Daniel 1-12
Portuguese New Testament: Easy-to-Read Version
Daniel é levado para a Babilônia
1 Jeoaquim tinha três anos como rei de Judá quando Nabucodonosor, rei da Babilônia, chegou até Jerusalém e cercou a cidade. 2 O Senhor deixou que Nabucodonosor aprisionasse Jeoaquim, rei de Judá. Nabucodonosor se apoderou de todos os objetos do templo de Deus e levou tudo isso para a Babilônia. Ele colocou essas coisas junto ao tesouro do templo dos seus deuses. 3 Depois chamou Aspenaz, o chefe dos funcionários que serviam na sua corte,[a] para que escolhesse alguns jovens da nobreza e da família do rei de Israel. 4 Estes jovens tinham que ter boa aparência e não podiam ter defeito algum. Deviam também ser inteligentes, ter facilidade para aprender as coisas e ser capazes de aplicar aquele conhecimento no dia a dia. Desta forma se esperava que eles pudessem servir com facilidade na corte do rei. Nabucodonosor quis que esses jovens recebessem instrução a respeito da língua e da literatura dos caldeus.
5 O rei lhes assinalou uma porção diária da sua própria comida. Receberiam todo tipo de instrução durante três anos e depois ficariam ao serviço do rei. 6 Entre esses jovens estavam Daniel, Ananias, Misael e Azarias, os quais eram da tribo de Judá. 7 (Mas Aspenaz lhes deu novos nomes: Daniel foi chamado de Beltessazar, Ananias foi chamado de Sadraque, Misael foi chamado de Mesaque e Azarias foi chamado de Abede-Nego.)
8 Daniel tinha decidido não se contaminar[b] com a comida e o vinho do rei. Por isso pediu permissão a Aspenaz para não comer desses alimentos. 9 Deus fez com que Aspenaz tivesse compaixão e simpatia por Daniel. 10 Aspenaz lhe disse:
—Tenho medo do meu senhor, o rei. Ele me mandou dar a vocês dos mesmos alimentos e do mesmo vinho que são servidos para ele. Se ele descobrir que vocês estão mais magros e fracos do que os outros jovens da sua idade, poderá ficar irado e mandar que eu seja morto. E tudo isso seria culpa de vocês.
11 Então Daniel falou com o guarda que Aspenaz tinha designado para cuidar de Daniel, Ananias, Misael e Azarias, 12 e lhe disse:
—Por favor, faça um teste conosco durante dez dias. Permita que só comamos legumes e só bebamos água. 13 A seguir, compare a nossa aparência com a aparência dos jovens que tiverem comido dos alimentos e bebido do vinho do rei e, então, decida o que fará com a gente, já que somos os seus servos.
14 O guarda concordou com eles e os testou durante dez dias. 15 Após os dez dias, eles tinham uma aparência melhor e estavam mais saudáveis do que os jovens que foram alimentados com a comida do rei. 16 O guarda decidiu, então, não lhes dar da comida e do vinho do rei. Em vez disso, continuou lhes dando legumes.
17 Deus deu a esses quatro jovens a habilidade e a sabedoria para aprenderem todo tipo de literatura e ciência. Daniel também podia interpretar todo tipo de visões e sonhos. 18 Quando os três anos de treinamento acabaram, Aspenaz levou os jovens diante do rei Nabucodonosor. 19 O rei falou com eles e percebeu que Daniel, Ananias, Misael e Azarias eram superiores aos demais, por isso eles se tornaram servos do rei. 20 Sempre que o rei lhes perguntava sobre qualquer tema importante, eles mostravam ter muito entendimento e sabedoria. O conhecimento desses quatro jovens mostrou ser dez vezes maior que o conhecimento de todos os adivinhos do reino. 21 Daniel continuou servindo ao rei até o primeiro ano do reinado de Ciro.[c]
O sonho de Nabucodonosor
2 Durante o segundo ano[d] que Nabucodonosor foi rei, ele teve vários sonhos que o deixaram preocupado e o assustaram tanto que não podia mais dormir. 2 Então mandou chamar a todos os adivinhos, feiticeiros, magos e sábios para interpretarem o que ele tinha sonhado. Todos se apresentaram diante do rei e 3 ele lhes disse:
—Tive um sonho que me deixou preocupado e preciso urgentemente saber qual é o seu significado.
4 Então os caldeus responderam ao rei no idioma aramaico:[e]
—Que o rei viva para sempre! Estamos aqui para servi-lo, conte o seu sonho para a gente e lhe diremos qual é o seu significado.
5 —Eu não vou lhes contar nada. Vocês são os que têm que me falar qual foi o meu sonho e, além disso, o seu significado. Se não me falarem isso, eu farei vocês em pedaços e destruirei as suas casas até elas virarem ruínas. 6 Mas se me falarem do sonho e do seu significado, serão recompensados com presentes e honra. Por tanto falem a respeito do sonho e do seu significado.
7 Os caldeus voltaram a lhe responder:
—Sua Majestade, somos seus servos. Conte o seu sonho para a gente e lhe diremos qual é o seu significado.
8 Mas o rei lhes disse:
—Vocês só estão ganhando tempo, porque sabem que não irei lhes dizer nada. 9 Se não me falarem a respeito do sonho, serão castigados, pois vocês combinaram mentir para mim esperando ganhar tempo. Vocês têm que me falar a respeito do sonho, para que eu possa ter certeza de que o significado do qual falarão é o verdadeiro.
10 Os caldeus lhe responderam:
—Ninguém neste mundo tem o poder de fazer o que o rei está pedindo. Além disso, nenhum rei, por mais poder ou grandeza que tenha, pediu algo semelhante a um feiticeiro, adivinho ou caldeu. 11 O que o rei está pedindo é muito complicado e difícil. Só os deuses podem revelar o sonho de outra pessoa e dizer qual é o seu significado. Mas os deuses não moram com os seres humanos.
12 O rei se irou muito com essa resposta e condenou à morte todos os sábios da Babilônia. 13 A ordem do rei foi anunciada publicamente e os guardas do rei saíram para procurar por Daniel e pelos seus companheiros, para eles também serem mortos.
14 Arioque era o chefe dos guardas e era o encarregado de matar todos os sábios da Babilônia, mas Daniel lhe enviou uma mensagem 15 com a seguinte pergunta:
—Arioque, já que você é o representante do rei, fale para mim o porquê desta ordem do rei ser tão urgente e severa.
Arioque, então, lhe explicou a respeito daquela ordem. 16 Então, Daniel foi e pediu ao rei algum tempo para poder explicar o significado do sonho. 17 Logo depois, Daniel voltou para casa e contou aos seus companheiros Ananias, Misael e Azarias tudo o que estava acontecendo. 18 Então pediram ao Deus do céu que tivesse compaixão deles e lhes revelasse aquele sonho, para não serem mortos junto com os demais sábios da Babilônia. 19 Essa noite, Daniel teve uma visão, e Deus lhe revelou o significado daquele sonho. Então, Daniel louvou ao Deus do céu, 20 falando o seguinte:
“Louvado seja o nome de Deus para sempre!
A ele pertencem o poder e a sabedoria!
21 Ele muda os tempos e as estações,
coloca e tira reis.
Dá sabedoria aos sábios
e inteligência aos peritos.
22 Ele revela os segredos mais profundos,
conhece tudo o que tem na escuridão,
porque a luz vive com ele.
23 Deus dos meus antepassados, agradeço ao Senhor e o louvo,
por ter me dado sabedoria e poder;
o Senhor me revelou o que lhe pedi.
O Senhor me fez conhecer o sonho do rei!”
Daniel diz qual foi o sonho e o seu significado
24 Depois, Daniel foi até Arioque, o qual tinha recebido a ordem de matar os adivinhos da Babilônia, e lhe disse:
—Não mate os adivinhos da Babilônia.[f] Pode me levar até o rei e explicarei o significado do seu sonho.
25 Arioque e Daniel, então, foram rapidamente até o rei. Quando chegaram, Arioque disse ao rei:
—Encontrei, no meio dos judeus que foram exilados, um homem que pode interpretar o seu sonho, ó rei.
26 Então o rei disse a Daniel, a quem chamavam de Beltessazar:
—É verdade que você pode me dizer qual foi o sonho que tive e o seu significado?
27 Daniel respondeu:
—Nenhum dos sábios, feiticeiros, adivinhos ou magos pode revelar este segredo ao rei, 28 mas existe um Deus no céu que revela esse tipo de segredo. Ele lhe revelou, rei Nabucodonosor, a respeito do que irá acontecer no final dos tempos. A seguir vou falar a respeito do que o senhor viu enquanto estava deitado.
29 —Enquanto o senhor descansava na sua cama, pensou no que poderia acontecer no futuro. Deus pode revelar segredos: ele mostrou ao senhor o que irá acontecer. 30 Deus também me revelou esse segredo, não porque eu seja mais sábio do que os outros, mas para eu poder explicar seu significado ao rei e, desta forma, o senhor poder entender o que passou pela sua mente.
31 —Sua Majestade, no seu sonho o senhor viu uma estátua muito grande, a qual estava diante do senhor. Era uma estátua enorme e muito brilhante, mas sua aparência causava terror. 32 A cabeça da estátua era de ouro. Os ombros e os braços eram de prata. O ventre e as coxas eram de bronze. 33 As panturrilhas eram de ferro e os pés eram uma parte de ferro, e uma parte de barro. 34 Enquanto o senhor olhava para ela, uma rocha se soltou sem que ninguém tivesse tocado nela e acertou a estátua nos seus pés, que em parte eram de ferro e em parte, de barro, e fez com que estes virassem pó. 35 A seguir, todo o barro, o ferro, o bronze, a prata e o ouro foram feitos em pedaços e viraram pó. Era semelhante ao pó que sobra quando se mói o trigo no verão, mas o vento leva tudo sem deixar rastro. Logo depois, a rocha virou uma grande montanha[g] que ocupou toda a terra.
36 —Esse foi o sonho, e agora vou dizer ao rei o seu significado. 37 O senhor é o rei mais importante de todos. O Deus dos céus o escolheu e lhe deu poder e riquezas. 38 Deus colocou o senhor numa posição desde a qual pudesse mandar sobre os homens, sobre os animais selvagens e sobre as aves do céu. O senhor é essa cabeça de ouro da estátua. 39 Depois do senhor virá outro reino, mas esse reino não será tão importante como o seu. Logo depois virá um terceiro reino que será tão forte como o bronze e governará sobre toda a terra. 40 Depois haverá um quarto reino que será tão forte como o ferro. Da mesma forma como o ferro é mais forte e destrói tudo, esse quarto reino destruirá todos os outros reinos.
41 —Mas o senhor viu que os pés e os dedos da estátua eram em parte de ferro e em parte de barro. Isso quer dizer que este será um reino dividido e terá só um pouco da estabilidade do ferro, porque o senhor viu que o ferro estava misturado com o barro. 42 Em outras palavras, da mesma forma como uma parte dos pés e dos dedos era de barro e a outra parte era de ferro, este reino será em parte forte e em parte fraco. 43 Assim como o senhor viu que o ferro e o barro se misturavam, aqueles povos se misturarão entre eles. Mas, por mais que se misturem entre eles, não conseguirão se tornar um só povo, como tampouco o ferro e o barro se misturam totalmente. 44 E, durante esse tempo, o Deus do céu formará um reino eterno, que não poderá ser destruído. Esse reino não ficará em mãos de estrangeiros. Ao contrário, esse reino destruirá e superará a todos os demais reinos! É um reino que durará para sempre! 45 Sua Majestade, o senhor viu uma rocha que se soltou da montanha sem que nenhuma mão a empurrasse. Essa rocha destruiu o ferro, o bronze, a prata e o ouro. Isso significa que o Grande Deus estava lhe mostrando a respeito do que acontecerá no futuro. Esse é o sonho e a interpretação do sonho, que é completamente certa.
46 Então, o rei Nabucodonosor se ajoelhou diante de Daniel e o adorou. Além disso, ordenou que fosse preparada uma oferta de incenso e aromas em honra a Daniel. 47 O rei disse:
—Pode ter certeza que o seu Deus é o mais importante e poderoso. Ele é o Senhor de todos os reis e o que revela todos os segredos. Foi ele quem fez possível você me revelar este sonho.
48 O rei deu a Daniel muitos presentes e o nomeou chefe da província da Babilônia e também chefe de todos os demais adivinhos e sábios da Babilônia. 49 Daniel pediu ao rei que também nomeasse a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego para ocuparem cargos importantes na província da Babilônia. O rei fez o que Daniel lhe pediu e Daniel se tornou um dos funcionários mais importantes do rei.
A estátua de ouro e o forno
3 O rei Nabucodonosor mandou construir uma estátua de ouro de trinta metros de altura por três metros de largura. Ordenou que pusessem a estátua no vale de Dura, na província da Babilônia. 2 Depois mandou reunir todos os vereadores, prefeitos, governadores, conselheiros, tesoureiros, juízes, chefes militares e demais autoridades da província para a cerimônia de inauguração da estátua. 3 Todos eles se reuniram em frente à estátua que o rei tinha mandado construir, para assim participar da cerimônia de dedicação e inauguração. 4 O encarregado anunciou em voz alta:
—Escutem bem, pessoas de todos os povos, nações e línguas, 5 cada vez que escutarem o som das trombetas, flautas, cítaras, harpas, liras, gaitas e de outros instrumentos musicais, vocês deverão se ajoelhar e adorar a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor mandou construir. 6 A pessoa que não se ajoelhar e adorar a estátua, será jogada imediatamente num forno de fogo.
7 Então, quando foi ouvido o som das trombetas, flautas, cítaras, harpas, liras, gaitas, e de outros instrumentos musicais, o povo se ajoelhou e adorou a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor tinha mandado construir.
8 Alguns caldeus aproveitaram essa oportunidade para falar mal dos judeus perante o rei. 9 Eles disseram ao rei:
—Que o rei viva para sempre! 10 Sua Majestade ordenou que todos deveriam se ajoelhar para adorar a estátua de ouro cada vez que fosse ouvido o som das trombetas, flautas, cítaras, harpas, liras, gaitas e de outros instrumentos musicais; 11 e que fosse jogada ao forno de fogo a pessoa que não se ajoelhasse para adorar a estátua. 12 Acontece que alguns judeus, que o senhor mesmo os nomeou como importantes funcionários da província da Babilônia, estão desobedecendo às suas ordens. Eles não adoram os deuses e não se ajoelham para adorar a estátua que o senhor mandou construir. Os seus nomes são: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego.
13 Depois de escutar isso, o rei Nabucodonosor se irou e ordenou que Sadraque, Mesaque e Abede-Nego fossem trazidos até ele naquele instante. Os caldeus, então, os levaram perante o rei. 14 Nabucodonosor lhes disse:
—Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, é verdade que vocês não adoraram os deuses nem se ajoelharam para adorar a estátua de ouro que mandei construir? 15 Agora bem, quando escutarem o som das trompetas, flautas, cítaras, harpas, liras, gaita e de outros instrumentos musicais, vocês deverão se ajoelhar para adorar a estátua de ouro. Se não fizerem isso nesse exato momento, serão jogados no forno e deus algum poderá salvar vocês do meu castigo!
16 Sadraque, Mesaque e Abede-Nego responderam:
—Sua Majestade, não é necessário que lhe demos explicações sobre isso. 17 O Deus, a quem servimos, pode nos salvar do seu castigo[h] e do forno de fogo. 18 E mesmo que ele não nos salve, a Sua Majestade deve saber que não adoraremos os seus deuses nem nos ajoelharemos diante da estátua de ouro que o senhor mandou construir.
19 Então Nabucodonosor ficou muito furioso com eles, ao ponto que o seu rosto ficou desfigurado pela ira que sentia. Então, ordenou esquentar o forno sete vezes mais do que o normal. 20 A seguir, mandou que alguns dos soldados mais fortes do seu exército atassem Sadraque, Mesaque e Abede-Nego e os jogassem no forno de fogo. 21 Os três jovens foram atados e jogados no forno de fogo com tudo o que estavam vestindo: camisas, calças, chapéus e outros acessórios. 22 O forno estava muito mais quente do que o normal, porém, o rei queria que sua ordem fosse cumprida imediatamente. Chegando perto do forno para jogar Sadraque, Mesaque e Abede-Nego nele, os soldados morreram nesse mesmo instante por causa das chamas. 23 E Sadraque, Mesaque e Abede-Nego caíram atados dentro do forno em chamas.
24 Nabucodonosor ficou em pé imediatamente e perguntou, espantado, aos seus conselheiros:
—Por acaso não jogamos no forno só três homens atados?
—Sim, Sua Majestade!—responderam eles.
25 E o rei tornou a dizer:
—Mas eu estou vendo quatro homens, desatados e sem queimaduras, caminhando entre as chamas! Um deles inclusive parece com um deus[i]!
26 Nabucodonosor se aproximou da porta do forno e gritou:
—Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, servos do Deus Altíssimo, saiam dali!
E Sadraque, Mesaque e Abede-Nego saíram do forno.
27 Todos os vereadores, prefeitos, governadores e conselheiros que estavam presentes chegaram perto daqueles homens. Todos viram que o fogo não tinha feito mal algum a eles. Não foram chamuscados em parte alguma, e suas roupas não estavam queimadas. Nem sequer estavam com cheiro de fumaça.
28 Então Nabucodonosor disse:
—Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Ele enviou o seu anjo para salvar os seus fiéis servos. Eles confiam tanto nele que desobedeceram à ordem do rei e preferiram arriscar as suas vidas em vez de louvar ou ficar de joelhos para adorar um outro deus. 29 Agora dou outra ordem: qualquer pessoa, não importando o seu país ou a sua língua, que falar mal ou contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, será feita em pedaços. Sua casa será destruída até que vire um monte de terra e entulho. Isto porque não tem outro deus que possa salvar como este.
30 Logo depois, o rei Nabucodonosor nomeou Sadraque, Mesaque e Abede-Nego para cargos muito mais importantes na província da Babilônia.
A loucura de Nabucodonosor
4 Nabucodonosor enviou esta mensagem a todos os povos de todas as nações, de todas as línguas e de todas as partes do mundo:
Saudações a vocês. Desejo que vivam em paz e tenham prosperidade.
2 Estou muito orgulhoso de poder lhes contar a respeito de todos os sinais e milagres que o Deus Altíssimo tem feito na minha vida.
3 Quão grandes são os seus sinais!
Quão maravilhosos são os seus milagres!
O reino de Deus é eterno
e o seu poder continuará de geração em geração.
4 Eu, Nabucodonosor, estava descansando tranquilamente no meu palácio, 5 quando tive um sonho que me deixou muito assustado e as ideias que passaram pela minha mente me deixaram aterrorizado. 6 Por isso ordenei que todos os sábios da Babilônia fossem trazidos para interpretar o meu sonho. 7 Quando os adivinhos, feiticeiros, magos e caldeus chegaram, contei a eles a respeito do sonho, mas eles não conseguiram me dizer qual era o seu significado. 8 Finalmente, chegou Daniel, o qual é também chamado de Beltessazar, em honra ao meu deus. O espírito dos santos deuses[j] vive nele. E isto foi o que lhe falei a respeito do meu sonho:
9 —Beltessazar, chefe dos magos, eu sei que o espírito dos santos deuses está com você e não existe segredo algum para você. Peço que me explique a respeito da minha visão e que me fale qual é o seu significado. 10 Quando estava dormindo na minha cama, comecei a ter umas visões. De repente, vi uma árvore que saía da terra e era muito alta. 11 Era tão alta e poderosa que chegava até o céu e podia ser vista desde todos os cantos da terra. 12 Suas folhas eram lindas e seus frutos eram muitos. Tinha suficiente comida para todo o mundo. Os animais selvagens procuravam refúgio debaixo da sua sombra e as aves faziam seus ninhos nos seus galhos. Todos os animais achavam o seu alimento ali.
13 —Enquanto eu ainda estava na minha cama, tendo esta visão, vi que um santo anjo desceu do céu, 14 e gritou muito forte: “Cortem essa árvore e tirem dela todos os seus galhos! Tirem dela todas as folhas e espalhem todos os seus frutos! Que os animais que estão debaixo da sua sombra e as aves que estão nos seus galhos saiam daqui! 15 Mas deixem no chão o tronco e as raízes. Que o tronco seja amarrado com cadeias de ferro e bronze, entre a erva do campo, para que seja molhado pelo orvalho e comparta com os animais selvagens a erva do campo. 16 Deixará de pensar como um ser humano e terá a mente de um animal. Tudo isso durará sete anos.[k] 17 Assim foi decretado pelos santos anjos que vigiam tudo, para que todas as criaturas saibam que o Deus Altíssimo governa sobre todos os reinos do homem. Ele dá poder para quem ele quer e, inclusive, coloca no trono o mais humilde dos homens”. 18 Esse foi o sonho que eu, o Rei Nabucodonosor, tive. Agora, Beltessazar, diga para mim qual é o seu significado. Nenhum outro sábio conseguiu me explicar a respeito disso, mas você poderá fazer isso porque o espírito dos santos deuses está com você!
A interpretação do sonho por Daniel
19 Daniel, o qual era também chamado de Beltessazar, ficou em silêncio durante uma hora. Estava muito inquieto por todos os pensamentos que passavam pela sua mente. Mas o rei lhe disse:
—Beltessazar, não fique assustado nem pelo sonho nem pela interpretação.
E Beltessazar lhe respondeu:
—Sua Majestade, eu gostaria que este sonho tivesse a ver com os seus inimigos. 20 O senhor viu uma grande e poderosa árvore. Era tão enorme que chegava até o céu e podia ser vista por toda a terra. 21 Tinha folhas formosas e muitos frutos, que eram suficientes para alimentar a todos. A sua sombra servia de refúgio para os animais e, nos seus galhos, as aves faziam os seus ninhos. 22 Sua Majestade, o senhor é essa árvore; o senhor, que se fez grande e poderoso. Sua grandeza chega até o céu e seu domínio se estende por todo o país. 23 Também o senhor viu descer lá do céu a um dos santos anjos que vigia tudo, o qual falava o seguinte: “Que a árvore seja cortada e destruída! Mas deixem o tronco e as raízes no chão. Que o tronco seja amarrado com cadeias de ferro e bronze para que fique entre a erva do campo. O orvalho cairá encima dele e estará entre os animais selvagens durante sete anos”.
24 E Daniel continuou:
—Sua Majestade, este é o significado do seu sonho. O Deus Altíssimo ordenou que estas coisas aconteçam com o senhor: 25 será apartado das pessoas e viverá com os animais. Comerá do pasto como o gado e se molhará com o orvalho. Durante sete anos vai viver assim, até que compreenda que o Deus Altíssimo é o único que governa os reinos dos homens. Só Deus decide quem dirige esses reinos. 26 Quando o anjo disse: “Deixem o tronco e as raízes”, quis dizer que o reino continuará sendo seu. O reino será dado ao senhor de novo quando compreenda que o Deus do céu é a maior autoridade. 27 Por isso, meu rei, peço que o senhor aceite o conselho que lhe dou: atue com justiça e não peque mais. Em vez de fazer maldades, ajude os pobres. Dessa forma poderá seguir vivendo em paz.
O sonho do rei Nabucodonosor se torna realidade
28 Tudo isso aconteceu com o rei Nabucodonosor. 29 Um ano depois, o rei caminhava pela terraça do seu palácio na Babilônia, quando disse:
30 —Olhem, que grande é a Babilônia! Eu construí esta cidade com o meu poder. Fiz com que fosse a capital do meu reino, para mostrar quão grande eu sou!
31 O rei ainda não tinha terminado de falar, quando foi ouvida uma voz lá do céu, falando o seguinte:
—Preste atenção ao que vai lhe acontecer, rei Nabucodonosor! A partir deste momento não terá mais nenhum poder sobre o seu reino. 32 Você será apartado dos homens. Viverá com os animais, comerá pasto como o gado e se molhará com o orvalho. Viverá assim durante sete anos, até que perceba que o Deus Altíssimo é o único que governa os reinos dos homens. Só Deus decide quem governa sobre esses reinos.
33 Apenas acabou de ser dada esta mensagem, tudo o que tinha sido dito nela aconteceu. Nabucodonosor foi afastado das pessoas e começou a comer pasto como o gado. Seu corpo ficou molhado com o orvalho. O pelo do seu corpo cresceu até dar a impressão que tinha penas de águia, e as suas unhas cresceram tanto que pareciam as garras de uma ave.
O rei Nabucodonosor volta ao normal e louva Deus
34 O rei da Babilônia disse:
—Quando passaram os sete anos, eu, Nabucodonosor, olhei para o céu e recuperei a razão. Louvei o Deus Altíssimo e dei glória àquele que vive para sempre:
“Ele é quem governa eternamente
e o seu reino seguirá existindo de geração em geração.
35 Os habitantes da terra são insignificantes
se comparados com ele.
Ele sempre faz a sua vontade
seja entre os habitantes do céu,
seja entre os moradores da terra.
Ninguém pode ir contra o seu poder
nem perguntar por que faz o que faz”.
36 —Nesse momento, Deus me curou da minha loucura. Ele me restituiu o reino e a honra que antes eu tinha; meu corpo voltou a ser normal; meus conselheiros e os membros da corte voltaram a confiar em mim. Voltei a ser rei e me tornei mais rico e mais poderoso do que antes. 37 Por isso eu, Nabucodonosor, louvo o Rei do céu, declaro que ele é bendito e lhe dou glória. Suas obras são justas e seus caminhos são retos. Ele é capaz de humilhar os arrogantes.
As palavras que foram escritas na parede
5 O rei Belsazar ofereceu um grande banquete e convidou a mil funcionários da corte. O rei bebeu muito vinho enquanto estava com seus convidados. 2 O rei Belsazar, se sentiu muito alegre após ter bebido muito vinho, e ordenou que lhe trouxessem os copos de ouro e prata que Nabucodonosor, pai[l] de Belsazar, tinha trazido do templo de Jerusalém. Belsazar queria que seus convidados, suas esposas e suas concubinas usassem esses copos na festa. 3 Quando lhe trouxeram os copos de ouro que tinham sido levados do templo de Deus em Jerusalém, o rei, seus convidados, suas esposas e suas concubinas beberam neles. 4 Enquanto bebiam, adoravam a seus deuses de ouro e prata, bronze e ferro, madeira e pedra.
5 Nesse momento, apareceram os dedos de uma mão humana, os quais começaram a escrever sobre o gesso da parede que estava em frente à lâmpada, de modo que o rei podia ver como aquela mão escrevia. 6 O rei ficou pálido de susto e estava confuso; as suas pernas tremiam e os seus joelhos batiam um no outro. 7 Então, o rei ordenou a gritos que lhe trouxessem todos os adivinhos, magos e caldeus. E disse a todos esses sábios da Babilônia:
—Darei um cargo muito importante no meu reino a quem puder ler e explicar para mim o que está escrito. Essa pessoa receberá vestimentas de púrpura, um colar de ouro e será o terceiro homem mais importante em todo o meu reino.
8 Todos os sábios se apresentaram diante do rei, mas ninguém conseguia ler nem entender o que estava escrito. 9 Então os oficiais ficaram muito preocupados e o rei Belsazar ficou tão assustado que ficou mais pálido ainda.
10 A rainha, escutando que Belsazar e seus convidados faziam muito ruído, foi ao salão de festa e disse ao rei:
—Que o rei viva para sempre! Não fique assustado nem pálido. 11 Há no seu reino um homem que tem o espírito dos santos deuses. Quando o seu pai era rei, esse homem demonstrou ter uma grande inteligência e sabedoria. Era a sabedoria dos deuses. O seu pai, o rei Nabucodonosor, nomeou esse homem para ser chefe de todos os adivinhos, feiticeiros, magos e caldeus. 12 Esse homem se chama Daniel e o seu pai lhe deu o nome de Beltessazar. Daniel tem poder espiritual, conhecimento e entendimento para explicar sonhos e solucionar mistérios e problemas. Que ele seja chamado e ele lhe dará a interpretação do que foi escrito na parede.
13 Então levaram Daniel até o rei e este lhe perguntou:
—Você é Daniel? Você veio com os judeus que o meu pai trouxe de Judá à força? 14 Ouvi que você tem o espírito dos deuses; que é brilhante, inteligente e tem muita sabedoria. 15 Todos os sábios e magos vieram aqui para ler e me explicar o que está escrito na parede, mas nenhum deles conseguiu entender uma só palavra. 16 Escutei que você pode interpretar coisas como estas e decifrar mistérios. Se você conseguir ler o que diz na parede e me explicar o seu significado, darei a você uma grande recompensa: receberá vestimentas de púrpura, receberá um colar de ouro e se tornará o terceiro homem mais importante do reino.
17 Daniel respondeu:
—Sua Majestade, guarde seus presentes ou dê os mesmos a outra pessoa. Vou ler o que está escrito na parede e lhe explicar o seu significado. 18 O Deus Altíssimo deu o reino, a grandeza, o poder e a honra ao seu pai, o rei Nabucodonosor. 19 Por causa desse poder que recebeu, pessoas de todas as nações, de todos os povos e de todas as línguas o temiam e respeitavam. Nabucodonosor decidia a quem matava ou a quem deixava viver. Se ele quisesse que alguém se tornasse importante, ele o tornava importante e se ele quisesse que alguém se tornasse desprezível, ele o tornava desprezível. 20 Mas Nabucodonosor se encheu de orgulho e teimosia. Então, o poder que tinha como rei foi tirado dele, e toda a sua glória foi extinta. 21 Ele foi levado para longe das pessoas e começou a se comportar como um animal. Vivia entre as bestas selvagens, comia do pasto como o gado e o orvalho molhava o seu corpo. Até que no fim reconheceu que só o Deus Altíssimo tem poder sobre todos os reinos dos homens. Só Deus decide quem governa os países.
22 —Belsazar, o senhor é filho de Nabucodonosor e é igual a ele. Sabe de tudo o que aconteceu com ele, mas não se comportou com humildade. 23 Ao contrário, o senhor tem se rebelado contra o Senhor do céu. O senhor mandou trazer os copos de ouro e prata que pertencem ao templo e depois, com seus convidados, suas esposas e suas concubinas, bebeu neles. Além disso adorou a deuses de prata e ouro, bronze e ferro, madeira e pedra. Esses deuses são só ídolos falsos que não podem ver, nem ouvir, nem pensar. Mas o senhor não deu honra ao Deus verdadeiro, que tem poder e controla a sua vida e tudo o que o senhor faz. 24 Por isso ele, com a sua mão, escreveu na parede 25 e estas são as palavras que foram escritas: mene, mene, tequel, parsim.
26 —Estas palavras significam o seguinte:
Mene[m]: Deus contou os dias do seu reino e colocou um fim nele.[n]
27 Tequel[o]: Deus colocou o seu reino na balança e decidiu que você não foi um bom governante[p].
28 Parsim[q]: O seu reino foi dividido e agora pertence aos medos e aos persas.
29 No mesmo instante, Belsazar ordenou que Daniel recebesse o que tinha sido prometido a ele: ele foi vestido de púrpura, colocaram o colar de ouro no seu pescoço, e foi nomeado o terceiro homem mais importante do reino. 30 Nessa mesma noite Belsazar, rei dos caldeus, foi assassinado. 31 Dario da Média tinha sessenta e dois anos quando se apoderou do reino.
Daniel na cova dos leões
6 Dario decidiu nomear cento e vinte homens[r] para que governassem as diferentes províncias do seu reino. 2 Além disso, escolheu a três ministros aos quais os cento e vinte governadores das províncias deviam prestar contas. Daniel era um daqueles três ministros. O rei nomeou os ministros para que tudo fosse vigiado e não houvesse nenhum risco. 3 Daniel demonstrou que era muito melhor do que os demais ministros e governadores. O rei estava muito impressionado pelas suas habilidades e sabedoria e queria que ele fosse nomeado como dirigente de todo o reino. 4 Então os demais governadores e ministros procuraram alguma falta na administração que Daniel fazia dos assuntos do reino. Mas não encontraram nada de errado, porque Daniel era um homem confiável e não aceitava subornos nem era corrupto.
5 Então eles disseram:
—Não vamos encontrar nada de errado no seu trabalho, é melhor procurarmos algo na sua religião com o que ele seja acusado.
6 Então foram em grupo para falar com o rei e lhe disseram:
—Que o rei Dario viva para sempre! 7 Sua Majestade, os ministros, prefeitos[s], governadores de províncias e demais colaboradores temos uma proposta. Pensamos em proibir durante trinta dias que as pessoas orem ou façam petições a qualquer deus ou a qualquer pessoa que não seja o rei. Quem não obedecer a esta lei será jogado na cova dos leões. 8 Sua Majestade deve aprovar e assinar o decreto, para que seja uma só lei. Essa lei não poderá ser mudada, porque as leis dos medos e dos persas não podem ser mudadas nem anuladas.
9 Então o rei Dario aprovou e assinou a lei.
10 Daniel, sabendo que o rei tinha assinado essa lei, foi imediatamente para a sua casa, abriu as janelas do segundo andar que davam para Jerusalém e, como sempre tinha feito três vezes ao dia, se ajoelhou para orar e agradecer a Deus.
11 Enquanto isso, aqueles homens foram até a casa de Daniel e o encontraram orando e louvando o seu Deus. 12 Então se apresentaram diante do rei e lhe disseram:
—Sua Majestade, o senhor assinou uma lei proibindo que se orasse ou fizesse petições a qualquer deus ou a qualquer pessoa além do senhor durante trinta dias. Quem não obedecesse seria jogado na cova dos leões, não é verdade?
O rei respondeu:
—É verdade. É uma lei para os medos e persas, e não pode ser nem anulada nem mudada.
13 Então disseram ao rei:
—Daniel, uma das pessoas que foram trazidas à força de Judá, não respeita o senhor nem a lei que o senhor assinou. Em vez disso, ora ao seu Deus três vezes ao dia.
14 O rei ficou muito triste depois de escutar essas palavras. Começou a pensar em alguma solução para salvar Daniel. Esteve até o anoitecer tentando achar uma maneira de salvar Daniel. 15 Mas aqueles homens insistiam com o rei:
—Sua Majestade, o senhor sabe que segundo a lei dos medos e dos persas, as leis e normas assinadas pelo rei não podem ser mudadas.
16 Então o rei lhes ordenou que trouxessem Daniel e o jogassem na cova dos leões. O rei falou a Daniel:
—Espero que seu Deus, a quem você serve com tanta devoção, possa salvá-lo.
17 A seguir, colocaram uma enorme rocha tapando a cova. O rei colocou seu selo e o dos seus altos funcionários para que ninguém pudesse mudar a sentença contra Daniel. 18 O rei foi para o seu palácio. Chegando lá se deitou sem querer jantar e não aceitou nenhuma diversão, embora não conseguisse dormir durante toda aquela noite.
19 No dia seguinte, o rei se levantou assim que saiu o sol e foi para a cova dos leões. 20 Quando chegou ali, gritou:
—Daniel! Você é servo do Deus vivo e sempre está ao seu serviço. O seu Deus conseguiu salvá-lo dos leões?
21 Daniel respondeu:
—Que o rei viva para sempre! 22 O meu Deus enviou o seu anjo para fechar a boca dos leões e não me fizeram nada, porque ele sabe que sou inocente, e que não fiz ao senhor, Sua Majestade, nenhum mal.
23 O rei se alegrou e ordenou que tirasem Daniel da cova dos leões. Quando o tiraram dali, viram que não tinha sequer um só arranhão, porque ele tinha confiado no seu Deus. 24 Então, o rei ordenou que trouxessem diante dele os homens que tinham acusado Daniel. Eles foram trazidos até ali e, a seguir, foram jogados na cova dos leões junto com suas esposas e seus filhos. Apenas entraram na cova foram devorados pelos leões, até mesmo os seus ossos.
25 O rei Dario escreveu esta mensagem para as pessoas de todas as nações e línguas do mundo:
“Meus cumprimentos a todos e desejo que tenham paz e prosperidade.
26 “Ordeno que em todo meu reino, até na mais pequena província, todos adorem e respeitem o Deus de Daniel.
“Ele é o Deus vivo
e existe para sempre.
Seu reino jamais será destruído;
seu poder não tem fim.
27 Ele salva e livra;
faz maravilhas e milagres
tanto na terra como no céu.
Ele salvou Daniel
das garras dos leões”.
28 Daniel continuou sendo muito importante durante o reinado de Dario e também durante o reinado de Ciro, rei da Pérsia.
Daniel sonha com quatro animais
7 Durante o primeiro ano em que Belsazar foi rei[t] de Babilônia, eu, Daniel, tive um sonho e, enquanto estava na minha cama, tive visões na minha mente. Ao acordar, anotei o mais importante do sonho. A seguir irei falar a respeito do que eu escrevi.
2 Tive uma visão durante a noite. Vi que sopravam os quatro ventos do céu e faziam com que o grande mar ficasse agitado. 3 De repente, quatro animais gigantes saíram da água. Todos eram diferentes. 4 O primeiro parecia um leão com asas de águia. Enquanto eu olhava, as suas asas foram tiradas e ele foi levantado para que ficasse sobre dois pés como um homem. E foi lhe dada uma mente[u] de ser humano. 5 Logo vi outro animal. Este segundo animal parecia um urso e um dos seus lados estava levantado. Tinha três costelas entre seus dentes e uma voz lhe dizia:
—Fique em pé e coma toda a carne que você desejar.
6 Depois, continuei olhando e vi outro animal que parecia um leopardo com quatro asas nas costas e quatro cabeças. A este animal lhe foi dado poder para governar. 7 Logo depois vi na minha visão o quarto animal. Era um animal terrível, espantoso e de uma força impressionante. Tinha dentes de ferro e devorava várias criaturas. Destruía os ossos delas e pisoteava o que sobrava. Era muito diferente dos outros três animais e tinha dez chifres. 8 Eu estava olhando os chifres quando surgiu outro entre os dez que já tinha e quebrou três deles. Este novo chifre tinha olhos de ser humano e uma boca que louvava seu grande poder.
O juízo do quarto animal
9 Enquanto olhava, apareceram alguns tronos
e o Ancião venerável[v] se sentou no seu trono.
Sua roupa era branca como a neve;
seu cabelo era branco como a lã pura.
Seu trono era de fogo,
e as chamas eram as suas rodas.
10 Um rio de chamas
corria diante dele.
Milhares o serviam,
milhões estavam na sua frente.
Parecia que um juízo estava prestes a começar,
e os livros foram abertos.
11 Eu continuava impressionado olhando a boca do chifre que louvava seu grande poder. Enquanto isso, mataram aquele animal, fizeram que ficasse em pedaços e o queimaram. 12 Com relação aos outros animais, tiraram deles o poder que tinham, mas os deixaram viver por mais um pouco.
13 Eu continuava com estas visões durante a noite. De repente, vi que saía do meio das nuvens alguém parecido com um ser humano[w]. Chegou perto do Ancião venerável e foi apresentado a ele. 14 Foi dado a ele poder, glória e autoridade para que todos os povos, nações e línguas o sirvam. Seu domínio não terá fim e seu reino nunca será destruído.
A interpretação do sonho
15 Eu, Daniel, estava angustiado e o que tinha visto na visão me deixou preocupado. 16 Então cheguei perto de um dos que serviam ao Ancião venerável e lhe pedi que me explicasse tudo isso. Ele me explicou:
17 —Os quatro animais representam quatro reis que vão governar na terra. 18 Mas os santos de Deus receberão o reino e governarão para sempre.
19 Eu queria saber o que representava o quarto animal, que era muito diferente dos outros. Esse animal era terrível, assustador e de uma força impressionante. Tinha dentes de ferro e garras de bronze. Ele devorava e triturava tudo, e pisoteava com as patas o que sobrava. 20 Queria saber o significado dos dez chifres da cabeça, e do último que surgiu e quebrou três dos dez chifres que já tinha. Este novo chifre tinha olhos de homem e uma boca que louvava o seu grande poder; seu tamanho era maior do que os outros. 21 Enquanto eu olhava, esse pequeno chifre começou a lutar contra os santos de Deus e os derrotava. 22 Até que apareceu o Ancião venerável e favoreceu os santos do Deus Altíssimo. Por isso os santos derrotaram o monstro e se apoderaram do reino.
23 Então, aquele que me estava explicando disse:
—O quarto animal é o quarto reino, que é diferente dos outros reinos. Devorará toda a terra, pisará nela e a destruirá. 24 Os dez chifres representam os dez reis desse reino. Depois deles virá outro rei que será muito diferente dos outros. Esse novo rei tirará do poder três reis. 25 Ele falará contra o Deus Altíssimo e causará dano e sofrimento aos santos de Deus. Também tratará de mudar a lei e os costumes. Os santos de Deus estarão sob seu poder durante três anos e meio. 26 Mas depois se fará justiça. Todo poder será tirado dele e o seu reino será totalmente destruído. 27 Quando isso acontecer, todo poder e todos os reinos da terra estarão nas mãos dos santos de Deus. Eles governarão para sempre e o reino deles não terá fim. Todos os governadores e todas as pessoas os respeitarão e estarão ao seu serviço.
28 Esse foi o final do sonho, mas eu, Daniel, seguia muito preocupado e pálido, por isso não podia deixar de pensar nisso.
A visão do carneiro e do bode
8 Durante o terceiro ano em que Belsazar foi rei, eu, Daniel, tive outra visão. Esta visão aconteceu[x] depois da primeira. 2 A seguir falarei a respeito da visão que tive.
Eu estava à margem do rio Ulai, na cidade de Susã, que é a capital da província de Elão. 3 Quando levantei o olhar, vi um carneiro à margem do rio. Tinha dois chifres muito compridos, mas um era mais comprido do que o outro, embora tivesse nascido depois. 4 Vi que o carneiro atacava com seus chifres em direção ao oeste, ao norte e ao sul. Animal algum podia enfrentar o carneiro e nada nem ninguém podia ajudar os outros animais. O carneiro continuava fazendo o que queria e cada vez ficava mais poderoso.
5 Enquanto olhava o carneiro, vi que um bode surgia desde o oeste. O bode andava por toda a terra sem tocar o chão. Além disso, o bode tinha um chifre muito grande entre os olhos. 6 O carneiro dos chifres compridos continuava à margem do rio, e o bode, furioso, saiu correndo em direção ao carneiro. 7 Vi que o bode bateu no carneiro e quebrou os seus dois chifres. O carneiro ficou caído no chão e o bode pisoteou nele e o deixou sem força. Nada nem ninguém conseguiu salvar o carneiro.
8 O bode ficava cada vez mais forte e, quando conseguiu ter mais poder, o chifre se quebrou. Em seguida, surgiram quatro chifres substituindo aquele que tinha se quebrado. Os quatro novos chifres eram muito compridos e tinham crescido em quatro diferentes direções. 9 De um desses chifres surgiu um chifre menor, que tinha crescido em direção ao sul e ao leste. Esse chifre tinha crescido em direção da nossa terra formosa.[y] 10 Esse chifre menor cresceu tanto que chegou até o céu; ali derrubou algumas estrelas, as fez cair até o chão e as pisoteou. 11 O sol era a maior estrela, mas o chifre continuou crescendo e ficou maior do que o sol. O chifre derrotou o sol e destruiu o seu templo. 12 O chifre fez maldades: não permitiu que se oferecessem os sacrifícios diários e colocou a verdade no chão. Enfim, continuou fazendo o que bem queria e era bem-sucedido em tudo.
13 Depois escutei que um dos santos estava falando e outro lhe perguntou quanto tempo mais iria durar o que estava acontecendo com os sacrifícios diários e quando iriam terminar estas terríveis ofensas e pisoteios contra o santuário e as estrelas sagradas. 14 O santo respondeu que isto iria acontecer durante 2.300 dias. Depois disso, o santuário iria ser purificado.
15 Eu, Daniel, tive essa visão e tentava entender o seu significado. Enquanto pensava nisso, apareceu diante de mim alguém que parecia um homem. 16 Então, escutei uma voz que vinha do rio e dizia:
—Gabriel,[z] explique a este homem o que ele viu.
17 Então ele se aproximou de mim, e eu, muito assustado, cai no chão. Porém, ele me falou:
—Homem, entenda que esta visão mostra coisas que acontecerão no futuro.
18 Quando ele falou comigo, eu desmaiei mas ele me levantou e me colocou em pé. 19 Então me disse:
—Agora vou explicar o que você viu. Vou falar para você o que irá acontecer no final do tempo de ira, no tempo estabelecido para o fim. 20 O carneiro dos dois chifres representa os reis da Média e da Pérsia; 21 o bode representa o rei da Grécia. O chifre grande, que o bode tem entre os olhos, é o primeiro rei. 22 Os quatro chifres, que surgiram no lugar do primeiro chifre após este se partir, representam quatro reinos que provêm do primeiro reino, embora não serão tão fortes como esse.
23 —Quando esses reinos estejam perto do seu fim, existirá então muita gente má e trapaceira. Então surgirá um rei teimoso e muito trapaceiro. 24 Esse rei será muito forte e poderoso, mas não pelo seu próprio esforço.[aa] Causará destruição e será bem-sucedido no que faça. Esse rei destruirá muitos líderes poderosos e muitas pessoas santas. 25 Esse rei será muito inteligente, mas usará a sua inteligência para fazer as suas trapaças e destruir muitas pessoas. Trairá a muitos e os destruirá quando ninguém estiver esperando. Achará que é muito importante e enfrentará o Príncipe dos príncipes, mas esse rei será destruído e a sua destruição não será por mãos humanas. 26 A visão desses tempos das manhãs e das tardes é certa, mas faça com que ela fique selada, porque essas coisas levarão muito tempo para acontecer.
27 Eu, Daniel, estive doente durante vários dias. Após esses dias, eu retornei ao meu trabalho com o rei. Mas continuava preocupado e pasmo pela visão, pois não tinha entendido o seu significado.
A oração de Daniel
9 Dario era o filho de Assuero[ab] e pertencia à nação dos medos. Dario governava sobre a Babilônia, o reino dos caldeus. 2 Durante o primeiro ano do reinado de Dario, eu, Daniel, estava lendo as Escrituras num certo dia. Enquanto lia, comecei a perceber que a mensagem do SENHOR ao profeta Jeremias falava do templo de Jerusalém ficar em ruínas durante setenta anos. 3 Então decidi orar ao Senhor, meu Deus, e pedir a sua ajuda. Não comi nada, mas vesti roupas de luto e coloquei cinzas na minha cabeça. 4 Orei ao SENHOR, meu Deus, e lhe confessei as minhas faltas. Falei para ele:
—O Senhor é um Deus grande e poderoso, que guarda a aliança e protege aos que lhe amam e cumprem os seus mandamentos. 5 Nós temos pecado, cometido crimes, e sido malvados, afastando-nos do Senhor e dos seus ensinos. 6 Não demos a importância necessária às palavras dos profetas, seus servos, os quais falavam no seu nome aos nossos reis, aos nossos príncipes, aos nossos pais, e a todo o povo.
7 —O Senhor é bondoso e justo conosco. O Senhor nos tirou da nossa terra por causa dos nossos pecados. O Senhor fez o que é justo e a culpa é nossa. Os homens de Judá e os habitantes de Jerusalém estão envergonhados. Todos os israelitas, não importando o país onde estejam morando, se é longe ou perto, sentem vergonha pelas faltas que cometeram contra o Senhor. 8 SENHOR, todos nossos reis, nossos governantes e nossos pais pecaram e por isso sentimos muita vergonha. 9 O Senhor é compassivo e perdoa ainda que tenhamos nos rebelado. 10 Não temos obedecido aos seus ensinos, SENHOR, pois nos deu esses ensinos através dos seus profetas, mas nós não os temos escutado. 11 O povo de Israel não obedeceu aos seus ensinos nem os cumpriu, por isso recai sobre nós a maldição e o juramento que estão escritos na lei do seu servo Moisés. 12 O Senhor nos alertou que nós e os nossos líderes iríamos ter um castigo. E assim aconteceu. Jerusalém foi destruída e todo o povo sofreu muito. Povo algum sobre a terra tem sofrido tanto como o povo de Jerusalém. 13 O castigo que foi anunciado pela lei de Moisés se cumpriu tal como estava escrito. Entretanto, nós não mudamos o nosso mau comportamento. Ao contrário, continuamos ofendendo ao SENHOR, nosso Deus, e não obedecemos à sua verdade. 14 O SENHOR, nosso Deus, esteve alerta a isso e enviou a desgraça contra nós, pois o SENHOR é justo em tudo o que faz e nós não lhe obedecemos.
15 —O Senhor libertou o povo de Israel com grande poder e desde então até hoje o seu nome ficou famoso, mas nós temos pecado e temos cometido maldades. 16 Meu Senhor, como é bondoso e justo. Suplico ao Senhor que não continue irado com Jerusalém, que é a sua cidade e o seu monte santo. Nós e os nossos pais cometemos muitos pecados, por isso as pessoas das nações vizinhas zombam do seu povo.
17 —Deus, nosso Senhor, suplico que escute esta oração do seu servo. Pelo bem do seu povo e de todos, peço que nos ajude e que tenha compaixão da dor que a destruição do seu templo tem causado. 18 Deus meu, me escute! Olhe as ruínas da cidade que leva o seu nome. Estou suplicando pela sua misericórdia, porque sei que não temos nos comportado bem. Suplico ao Senhor porque sei que é bondoso e misericordioso. 19 Deus meu, escute a minha oração e perdoe à gente. Deus meu, atenda a gente e não tarde em nos ajudar por amor a si mesmo, e pelo bem do seu povo e da cidade na qual invocamos o seu nome.
A visão das setenta semanas
20 Eu estava orando e confessando os meus pecados e os do povo de Israel. Estava pedindo ao SENHOR, meu Deus, que ajudasse o seu monte santo. 21 Enquanto eu orava, chegou perto de mim o mesmo Gabriel que apareceu a mim uma vez em sonhos. Veio voando no momento da oferta da tarde. 22 Gabriel me ajudou a entender o que não compreendia e me disse:
—Daniel, vim para cá para ajudá-lo a entender. 23 Quando você começou a sua oração, Deus respondeu. Vim para lhe dizer que Deus ama você e que irá entender a visão que teve porque é um homem inteligente. 24 Deus deu ao seu povo e à cidade santa um prazo de setenta semanas.[ac] Durante esse tempo as pessoas deverão deixar a maldade e o pecado. Elas têm que procurar a purificação pelos erros cometidos. Devem promover uma justiça que dure para sempre. Assim, a visão revelada será confirmada e o lugar santíssimo será consagrado.
25 —Daniel, entenda muito bem o que irei lhe dizer. Passarão sete semanas desde o momento em que a ordem de retornar e reconstruir Jerusalém for dada até que chegue o rei escolhido.[ad] Jerusalém terá de novo uma praça e um canal ao redor para se proteger. A construção durará sessenta e duas semanas, mas existirá muito sofrimento nesse tempo. 26 Quando passem as sessenta e duas semanas, o rei escolhido morrerá e ficará sem nada. Então, o povo do seguinte governante destruirá a cidade e o santuário. O fim chegará como uma inundação. Haverá guerra até o fim e tudo ficará totalmente destruído, como Deus o determinou. 27 Depois, o governante fará uma aliança com muita gente durante uma semana. As ofertas ficarão interrompidas durante meia semana. Em vez delas, um homem destruidor porá ídolos abomináveis,[ae] mas Deus já ordenou que o destruidor seja completamente destruído.
A visão no rio Tigre
10 Ciro levava três anos como rei da Pérsia, quando eu, Daniel, chamado também de Beltessazar, recebi uma mensagem, que embora fosse verdadeira, era muito difícil de entender. Eu fiz muito esforço para entender a mensagem mas finalmente consegui compreender todas as imagens.
2 Nesse tempo, eu, Daniel, estive muito triste durante três semanas. 3 Nessas três semanas não comi nenhuma comida deliciosa, nem comi carne nem bebi vinho, nem coloquei azeite na minha cabeça. 4 No dia vinte e quatro do primeiro mês, eu estava à margem do grande rio Tigre. 5 Num determinado momento levantei o meu olhar e vi um homem vestido com uma túnica de linho e um cinto de ouro. 6 Seu corpo parecia uma pedra preciosa. Seu rosto resplandecia como um relâmpago, seus olhos brilhavam como chamas de fogo, seus braços e pernas pareciam bronze polido e, quando falava, sua voz se ouvia como se toda uma multidão estivesse falando.
7 Tinha gente comigo, mas só eu, Daniel, consegui ver aquele homem. Entretanto, os que estavam ao meu lado se assustaram tanto que saíram correndo para se esconder. 8 Então eu fiquei sozinho olhando essa grande visão. O terror me deixou sem forças e perdi completamente meu vigor habitual. 9 O homem começou a falar e eu caí desmaiado, batendo o rosto no chão. 10 Em seguida senti uma mão que me tocou e me sacudiu fazendo com que eu me mexesse, apoiando-me sobre as minhas mãos e sobre os meus joelhos. 11 O homem me disse:
—Estimado Daniel, preste atenção ao que vou lhe falar. Fique em pé, porque fui enviado até você.
Quando disse isso, eu me levantei tremendo. 12 Ele continuou falando comigo:
—Daniel, não tenha medo. Deus escutou a sua oração desde o primeiro dia em que você decidiu entender as coisas difíceis e se humilhar com jejum. Por isso estou aqui. 13 Miguel,[af] um dos príncipes mais importantes, me ajudou; porque eu fui detido ali junto com os reis da Pérsia. 14 Vim para ajudá-lo a compreender o que vai acontecer com o seu povo nos últimos dias. Pois essa visão que teve é sobre o futuro.
15 Enquanto ele dizia isso, eu permanecia com a cabeça baixa, sem pronunciar uma só palavra. 16 Nesse momento apareceu alguém parecido com um ser humano e tocou nos meus lábios. Eu tornei a falar de novo e disse ao anjo que estava na minha frente:
—Senhor, apenas tive essa visão senti câimbra e perdi o controle do meu corpo. 17 Senhor, sou Daniel, seu servo, e sinto vergonha pelo que tem acontecido comigo. Acha possível que eu possa seguir falando com o Senhor? Neste momento ainda me falta fôlego.
18 Nesse instante, aquele que parecia um ser humano se aproximou de mim, me tocou e comecei a me sentir melhor. 19 Ele me disse:
—Daniel, não tenha medo. Deus ama você. Recupere a sua força e seja corajoso.
Enquanto ele falava comigo, eu comecei a me sentir melhor e disse:
—Senhor, fale comigo. As minhas forças já voltaram.
20 Ele disse:
—Sabe por que estou aqui com você? Pronto devo retornar para lutar contra o príncipe da Pérsia. Quando eu for embora, o príncipe da Grécia chegará. 21 Mas lhe direi o que está escrito no livro da verdade. Ninguém foi o suficientemente valente para me ajudar contra os persas. Só Miguel teve a coragem de me ajudar. Miguel é o príncipe que governa o seu povo.
11 E o anjo continuou:
—Durante o primeiro ano[ag] do reinado de Dario da Média, eu ajudei e acompanhei Miguel na sua luta contra o príncipe da Pérsia. 2 A seguir vou lhe contar a respeito da mensagem verdadeira.
—Haverá três reis na Pérsia. Então, aparecerá o quarto rei, o qual terá muito mais riquezas que todos os reis anteriores. Esse rei vai utilizar as suas riquezas para conseguir muito poder, e com seu poder fará que todos os demais estejam contra o reino da Grécia. 3 Logo depois governará um rei muito poderoso. Esse rei construirá um grande império e fará tudo o que for da sua vontade. 4 Mas no momento em que o rei tiver mais poder, seu reino será dividido em quatro partes: norte, sul, leste e oeste. Seus descendentes não receberão esse reino como herança e esse reino não será tão poderoso, porque será entregue a mãos estranhas.
5 —O rei do sul será forte, mas um de seus generais será mais forte do que ele e terá um império enorme. 6 Depois de algum tempo, o rei do sul e o rei do norte farão uma aliança. Com o objetivo de manter a aliança, o rei do sul dará a sua filha em matrimônio ao rei do norte, mas fracassará, porque tanto ela como seu filho, seu protetor e seus criados serão assassinados. 7 Entretanto, um descendente da filha do rei chegará ao poder, atacará a fortaleza do rei do norte e se apropiará dela. 8 Levarão para o Egito vários objetos de ouro e prata e as estátuas dos deuses. Depois os deixará tranquilos durante vários anos. 9 E o rei do norte atacará ao rei do sul, mas terá que retornar à sua terra.
10 —Então os filhos do rei do norte farão os preparativos para a guerra e formarão um grande exército. Com seu exército conseguirão avançar tão rapidamente como uma inundação e chegarão até a fortaleza do rei do sul. 11 O rei do sul ficará tão chateado que sairá para combater e vencerá a batalha contra o grande exército do rei do norte. 12 O rei do sul derrotará aquele grande exército e matará milhares de pessoas. Ficará orgulhoso por isso, mas seu poder não durará muito tempo. 13 Anos depois, o rei do norte voltará a combater. Desta vez terá um exército muito maior que aquele que teve e muitas mais armas.
14 —Nesse momento, terá muita gente contra o rei do sul. Até alguns homens do seu povo, os quais gostam da guerra, irão contra o rei do sul para cumprir uma visão, mas não ganharão. 15 O rei do norte seguirá avançando com seu exército, construirá uma rampa ao redor de uma cidade cheia de muralhas e a conquistará. O exército do sul não poderá lutar contra o exército do norte. Nem os soldados mais valentes conseguirão deter aquele exército. 16 O exército do norte fará tudo o que quiser porque ninguém o poderá enfrentar. O rei do norte ganhará muito poder e controlará nossa formosa terra. Seu poder será suficiente inclusive para destruir a nossa terra. 17 O rei do norte desejará controlar todo o território e por isso fará uma aliança com o rei do sul. Com o propósito de destruir o rei do sul, o rei do norte lhe dará uma das suas filhas em matrimônio, mas não terá êxito nos seus planos. 18 Depois, o rei do norte dirigirá a sua atenção aos países da costa e conquistará muitas cidades, mas um oficial acabará com os seus insultos. Esse oficial fará com que o rei do norte fique envergonhado. 19 Então o rei do norte terá que retornar à sua própria terra. Estará debilitado e derrotado e não se voltará a saber dele coisa alguma.
20 —Logo depois chegará outro rei que enviará a um cobrador de impostos a recolher dinheiro para enriquecer o seu reino, mas depois de alguns dias esse rei será destruído, ainda que isso não aconteça numa batalha. 21 Em seguida haverá outro rei malvado e cruel. Esse homem não pertencerá a família alguma de reis. Por isso se apropriará do poder com intrigas e atacará a cidade quando esta esteja tranquila. 22 Esse rei destruirá exércitos grandes e poderosos, inclusive derrotará o príncipe da aliança. 23 Esse homem malvado e cruel fará alianças com muita gente, mas enganará a todos. Ele terá muito poder, mas só será apoiado por poucas pessoas. 24 Quando as cidades tiverem paz e tranquilidade, esse homem malvado e cruel as atacará sem que ninguém esteja esperando por isso. Fará o que nem seus pais nem seus avós fizeram, repartirá as riquezas e a pilhagem, atacará com enganos as fortalezas. Terá êxito, mas só por um tempo.
25 —Então esse homem malvado reunirá o seu exército para lutar contra o rei do sul. O rei do sul terá um exército grande e poderoso para combater, mas terá gente que o trairá, e ele será derrotado. 26 Muitas pessoas que diziam ser amigas do rei do sul tentarão destruí-lo. O exército do sul será derrotado e muitos soldados morrerão na batalha. 27 Esses dois reis farão de tudo para um destruir o outro. Sentarão juntos à mesa e só falarão mentiras, mas nada disso adiantará: Deus já tem planejado o fim de cada um. 28 O rei do norte retornará à sua terra com muitas riquezas. Logo depois não medirá esforços para fazer maldades contra a aliança sagrada.[ah] Fará tudo o que tinha planejado e, então, retornará à sua terra.
29 —No momento indicado, o rei do norte atacará de novo as terras do sul. Mas desta vez não terá o êxito da primeira vez. 30 Os barcos que vêm desde Chipre atacarão o rei do norte e o obrigarão a se retirar. O rei do norte ficará furioso e descarregará todo seu ódio contra a aliança sagrada. Logo depois retornará à sua terra e ajudará aos que não aceitaram a aliança sagrada. 31 O rei do norte enviará o seu exército para cometer toda classe de atrocidades no templo de Jerusalém. Farão coisas terríveis e não deixarão que o povo faça as ofertas diárias. Levarão até ali o ídolo abominável.
32 —O rei do norte utilizará das suas adulações e mentiras para se aproveitar dos que quebram a aliança sagrada. Mas os que conhecem mesmo a Deus continuarão firmes em cumprir a aliança. 33 Os homens que forem sábios ajudarão para que muita gente entenda o que acontece. Mas também os sábios terão que sofrer muito. Alguns serão mortos com espadas e outros serão queimados. Muitos serão levados presos e a outros tirarão tudo o que eles têm. 34 Quando sofram tantos castigos, os sábios conseguirão alguma ajuda, mas muitos dos que se unirem a eles o farão com más intenções. 35 Alguns dos sábios terão dúvida, mas com a perseguição serão purificados, aperfeiçoados e sem pecado até o momento final, que já está determinado.
O rei arrogante
36 —O rei do norte fará tudo o que tiver vontade. Ficará tão orgulhoso e poderoso que achará que é mais importante que um deus. Falará coisas espantosas do Deus dos deuses e achará que a sua maldade vai ter êxito até o final. Mas Deus já determinou o que acontecerá. 37 O rei do norte não ligará para os deuses que os seus pais adoravam. Não ligará para o deus que as mulheres adoram. Dito de outra forma: não ligará para nenhum deus. Achará que está por cima de tudo. 38 O rei do norte não adorará a nenhum deus, mas adorará ao poder e à força. Os seus pais não ligaram tanto para o poder e a força quanto ele liga. Mas para o rei do norte o poder e a força se constituirão no seu deus e este adorará a esse deus com ouro, prata, joias e presentes caros. 39 O rei do norte atacará grandes fortalezas e as derrubará com a ajuda de seu suposto deus. O rei dará importância e honra a quem adore ao seu deus. A eles lhes dará controle sobre o povo e lhes entregará parte de seu território. Cada um deles governará o território que receber e pagará uma quota pelo governo que fizer.
40 —No momento final, o rei do sul e o rei do norte terão um confronto. O rei do norte atacará o rei do sul com carruagens de combate, tropas de cavalos e barcos. O rei do norte virá como se fosse uma grande inundação acabando com tudo por onde ela passa. 41 O rei do norte também invadirá a nossa formosa terra e haverá muitos mortos, mas se salvarão os moradores de Edom e Moabe e os líderes de Amom. 42 O rei do norte seguirá atacando muitos países e chegará até o Egito. 43 Ficará com o ouro, a prata e as riquezas do Egito. Mais tarde chegará até a Líbia e Etiópia, 44 mas receberá notícias do leste e do norte que o deixarão furioso e assustado. Então sairá furioso para destruir totalmente muitas nações. 45 Ele armará as suas tendas entre o mar e o formoso monte santo.[ai] Ali o malvado rei do norte morrerá e não terá ninguém que o ajude quando chegue o seu fim.
12 E o anjo continuou:
—Nesse momento chegará o grande príncipe Miguel[aj], o qual protege ao seu povo.
“Será um tempo de muitas dificuldades e angústia,
nunca antes aconteceu algo assim de ruim
desde que as nações surgiram sobre a terra.
Mas nesse momento, todos os do seu povo,
cujos nomes estejam escritos no livro,
conseguirão se salvar.
2 A grande quantidade de mortos
que descansa debaixo da terra[ak] se levantará.
Alguns irão disfrutar da vida eterna,
e outros serão envergonhados
e rejeitados para sempre.
3 Os mestres sábios brilharão
como a pureza do céu
e os que ensinaram ao povo
a seguir o caminho certo
brilharão para sempre
como as estrelas”.
4 —Daniel, guarde estas palavras como um segredo e sele o livro até o fim. Muita gente irá de um lado ao outro tentando achar o verdadeiro conhecimento. E o conhecimento aumentará.
5 Então, eu, Daniel, vi que outras duas pessoas estavam de pé. Cada uma delas estava numa das margens do rio. 6 O homem vestido com a túnica de linho estava sobre as águas do rio. Um dos homens que estava à margem lhe perguntou:
—Quanto tempo falta até que todas essas coisas maravilhosas aconteçam?
7 O homem vestido de linho que estava sobre as águas levantou as mãos em direção ao céu. Escutei que ele fez uma promessa no nome do Deus que vive para sempre e disse:
—Serão três anos e meio.[al] O poder do povo santo será destruído e depois acontecerá tudo isto.
8 Escutei o que o homem falou mas não entendi bem. Por isso lhe preguntei:
—Meu Senhor, o que vem depois de tudo isso acontecer?
9 Ele me respondeu:
—Daniel, siga o seu caminho. Tudo isso é um segredo e a mensagem seguirá oculta até o momento final. 10 Muita gente será provada e sairá purificada e aperfeiçoada. Mas os que têm sido malvados não mudarão e não entenderão nada disto. Em contrapartida, os homens sábios entenderão tudo e muito bem.
11 —Passarão 1.290 dias desde a proibição da oferta diária até que o ídolo abominável seja colocado no templo. 12 Será muito afortunado quem conseguir esperar e sobreviver os 1.335 dias. 13 Daniel, agora siga o seu caminho até o final. Você descansará e, então, nos últimos dias, se levantará para receber a sua recompensa.
Footnotes
- 1.3 chefe (…) sua corte Literalmente, “chefe dos seus eunucos”. Ver Eunuco no vocabulário.
- 1.8 contaminar A lei israelita proibia comer certos alimentos. Comer esses alimentos significava “ficar contaminado” no sentido religioso. Ver Lv 11–15 onde são estabelecidas as normas sobre os alimentos que contaminam e os que não contaminam.
- 1.21 o primeiro ano do reinado de Ciro 539–538 a.C.
- 2.1 segundo ano Daniel usa aqui provavelmente o sistema cronológico babilônico, que costumava contar um reinado a partir do começo do primeiro ano completo do calendário. Não levava em conta o primeiro ano parcial em que o rei assumia o trono.
- 2.4 aramaico Idioma oficial do império babilônico. Este idioma, usado por pessoas de muitos países, era a língua internacional. O texto de Daniel daqui em diante até o 7.28 está escrito em aramaico.
- 2.24 Não mate (…) Babilônia Ou “Não mate nenhum outro adivinho da Babilônia”.
- 2.35 montanha Ou “fortaleza”.
- 3.17 O Deus (…) seu castigo Ou “Nosso Deus, a quem servimos, na realidade existe!”
- 3.25 deus Literalmente, “filho dos deuses”.
- 4.8 espírito (…) deuses Ou “Espírito do Deus Santo”. Parece que Nabucodonosor acreditava em vários deuses.
- 4.16 anos Literalmente, “estações”.
- 5.2 pai Ou “antepassado”. Houve vários reis entre Nabucodonosor e Belsazar na Babilônia. “Pai” pode se referir aqui a um “antepassado” ou, talvez, Nabonido, o pai de Belsazar, usou o nome de Nabucodonosor como um título de honra. Igualmente nos versículos 4,12,13,19.
- 5.26 Mene Significa “contar” ou “contado” e é uma unidade de medida.
- 5.26 Deus (…) nele Este é um jogo de palavras que também pode ser entendido da seguinte forma: “Deus mediu o seu reino para determinar quanto vale e o comprou”.
- 5.27 Tequel Significa “pesar” ou “pesado” e indica um valor monetário. É como a palavra hebraica “shekel”.
- 5.27 você (…) governante Literalmente, “você não conseguiu pesar o suficiente”.
- 5.28 Parsim Literalmente, “peres”. Significa “dividir” ou “partir em dois” e indica um valor monetário. Lembra o nome “Pérsia”.
- 6.1 homens Literalmente, “sátrapas”, governadores das províncias persas.
- 6.7 prefeitos Funcionários de alto escalão.
- 7.1 o primeiro ano em que Belsazar foi rei 533 a.C.
- 7.4 mente Literalmente, “coração”.
- 7.9 Ancião venerável Literalmente, “Ancião de dias”. Esta é uma forma de se referir ao eterno Deus.
- 7.13 ser humano Literalmente, “filho de homem”.
- 8.1 Esta visão aconteceu Daqui em diante o livro de Daniel está escrito em hebraico. Dn 2.7–7.28 está escrito em aramaico, o idioma oficial do império babilônico.
- 8.9 nossa terra formosa É uma referência a Israel.
- 8.16 Gabriel Este nome significa “guerreiro de Deus”.
- 8.24 mas não (…) esforço Alguns manuscritos da LXX não têm estas palavras, as quais podem ter sido copiadas por engano do v22.
- 9.1 Assuero Ou “Xerxes”.
- 9.24 setenta semanas Quer dizer, setenta semanas de anos, ou seja 490 anos. Ver Lv 26.18-45.
- 9.25 rei escolhido Literalmente, “Messias Príncipe”.
- 9.27 Em vez (…) abomináveis Ou “vem um destruidor entre asas de abominação”.
- 10.13 Miguel É uma referência ao arcanjo Miguel.
- 11.1 o primeiro ano 521 a.C.
- 11.28 aliança sagrada Possivelmente se refere ao povo judeu.
- 11.45 formoso monte santo É o monte sobre o qual a cidade de Jerusalém está construída.
- 12.1 príncipe Miguel É o arcanjo Miguel.
- 12.2 descansa debaixo da terra Literalmente, “que dorme no pó do chão”.
- 12.7 três anos e meio Literalmente, “uma estação, estações e meia”.
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