Add parallel Print Page Options

32 Ouçam, céus e Terra!
Ouçam o que eu vou dizer!
As minhas palavras cairão sobre vocês,
como a chuva delicada e como o orvalho,
como a chuva sobre a erva tenra, sobre a relva.

Hei de proclamar a grandeza do Senhor!
Como ele é glorioso!
Ele é a rocha e sua obra é perfeita.
Tudo o que ele faz é justo e reto.
Deus é a verdade;
nele não há injustiça.

Mas Israel corrompeu-se, sujou-se no pecado.
Já não lhe pertence mais;
é um povo duro e torcido.
É assim que tratas com o Senhor,
ó povo louco e insensato?
Não é Deus o vosso Pai?
Não foi ele quem vos criou?
Não foi ele quem vos estabeleceu e vos tornou fortes?

Lembrem-se dos dias de antigamente!
Perguntem aos vossos pais e aos anciãos,
        pois eles vos contarão tudo!
Quando o Altíssimo repartiu o mundo entre as nações,
fixou os limites dos povos,
segundo o número dos filhos de Israel.
Porque Israel é a possessão do Senhor;
os descendentes de Jacob são a sua herança pessoal.

10 Encontrou-os num deserto,
numa região árida repleta de uivos.
Cuidou deles e protegeu-os,
como se fossem a menina dos seus olhos.
11 Abriu as suas asas para os amparar,
como a águia pairando junto às crias no ninho.
Recolheu-os e transportou-os,
pois assim faz o Senhor com o seu povo!
12 O Senhor conduziu-os sozinho,
pois viviam sem deuses estrangeiros.

13 Deu-lhes férteis planaltos,
campos de rica terra,
mel saindo da rocha,
e azeite de chão rochoso!
14 Deu-lhes leite e carne;
escolheu para eles carneiros e bodes de Basã,
e o melhor do trigo;
beberam vinho da cor do sangue.

15 Mas Israel[a] altivo, ao engordar, rebelou-se,
de tão bem tratado que estava.
Na sua abundância, esqueceu-se de Deus,
e repudiou a rocha da sua salvação.
16 Israel começou a seguir deuses estrangeiros
e Deus ficou muito irado;
foi provocado pelos ciúmes do seu povo.
17 Este sacrificou a demónios,
novos deuses que nunca tinham adorado,
nem eles nem os seus antepassados.
18 Desdenharam da rocha que os tinha criado,
esqueceram-se de que foi Deus quem os criou.

19 O Senhor viu o que estavam a fazer e rejeitou-os;
ficou irritado com os seus filhos e filhas.
20 Por isso, disse: “Vou abandonar-vos!
Vejam o que está a acontecer-vos,
por serem uma geração dura e desleal!
21 Provocaram-me severos ciúmes,
com aqueles seus ídolos inúteis,
os quais não eram deuses nenhuns.
Por isso, agora, lhes suscitarei ciúmes
com gente que não é meu povo;
com um povo que não tem conhecimento
provocarei a sua ira.
22 Porque a minha ira acendeu um fogo
que arde até às profundezas do mundo dos mortos[b].
Consumirei a Terra e as suas searas,
pondo os fundamentos das suas montanhas a arder.

23 Amontoarei males sobre eles,
atirarei sobre eles as minhas flechas.
24 Morrerão de fome
e serão consumidos por febres e epidemias mortais.
Enviarei contra eles animais ferozes
e serpentes venenosas.
25 Do exterior virá a espada do inimigo,
como do interior vieram as pragas.
Serão aterrorizados, tanto os mancebos como as raparigas,
tanto o bebé de mama como o indivíduo mais idoso.
26 Decidi espalhá-los por terras longínquas,
para que até a lembrança deles desapareça.
27 Mas então eu pensei:
Os meus inimigos fanfarronarão, dizendo:
‘Israel foi destruído pela nossa própria força!
Não foi o Senhor que fez isso!’ ”

28 Israel é uma nação sem inteligência,
louca e sem entendimento.
29 Oh! Se eles fossem sensatos!
Como haveriam de entender!
Haveriam de dar-se conta do seu destino!
30 Como poderia um só inimigo perseguir mil combatentes,
e dois porem fora de combate dez mil,
se a sua rocha não os tivesse abandonado,
se o Senhor não os tivesse entregado nas suas mãos?
31 A rocha das outras nações não é como a nossa!
Até os nossos inimigos o reconhecem!
32 São como as vinhas de Sodoma,
plantadas nos campos de Gomorra:
as suas uvas são venenosas
e os seus cachos são amargos;
33 Bebem vinho feito de veneno de serpentes.

34 Deus diz: “Tenho planos para o que farei
aos inimigos Israel e às nações.
35 Minha é a vingança.
Decreto que os meus inimigos sejam castigados;
        a sentença deles está já assinada.”

36 O Senhor julgará o seu povo.
Terá compaixão dele, quando escorregar,
e quando a sua força for decaindo,
e já não houver nem escravos nem gente livre.
37 Então declarará:
“Onde estão aqueles deuses deles
as tais rochas que declaravam ser o seu refúgio?
38 Onde estão agora esses deuses,
aos quais consagraram gordura e vinho?
Que se levantem então esses deuses,
que os ajudem e os abriguem!

39 Não veem que só eu sou Deus?
Eu tiro e dou a vida.
Faço a ferida e saro-a,
ninguém escapa ao meu poder.
40 Levanto a mão ao céu
e juro pela minha própria vida, que é eterna:
41 Afiarei a minha espada reluzente
e despejarei castigos sobre os meus inimigos,
para dar a paga àqueles que me odeiam!
42 As minhas flechas embriagar-se-ão com sangue.
A minha espada devorará a carne
de todos os que foram mortos e feitos prisioneiros,
as cabeças dos chefes dos inimigos.”

43 Alegrem-se, ó nações, com o povo de Deus,
pois ele vingará a morte dos seus servos!
Há de vingá-los por aquilo que os seus inimigos lhes fizeram,
purificando a sua terra e o seu povo.

44 Depois de Moisés e Oseias, isto é, Josué, filho de Num, terem apresentado as palavras deste cântico ao povo, 45 Moisés fez os seguintes comentários: 46 “Meditem em toda a Lei que vos dei agora, ensinem-na aos vossos filhos. 47 Não se trata de meras palavras; são a vossa vida! Se lhes obedecerem, terão vidas prolongadas e prósperas na terra que vão agora possuir do outro lado do Jordão.”

Moisés sobe ao monte Nebo

48 Nesse mesmo dia, o Senhor disse a Moisés: 49 “Sobe ao monte Nebo, na cordilheira de Abarim, na terra de Moabe, defronte de Jericó. Lá do cimo, contempla a terra de Canaã que eu dei ao povo de Israel. 50 Depois de olhares para ela, deverás morrer e ir ter com os teus antepassados, tal como aconteceu com Aarão, o teu irmão, que morreu no monte Hor e também se foi juntar aos seus. 51 Porque vocês desonraram-me na frente do povo de Israel, nas fontes de Meribá, em Cades, no deserto de Zim. 52 Verás na sua extensão a terra que dei ao povo de Israel, contudo, não entrarás nela.”

Moisés abençoa as tribos

33 Esta é a bênção que Moisés, o homem de Deus, deu ao povo de Israel, antes de falecer:

“O Senhor vem do monte Sinai,
rompeu sobre o seu povo,
como um sol, desde o monte Seir,
resplandeceu no monte Parã,
rodeado por dez milhares dos seus santos anjos,
e com fogo flamejante na mão direita.
Como tu amas o teu povo,
os teus santos estão seguros nas tuas mãos!
Eles seguiram as tuas pisadas, ó Senhor,
receberam de ti as tuas diretivas.
Moisés deu-nos a Lei,
que é a possessão da assembleia de Jacob.
Deus era Rei em Israel[c],
quando os chefes do povo se reuniram com as tribos de Israel.

Que Rúben viva para sempre
e que a sua tribo seja um pequeno povo!”

E acerca de Judá Moisés disse:

“Ó Senhor, ouve o grito de Judá,
une-o com Israel!
Com as suas mãos, ele defende a sua causa
e livra-o dos seus inimigos.”

Então Moisés disse acerca da tribo de Levi:

“Dá a Levi, o teu servo fiel,
o teu urim e tumim[d].
Puseste Levi à prova em Massá e em Meribá.
Os levitas obedeceram à tua palavra e guardaram a tua aliança.
Foram-te mais leais do que aos seus próprios pais.
Desprezaram os seus parentes
e não fizeram caso dos próprios filhos.
10 Os levitas ensinam a Israel a tua Lei,
e no altar dos holocaustos te oferecem incenso.
11 Ó Senhor, faz os levitas prosperarem,
e aceita o serviço que fazem para ti.
Esmaga os que são seus inimigos,
não deixes que levantem cabeça!”

12 Quanto à tribo de Benjamim, disse Moisés:

“Ele é amado por Deus
e vive em segurança ao seu lado.
Deus o rodeia com amorosa atenção
e o preserva de qualquer dano.”

13 Em relação à tribo de José, disse:

“Que a sua terra seja abençoada por Deus
com o orvalho do céu
e também com águas profundas!
14 Que ele seja abençoado
com o melhor daquilo que o Sol faz crescer,
tornando-se cada vez mais rico, mês após mês,
15 com o melhor dos frutos das colinas
e dos eternos outeiros!
16 Que ele seja abençoado com os melhores dons
da terra e da sua plenitude
e com o favor de Deus que apareceu na sarça ardente!
Que todas estas bênçãos venham sobre José,
que é príncipe entre os seus irmãos!
17 Ele é como um boi novo, em toda a sua força e pujança,
as suas pontas são como as de um boi selvagem,
para ferir as nações, seja onde for.
Esta é a minha bênção sobre as dezenas de milhares de Efraim,
sobre os milhares de Manassés.”

18 Sobre as tribos de Zebulão e Issacar, disse Moisés:

“Alegra-te, Zebulão, gente do campo, da natureza,
assim como Issacar se alegrará no inteiror das suas tendas!
19 Eles convidarão outros povos para a montanha
para oferecer os sacrifícios estabelecidos.
Explorarão as riquezas do mar
e os tesouros escondidos na areia.”

20 Acerca da tribo de Gad, Moisés disse:

“Benditos aqueles que estendem o território de Gad!
Ele agacha-se como uma leoa
e despedaça braços e cabeças.
21 Escolheu o melhor da terra para si mesmo,
porque está destinado a ser um chefe.
Conduziu o povo,
executou a justiça do Senhor
e os seus juízos sobre Israel.”

22 Da tribo de Dan, ele disse:

“Dan é como uma cria do leão,
saltando desde Basã!”

23 Da tribo de Naftali, Moisés disse:

“Ó Naftali, vives satisfeito
com todas as bênçãos do Senhor!
A região do lago e a sul deste,
são o teu lar.”

24 Da tribo de Aser, disse:

“Aser é abençoado pelos seus filhos
e estimado mais do que todos os seus irmãos;
lava os pés em azeite suavizante.
25 Que sejas protegido com fortes ferrolhos
de ferro e de bronze
e que a tua força seja semelhante à extensão dos teus dias!

26 Não há ninguém como o Deus de Israel!
Ele desce dos céus para te ajudar,
sobre as nuvens, em majestoso esplendor.
27 O Deus eterno é o teu refúgio
e por baixo estão os seus braços eternos.
Ele expulsa os teus inimigos diante de ti;
ele próprio é quem grita: ‘Destrói-os!’
28 E assim Israel habita em segurança,
prosperando numa terra de trigo e de vinho,
com orvalho que cai docemente dos céus.
29 Como és bem-aventurado, ó Israel!
Quem é como tu, um povo salvo pelo Senhor?
Ele é o teu escudo e o teu socorro,
é a tua excelente espada!
Os teus inimigos curvar-se-ão perante ti
e tu calcarás os seus lugares altos!”

Moisés morre

34 Então Moisés subiu da planície de Moabe ao cume de Pisga, no monte Nebo, defronte de Jericó. O Senhor mostrou-lhe a terra prometida, desde Gileade até Dan; a região de Naftali, a de Efraim e de Manassés; também a de Judá, que se estende até ao mar Mediterrâneo. Depois a região do Negueve, o vale do Jordão e também Jericó, a cidade das palmeiras, até Zoar. “É esta a terra”, disse o Senhor a Moisés, “que prometi a Abraão, a Isaque e a Jacob que daria aos seus descendentes. Agora já a viste, mas não entrarás nela.”

Moisés, o servo do Senhor, morreu na terra de Moabe, conforme o Senhor lhe dissera. Deus mesmo o enterrou no vale que está perto de Bete-Peor em Moabe, mas ninguém sabe exatamente onde. Moisés tinha 120 anos quando faleceu e a sua vista era ainda perfeita e tinha a força de um jovem. O povo de Israel chorou-o e esteve de luto por ele durante trinta dias nas planícies de Moabe.

Josué, filho de Num, foi cheio do espírito de sabedoria, pois Moisés tinha colocado as suas mãos sobre ele. Assim, o povo de Israel obedecia-lhe e seguia as ordens que o Senhor tinha dado a Moisés.

10 Não houve jamais outro profeta semelhante a Moisés, a quem o Senhor tivesse conhecido face a face. 11 Ele realizou espantosos milagres que nunca mais foram igualados. Fez grandes e tremendas maravilhas, em obediência ao Senhor, para castigar o Faraó, os seus súbditos e toda a sua terra. 12 Nenhum outro teve tanto poder nem despertou tanto respeito em Israel como Moisés.

Footnotes

  1. 32.15 No hebraico, Ieshurun. Uma forma poética de designar Israel, salientando uma qualidade de carácter, o ser uma nação reta.
  2. 32.22 No hebraico, Sheol, é traduzido, ao longo do livro, por mundo dos mortos. Segundo o pensamento hebraico do Antigo Testamento, é o lugar dos mortos, mas não necessariamente como um sepulcro ou sepultura, que é um lugar de morte e definhamento, mas sim um lugar de existência consciente, embora sombria e infeliz.
  3. 33.5 Ver nota a 32.15. Também no 33.26.
  4. 33.8 Urim e tumim eram objectos utilizados para se conhecer a vontade de Deus, por tiragem à sorte. Cf. Êx 28.30; Nm 27.21; 1 Sm 14.41; 28.6; Esd 2.63; Ne 7.65.

Último cântico de Moisés

32 Inclinai os ouvidos, ó céus, e falarei; e ouça a terra as palavras da minha boca. Goteje a minha doutrina como a chuva, destile o meu dito como o orvalho, como chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a relva. Porque apregoarei o nome do Senhor; dai grandeza a nosso Deus. Ele é a Rocha cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos juízo são; Deus é a verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é. Corromperam-se contra ele; seus filhos eles não são, e a sua mancha é deles; geração perversa e torcida é. Recompensais, assim, ao Senhor, povo louco e ignorante? Não é ele teu Pai, que te adquiriu, te fez e te estabeleceu? Lembra-te dos dias da antiguidade, atenta para os anos de muitas gerações; pergunta a teu pai, e ele te informará, aos teus anciãos, e eles to dirão. Quando o Altíssimo distribuía as heranças às nações, quando dividia os filhos de Adão uns dos outros, pôs os termos dos povos, conforme o número dos filhos de Israel. Porque a porção do Senhor é o seu povo; Jacó é a parte da sua herança. 10 Achou-o na terra do deserto e num ermo solitário cheio de uivos; trouxe-o ao redor, instruiu-o, guardou-o como a menina do seu olho. 11 Como a águia desperta o seu ninho, se move sobre os seus filhos, estende as suas asas, toma-os e os leva sobre as suas asas, 12 assim, só o Senhor o guiou; e não havia com ele deus estranho. 13 Ele o fez cavalgar sobre as alturas da terra e comer as novidades do campo; e o fez chupar mel da rocha e azeite da dura pederneira, 14 manteiga de vacas e leite do rebanho, com a gordura dos cordeiros e dos carneiros que pastam em Basã e dos bodes, com a gordura da flor do trigo; e bebeste o sangue das uvas, o vinho puro. 15 E, engordando-se Jesurum, deu coices; engordaste-te, engrossaste-te e de gordura te cobriste; e deixou a Deus, que o fez, e desprezou a Rocha da sua salvação. 16 Com deuses estranhos o provocaram a zelos; com abominações o irritaram. 17 Sacrifícios ofereceram aos diabos, não a Deus; aos deuses que não conheceram, novos deuses que vieram há pouco, dos quais não se estremeceram seus pais. 18 Esqueceste-te da Rocha que te gerou; e em esquecimento puseste o Deus que te formou. 19 O que vendo o Senhor, os desprezou, provocado à ira contra seus filhos e suas filhas; 20 e disse: Esconderei o meu rosto deles e verei qual será o seu fim; porque são geração de perversidade, filhos em quem não há lealdade. 21 A zelos me provocaram com aquilo que não é Deus; com as suas vaidades me provocaram à ira; portanto, eu os provocarei a zelos com os que não são povo; com nação louca os despertarei à ira. 22 Porque um fogo se acendeu na minha ira, e arderá até ao mais profundo do inferno, e consumirá a terra com a sua novidade, e abrasará os fundamentos dos montes. 23 Males amontoarei sobre eles; as minhas setas esgotarei contra eles. 24 Exaustos serão de fome, comidos de carbúnculo e de peste amarga; e entre eles enviarei dentes de feras, com ardente peçonha de serpentes do pó. 25 Por fora, devastará a espada, e, por dentro, o pavor: ao jovem, juntamente com a virgem, assim à criança de mama, como ao homem de cãs. 26 Eu disse que por todos os cantos os espalharia; faria cessar a sua memória dentre os homens, 27 se eu não receara a ira do inimigo, para que os seus adversários o não estranhem e para que não digam: A nossa mão está alta; o Senhor não fez tudo isso. 28 Porque são gente falta de conselhos, e neles não entendimento. 29 Tomara eles fossem sábios, que isso entendessem e atentassem para o seu fim! 30 Como pode ser que um só perseguisse mil, e dois fizessem fugir dez mil, se a sua Rocha os não vendera, e o Senhor os não entregara? 31 Porque a sua rocha não é como a nossa Rocha, sendo até os nossos inimigos juízes disso. 32 Porque a sua vinha é a vinha de Sodoma e dos campos de Gomorra; as suas uvas são uvas de fel, cachos amargosos têm. 33 O seu vinho é ardente veneno de dragões e peçonha cruel de víboras. 34 Não está isso encerrado comigo, selado nos meus tesouros? 35 Minha é a vingança e a recompensa, ao tempo em que resvalar o seu pé; porque o dia da sua ruína está próximo, e as coisas que lhes hão de suceder se apressam a chegar. 36 Porque o Senhor fará justiça ao seu povo e se arrependerá pelos seus servos, quando vir que o seu poder se foi e não há fechado nem desamparado. 37 Então, dirá: Onde estão os seus deuses, a rocha em quem confiavam, 38 de cujos sacrifícios comiam a gordura e de cujas libações bebiam o vinho? Levantem-se e vos ajudem, para que haja para vós escondedouro. 39 Vede, agora, que eu, eu o sou, e mais nenhum deus comigo; eu mato e eu faço viver; eu firo e eu saro; e ninguém que escape da minha mão. 40 Porque levantarei a minha mão aos céus e direi: Eu vivo para sempre. 41 Se eu afiar a minha espada reluzente e travar do juízo a minha mão, farei tornar a vingança sobre os meus adversários e recompensarei os meus aborrecedores. 42 Embriagarei as minhas setas de sangue, e a minha espada comerá carne; do sangue dos mortos e dos prisioneiros, desde a cabeça, haverá vinganças do inimigo. 43 Jubilai, ó nações, com o seu povo, porque vingará o sangue dos seus servos, e sobre os seus adversários fará tornar a vingança, e terá misericórdia da sua terra e do seu povo.

44 E veio Moisés e falou todas as palavras deste cântico aos ouvidos do povo, ele e Oseias, filho de Num. 45 E, acabando Moisés de falar todas estas palavras a todo o Israel, 46 disse-lhes: Aplicai o vosso coração a todas as palavras que hoje testifico entre vós, para que as recomendeis a vossos filhos, para que tenham cuidado de cumprir todas as palavras desta lei. 47 Porque esta palavra não vos é vã; antes, é a vossa vida; e por esta mesma palavra prolongareis os dias na terra, a que, passando o Jordão, ides para possuí-la.

48 Depois, falou o Senhor a Moisés, naquele mesmo dia, dizendo: 49 Sobe o monte de Abarim, o monte Nebo, que está na terra de Moabe, defronte de Jericó, e vê a terra de Canaã, que darei aos filhos de Israel por possessão. 50 E morre no monte, ao qual subirás; e recolhe-te ao teu povo, como Arão, teu irmão, morreu no monte de Hor e se recolheu ao seu povo, 51 porquanto prevaricastes contra mim no meio dos filhos de Israel, nas águas da contenção, em Cades, no deserto de Zim, pois me não santificastes no meio dos filhos de Israel. 52 Pelo que verás a terra diante de ti, porém não entrarás nela, na terra que darei aos filhos de Israel.

A majestade de Deus

33 Esta, porém, é a bênção com que Moisés, homem de Deus, abençoou os filhos de Israel antes da sua morte. Disse, pois: O Senhor veio de Sinai e lhes subiu de Seir; resplandeceu desde o monte Parã e veio com dez milhares de santos; à sua direita havia para eles o fogo da lei. Na verdade, amas os povos; todos os teus santos estão na tua mão; postos serão no meio, entre os teus pés, cada um receberá das tuas palavras. Moisés nos deu a lei por herança da congregação de Jacó. E o Senhor foi rei em Jesurum, quando se congregaram os cabeças do povo com as tribos de Israel.

As bênçãos das tribos

Viva Rúben e não morra; e que os seus homens sejam numerosos. E isto é o que disse de Judá: Ouve, ó Senhor, a voz de Judá, e introduze-o no seu povo; as suas mãos lhe bastem, e tu lhe sejas em ajuda contra os seus inimigos. E de Levi disse: Teu Tumim e teu Urim são para o teu amado, que tu provaste, em Massá, com quem contendeste nas águas de Meribá; aquele que disse a seu pai e a sua mãe: Nunca o vi. E não conheceu a seus irmãos e não estimou a seus filhos, pois guardaram a tua palavra e observaram o teu concerto. 10 Ensinaram os teus juízos a Jacó e a tua lei a Israel; levaram incenso ao teu nariz e o holocausto sobre o teu altar. 11 Abençoa o seu poder, ó Senhor, e a obra das suas mãos te agrade; fere os lombos dos que se levantam contra ele e o aborrecem, para que nunca mais se levantem. 12 E de Benjamim disse: O amado do Senhor habitará seguro com ele; todo o dia o Senhor o protegerá, e ele morará entre os seus ombros. 13 E de José disse: Bendita do Senhor seja a sua terra, com o que há de mais excelente nos céus, com o orvalho e com o que há no abismo, que jaz abaixo, 14 e com as mais excelentes novidades do sol, e com as mais excelentes produções da lua, 15 e com o mais excelente dos montes antigos, e com o mais excelente dos outeiros eternos, 16 e com o mais excelente da terra, e com a sua plenitude, e com a benevolência daquele que habitava na sarça, a bênção venha sobre a cabeça de José e sobre o alto da cabeça do que foi separado de seus irmãos. 17 Ele tem a glória do primogênito do seu boi, e as suas pontas são pontas de unicórnio; com elas ferirá os povos juntamente até às extremidades da terra; estes, pois, são os dez milhares de Efraim, e estes são os milhares de Manassés. 18 E de Zebulom disse: Zebulom, alegra-te nas tuas saídas; e tu, Issacar, nas tuas tendas. 19 Eles chamarão os povos ao monte; ali, oferecerão ofertas de justiça, porque chuparão a abundância dos mares e os tesouros escondidos na areia. 20 E de Gade disse: Bendito aquele que faz dilatar a Gade, que habita como a leoa e despedaça o braço e o alto da cabeça. 21 E se proveu da primeira parte, porquanto ali estava escondida a porção do legislador; pelo que, veio com os chefes do povo, executou a justiça do Senhor e os seus juízos para com Israel. 22 E de Dã disse: Dã é leãozinho; saltará de Basã. 23 E de Naftali disse: Farta-te, ó Naftali, da benevolência, e enche-te da bênção do Senhor, e possui o Ocidente e o Meio-dia. 24 E de Aser disse: Bendito seja Aser com seus filhos, agrade a seus irmãos e banhe em azeite o seu pé. 25 O ferro e o metal será o teu calçado; e a tua força será como os teus dias. 26 Não há outro, ó Jesurum, semelhante a Deus, que cavalga sobre os céus para a tua ajuda e, com a sua alteza, sobre as mais altas nuvens! 27 O Deus eterno te seja por habitação, e por baixo de ti estejam os braços eternos; e ele lance o inimigo de diante de ti e diga: Destrói-o. 28 Israel, pois, habitará só e seguro, na terra da fonte de Jacó, na terra de cereal e de mosto; e os seus céus gotejarão orvalho. 29 Bem-aventurado és tu, ó Israel! Quem é como tu, um povo salvo pelo Senhor, o escudo do teu socorro e a espada da tua alteza? Pelo que os teus inimigos te serão sujeitos, e tu pisarás sobre as suas alturas.

Moisés sobe o monte Nebo, vê a terra prometida e morre

34 Então, subiu Moisés das campinas de Moabe ao monte Nebo, ao cume de Pisga, que está defronte de Jericó; e o Senhor mostrou-lhe toda a terra, desde Gileade até Dã; e todo o Naftali, e a terra de Efraim, e Manassés; e toda a terra de Judá, até ao mar último; e o Sul, e a campina do vale de Jericó, a cidade das palmeiras, até Zoar. E disse-lhe o Senhor: Esta é a terra de que jurei a Abraão, Isaque e Jacó, dizendo: À tua semente a darei; mostro-ta para a veres com os teus olhos; porém para lá não passarás. Assim, morreu ali Moisés, servo do Senhor, na terra de Moabe, conforme o dito do Senhor. Este o sepultou num vale, na terra de Moabe, defronte de Bete-Peor; e ninguém tem sabido até hoje a sua sepultura. Era Moisés da idade de cento e vinte anos quando morreu; os seus olhos nunca se escureceram, nem perdeu ele o seu vigor. E os filhos de Israel prantearam a Moisés trinta dias, nas campinas de Moabe; e os dias do pranto do luto de Moisés se cumpriram.

E Josué, filho de Num, foi cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moisés tinha posto sobre ele as suas mãos; assim, os filhos de Israel lhe deram ouvidos e fizeram como o Senhor ordenara a Moisés. 10 E nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, a quem o Senhor conhecera face a face; 11 nem semelhante em todos os sinais e maravilhas, que o Senhor o enviou para fazer na terra do Egito, a Faraó, e a todos os seus servos, e a toda a sua terra; 12 e em toda a mão forte e em todo o espanto grande que operou Moisés aos olhos de todo o Israel.

26 Puseram na cruz uma tabuleta por cima da sua cabeça, com aquele que diziam ser o seu crime:

o rei dos judeus.

27 Naquela mesma manhã foram crucificados com ele dois malfeitores, ficando um à direita e outro à esquerda. 28 Assim se cumpriu a Escritura que dizia: “Foi contado entre os malfeitores.”[a] 29 As pessoas que passavam insultavam-no, sacudindo a cabeça e dizendo: “És capaz de destruir o templo e construí-lo de novo em três dias, não és? 30 Então, salva-te a ti mesmo e desce da cruz!”

31 Também os principais sacerdotes e os especialistas na Lei que estavam ali troçavam de Jesus: “Salvou os outros, mas não pode salvar-se a si próprio. 32 É o Cristo, o Rei de Israel? Então desça da cruz para que o vejamos e creiamos!” E até os malfeitores que ali foram crucificados com ele o amaldiçoavam.

A morte de Jesus

(Mt 27.45-56; Lc 23.44-49; Jo 19.28-30)

33 Ao meio-dia, a terra inteira ficou em trevas, que duraram até às três horas daquela tarde. 34 Às três da tarde Jesus exclamou em voz muito alta: “Eli, Eli, lema sabactani?”, que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?”[b]

35 Alguns dos que ali se encontravam pensaram que chamava por Elias. 36 Um homem correu, ensopou uma esponja e, embebendo-a em vinho azedo, elevou-a num pau. “Vejamos se Elias virá para descê-lo!”, disse.

37 Então Jesus deu outro grande brado e morreu.

38 O véu do templo rasgou-se em dois pedaços, de cima a baixo.

39 Quando o oficial romano que estava junto à cruz viu como Jesus morrera, exclamou: “Verdadeiramente era o Filho de Deus!”

40 Estavam ali algumas mulheres vendo a cena à distância, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o mais novo, e de José, e ainda Salomé, assim como outras. 41 Estas e muitas mais mulheres da Galileia, que eram seguidoras de Jesus, tinham cuidado dele quando andara por aquela província, e tinham-no acompanhado até Jerusalém.

Jesus é sepultado

(Mt 27.57-61; Lc 23.50-56; Jo 19.38-42)

42 Tudo isto aconteceu na véspera do sábado. Ao final da tarde, 43 José de Arimateia, membro respeitado do supremo tribunal, e que aguardava com ansiedade a vinda do reino de Deus, encheu-se de coragem e pediu a Pilatos o corpo de Jesus. 44 Pilatos não acreditava que Jesus já tivesse morrido. 45 Por isso, chamando o oficial romano, perguntou-lhe se era verdade. O oficial respondeu que sim, e Pilatos deixou José levar o corpo. 46 José comprou então um lençol de linho. E descendo o corpo de Jesus, embrulhou-o nele e depositou-o num túmulo escavado numa rocha. Em seguida, rolou uma pedra para tapar a entrada. 47 Maria Madalena e Maria, mãe de José, viram onde o corpo de Jesus foi colocado.

Read full chapter

26 E, por cima dele, estava escrita a sua acusação: O Rei dos Judeus. 27 E crucificaram com ele dois salteadores, um à sua direita, e outro à esquerda. 28 E cumpriu-se a Escritura que diz: E com os malfeitores foi contado. 29 E os que passavam blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: Ah! Tu que derribas o templo e, em três dias, o edificas! 30 Salva-te a ti mesmo e desce da cruz. 31 E da mesma maneira também os principais dos sacerdotes, com os escribas, diziam uns para os outros, zombando: Salvou os outros e não pode salvar-se a si mesmo. 32 O Cristo, o Rei de Israel, desça agora da cruz, para que o vejamos e acreditemos.

Também os que com ele foram crucificados o injuriavam.

33 E, chegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra até à hora nona. 34 E, à hora nona, Jesus exclamou com grande voz, dizendo: Eloí, Eloí, lemá sabactâni? Isso, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? 35 E alguns dos que ali estavam, ouvindo isso, diziam: Eis que chama por Elias. 36 E um deles correu a embeber uma esponja em vinagre e, pondo-a numa cana, deu-lho a beber, dizendo: Deixai, vejamos se virá Elias tirá-lo. 37 E Jesus, dando um grande brado, expirou. 38 E o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo. 39 E o centurião que estava defronte dele, vendo que assim clamando expirara, disse: Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus.

40 E também ali estavam algumas mulheres, olhando de longe, entre as quais também Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, e Salomé, 41 as quais também o seguiam e o serviam, quando estava na Galileia; e muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém.

A sepultura de Jesus(A)

42 E, chegada a tarde, porquanto era o Dia da Preparação, isto é, a véspera do sábado, 43 chegou José de Arimateia, senador honrado, que também esperava o Reino de Deus, e ousadamente foi a Pilatos, e pediu o corpo de Jesus. 44 E Pilatos se admirou de que já estivesse morto. E, chamando o centurião, perguntou-lhe se já havia muito que tinha morrido. 45 E, tendo-se certificado pelo centurião, deu o corpo a José, 46 o qual comprara um lençol fino, e, tirando-o da cruz, o envolveu nele, e o depositou num sepulcro lavrado numa rocha, e revolveu uma pedra para a porta do sepulcro. 47 E Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde o punham.

Read full chapter