Salmos 78
Almeida Revista e Corrigida 2009
A salvação que Deus concedeu a Israel. A rebelião contra ele. Deus escolheu Judá e Davi para pastorear Israel
Masquil de Asafe
78 Escutai a minha lei, povo meu; inclinai os ouvidos às palavras da minha boca. 2 Abrirei a boca numa parábola; proporei enigmas da antiguidade, 3 os quais temos ouvido e sabido, e nossos pais no-los têm contado. 4 Não os encobriremos aos seus filhos, mostrando à geração futura os louvores do Senhor, assim como a sua força e as maravilhas que fez.
5 Porque ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e pôs uma lei em Israel, e ordenou aos nossos pais que a fizessem conhecer a seus filhos, 6 para que a geração vindoura a soubesse, e os filhos que nascessem se levantassem e a contassem a seus filhos; 7 para que pusessem em Deus a sua esperança e se não esquecessem das obras de Deus, mas guardassem os seus mandamentos 8 e não fossem como seus pais, geração contumaz e rebelde, geração que não regeu o seu coração, e cujo espírito não foi fiel para com Deus.
9 Os filhos de Efraim, armados e trazendo arcos, retrocederam no dia da peleja. 10 Não guardaram o concerto de Deus e recusaram andar na sua lei. 11 E esqueceram-se das suas obras e das maravilhas que lhes fizera ver, 12 maravilhas que ele fez à vista de seus pais na terra do Egito, no campo de Zoã. 13 Dividiu o mar, e os fez passar por ele; fez com que as águas parassem como num montão. 14 De dia os guiou com uma nuvem, e toda a noite, com um clarão de fogo. 15 Fendeu as penhas no deserto e deu-lhes de beber como de grandes abismos. 16 Fez sair fontes da rocha e fez correr as águas como rios.
17 E ainda prosseguiram em pecar contra ele, provocando ao Altíssimo na solidão. 18 E tentaram a Deus no seu coração, pedindo carne para satisfazerem o seu apetite. 19 E falaram contra Deus e disseram: Poderá Deus, porventura, preparar-nos uma mesa no deserto? 20 Eis que feriu a penha, e águas correram dela; rebentaram ribeiros em abundância; poderá também dar-nos pão ou preparar carne para o seu povo?
21 Pelo que o Senhor os ouviu e se indignou; e acendeu um fogo contra Jacó, e furor também subiu contra Israel, 22 porquanto não creram em Deus, nem confiaram na sua salvação, 23 posto que tivesse mandado às altas nuvens, e tivesse aberto as portas dos céus, 24 e fizesse chover sobre eles o maná para comerem, e lhes tivesse dado do trigo do céu. 25 Cada um comeu o pão dos poderosos; ele lhes mandou comida com abundância. 26 Fez soprar o vento do Oriente nos céus e trouxe o Sul com a sua força. 27 E choveu sobre eles carne como pó, e aves de asas como a areia do mar. 28 E as fez cair no meio do seu arraial, ao redor de suas habitações. 29 Então, comeram e se fartaram bem; pois lhes satisfez o desejo. 30 Não refrearam o seu apetite. Ainda lhes estava a comida na boca, 31 quando a ira de Deus desceu sobre eles, e matou os mais fortes deles, e feriu os escolhidos de Israel.
32 Com tudo isto, ainda pecaram e não deram crédito às suas maravilhas. 33 Pelo que consumiu os seus dias na vaidade e os seus anos, na angústia. 34 Pondo-os ele à morte, então, o procuravam; e voltavam, e de madrugada buscavam a Deus. 35 E lembravam-se de que Deus era a sua rocha, e o Deus Altíssimo, o seu Redentor. 36 Todavia, lisonjeavam-no com a boca e com a língua lhe mentiam. 37 Porque o seu coração não era reto para com ele, nem foram fiéis ao seu concerto. 38 Mas ele, que é misericordioso, perdoou a sua iniquidade e não os destruiu; antes, muitas vezes desviou deles a sua cólera e não deixou despertar toda a sua ira, 39 porque se lembrou de que eram carne, um vento que passa e não volta.
40 Quantas vezes o provocaram no deserto e o ofenderam na solidão! 41 Voltaram atrás, e tentaram a Deus, e duvidaram do Santo de Israel. 42 Não se lembraram do poder da sua mão, nem do dia em que os livrou do adversário; 43 como operou os seus sinais no Egito e as suas maravilhas no campo de Zoã; 44 e converteu em sangue os seus rios e as suas correntes, para que não pudessem beber. 45 E lhes mandou enxames de moscas que os consumiram, e rãs que os destruíram. 46 Deu, também, ao pulgão a sua novidade, e o seu trabalho, aos gafanhotos. 47 Destruiu as suas vinhas com saraiva, e os seus sicômoros, com pedrisco. 48 Também entregou o seu gado à saraiva, e aos coriscos, os seus rebanhos. 49 E atirou para o meio deles, quais mensageiros de males, o ardor da sua ira: furor, indignação e angústia. 50 Abriu caminho à sua ira; não poupou a alma deles à morte, nem a vida deles à pestilência. 51 E feriu todo primogênito no Egito, primícias da sua força nas tendas de Cam, 52 mas fez com que o seu povo saísse como ovelhas e os guiou pelo deserto, como a um rebanho. 53 E os guiou com segurança, e não temeram; mas o mar cobriu os seus inimigos.
54 E conduziu-os até ao limite do seu santuário, até este monte que a sua destra adquiriu, 55 e expulsou as nações de diante deles, e, dividindo suas terras, lhas deu por herança, e fez habitar em suas tendas as tribos de Israel.
56 Contudo, tentaram, e provocaram o Deus Altíssimo, e não guardaram os seus testemunhos. 57 Mas tornaram atrás e portaram-se aleivosamente como seus pais; viraram-se como um arco traiçoeiro, 58 pois lhe provocaram a ira com os seus altos e despertaram-lhe o zelo com as suas imagens de escultura. 59 Deus ouviu isto e se indignou; e sobremodo aborreceu a Israel, 60 pelo que desamparou o tabernáculo em Siló, a tenda que estabelecera como sua morada entre os homens, 61 e deu a sua força ao cativeiro, e a sua glória, à mão do inimigo, 62 e entregou o seu povo à espada, e encolerizou-se contra a sua herança. 63 Aos seus jovens, consumiu-os o fogo, e as suas donzelas não tiveram festa nupcial. 64 Os seus sacerdotes caíram à espada, e suas viúvas não se lamentaram.
65 Então, o Senhor despertou como de um sono, como um valente que o vinho excitasse. 66 E feriu os seus adversários, que fugiram, e os pôs em perpétuo desprezo. 67 Além disto, rejeitou a tenda de José e não elegeu a tribo de Efraim. 68 Antes, elegeu a tribo de Judá, o monte Sião, que ele amava. 69 E edificou o seu santuário como aos lugares elevados, como a terra que fundou para sempre. 70 Também elegeu a Davi, seu servo, e o tirou dos apriscos das ovelhas. 71 De após as ovelhas pejadas o trouxe, para apascentar a Jacó, seu povo, e a Israel, sua herança. 72 Assim, os apascentou, segundo a integridade do seu coração, e os guiou com a perícia de suas mãos.
Salmos 78
Portuguese New Testament: Easy-to-Read Version
Deus e o seu povo
Poema de Asafe.
1 Escute, meu povo, o meu ensino,
preste atenção ao que eu lhe digo.
2 Vou lhe contar uma história,
falar de provérbios antigos.
3 Coisas que ouvimos e aprendemos
e que os nossos pais nos ensinaram.
4 Não esconderemos essas coisas dos nossos filhos;
iremos passá-las às gerações seguintes.
Louvaremos sempre ao SENHOR
e falaremos do seu poder e das maravilhas que ele fez.
5 Ele fez uma aliança com Jacó,
e deu os seus mandamentos ao povo de Israel.
E ordenou aos nossos antepassados
que os ensinassem aos seus filhos.
6 Os seus filhos ficariam conhecendo-os
e, por sua vez, eles os ensinariam aos filhos deles
que ainda não tinham nascido.
7 Assim eles porão a sua confiança em Deus;
nunca esquecerão o que ele fez
e serão obedientes aos seus mandamentos.
8 Eles não se revoltarão contra Deus
como fizeram os seus antepassados,
que não obedeceram a Deus
e foram rebeldes e teimosos.
9 Os homens da tribo de Efraim armados com arcos e flechas
fugiram no dia da batalha.
10 Eles não foram fiéis à aliança que fizeram com Deus,
recusaram-se a obedecer aos seus ensinos.
11 Esqueceram-se do que Deus tinha feito por eles,
das maravilhas que ele tinha lhes mostrado.
12 Eles esqueceram os milagres que Deus tinha feito à vista dos seus antepassados
na terra do Egito, na região de Zoã.
13 Deus dividiu o mar e ajudou o povo a atravessá-lo,
contendo as águas como se fosse uma barragem.
14 Todos os dias Deus os guiava com uma nuvem,
e todas as noites os conduzia pela luz do fogo.
15 Ele partiu as rochas no deserto
e lhes deu água para beber das profundezas da terra.
16 Deus fez a água sair da rocha
e correr como um rio.
17 Mesmo assim os nossos antepassados continuaram pecando contra Deus;
se revoltaram contra o Altíssimo no deserto.
18 Decidiram pôr Deus à prova,
pedindo-lhe a comida que queriam.
19 Duvidaram dele, dizendo:
“Alguma vez será Deus capaz de nos dar comida no deserto?
20 Sabemos que ele bateu na rocha
e fez sair dela rios de água,
mas vamos ver se ele também nos pode dar pão e carne”.
21 O SENHOR ouviu o que eles disseram
e ficou furioso com o povo de Jacó,
ficou irritado contra Israel,
22 porque eles não confiaram em Deus,
nem creram que ele podia salvá-los.
23 Apesar disso, ele deu ordens às nuvens,
abriu as portas dos céus
24 e fez chover maná para o povo comer;
deu-lhes o pão do céu.
25 As pessoas comeram o pão dos anjos.
Deus enviou-lhes comida em abundância.
26 Depois Deus enviou do céu o vento leste
e pelo seu poder fez soprar o vento sul.
27 Fez chover carne sobre eles,
fez cair tantas aves como a areia do mar.
28 Deus fê-las cair no meio do acampamento,
em volta das tendas.
29 Eles comeram até ficarem mais do que satisfeitos,
e assim Deus fez o que eles desejavam.
30 Mas quando ainda não tinham se fartado,
quando ainda tinham a comida na boca,
31 Deus mostrou a sua ira matando os mais fortes,
os jovens de Israel.
32 Mesmo depois desses milagres, eles ainda continuaram pecando
e não acreditando que Deus podia fazer maravilhas.
33 Por isso Deus destruiu as suas vidas
como um sopro e como um terror repentino.
34 Mas sempre que Deus matava alguns,
os outros corriam para ele,
se convertiam e regressavam para Deus.
35 Se lembravam, então, que Deus era quem os protegia,
que o Deus Altíssimo era quem os resgatava.
36 Tentavam enganar a Deus com os seus louvores,
tudo o que saía da boca deles era falso.
37 O coração deles não era sincero,
nem eram fiéis à sua aliança.
38 Mas Deus tinha misericórdia deles,
perdoava-lhes os seus pecados e não os destruía.
Muitas vezes conteve a sua ira
para não destruí-los.
39 Deus se lembrava de que eles eram mortais,
um vento que passa e não volta mais.
40 Quantas vezes eles se revoltaram contra Deus!
Quantas vezes Deus ficou triste por causa deles!
41 Muitas vezes puseram à prova a sua paciência,
afligiram o Santo de Israel.
42 Eles se esqueceram do seu poder,
das vezes que ele os salvou do perigo.
43 Eles se esqueceram dos sinais poderosos que Deus fez no Egito,
e dos milagres na região de Zoã.
44 Deus transformou os rios em sangue,
e os egípcios não puderam beber dessa água;
45 mandou milhares de moscas para atormentá-los,
e rãs para arruiná-los;
46 enviou insetos para arruinarem as plantações,
e gafanhotos para comer as colheitas;
47 destruiu as vinhas com granizo
e as figueiras com pedaços de gelo;
48 destruiu também o gado com o granizo,
e os rebanhos com os raios;
49 soltou a sua fúria e indignação,
descarregou contra os egípcios a sua ira ardente,
e enviou os seus anjos destruidores.
50 Deus dirigiu toda a sua ira contra eles,
os matou com uma praga,
e não os salvou da morte.
51 Ele matou todos os filhos mais velhos do Egito,
fez morrer todo primeiro filho da família de Cam[a].
52 Depois, Deus levou o povo de Israel para o deserto,
conduziu o seu povo como um pastor conduz o seu rebanho.
53 Deus os conduziu com toda a segurança para eles não terem medo,
mas afundou os seus inimigos no mar.
54 Deus levou o seu povo à sua terra santa,
ao monte que ele mesmo conquistou com o seu poder,
55 e expulsou dessa terra as nações que lá estavam.
Depois, distribuiu a terra pelo seu povo como sua herança,
e instalou as tribos de Israel nas tendas dessas nações.
56 Mas os israelitas puseram o Deus Altíssimo à prova, revoltando-se contra ele,
e desobedecendo aos seus mandamentos.
57 Rebelaram-se contra ele, foram infiéis como os seus pais,
desleais como um bumerangue.
58 Provocaram a ira de Deus ao construir altares para adorar outros deuses.
Causaram-lhe ciúmes fazendo estátuas de deuses falsos.
59 Quando Deus soube disso, ficou furioso
e rejeitou Israel completamente.
60 Deus abandonou o lugar de adoração que havia em Siló[b],
a tenda onde ele habitava entre os seres humanos.
61 Permitiu que o inimigo capturasse a arca da aliança,
o símbolo do seu poder e da sua glória.
62 Deixou que o seu povo fosse morto à espada,
pois estava irritado com o povo que lhe pertencia.
63 Os jovens foram consumidos pelo fogo
e as noivas não puderam se casar.
64 Os sacerdotes foram mortos à espada,
e as suas viúvas não puderam chorar por eles.
65 Então o Senhor despertou como de um sono profundo,
como um guerreiro que acorda da sua bebedeira.
66 Obrigou os seus inimigos a fugirem,
derrotados e humilhados para sempre.
67 Também rejeitou os descendentes de José,
não escolheu a tribo de Efraim.
68 No lugar deles, escolheu a tribo de Judá,
e o seu amado monte Sião.
69 Construiu o seu santuário para existir para sempre,
um santuário alto como o céu e firme como a terra.
70 Deus escolheu o seu servo Davi,
tirando-o do curral das ovelhas.
71 Deus o tirou de onde ficava cuidando dos rebanhos
e o colocou como pastor de Jacó, o seu povo,
o povo de Israel, a sua herança.
72 E Davi cuidou deles com honestidade,
com sabedoria conduziu o povo de Deus.
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