Jó 35-36
O Livro
35 E Eliú prosseguiu:
2 “Achas que é justo dizeres:
‘Maior é a minha justiça do que a de Deus?’
3 Ainda dizes: ‘Que vantagem tenho eu,
ou que ganho teria se abandonasse o meu pecado?’
4 Vou responder-te,
assim como a todos os teus amigos.
5 Olha para o céu,
vê como as nuvens estão bem acima de ti.
6 Se pecares, que mal poderás fazer contra Deus?
Se multiplicas os teus crimes, nenhum prejuízo lhe causas.
7 Da mesma forma, se fores justo, o que lhe darás?
O que receberá das tuas mãos?
8 Os teus pecados podem, sim, afetar os outros homens;
igualmente, os teus atos de justiça poderão beneficiá-los.
9 Os que vivem oprimidos podem gritar, sob o efeito de injúrias,
e gemer sob o braço dos poderosos.
10 Contudo, nenhum deles pergunta:
‘Onde está Deus, o meu Criador,
aquele que inspira cânticos durante a noite?
11 Que nos ensina mais que aos animais de toda a Terra
e nos torna mais sábios que as aves dos altos céus?’
12 Se alguém lhe lançar essa questão,
ele não replicará com o castigo próprio de tiranos.
13 Pois Deus não ouve clamores sem sinceridade,
nem para eles atentará o Todo-Poderoso.
14 Muito menos te ouvirá, se disseres que não o vês!
A tua causa está diante dele, portanto, espera nele.
15 Imaginas que, na sua ira, Deus parou de castigar,
que não leva em consideração o orgulho e a iniquidade dos homens.
16 Assim, Job, falas demais,
porém, não sabes o que estás a dizer!”
36 Disse ainda mais Eliú:
2 “Deixa-me continuar, provar-te-ei aquilo que afirmo;
ainda não acabei de defender Deus!
3 Dar-te-ei ilustrações sobre a justiça do meu Criador.
4 Vou dizer-te a verdade, com toda a honestidade,
pois sou pessoa com largos conhecimentos.
5 Deus é poderoso e, apesar disso,
não põe de parte ninguém!
6 Não poupa a vida do ímpio,
mas faz justiça aos aflitos.
7 Não desvia o olhar dos que são justos,
antes os honra, colocando-os sobre tronos reais, eternos.
8 Se estão presos a grilhões,
e a aflição os atormenta,
9 então dar-se-á ao trabalho de lhes indicar
as razões de tal situação, aquilo que fizeram de mal,
ou como se terão conduzido com altivez.
10 Ajudá-los-á a ouvirem a sua instrução,
a fim de se desviarem dos seus pecados.
11 Se o ouvirem e obedecerem,
então serão abençoados com prosperidade,
todo o tempo das suas vidas.
12 Se, pelo contrário, lhe fecharem os ouvidos,
perecerão no meio das lutas,
morrerão em consequência da sua falta de bom senso.
13 A verdade é que os ímpios colherão a ira de Deus;
mesmo agrilhoados, recusam-se a clamar por socorro.
14 Acabarão por morrer novos,
como jovens entregues à prostituição[a].
15 Mas ele livra o aflito da sua aflição
e isto faz com que o escutem!
16 Também ele quer conduzir-te do meio da opressão,
para um lugar amplo, tranquilo e livre,
para a fartura da tua mesa cheia de gordura.
17 Porém, acumulaste sobre ti mesmo o juízo dos ímpios;
por isso, a justiça e o castigo estão sobre a tua cabeça.
18 Que a raiva não te leve a excessos,
nem te deixes seduzir pelas riquezas!
19 Pensas, realmente, que se gritasses com força,
ou se te esforçasses muito, isso poria um fim ao teu aperto?
20 Não desejes a noite
em que os povos se revoltam.
21 Desvia-te do mal,
pois escolheste isso em vez do sofrimento.
22 Repara, Deus é todo-poderoso!
Quem, melhor do que ele, sabe ensinar?
23 Quem ousaria dizer-lhe o que deve fazer,
ou dizer-lhe: ‘Cometeste uma injustiça!’
24 Portanto, engrandece-o pela sua obra,
que tem sido contada pelos homens.
25 São coisas que toda a gente vê;
de longe os homens as contemplam.
26 Deus é tão grande que ninguém pode pretender conhecê-lo.
Ninguém pode calcular os anos da sua existência.
27 Ele concentra o vapor de água
e depois transforma-o em correntes de água,
28 que as nuvens despejam em aguaceiros sobre os seres humanos.
29 Poderá alguém entender perfeitamente o caminho das nuvens
e os trovões dentro delas?
30 Vê como dispara os relâmpagos à sua volta
e como cobre os cimos das montanhas!
31 Com a chuva alimenta os povos,
dando-lhes recursos em abundância.
32 Enche as mãos com raios faiscantes;
lança cada um deles sobre um alvo certo.
33 O trovão anuncia a sua chegada
e o rebanho pressente a chegada da tempestade!
Footnotes
- 36.14 O termo aqui refere-se a jovens e homens que praticavam a prostituição em templos pagãos.
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