nós; morte essa que, pela bondade de Deus, experimentou a favor de toda a humanidade. 10 Porque Deus tinha planeado permitir que Jesus sofresse e por esse meio levasse muitos filhos a Deus, a quem pertence tudo, pois tudo criou. Esse sofrimento tornou Jesus o seu perfeito Salvador.

11 Nós que fomos purificados por Jesus temos agora o mesmo Pai que ele. E é por isso que ele não se envergonha de nos chamar irmãos, 12 dizendo:

“Declararei o teu nome perante os meus irmãos;
falarei de ti perante a assembleia do povo.”[h]

13 E noutra ocasião disse também:

“Porei a minha confiança em Deus.”[i]

E disse também:

“Aqui estou eu, com os filhos que Deus me deu.”[j]

14 E visto que nós, seus filhos, somos seres humanos, também ele se tornou carne e sangue. Pois só como ser humano poderia passar pela morte e esmagar a força daquele que tinha o poder da morte, o Diabo, 15 libertando todos aqueles que tinham a sua vida inteiramente subjugada pelo medo da morte.

16 Todos sabemos que não é aos anjos que ele ajuda, mas aos da descendência de Abraão. 17 Por isso, era necessário que Jesus fosse em tudo semelhante aos seus irmãos e que, por consequência, pudesse ser nosso fiel sumo sacerdote, cheio de compaixão. Assim, ele pôde oferecer um sacrifício que tira os pecados do povo. 18 Tendo ele mesmo sido sujeitado à tentação, e passado pelo sofrimento, pode assim socorrer aqueles que passam pela prova da tentação!

Jesus é superior a Moisés

Portanto, meus irmãos, a quem Deus separou para si e a quem chamou para participarem da vida celestial, atentem para o enviado de Deus, o sumo sacerdote da fé que proclamamos, o qual cumpriu fielmente a missão que Deus lhe designou, tal como Moisés serviu fielmente na casa de Deus. Mas Jesus é muito superior a Moisés, da mesma maneira que o homem que constrói uma casa tem mais mérito do que a própria casa. Se é verdade que não há casa que não tenha sido construída por alguém, não menos verdade é que quem construiu tudo o que existe foi Deus.

É bem certo que Moisés serviu com toda a fidelidade na casa de Deus,[k] mas o que ele fez foi um serviço, o de anunciar aquilo que haveria de ser revelado mais tarde. Mas Cristo é fiel e responsável como Filho sobre a sua própria casa, a qual casa somos nós próprios, se conservarmos a nossa confiança até ao fim, assim como a exultação da esperança nele.

Aviso contra a incredulidade

Portanto, o Espírito Santo nos avisa, como está escrito:

“Se hoje ouvirem a sua voz,
não endureçam os vossos corações,
como fizeram na rebelião,
durante o tempo de prova no deserto.
Ali os vossos pais tentaram a minha paciência
e duvidaram de mim,
mesmo depois de terem visto tudo o que eu fiz.
10 Durante quarenta anos andei desgostoso com esta geração.
É um povo que erra constantemente;
eles não conheceram os meus caminhos.
11 Por isso, jurei, na minha cólera:
não entrarão no meu descanso.”[l]

12 Tomem então cuidado, irmãos, para que nenhum de vocês se afaste para longe do Deus vivo, levado pelo seu coração mau e incrédulo. 13 Pelo contrário, procurem encorajar-se uns aos outros, enquanto dura esse tempo de “hoje”, a fim de que ninguém endureça o seu coração pelo engano do pecado. 14 Porque se mantivermos firmemente, até ao fim, a nossa confiança no Senhor, como quando nos tornámos cristãos, participamos de tudo o que pertence a Cristo. 15 Então, não esqueçamos este aviso:

“Se hoje ouvirem a sua voz,
não endureçam os vossos corações,
como fizeram na rebelião.”[m]

16 E quem foram esses que, depois de ouvirem Deus falar-lhes, o provocaram? Não foram porventura os que por meio de Moisés saíram do Egito? 17 E não foram esses que durante quarenta anos tanto exasperaram a Deus e pecaram, tendo os seus cadáveres ficado ali no deserto? 18 E não foi a eles que Deus declarou, com juramento, que não haveriam de entrar no seu descanso? Pois foram esses mesmos que lhe desobedeceram. 19 Vemos pois que não puderam entrar por causa da sua incredulidade.

O prometido descanso para o povo de Deus

Embora a promessa de Deus, de entrarmos no seu lugar de descanso, continue de pé, devemos ter muito cuidado, quando alguns derem mostras de ficar para trás. Porque essas boas novas foram-nos anunciadas também a nós, tal como a eles. Mas se de nada lhes serviu, é porque não creram nelas, quando as ouviram. Quanto a nós, visto que cremos, temos a certeza de entrar no descanso de Deus. Quanto aos que não creem, o Senhor disse:

“Por isso, jurei, na minha cólera:
não entrarão no meu descanso.”[n]

Isto apesar de este lugar de descanso estar pronto desde a criação do mundo. E sabemo-lo porque as Escrituras mencionam o sétimo dia, dizendo: “E descansou Deus de toda a sua obra no sétimo dia.”[o] 5-6 No entanto, aqueles a quem foram pregadas as primeiras boas novas não entraram nesse descanso preparado, por causa da sua desobediência. Por isso, está escrito:

“Não entrarão no meu descanso.”

Contudo, isto dá a entender que ainda haverá alguém que deverá entrar nele. E é assim que fixa outra ocasião para entrar e essa ocasião é hoje. E isto diz Deus, pela boca de David, muito depois:

“Se hoje ouvirem a sua voz,
não endureçam os vossos corações.”[p]

Porque, se esse descanso tivesse sido aquele para onde Josué conduziu o povo de Israel, Deus não teria falado mais tarde numa nova ocasião. Portanto, é porque há ainda um descanso para o povo de Deus. 10 Ora quem já entrou no descanso de Deus, também já descansou das suas obras, tal como Deus também das suas. 11 Busquemos então tudo o que é necessário para entrar nesse descanso. Procuremos que ninguém, à semelhança do povo de Israel, caia na mesma incredulidade.

12 A palavra de Deus é viva e eficaz. É mais penetrante do que uma espada de dois gumes, chegando à divisão da alma e do espírito, como que à junção de osso e medula. Ela é capaz de distinguir os pensamentos, as intenções do coração. 13 Não há nada em toda a criação que esteja escondido aos olhos de Deus; pelo contrário, tudo está patente e descoberto perante aquele a quem temos de prestar contas.

Cristo é o nosso sumo sacerdote

14 Portanto, visto que temos um tão excelente sumo sacerdote, que é Jesus o Filho de Deus, que penetrou nos céus, mantenhamo-nos firmemente fiéis à fé que confessamos ter. 15 Este nosso sumo sacerdote não é um simples homem que não possa compreender as nossas fraquezas. Pelo contrário, ele foi tentado em tudo como nós, mas sem ter pecado. 16 Portanto, cheguemo-nos com confiança ao trono de Deus, para podermos receber misericórdia e graça, e sermos ajudados sempre que tivermos necessidade.

1-3 O sumo sacerdote é um homem como qualquer outro, mas constituído para representar os homens nas suas relações com Deus. Por isso, apresenta as ofertas a Deus e oferece sacrifícios pelos pecados, tanto do povo como dos seus. E como ele mesmo está sujeito à fraqueza humana, pode tratar com toda a bondade aqueles que pecam, seja por ignorância, seja por desobediência.

E ninguém se torna sumo sacerdote somente porque deseja tal honra. Tem de ser chamado por Deus, tal como Aarão. Assim Cristo, da mesma maneira, não se glorificou a si próprio como sumo sacerdote, mas foi Deus quem o instituiu nessa dignidade, dizendo-lhe:

“Tu és meu Filho;
hoje tornei-me teu Pai.”[q]

E lemos ainda noutro lugar:

“Tu és sacerdote para sempre,
à semelhança de Melquisedeque.”[r]

Cristo, enquanto ainda estava na Terra, numa agonia de alma, apresentou orações e súplicas a Deus, que o poderia ter livrado daquela morte. E Deus ouviu-o, atendendo à sua submissão. Jesus, ainda que sendo o Filho, ele próprio experimentou o que era a obediência por aquilo que padeceu. E foi por Deus qualificado como perfeita fonte de eterna salvação para todos os que lhe obedecem. 10 Deus mesmo o reconhece como sumo sacerdote, à semelhança de Melquisedeque.

Uma chamada ao crescimento espiritual

11 Muito mais teríamos a dizer sobre isto. Contudo, não é fácil explicar-vos estas coisas, pois têm-se tornado preguiçosos na vossa compreensão. 12 Porque, pelo tempo, já deviam até poder ensinar outros. Em vez disso, precisam de quem vos ensine as primeiras coisas da revelação de Deus. Fizeram-se como criancinhas que só podem tomar leite e não alimento sólido. 13 Quando uma pessoa se alimenta só de leite é como um bebé e ainda não está capaz de experimentar as coisas que a justiça de Deus exige. 14 Mas o alimento sólido é para os que adquiriram maturidade e que, em resultado do exercício das suas faculdades, são capazes de distinguir o bem do mal.

Por isso, deixemos as noções elementares da doutrina cristã e avancemos no sentido do amadurecimento. Não fiquemos como que a lançar de novo os mesmos alicerces, do arrependimento do pecado e das obras que levam à morte, da necessidade da fé em Deus, do ensino referente às lavagens, da imposição das mãos, da ressurreição dos mortos e do julgamento eterno. Mas, com a ajuda de Deus, avancemos para um conhecimento mais perfeito.

De facto, é impossível que alguém que já tenha recebido a luz de Deus, que provou das coisas celestiais, que participou do Espírito Santo, viu como é boa a palavra de Deus e conheceu o poder do mundo que há de vir e, depois disto tudo, se transviaram, sejam renovados para o arrependimento. É como se crucificassem novamente o Filho de Deus, expondo-o publicamente à afronta.

Quando a terra lavrada recebe chuvas que caem com frequência e produz boas colheitas para os que a cultivam, tem a bênção de Deus. Se uma terra produz espinhos e cardos é porque não presta e será queimada.

Mas de vocês, meus queridos amigos, ainda que falemos assim, contamos que as vossas vidas produzam sempre os melhores frutos, que devem ser o resultado normal da vossa salvação. 10 Deus não é injusto. Ele não se esquece do vosso trabalho e do amor que têm mostrado pelo Senhor, pelos serviços que têm prestado e continuam a prestar aos crentes. 11 E o nosso desejo é que cada um continue a mostrar o mesmo zelo até ao fim da vida, até ao momento em que verão completamente realizada a vossa esperança. 12 Não se tornem descuidados, mas procurem seguir o exemplo de todos aqueles que pela fé, e pela sua persistência, têm recebido o cumprimento das promessas de Deus.

A garantia da promessa de Deus

13 Quando Deus fez a promessa a Abraão, garantiu-a com um juramento feito em seu próprio nome, visto que não havia ninguém maior do que ele. 14 E disse: “Garanto-te que te abençoarei efetivamente e que terás uma descendência abundantíssima.”[s] 15 Abraão esperou com paciência e viu a promessa concretizar-se.

16 É evidente que os homens, quando prestam juramento, procuram fazê-lo por alguém que lhes seja superior, que sirva de garantia, para que não haja desentendimento. 17 Assim também Deus confirmou o que disse com um juramento, a fim de que aqueles que iriam receber a promessa tivessem a certeza de que nunca mudaria os seus planos. 18 Assim, por dois fatores imutáveis, a promessa e o juramento, podemos encontrar um forte consolo nele. É pois impossível que Deus diga uma coisa que afinal não cumpre. E isso dá-nos muita segurança, a nós para quem a esperança da vida eterna é como um refúgio. 19 Esta esperança é para a nossa alma como uma âncora segura e firme que nos garante a entrada no interior do véu, 20 onde Cristo entrou antes de nós e em nosso favor, na sua dignidade de sumo sacerdote para sempre, à semelhança de Melquisedeque.

Cristo, como o Filho de Deus, é superior aos anjos

Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade, nas alturas; feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles.

Porque a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho? E, quando outra vez introduz no mundo o Primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem. E, quanto aos anjos, diz: O que de seus anjos faz ventos e de seus ministros, labareda de fogo. Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do teu reino. Amaste a justiça e aborreceste a iniquidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teus companheiros. 10 E: Tu, Senhor, no princípio, fundaste a terra, e os céus são obra de tuas mãos; 11 eles perecerão, mas tu permanecerás; e todos eles, como roupa, envelhecerão, 12 e, como um manto, os enrolarás, e, como uma veste, se mudarão; mas tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão. 13 E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra, até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés? 14 Não são, porventura, todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?

Cristo, como Filho do Homem, é superior aos anjos e sumo sacerdote idôneo e compassivo

Portanto, convém-nos atentar, com mais diligência, para as coisas que temos ouvido, para que, em tempo algum, nos desviemos delas. Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram; testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas, e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade?

Porque não foi aos anjos que sujeitou o mundo futuro, de que falamos; mas, em certo lugar, testificou alguém, dizendo: Que é o homem, para que dele te lembres? Ou o filho do homem, para que o visites? Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos, de glória e de honra o coroaste e o constituíste sobre as obras de tuas mãos. Todas as coisas lhe sujeitaste debaixo dos pés. Ora, visto que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou que lhe não esteja sujeito. Mas, agora, ainda não vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas; vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos.

10 Porque convinha que aquele, para quem são todas as coisas e mediante quem tudo existe, trazendo muitos filhos à glória, consagrasse, pelas aflições, o Príncipe da salvação deles. 11 Porque, assim o que santifica como os que são santificados, são todos de um; por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos, 12 dizendo: Anunciarei o teu nome a meus irmãos, cantar-te-ei louvores no meio da congregação. 13 E outra vez: Porei nele a minha confiança. E outra vez: Eis-me aqui a mim e aos filhos que Deus me deu.

14 E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que, pela morte, aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo, 15 e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão. 16 Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão. 17 Pelo que convinha que, em tudo, fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo. 18 Porque, naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados.

Cristo é superior a Moisés. O perigo da incredulidade e da desobediência

Pelo que, irmãos santos, participantes da vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão, sendo fiel ao que o constituiu, como também o foi Moisés em toda a sua casa. Porque ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou. Porque toda casa é edificada por alguém, mas o que edificou todas as coisas é Deus. E, na verdade, Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar; mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se tão somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim.

Portanto, como diz o Espírito Santo, se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração, como na provocação, no dia da tentação no deserto, onde vossos pais me tentaram, me provaram e viram, por quarenta anos, as minhas obras. 10 Por isso, me indignei contra esta geração e disse: Estes sempre erram em seu coração e não conheceram os meus caminhos. 11 Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso. 12 Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo. 13 Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado. 14 Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim. 15 Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como na provocação.

16 Porque, havendo-a alguns ouvido, o provocaram; mas não todos os que saíram do Egito por meio de Moisés. 17 Mas com quem se indignou por quarenta anos? Não foi, porventura, com os que pecaram, cujos corpos caíram no deserto? 18 E a quem jurou que não entrariam no seu repouso, senão aos que foram desobedientes? 19 E vemos que não puderam entrar por causa da sua incredulidade.

Temamos, pois, que, porventura, deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós fique para trás. Porque também a nós foram pregadas as boas-novas, como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram. Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso, tal como disse: Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso; embora as suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo. Porque, em certo lugar, disse assim do dia sétimo: E repousou Deus de todas as suas obras no sétimo dia. E outra vez neste lugar: Não entrarão no meu repouso. Visto, pois, que resta que alguns entrem nele e que aqueles a quem primeiro foram pregadas as boas-novas não entraram por causa da desobediência, determina, outra vez, um certo dia, Hoje, dizendo por Davi, muito tempo depois, como está dito: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração. Porque, se Josué lhes houvesse dado repouso, não falaria, depois disso, de outro dia. Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus. 10 Porque aquele que entrou no seu repouso, ele próprio repousou de suas obras, como Deus das suas.

11 Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência. 12 Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. 13 E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar.

Cristo é superior aos sumos sacerdotes do antigo pacto

14 Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. 15 Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. 16 Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.

Porque todo sumo sacerdote, tomado dentre os homens, é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados, e possa compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados, pois também ele mesmo está rodeado de fraqueza. E, por esta causa, deve ele, tanto pelo povo como também por si mesmo, fazer oferta pelos pecados. E ninguém toma para si essa honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão. Assim, também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei. Como também diz noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque. O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia. Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu. E, sendo ele consumado, veio a ser a causa de eterna salvação para todos os que lhe obedecem, 10 chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.

11 Do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação, porquanto vos fizestes negligentes para ouvir. 12 Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite e não de sólido mantimento. 13 Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. 14 Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal.

Pelo que, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus, e da doutrina dos batismos, e da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno. E isso faremos, se Deus o permitir.

Porque é impossível que os que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e as virtudes do século futuro, e recaíram sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus e o expõem ao vitupério. Porque a terra que embebe a chuva que muitas vezes cai sobre ela e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada recebe a bênção de Deus; mas a que produz espinhos e abrolhos é reprovada e perto está da maldição; o seu fim é ser queimada.

Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores e coisas que acompanham a salvação, ainda que assim falamos. 10 Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra e do trabalho de amor que, para com o seu nome, mostrastes, enquanto servistes aos santos e ainda servis. 11 Mas desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado até ao fim, para completa certeza da esperança; 12 para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que, pela fé e paciência, herdam as promessas.

13 Porque, quando Deus fez a promessa a Abraão, como não tinha outro maior por quem jurasse, jurou por si mesmo, 14 dizendo: Certamente, abençoando, te abençoarei e, multiplicando, te multiplicarei. 15 E assim, esperando com paciência, alcançou a promessa. 16 Porque os homens certamente juram por alguém superior a eles, e o juramento para confirmação é, para eles, o fim de toda contenda. 17 Pelo que, querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do seu conselho aos herdeiros da promessa, se interpôs com juramento, 18 para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta; 19 a qual temos como âncora da alma segura e firme e que penetra até ao interior do véu, 20 onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.

A revelação de Deus

No passado, Deus falou muitas vezes e de muitas maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas. Mas, nestes últimos tempos, ele nos falou pelo Filho a quem constituiu herdeiro de todas as coisas. E foi também por meio do Filho que Deus criou o universo. Ele é o brilho da glória de Deus, a imagem perfeita daquilo que Deus é. Ele sustenta todas as coisas por sua poderosa palavra. E, depois de ter realizado a purificação dos pecados, ele se assentou no céu, à direita[a] do Deus glorioso. Ele se tornou tão superior aos anjos, que Deus lhe deu um nome que é superior ao deles.

Deus nunca disse a nenhum anjo:

“Você é meu Filho;
    eu hoje me tornei seu Pai”.[b](A)

Ou nem mesmo disse a respeito de nenhum anjo:

“Eu serei seu Pai
    e ele será meu Filho”.(B)

E, novamente, quando Deus enviou o seu Filho mais velho[c] ao mundo, foi dito:

“Que todos os anjos de Deus adorem o Senhor”.[d]

A respeito dos anjos, foi dito:

“Deus faz com que os seus anjos se tornem vento,
    e com que os seus servos se tornem chamas de fogo”.(C)

Mas a respeito do Filho, foi dito:

“O seu reino, ó Deus, vai durar para sempre
e o seu governo é um governo justo.
O Senhor ama o que é justo,
    e odeia o que é mau.
Assim Deus, o seu Deus, derramou sobre o Senhor
    uma alegria muito maior
    do que a dos seus companheiros”.(D)

10 E ainda com relação ao Filho foi dito:

“Ó Senhor! No princípio o Senhor criou a terra,
    e com as suas próprias mãos o Senhor fez o céu.
11 A terra e os céus irão acabar,
    mas o Senhor permanecerá para sempre.
Eles ficarão velhos como roupas,
12     e o Senhor os enrolará como um casaco
    e os trocará como se troca roupa.
Mas o Senhor é o mesmo
    e os seus anos jamais terão fim”.(E)

13 Ora, Deus também nunca disse a nenhum de seus anjos:

“Sente-se à minha direita,
    até que eu ponha os seus inimigos sob seu poder[e]”.(F)

14 Todos os anjos são somente espíritos que servem a Deus e que são enviados para ajudar aqueles que vão receber a salvação.

O perigo da negligência

Por esta razão, nós devemos nos apegar com mais firmeza às verdades que ouvimos, para que delas jamais nos desviemos. Ficou provado ser verdadeira a mensagem que foi falada pelos anjos; e todos aqueles que violaram esta mensagem e a ela não obedeceram receberam o castigo que mereciam. Portanto, como é que escaparemos se negligenciarmos tão grande salvação? Esta salvação foi anunciada primeiramente pelo Senhor; e depois, aqueles que a ouviram, nos provaram que ela é verdadeira. Deus também testemunhou junto com eles, por meio de sinais, maravilhas, vários milagres, e pela distribuição de dons do Espírito Santo de acordo com a sua vontade.

Jesus, o Salvador e Sumo Sacerdote

Pois não foi a anjos que Deus deu o poder para governar o novo mundo que ia vir, isto é, o mundo do qual estamos falando. Porém, em algum lugar nas Escrituras, pode-se ler:

“Ó Deus! O que é o homem
    para que o Senhor se lembre dele?
Ou o filho do homem[f]
    para que o Senhor se interesse por ele?
O Senhor o colocou por algum tempo numa posição inferior à dos anjos,
    mas depois o coroou de glória e honra
e colocou todas as coisas sob o seu poder[g]”.(G)

Ora, se todas as coisas foram colocadas sob a sua autoridade, nada foi deixado fora do seu domínio. Contudo, ainda não vemos todas as coisas sob o seu domínio. Nós, porém, vemos a Jesus, o qual foi, por algum tempo, colocado numa posição inferior à dos anjos. Nós o vemos coroado de glória e honra por causa do seu sofrimento e de sua morte. Foi pela graça de Deus que ele morreu por todas as pessoas.

10 Todas as coisas existem por causa de Deus e por meio dele, e ele quer que todos os seus filhos participem da sua glória. É por isso que foi necessário que Deus, por meio de sofrimento, aperfeiçoasse aquele que guiaria seus filhos para a salvação. 11 Pois, tanto aqueles que são consagrados a Deus como aquele que os consagra vêm de um mesmo Pai. É por isso que ele não se envergonha de os chamar de irmãos, 12 quando diz:

“Senhor! Eu vou falar aos meus irmãos a seu respeito
    e vou lhe cantar hinos de louvor no meio da congregação”.(H)

13 Ele também diz:

“Eu confiarei nele”.(I)

E ainda diz:

“Aqui estou com os filhos que Deus me deu”.(J)

14 Os filhos são pessoas de carne e sangue. Por isso Jesus também se tornou como eles e participou da natureza humana deles. Ele fez isso para que, por intermédio da sua morte, pudesse derrotar aquele que tem o poder sobre a morte, isto é, o Diabo. 15 Ele fez isso para que também pudesse libertar aqueles que, por medo da morte, tinham sido escravos por toda a vida. 16 Está claro que não é a anjos que Jesus ajuda. Ele ajuda aos descendentes de Abraão. 17 Por isso mesmo foi necessário que ele se tornasse igual aos seus irmãos em todas as coisas. Dessa forma ele se tornaria um sumo sacerdote misericordioso e fiel no serviço de Deus e poderia oferecer sacrifício pelos pecados do povo. 18 Agora ele pode socorrer aqueles que são tentados, pois ele mesmo sofreu e foi tentado.

Jesus é superior a Moisés

Por isso, meus santos irmãos, vocês que foram chamados por Deus, fixem os seus pensamentos em Jesus, que é o Apóstolo e Sumo Sacerdote da fé que professamos. Deus o constituiu para o seu serviço, e Jesus foi fiel a Deus assim como Moisés também o foi em toda a casa de Deus. Jesus, todavia, merece mais honra do que Moisés, assim como o construtor de uma casa[h] merece mais honra do que a própria casa. Toda casa é construída por alguém, mas aquele que constrói todas as coisas é Deus. Moisés foi fiel como um servo em toda a casa de Deus. Ele falava sobre as coisas que iam ser anunciadas por Deus no futuro. Cristo, porém, foi fiel como Filho em toda a casa de Deus. E nós somos e continuaremos a ser esta casa, se conservarmos até o fim a nossa coragem e a nossa confiança naquilo que esperamos.

O perigo da falta de fé e da desobediência

Portanto, ouçam o que Deus disse por meio do Espírito Santo:

“Se hoje vocês ouvirem a minha voz,
    não sejam teimosos assim como foram os seus antepassados,
quando se rebelaram contra mim,
    colocando-me à prova no deserto.
9-10 Lá seus antepassados me provocaram e me puseram à prova
    e, depois, por quarenta anos, viram as coisas que eu fiz.
Por isso me indignei com esta geração e disse:
    ‘Os pensamentos deles estão sempre errados;
    e eles também nunca entenderam os meus caminhos’.
11 Portanto eu fiquei zangado e fiz este juramento:
    ‘Eles jamais entrarão no lugar de descanso que eu lhes prometi’”.(K)

12 Tenham cuidado, irmãos, para que nenhum de vocês jamais chegue a ter um coração mau, que se recuse a crer, e que os leve, assim, a se afastar do Deus vivo. 13 Ao contrário, encorajem uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama “hoje”[i], a fim de que nenhum de vocês seja enganado pelo pecado, afastando, assim, seu coração de Deus. 14 Nós somos e continuaremos a ser companheiros de Cristo, se de fato conservarmos até o fim a confiança que temos tido desde o princípio. 15 Foi isto o que as Escrituras disseram:

“Se hoje vocês ouvirem a voz de Deus,
    não sejam teimosos assim como foram os seus antepassados,
    quando se rebelaram contra mim”.(L)

16 Ora, quais foram os que ouviram a voz de Deus e se rebelaram? Não foram, de fato, aqueles que saíram do Egito por intermédio de Moisés? 17 E contra quem foi que Deus ficou irritado por quarenta anos? Não foi contra os que pecaram, e caíram mortos no deserto? 18 E contra quem foi que Deus jurou, dizendo que não entrariam no lugar de descanso que ele lhes tinha prometido? Não foi contra aqueles que tinham sido desobedientes? Claro que foi! 19 Vemos, pois, que eles não puderam entrar naquele lugar porque tinham se recusado a crer.

Portanto, uma vez que Deus nos prometeu que entraríamos no seu lugar de descanso, nós devemos tomar muito cuidado para que nenhum de vocês falhe em obter o que foi prometido. Nós ouvimos a mensagem de salvação assim como eles, mas para eles essa mensagem não serviu para nada, pois, quando a ouviram, não a receberam com fé. Nós que cremos, porém, entraremos no lugar de descanso que Deus nos prometeu, assim como ele mesmo disse:

“Eu estava zangado e fiz este juramento:
    ‘Eles jamais entrarão no lugar de descanso que eu lhes prometi’”.(M)

Ele disse isto apesar das suas obras já estarem terminadas desde a criação do mundo, pois em algum lugar nas Escrituras foi dito o seguinte sobre o sétimo dia: “No sétimo dia Deus descansou de todas as obras que ele tinha feito”.(N) E em outra passagem também foi dito: “Eles jamais entrarão no lugar de descanso que eu lhes prometi”.

Essas pessoas que anteriormente ouviram a mensagem de salvação não entraram para aquele lugar de descanso por terem sido desobedientes. Algumas outras, porém, ainda poderão entrar. Por causa disso Deus marcou um outro dia chamado “hoje” quando, muito tempo depois, por meio de Davi, disse estas palavras que já citamos anteriormente:

“Se hoje vocês ouvirem a minha voz,
    não sejam teimosos como foram os seus antepassados”.(O)

Ora, se Josué tivesse dado esse descanso aos antepassados de vocês, Deus não teria falado mais tarde a respeito de um outro dia. Assim, ainda resta para o povo de Deus um descanso como o descanso de Deus no sétimo dia.[j] 10 Porque aquele que entra nesse lugar de descanso que Deus prometeu também descansa das suas obras, assim como Deus descansou das dele. 11 Portanto, devemos fazer o possível para entrar naquele lugar de descanso, esforçando-nos para não seguir o exemplo daquelas outras pessoas que desobedeceram.

12 A mensagem de Deus é viva, poderosa, e mais afiada do que qualquer espada de dois gumes. Ela penetra até ao ponto de separar a alma do espírito e de dividir juntas e medulas, e julga os pensamentos e as intenções do coração. 13 Não há nada no mundo que possa ser escondido de Deus. Pelo contrário, todas as coisas são descobertas e expostas aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.

Jesus, o nosso Sumo Sacerdote

14 Nós temos a Jesus, o Filho de Deus, como o nosso Sumo Sacerdote, o qual entrou nos céus. Por isso devemos conservar firme a fé que temos. 15 O nosso Sumo Sacerdote não é alguém que não possa se compadecer de nossas fraquezas. Ao contrário, ele foi tentado de todas as maneiras, assim como nós também somos tentados, mas nunca pecou. 16 Por isso devemos nos aproximar com confiança do trono do nosso Pai, que é cheio de amor, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça para nos ajudar na hora em que precisarmos.

Todo sumo sacerdote é escolhido entre os homens e é nomeado para ajudar as pessoas nas coisas referentes a Deus e para oferecer ofertas e sacrifícios pelos pecados. Ele é capaz de ter compaixão dos ignorantes e dos que erram, pois ele mesmo está cheio de fraquezas. E, por esta razão, ele deve oferecer sacrifícios tanto pelos pecados do povo como pelos seus próprios pecados.

Ninguém escolhe por si mesmo a honra de ser sumo sacerdote. A pessoa deve ser chamada por Deus, como aconteceu com Arão. Assim também, Cristo não tomou para si mesmo a honra de se tornar sumo sacerdote; foi Deus que lhe deu essa honra. Ele disse:

“Você é meu Filho;
    hoje eu me tornei seu Pai”[k].(P)

Em outro lugar das Escrituras ele também disse:

“Você é sacerdote para sempre,
    de acordo com a ordem do sacerdócio de Melquisedeque”.(Q)

Durante sua vida aqui na terra, Jesus ofereceu orações e súplicas com altos gritos e lágrimas a quem o podia livrar da morte. E Deus o ouviu porque Jesus era humilde e fazia o que Deus queria. Embora fosse Filho de Deus, ele aprendeu a ser obediente pelas coisas que sofreu. E, depois de ser aperfeiçoado, ele se tornou a fonte da salvação eterna para todos os que lhe obedecem. 10 E Deus o nomeou Sumo Sacerdote, de acordo com a ordem do sacerdócio de Melquisedeque.

O perigo de abandonar a fé

11 Temos muitas coisas a dizer a esse respeito, mas elas são difíceis de explicar porque vocês não querem entender. 12 De fato, depois de tanto tempo, vocês já deviam ser mestres. Porém, precisam de que alguém os ensine novamente quais são os princípios básicos da mensagem de Deus. Ao invés de alimento sólido, vocês ainda precisam de leite. 13 Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente sobre o que é certo ou errado, pois é uma criança. 14 Mas o alimento sólido é para os adultos. Ele é para aqueles que, pela prática, estão com os seus sentidos treinados para saber escolher entre o bem e o mal.

Por isso, vamos seguir em frente para chegarmos a ser adultos, e colocar de lado as primeiras noções da mensagem de Cristo. Não vamos lançar de novo as bases dessa mensagem, que são: o arrependimento de obras que levam à morte, a fé em Deus, o ensino a respeito de batismos[l], a imposição de mãos, a ressurreição dos mortos e o julgamento eterno. Nós temos que ir em frente e alcançar a maturidade. E, se Deus quiser, nós faremos isso.

4-6 É impossível, pois, trazer de volta ao arrependimento aqueles que uma vez foram iluminados, que provaram o dom celestial, que se tornaram participantes do Espírito Santo, que provaram a boa mensagem de Deus e os poderes do mundo que ainda virá, e depois desistiram da fé. Sim, é impossível trazê-los de volta ao arrependimento, uma vez que eles mesmos estão novamente crucificando ao Filho de Deus e zombando dele publicamente.

Essas pessoas são como a terra que recebe a chuva cada vez que cai sobre ela. Se ela produz plantas úteis para os que trabalham nela, recebe bênçãos de Deus. Mas se, ao contrário, produz espinhos e ervas inúteis, ela não serve para nada. Está em perigo de ser amaldiçoada e acabará por ser queimada.

As melhores coisas pertencem à salvação

Queridos irmãos, embora falemos desta maneira, estamos certos quanto a vocês. Temos certeza de que poderemos ver, da parte de vocês, coisas melhores e que os levem à salvação. 10 Deus não é injusto. Ele não se esquecerá do trabalho de vocês ou do amor que mostraram em nome dele, pois ajudaram e ainda ajudam o seu povo. 11 O nosso desejo é que cada um de vocês continue mostrando a mesma dedicação até o fim. Assim certamente receberão tudo o que esperam. 12 Nós não queremos que vocês se tornem preguiçosos. O que nós queremos é que imitem aqueles que, pela fé e pela paciência, recebem a herança que Deus prometeu.

A certeza da promessa de Deus

13 Quando Deus fez a promessa a Abraão, Ele jurou por si mesmo, uma vez que não tinha ninguém superior por quem jurar. 14 Ele disse: “Eu certamente abençoarei você e lhe darei muitos descendentes”.(R) 15 E, assim, depois de Abraão ter esperado com paciência, recebeu o que Deus lhe tinha prometido.

16 As pessoas juram pelo que lhes é superior e o juramento, servindo para confirmar o que disseram, acaba com toda discussão. 17 Deus queria deixar bem claro aos seus herdeiros que ele jamais mudaria de ideia com relação à sua promessa e, por isso, confirmou o que tinha dito com um juramento. 18 É impossível que Deus minta e, portanto, estas duas coisas nunca mudam: o que Deus disse e o que ele jurou. Assim nós, que nos refugiamos nele, seremos grandemente encorajados e poderemos segurar firme a esperança que nos foi dada. 19 Esta esperança mantém nossa alma firme e segura, assim como a âncora mantém firme e seguro o barco. Ela atravessa a cortina[m] do templo celestial e penetra no Lugar Santíssimo. 20 Foi nesse lugar que Jesus entrou por nós e antes de nós, tornando-se Sumo Sacerdote para sempre, de acordo com a ordem do sacerdócio de Melquisedeque.

Footnotes

  1. 1.3 ele se assentou no céu, à direita Refere-se a um lugar de honra e autoridade (poder). Ou seja, começou a reinar junto com Deus como rei. Ver 4.16; 8.1; 12.2.
  2. 1.5 eu hoje me tornei seu Pai Literalmente, “eu hoje te gerei”.
  3. 1.6 Filho mais velho Literalmente, “primogênito”. Significa que Cristo ocupa o primeiro lugar e é o mais importante de todos os filhos de Deus (Hb 2.10-12; Rm 8.29).
  4. 1.6 Que todos (…) adorem o Senhor Estas palavras são encontradas no livro de Dt 32.43 da LXX e também numa cópia hebraica de Qumran.
  5. 1.13 sob seu poder Literalmente, “debaixo dos seus pés”.
  6. 2.6 filho do homem Refere-se a qualquer homem, mas o nome “filho do homem” é frequentemente usado referindo-se a Jesus.
  7. 2.8 sob o seu poder Literalmente, “debaixo dos seus pés”.
  8. 3.3 casa A palavra “casa” no idioma grego também tem o significado de “família”, como no versículo 2.
  9. 3.13 hoje Esta palavra se refere ao “hoje” mencionado no versículo 7. Enfatiza a necessidade de fazer agora o que tiver que ser feito, enquanto ainda existe a oportunidade para isso.
  10. 4.9 o descanso de Deus no sétimo dia Literalmente, “descanso sabático”, dando a entender que a participação no descanso de Deus começou depois de ele ter criado o mundo.
  11. 5.5 hoje eu me tornei seu Pai Literalmente, “hoje gerei você”.
  12. 6.2 batismos Esta palavra pode se referir aqui ao batismo cristão. Ver Batismo no vocabulário. Mas também pode se referir aos banhos cerimoniais dos judeus.
  13. 6.19 cortina Refere-se à cortina espiritual do templo celestial que era simbolizada pela cortina material que separava o Lugar Santíssimo (lugar da Presença de Deus) do outro quarto da Tenda Sagrada e, posteriormente, do templo de Jerusalém.