Mateus 1-9
Almeida Revista e Corrigida 2009
A genealogia de Jesus Cristo(A)
1 Livro da geração de Jesus Cristo, Filho de Davi, Filho de Abraão. 2 Abraão gerou a Isaque, e Isaque gerou a Jacó, e Jacó gerou a Judá e a seus irmãos, 3 e Judá gerou de Tamar a Perez e a Zerá, e Perez gerou a Esrom, e Esrom gerou a Arão. 4 Arão gerou a Aminadabe, e Aminadabe gerou a Naassom, e Naassom gerou a Salmom, 5 e Salmom gerou de Raabe a Boaz, e Boaz gerou de Rute a Obede, e Obede gerou a Jessé. 6 Jessé gerou ao rei Davi, e o rei Davi gerou a Salomão da que foi mulher de Urias. 7 Salomão gerou a Roboão, e Roboão gerou a Abias, e Abias gerou a Asa, 8 e Asa gerou a Josafá, e Josafá gerou a Jorão, e Jorão gerou a Uzias, 9 e Uzias gerou a Jotão, e Jotão gerou a Acaz, e Acaz gerou a Ezequias. 10 Ezequias gerou a Manassés, e Manassés gerou a Amom, e Amom gerou a Josias, 11 e Josias gerou a Jeconias e a seus irmãos na deportação para a Babilônia.
12 E, depois da deportação para a Babilônia, Jeconias gerou a Salatiel, e Salatiel gerou a Zorobabel, 13 e Zorobabel gerou a Abiúde, e Abiúde gerou a Eliaquim, e Eliaquim gerou a Azor, 14 e Azor gerou a Sadoque, e Sadoque gerou a Aquim, e Aquim gerou a Eliúde, 15 e Eliúde gerou a Eleazar, e Eleazar gerou a Matã, e Matã gerou a Jacó, 16 e Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo.
17 De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; e, desde Davi até a deportação para a Babilônia, catorze gerações; e, desde a deportação para a Babilônia até Cristo, catorze gerações.
O nascimento de Jesus Cristo
18 Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. 19 Então, José, seu marido, como era justo e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. 20 E, projetando ele isso, eis que, em sonho, lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo. 21 E ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. 22 Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: 23 Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel. (Emanuel traduzido é: Deus conosco). 24 E José, despertando do sonho, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher, 25 e não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe o nome de Jesus.
Os magos do Oriente
2 E, tendo nascido Jesus em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém, 2 e perguntaram: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos a adorá-lo. 3 E o rei Herodes, ouvindo isso, perturbou-se, e toda a Jerusalém, com ele. 4 E, congregados todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo. 5 E eles lhe disseram: Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo profeta: 6 E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá, porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo de Israel. 7 Então, Herodes, chamando secretamente os magos, inquiriu exatamente deles acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera. 8 E, enviando-os a Belém, disse: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino, e, quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore. 9 E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino. 10 E, vendo eles a estrela, alegraram-se muito com grande júbilo. 11 E, entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, lhe ofertaram dádivas: ouro, incenso e mirra. 12 E, sendo por divina revelação avisados em sonhos para que não voltassem para junto de Herodes, partiram para a sua terra por outro caminho.
A fuga para o Egito. A matança dos inocentes
13 E, tendo-se eles retirado, eis que o anjo do Senhor apareceu a José em sonhos, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e demora-te lá até que eu te diga, porque Herodes há de procurar o menino para o matar. 14 E, levantando-se ele, tomou o menino e sua mãe, de noite, e foi para o Egito. 15 E esteve lá até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Do Egito chamei o meu Filho.
16 Então, Herodes, vendo que tinha sido iludido pelos magos, irritou-se muito e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e em todos os seus contornos, de dois anos para baixo, segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos. 17 Então, se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias, que diz: 18 Em Ramá se ouviu uma voz, lamentação, choro e grande pranto; era Raquel chorando os seus filhos e não querendo ser consolada, porque já não existiam.
A volta do Egito
19 Morto, porém, Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu, num sonho, a José, no Egito, 20 dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel, porque já estão mortos os que procuravam a morte do menino. 21 Então, ele se levantou, e tomou o menino e sua mãe, e foi para a terra de Israel. 22 E, ouvindo que Arquelau reinava na Judeia em lugar de Herodes, seu pai, receou ir para lá; mas, avisado em sonhos por divina revelação, foi para as regiões da Galileia. 23 E chegou e habitou numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno.
João Batista(B)
3 E, naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judeia 2 e dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus. 3 Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. 4 E este João tinha a sua veste de pelos de camelo e um cinto de couro em torno de seus lombos e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre. 5 Então, ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judeia, e toda a província adjacente ao Jordão; 6 e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados. 7 E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? 8 Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento 9 e não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão. 10 E também, agora, está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.
11 E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; não sou digno de levar as suas sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. 12 Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará.
O batismo de Jesus(C)
13 Então, veio Jesus da Galileia ter com João junto do Jordão, para ser batizado por ele. 14 Mas João opunha-se-lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim? 15 Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então, ele o permitiu. 16 E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. 17 E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.
A tentação de Jesus(D)
4 Então, foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. 2 E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome; 3 E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. 4 Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. 5 Então o diabo o transportou à Cidade Santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, 6 e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. 7 Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus. 8 Novamente, o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles. 9 E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. 10 Então, disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás. 11 Então, o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos e o serviram.
Jesus na Galileia. Os primeiros discípulos(E)
12 Jesus, porém, ouvindo que João estava preso, voltou para a Galileia. 13 E, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, cidade marítima, nos confins de Zebulom e Naftali, 14 para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías, que diz: 15 A terra de Zebulom e a terra de Naftali, junto ao caminho do mar, além do Jordão, a Galileia das nações, 16 o povo que estava assentado em trevas viu uma grande luz; e aos que estavam assentados na região e sombra da morte a luz raiou. 17 Desde então, começou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus.
18 E Jesus, andando junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. 19 E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. 20 Então, eles, deixando logo as redes, seguiram-no. 21 E, adiantando-se dali, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, num barco com Zebedeu, seu pai, consertando as redes; e chamou-os. 22 Eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no.
23 E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. 24 E a sua fama correu por toda a Síria; e traziam-lhe todos os que padeciam acometidos de várias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos e os paralíticos, e ele os curava. 25 E seguia-o uma grande multidão da Galileia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judeia e dalém do Jordão.
O sermão da montanha. As beatitudes(F)
5 Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos; 2 e, abrindo a boca, os ensinava, dizendo:
3 Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus; 4 bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados; 5 bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; 6 bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; 7 bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; 8 bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; 9 bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; 10 bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus; 11 bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa. 12 Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.
Os discípulos são o sal da terra e a luz do mundo
13 Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens.
14 Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; 15 nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e dá luz a todos que estão na casa. 16 Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus.
O cumprimento da lei e dos profetas
17 Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir. 18 Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido. 19 Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus. 20 Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.
21 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. 22 Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo, e qualquer que chamar a seu irmão de raca será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno. 23 Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24 deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a tua oferta. 25 Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. 26 Em verdade te digo que, de maneira nenhuma, sairás dali, enquanto não pagares o último ceitil.
27 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. 28 Eu porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela. 29 Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti, pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que todo o teu corpo seja lançado no inferno. 30 E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que todo o teu corpo seja lançado no inferno. 31 Também foi dito: Qualquer que deixar sua mulher, que lhe dê carta de desquite. 32 Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério; e qualquer que casar com a repudiada comete adultério.
33 Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás teus juramentos ao Senhor. 34 Eu, porém, vos digo que, de maneira nenhuma, jureis nem pelo céu, porque é o trono de Deus, 35 nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés, nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei, 36 nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto. 37 Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna.
38 Ouvistes que foi dito: Olho por olho e dente por dente. 39 Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; 40 e ao que quiser pleitear contigo e tirar-te a vestimenta, larga-lhe também a capa; 41 e, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. 42 Dá a quem te pedir e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes.
43 Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. 44 Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem, 45 para que sejais filhos do Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos. 46 Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? 47 E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? 48 Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus.
Continuação do sermão da montanha. Esmolas, oração, jejum
6 Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus.
2 Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 3 Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita, 4 para que a tua esmola seja dada ocultamente, e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.
5 E, quando orares, não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 6 Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará. 7 E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que, por muito falarem, serão ouvidos. 8 Não vos assemelheis, pois, a eles, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vós lho pedirdes.
9 Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome. 10 Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu. 11 O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. 12 Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. 13 E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém! 14 Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. 15 Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas.
16 E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas, porque desfiguram o rosto, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 17 Porém tu, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto, 18 para não pareceres aos homens que jejuas, mas sim a teu Pai, que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará.
O tesouro no céu. O olho puro. Os dois senhores. A ansiosa solicitude pela nossa vida
19 Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. 20 Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam. 21 Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.
22 A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz. 23 Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!
24 Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.
25 Por isso, vos digo: não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo, mais do que a vestimenta? 26 Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? 27 E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? 28 E, quanto ao vestuário, porque andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. 29 E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. 30 Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pequena fé? 31 Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos ou que beberemos ou com que nos vestiremos? 32 (Porque todas essas coisas os gentios procuram.) Decerto, vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas; 33 Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.
34 Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.
Continuação do sermão da montanha. O hábito de julgar os outros
7 Não julgueis, para que não sejais julgados, 2 porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. 3 E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu olho? 4 Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? 5 Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão.
6 Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas; para que não as pisem e, voltando-se, vos despedacem.
A bondade de Deus
7 Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. 8 Porque aquele que pede recebe; e o que busca encontra; e, ao que bate, se abre. 9 E qual dentre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? 10 E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? 11 Se, vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem? 12 Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas.
Os dois caminhos
13 Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; 14 E porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.
Os falsos profetas
15 Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. 16 Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? 17 Assim, toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz frutos maus. 18 Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons. 19 Toda árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. 20 Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.
Quem entra no Reino dos céus
21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. 22 Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? 23 E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.
Os dois alicerces
24 Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. 25 E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. 26 E aquele que ouve estas minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. 27 E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.
A autoridade de Jesus
28 E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina, 29 porquanto os ensinava com autoridade e não como os escribas.
O leproso purificado(G)
8 E, descendo ele do monte, seguiu-o uma grande multidão. 2 E eis que veio um leproso e o adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo. 3 E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. E logo ficou purificado da lepra. 4 Disse-lhe, então, Jesus: Olha, não o digas a alguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote e apresenta a oferta que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.
O centurião de Cafarnaum(H)
5 E, entrando Jesus em Cafarnaum, chegou junto dele um centurião, rogando-lhe 6 e dizendo: Senhor, o meu criado jaz em casa paralítico e violentamente atormentado. 7 E Jesus lhe disse: Eu irei e lhe darei saúde. 8 E o centurião, respondendo, disse: Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, mas dize somente uma palavra, e o meu criado sarará, 9 pois também eu sou homem sob autoridade e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele vem; e ao meu criado: faze isto, e ele o faz. 10 E maravilhou-se Jesus, ouvindo isso, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé. 11 Mas eu vos digo que muitos virão do Oriente e do Ocidente e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no Reino dos céus; 12 E os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes. 13 Então, disse Jesus ao centurião: Vai, e como creste te seja feito. E, naquela mesma hora, o seu criado sarou.
A sogra de Pedro(I)
14 E Jesus, entrando na casa de Pedro, viu a sogra deste jazendo com febre. 15 E tocou-lhe na mão, e a febre a deixou; e levantou-se e serviu-os.
16 E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele, com a sua palavra, expulsou deles os espíritos e curou todos os que estavam enfermos, 17 para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças.
Como devemos seguir a Jesus(J)
18 E Jesus, vendo em torno de si uma grande multidão, ordenou que passassem para a outra margem. 19 E, aproximando-se dele um escriba, disse: Mestre, aonde quer que fores, eu te seguirei. 20 E disse Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça. 21 E outro de seus discípulos lhe disse: Senhor, permite-me que, primeiramente, vá sepultar meu pai. 22 Jesus, porém, disse-lhe: Segue-me e deixa aos mortos sepultar os seus mortos.
Jesus apazigua a tempestade(K)
23 E, entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram. 24 E eis que, no mar, se levantou uma tempestade tão grande, que o barco era coberto pelas ondas; ele, porém, estava dormindo. 25 E os seus discípulos, aproximando-se, o despertaram, dizendo: Senhor, salva-nos, que perecemos. 26 E ele disse-lhes: Por que temeis, homens de pequena fé? Então, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar, e seguiu-se uma grande bonança. 27 E aqueles homens se maravilharam, dizendo: Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?
Os endemoninhados gadarenos(L)
28 E, tendo chegado à outra margem, à província dos gadarenos, saíram-lhe ao encontro dois endemoninhados, vindos dos sepulcros; tão ferozes eram, que ninguém podia passar por aquele caminho. 29 E eis que clamaram, dizendo: Que temos nós contigo, Jesus, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo? 30 E andava pastando distante deles uma manada de muitos porcos. 31 E os demônios rogaram-lhe, dizendo: Se nos expulsas, permite-nos que entremos naquela manada de porcos. 32 E ele lhes disse: Ide. E, saindo eles, se introduziram na manada dos porcos; e eis que toda aquela manada de porcos se precipitou no mar por um despenhadeiro, e morreram nas águas. 33 Os porqueiros fugiram e, chegando à cidade, divulgaram tudo o que acontecera aos endemoninhados. 34 E eis que toda aquela cidade saiu ao encontro de Jesus, e, vendo-o, rogaram-lhe que se retirasse do seu território.
O paralítico de Cafarnaum(M)
9 E, entrando no barco, passou para a outra margem, e chegou à sua cidade. E eis que lhe trouxeram um paralítico deitado numa cama. 2 E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, tem bom ânimo; perdoados te são os teus pecados. 3 E eis que alguns dos escribas diziam entre si: Ele blasfema. 4 Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse: Por que pensais mal em vosso coração? 5 Pois o que é mais fácil? Dizer ao paralítico: Perdoados te são os teus pecados, ou: Levanta-te e anda? 6 Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra autoridade para perdoar pecados — disse então ao paralítico: Levanta-te, toma a tua cama e vai para tua casa. 7 E, levantando-se, foi para sua casa. 8 E a multidão, vendo isso, maravilhou-se e glorificou a Deus, que dera tal poder aos homens.
A vocação de Mateus(N)
9 E Jesus, passando adiante dali, viu assentado na alfândega um homem chamado Mateus e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu.
10 E aconteceu que, estando ele em casa sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores e sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos. 11 E os fariseus, vendo isso, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? 12 Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas sim, os doentes. 13 Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não sacrifício. Porque eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.
O jejum(O)
14 Então, chegaram ao pé dele os discípulos de João, dizendo: Por que jejuamos nós, e os fariseus, muitas vezes, e os teus discípulos não jejuam? 15 E disse-lhes Jesus: Podem, porventura, andar tristes os filhos das bodas, enquanto o esposo está com eles? Dias, porém, virão em que lhes será tirado o esposo, e então jejuarão. 16 Ninguém deita remendo de pano novo em veste velha, porque semelhante remendo rompe a veste, e faz-se maior a rotura. 17 Nem se deita vinho novo em odres velhos; aliás, rompem-se os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam.
A cura da mulher que tinha um fluxo de sangue(P)
18 Dizendo-lhes ele essas coisas, eis que chegou um chefe e o adorou, dizendo: Minha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impõe-lhe a tua mão, e ela viverá.
19 E Jesus, levantando-se, seguiu-o, e os seus discípulos também. 20 E eis que uma mulher que havia já doze anos padecia de um fluxo de sangue, chegando por detrás dele, tocou a orla da sua veste, 21 porque dizia consigo: Se eu tão somente tocar a sua veste, ficarei sã. 22 E Jesus, voltando-se e vendo-a, disse: Tem ânimo, filha, a tua fé te salvou. E imediatamente a mulher ficou sã.
23 E Jesus, chegando à casa daquele chefe, e vendo os instrumentistas e o povo em alvoroço, 24 disse-lhes: Retirai-vos, que a menina não está morta, mas dorme. E riram-se dele. 25 E, logo que o povo foi posto fora, entrou Jesus e pegou-lhe na mão, e a menina levantou-se. 26 E espalhou-se aquela notícia por todo aquele país.
A cura de dois cegos e um mudo
27 E, partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, clamando e dizendo: Tem compaixão de nós, Filho de Davi. 28 E, quando chegou à casa, os cegos se aproximaram dele; e Jesus disse-lhes: Credes vós que eu possa fazer isto? Disseram-lhe eles: Sim, Senhor. 29 Tocou, então, os olhos deles, dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé. 30 E os olhos se lhes abriram. E Jesus ameaçou-os, dizendo: Olhai que ninguém o saiba. 31 Mas, tendo ele saído, divulgaram a sua fama por toda aquela terra.
32 E, havendo-se eles retirado, trouxeram-lhe um homem mudo e endemoninhado. 33 E, expulso o demônio, falou o mudo; e a multidão se maravilhou, dizendo: Nunca tal se viu em Israel. 34 Mas os fariseus diziam: Ele expulsa os demônios pelo príncipe dos demônios.
A seara e os ceifeiros
35 E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. 36 E, vendo a multidão, teve grande compaixão deles, porque andavam desgarrados e errantes como ovelhas que não têm pastor. 37 Então, disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos são os ceifeiros. 38 Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua seara.
Mateus 1-8
Almeida Revista e Corrigida 2009
A genealogia de Jesus Cristo(A)
1 Livro da geração de Jesus Cristo, Filho de Davi, Filho de Abraão. 2 Abraão gerou a Isaque, e Isaque gerou a Jacó, e Jacó gerou a Judá e a seus irmãos, 3 e Judá gerou de Tamar a Perez e a Zerá, e Perez gerou a Esrom, e Esrom gerou a Arão. 4 Arão gerou a Aminadabe, e Aminadabe gerou a Naassom, e Naassom gerou a Salmom, 5 e Salmom gerou de Raabe a Boaz, e Boaz gerou de Rute a Obede, e Obede gerou a Jessé. 6 Jessé gerou ao rei Davi, e o rei Davi gerou a Salomão da que foi mulher de Urias. 7 Salomão gerou a Roboão, e Roboão gerou a Abias, e Abias gerou a Asa, 8 e Asa gerou a Josafá, e Josafá gerou a Jorão, e Jorão gerou a Uzias, 9 e Uzias gerou a Jotão, e Jotão gerou a Acaz, e Acaz gerou a Ezequias. 10 Ezequias gerou a Manassés, e Manassés gerou a Amom, e Amom gerou a Josias, 11 e Josias gerou a Jeconias e a seus irmãos na deportação para a Babilônia.
12 E, depois da deportação para a Babilônia, Jeconias gerou a Salatiel, e Salatiel gerou a Zorobabel, 13 e Zorobabel gerou a Abiúde, e Abiúde gerou a Eliaquim, e Eliaquim gerou a Azor, 14 e Azor gerou a Sadoque, e Sadoque gerou a Aquim, e Aquim gerou a Eliúde, 15 e Eliúde gerou a Eleazar, e Eleazar gerou a Matã, e Matã gerou a Jacó, 16 e Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo.
17 De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; e, desde Davi até a deportação para a Babilônia, catorze gerações; e, desde a deportação para a Babilônia até Cristo, catorze gerações.
O nascimento de Jesus Cristo
18 Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. 19 Então, José, seu marido, como era justo e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. 20 E, projetando ele isso, eis que, em sonho, lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo. 21 E ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. 22 Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: 23 Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel. (Emanuel traduzido é: Deus conosco). 24 E José, despertando do sonho, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher, 25 e não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe o nome de Jesus.
Os magos do Oriente
2 E, tendo nascido Jesus em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém, 2 e perguntaram: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos a adorá-lo. 3 E o rei Herodes, ouvindo isso, perturbou-se, e toda a Jerusalém, com ele. 4 E, congregados todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo. 5 E eles lhe disseram: Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo profeta: 6 E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá, porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo de Israel. 7 Então, Herodes, chamando secretamente os magos, inquiriu exatamente deles acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera. 8 E, enviando-os a Belém, disse: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino, e, quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore. 9 E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino. 10 E, vendo eles a estrela, alegraram-se muito com grande júbilo. 11 E, entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, lhe ofertaram dádivas: ouro, incenso e mirra. 12 E, sendo por divina revelação avisados em sonhos para que não voltassem para junto de Herodes, partiram para a sua terra por outro caminho.
A fuga para o Egito. A matança dos inocentes
13 E, tendo-se eles retirado, eis que o anjo do Senhor apareceu a José em sonhos, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e demora-te lá até que eu te diga, porque Herodes há de procurar o menino para o matar. 14 E, levantando-se ele, tomou o menino e sua mãe, de noite, e foi para o Egito. 15 E esteve lá até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Do Egito chamei o meu Filho.
16 Então, Herodes, vendo que tinha sido iludido pelos magos, irritou-se muito e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e em todos os seus contornos, de dois anos para baixo, segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos. 17 Então, se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias, que diz: 18 Em Ramá se ouviu uma voz, lamentação, choro e grande pranto; era Raquel chorando os seus filhos e não querendo ser consolada, porque já não existiam.
A volta do Egito
19 Morto, porém, Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu, num sonho, a José, no Egito, 20 dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel, porque já estão mortos os que procuravam a morte do menino. 21 Então, ele se levantou, e tomou o menino e sua mãe, e foi para a terra de Israel. 22 E, ouvindo que Arquelau reinava na Judeia em lugar de Herodes, seu pai, receou ir para lá; mas, avisado em sonhos por divina revelação, foi para as regiões da Galileia. 23 E chegou e habitou numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno.
João Batista(B)
3 E, naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judeia 2 e dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus. 3 Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. 4 E este João tinha a sua veste de pelos de camelo e um cinto de couro em torno de seus lombos e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre. 5 Então, ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judeia, e toda a província adjacente ao Jordão; 6 e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados. 7 E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? 8 Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento 9 e não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão. 10 E também, agora, está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.
11 E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; não sou digno de levar as suas sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. 12 Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará.
O batismo de Jesus(C)
13 Então, veio Jesus da Galileia ter com João junto do Jordão, para ser batizado por ele. 14 Mas João opunha-se-lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim? 15 Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então, ele o permitiu. 16 E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. 17 E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.
A tentação de Jesus(D)
4 Então, foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. 2 E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome; 3 E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. 4 Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. 5 Então o diabo o transportou à Cidade Santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, 6 e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. 7 Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus. 8 Novamente, o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles. 9 E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. 10 Então, disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás. 11 Então, o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos e o serviram.
Jesus na Galileia. Os primeiros discípulos(E)
12 Jesus, porém, ouvindo que João estava preso, voltou para a Galileia. 13 E, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, cidade marítima, nos confins de Zebulom e Naftali, 14 para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías, que diz: 15 A terra de Zebulom e a terra de Naftali, junto ao caminho do mar, além do Jordão, a Galileia das nações, 16 o povo que estava assentado em trevas viu uma grande luz; e aos que estavam assentados na região e sombra da morte a luz raiou. 17 Desde então, começou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus.
18 E Jesus, andando junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. 19 E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. 20 Então, eles, deixando logo as redes, seguiram-no. 21 E, adiantando-se dali, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, num barco com Zebedeu, seu pai, consertando as redes; e chamou-os. 22 Eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no.
23 E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. 24 E a sua fama correu por toda a Síria; e traziam-lhe todos os que padeciam acometidos de várias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos e os paralíticos, e ele os curava. 25 E seguia-o uma grande multidão da Galileia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judeia e dalém do Jordão.
O sermão da montanha. As beatitudes(F)
5 Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos; 2 e, abrindo a boca, os ensinava, dizendo:
3 Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus; 4 bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados; 5 bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; 6 bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; 7 bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; 8 bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; 9 bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; 10 bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus; 11 bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa. 12 Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.
Os discípulos são o sal da terra e a luz do mundo
13 Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens.
14 Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; 15 nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e dá luz a todos que estão na casa. 16 Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus.
O cumprimento da lei e dos profetas
17 Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir. 18 Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido. 19 Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus. 20 Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.
21 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. 22 Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo, e qualquer que chamar a seu irmão de raca será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno. 23 Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24 deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a tua oferta. 25 Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. 26 Em verdade te digo que, de maneira nenhuma, sairás dali, enquanto não pagares o último ceitil.
27 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. 28 Eu porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela. 29 Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti, pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que todo o teu corpo seja lançado no inferno. 30 E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que todo o teu corpo seja lançado no inferno. 31 Também foi dito: Qualquer que deixar sua mulher, que lhe dê carta de desquite. 32 Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério; e qualquer que casar com a repudiada comete adultério.
33 Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás teus juramentos ao Senhor. 34 Eu, porém, vos digo que, de maneira nenhuma, jureis nem pelo céu, porque é o trono de Deus, 35 nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés, nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei, 36 nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto. 37 Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna.
38 Ouvistes que foi dito: Olho por olho e dente por dente. 39 Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; 40 e ao que quiser pleitear contigo e tirar-te a vestimenta, larga-lhe também a capa; 41 e, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. 42 Dá a quem te pedir e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes.
43 Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. 44 Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem, 45 para que sejais filhos do Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos. 46 Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? 47 E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? 48 Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus.
Continuação do sermão da montanha. Esmolas, oração, jejum
6 Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus.
2 Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 3 Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita, 4 para que a tua esmola seja dada ocultamente, e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.
5 E, quando orares, não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 6 Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará. 7 E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que, por muito falarem, serão ouvidos. 8 Não vos assemelheis, pois, a eles, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vós lho pedirdes.
9 Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome. 10 Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu. 11 O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. 12 Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. 13 E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém! 14 Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. 15 Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas.
16 E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas, porque desfiguram o rosto, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 17 Porém tu, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto, 18 para não pareceres aos homens que jejuas, mas sim a teu Pai, que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará.
O tesouro no céu. O olho puro. Os dois senhores. A ansiosa solicitude pela nossa vida
19 Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. 20 Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam. 21 Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.
22 A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz. 23 Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!
24 Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.
25 Por isso, vos digo: não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo, mais do que a vestimenta? 26 Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? 27 E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? 28 E, quanto ao vestuário, porque andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. 29 E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. 30 Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pequena fé? 31 Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos ou que beberemos ou com que nos vestiremos? 32 (Porque todas essas coisas os gentios procuram.) Decerto, vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas; 33 Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.
34 Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.
Continuação do sermão da montanha. O hábito de julgar os outros
7 Não julgueis, para que não sejais julgados, 2 porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. 3 E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu olho? 4 Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? 5 Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão.
6 Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas; para que não as pisem e, voltando-se, vos despedacem.
A bondade de Deus
7 Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. 8 Porque aquele que pede recebe; e o que busca encontra; e, ao que bate, se abre. 9 E qual dentre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? 10 E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? 11 Se, vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem? 12 Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas.
Os dois caminhos
13 Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; 14 E porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.
Os falsos profetas
15 Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. 16 Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? 17 Assim, toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz frutos maus. 18 Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons. 19 Toda árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. 20 Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.
Quem entra no Reino dos céus
21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. 22 Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? 23 E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.
Os dois alicerces
24 Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. 25 E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. 26 E aquele que ouve estas minhas palavras e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. 27 E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.
A autoridade de Jesus
28 E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina, 29 porquanto os ensinava com autoridade e não como os escribas.
O leproso purificado(G)
8 E, descendo ele do monte, seguiu-o uma grande multidão. 2 E eis que veio um leproso e o adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo. 3 E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. E logo ficou purificado da lepra. 4 Disse-lhe, então, Jesus: Olha, não o digas a alguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote e apresenta a oferta que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.
O centurião de Cafarnaum(H)
5 E, entrando Jesus em Cafarnaum, chegou junto dele um centurião, rogando-lhe 6 e dizendo: Senhor, o meu criado jaz em casa paralítico e violentamente atormentado. 7 E Jesus lhe disse: Eu irei e lhe darei saúde. 8 E o centurião, respondendo, disse: Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, mas dize somente uma palavra, e o meu criado sarará, 9 pois também eu sou homem sob autoridade e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele vem; e ao meu criado: faze isto, e ele o faz. 10 E maravilhou-se Jesus, ouvindo isso, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé. 11 Mas eu vos digo que muitos virão do Oriente e do Ocidente e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no Reino dos céus; 12 E os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes. 13 Então, disse Jesus ao centurião: Vai, e como creste te seja feito. E, naquela mesma hora, o seu criado sarou.
A sogra de Pedro(I)
14 E Jesus, entrando na casa de Pedro, viu a sogra deste jazendo com febre. 15 E tocou-lhe na mão, e a febre a deixou; e levantou-se e serviu-os.
16 E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele, com a sua palavra, expulsou deles os espíritos e curou todos os que estavam enfermos, 17 para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças.
Como devemos seguir a Jesus(J)
18 E Jesus, vendo em torno de si uma grande multidão, ordenou que passassem para a outra margem. 19 E, aproximando-se dele um escriba, disse: Mestre, aonde quer que fores, eu te seguirei. 20 E disse Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça. 21 E outro de seus discípulos lhe disse: Senhor, permite-me que, primeiramente, vá sepultar meu pai. 22 Jesus, porém, disse-lhe: Segue-me e deixa aos mortos sepultar os seus mortos.
Jesus apazigua a tempestade(K)
23 E, entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram. 24 E eis que, no mar, se levantou uma tempestade tão grande, que o barco era coberto pelas ondas; ele, porém, estava dormindo. 25 E os seus discípulos, aproximando-se, o despertaram, dizendo: Senhor, salva-nos, que perecemos. 26 E ele disse-lhes: Por que temeis, homens de pequena fé? Então, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar, e seguiu-se uma grande bonança.
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