Hebreus 5:1-10:18
Nova Versão Internacional
5 Todo sumo sacerdote é escolhido dentre os homens e designado para representá-los em questões relacionadas com Deus e apresentar ofertas e sacrifícios pelos pecados. 2 Ele é capaz de se compadecer dos que não têm conhecimento e se desviam, visto que ele próprio está sujeito à fraqueza. 3 Por isso ele precisa oferecer sacrifícios por seus próprios pecados, bem como pelos pecados do povo.
4 Ninguém toma esta honra para si mesmo, mas deve ser chamado por Deus, como de fato o foi Arão. 5 Da mesma forma, Cristo não tomou para si a glória de se tornar sumo sacerdote, mas Deus lhe disse:
“Tu és meu Filho;
eu hoje te gerei”[a].
6 E diz noutro lugar:
“Tu és sacerdote para sempre,
segundo a ordem
de Melquisedeque”[b].
7 Durante os seus dias de vida na terra, Jesus ofereceu orações e súplicas, em alta voz e com lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, sendo ouvido por causa da sua reverente submissão. 8 Embora sendo Filho, ele aprendeu a obedecer por meio daquilo que sofreu; 9 e, uma vez aperfeiçoado, tornou-se a fonte da salvação eterna para todos os que lhe obedecem, 10 sendo designado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.
Advertência contra a Apostasia
11 Quanto a isso, temos muito que dizer, coisas difíceis de explicar, porque vocês se tornaram lentos para aprender. 12 Embora a esta altura já devessem ser mestres, vocês precisam de alguém que lhes ensine novamente os princípios elementares da palavra de Deus. Estão precisando de leite, e não de alimento sólido! 13 Quem se alimenta de leite ainda é criança, e não tem experiência no ensino da justiça. 14 Mas o alimento sólido é para os adultos, os quais, pelo exercício constante, tornaram-se aptos para discernir tanto o bem quanto o mal.
6 Portanto, deixemos os ensinos elementares a respeito de Cristo e avancemos para a maturidade, sem lançar novamente o fundamento do arrependimento de atos que conduzem à morte[c], da fé em Deus, 2 da instrução a respeito de batismos, da imposição de mãos, da ressurreição dos mortos e do juízo eterno. 3 Assim faremos, se Deus o permitir.
4 Ora, para aqueles que uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, tornaram-se participantes do Espírito Santo, 5 experimentaram a bondade da palavra de Deus e os poderes da era que há de vir, 6 e caíram, é impossível que sejam reconduzidos ao arrependimento;[d] pois para si mesmos[e] estão crucificando de novo o Filho de Deus, sujeitando-o à desonra pública.
7 Pois a terra, que absorve a chuva que cai freqüentemente, e dá colheita proveitosa àqueles que a cultivam, recebe a bênção de Deus. 8 Mas a terra que produz espinhos e ervas daninhas, é inútil e logo será amaldiçoada. Seu fim é ser queimada.
9 Amados, mesmo falando dessa forma, estamos convictos de coisas melhores em relação a vocês, coisas próprias da salvação. 10 Deus não é injusto; ele não se esquecerá do trabalho de vocês e do amor que demonstraram por ele, pois ajudaram os santos e continuam a ajudá-los. 11 Queremos que cada um de vocês mostre essa mesma prontidão até o fim, para que tenham a plena certeza da esperança, 12 de modo que vocês não se tornem negligentes, mas imitem aqueles que, por meio da fé e da paciência, recebem a herança prometida.
A Certeza da Promessa de Deus
13 Quando Deus fez a sua promessa a Abraão, por não haver ninguém superior por quem jurar, jurou por si mesmo, 14 dizendo: “Esteja certo de que o abençoarei e farei numerosos os seus descendentes”[f]. 15 E foi assim que, depois de esperar pacientemente, Abraão alcançou a promessa.
16 Os homens juram por alguém superior a si mesmos, e o juramento confirma o que foi dito, pondo fim a toda discussão. 17 Querendo mostrar de forma bem clara a natureza imutável do seu propósito para com os herdeiros da promessa, Deus o confirmou com juramento, 18 para que, por meio de duas coisas imutáveis nas quais é impossível que Deus minta, sejamos firmemente encorajados, nós, que nos refugiamos nele para tomar posse da esperança a nós proposta. 19 Temos esta esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu, 20 onde Jesus, que nos precedeu, entrou em nosso lugar, tornando-se sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.
O Sacerdote Melquisedeque
7 Esse Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, encontrou-se com Abraão quando este voltava, depois de derrotar os reis, e o abençoou; 2 e Abraão lhe deu o dízimo de tudo.[g] Em primeiro lugar, seu nome significa “rei de justiça”; depois, “rei de Salém” quer dizer “rei de paz”. 3 Sem pai, sem mãe, sem genealogia, sem princípio de dias nem fim de vida, feito semelhante ao Filho de Deus, ele permanece sacerdote para sempre.
4 Considerem a grandeza desse homem: até mesmo o patriarca Abraão lhe deu o dízimo dos despojos! 5 A Lei requer dos sacerdotes dentre os descendentes de Levi que recebam o dízimo do povo, isto é, dos seus irmãos, embora estes sejam descendentes de Abraão. 6 Este homem, porém, que não pertencia à linhagem de Levi, recebeu os dízimos de Abraão e abençoou aquele que tinha as promessas. 7 Sem dúvida alguma, o inferior é abençoado pelo superior. 8 No primeiro caso, quem recebe o dízimo são homens mortais; no outro caso é aquele de quem se declara que vive. 9 Pode-se até dizer que Levi, que recebe os dízimos, entregou-os por meio de Abraão, 10 pois, quando Melquisedeque se encontrou com Abraão, Levi ainda não havia sido gerado[h].
Jesus é Semelhante a Melquisedeque
11 Se fosse possível alcançar a perfeição por meio do sacerdócio levítico (visto que em sua vigência o povo recebeu a Lei), por que haveria ainda necessidade de se levantar outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque e não de Arão? 12 Certo é que, quando há mudança de sacerdócio, é necessário que haja mudança de lei. 13 Ora, aquele de quem se dizem estas coisas pertencia a outra tribo, da qual ninguém jamais havia servido diante do altar, 14 pois é bem conhecido que o nosso Senhor descende de Judá, tribo da qual Moisés nada fala quanto a sacerdócio. 15 O que acabamos de dizer fica ainda mais claro quando aparece outro sacerdote semelhante a Melquisedeque, 16 alguém que se tornou sacerdote, não por regras relativas à linhagem, mas segundo o poder de uma vida indestrutível. 17 Porquanto sobre ele é afirmado:
“Tu és sacerdote para sempre,
segundo a ordem
de Melquisedeque”[i].
18 A ordenança anterior é revogada, porque era fraca e inútil 19 (pois a Lei não havia aperfeiçoado coisa alguma), sendo introduzida uma esperança superior, pela qual nos aproximamos de Deus.
20 E isso não aconteceu sem juramento! Outros se tornaram sacerdotes sem qualquer juramento, 21 mas ele se tornou sacerdote com juramento, quando Deus lhe disse:
“O Senhor jurou
e não se arrependerá:
‘Tu és sacerdote
para sempre’”.
22 Jesus tornou-se, por isso mesmo, a garantia de uma aliança superior.
23 Ora, daqueles sacerdotes tem havido muitos, porque a morte os impede de continuar em seu ofício; 24 mas, visto que vive para sempre, Jesus tem um sacerdócio permanente. 25 Portanto, ele é capaz de salvar definitivamente[j] aqueles que, por meio dele, aproximam-se de Deus, pois vive sempre para interceder por eles.
26 É de um sumo sacerdote como este que precisávamos: santo, inculpável, puro, separado dos pecadores, exaltado acima dos céus. 27 Ao contrário dos outros sumos sacerdotes, ele não tem necessidade de oferecer sacrifícios dia após dia, primeiro por seus próprios pecados e, depois, pelos pecados do povo. E ele o fez uma vez por todas quando a si mesmo se ofereceu. 28 Pois a Lei constitui sumos sacerdotes a homens que têm fraquezas; mas o juramento, que veio depois da Lei, constitui o Filho perfeito para sempre.[k]
O Sumo Sacerdote de uma Nova Aliança
8 O mais importante do que estamos tratando é que temos um sumo sacerdote como esse, o qual se assentou à direita do trono da Majestade nos céus 2 e serve no santuário, no verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, e não o homem.
3 Todo sumo sacerdote é constituído para apresentar ofertas e sacrifícios, e por isso era necessário que também este tivesse algo a oferecer. 4 Se ele estivesse na terra, nem seria sumo sacerdote, visto que já existem aqueles que apresentam as ofertas prescritas pela Lei. 5 Eles servem num santuário que é cópia e sombra daquele que está nos céus, já que Moisés foi avisado quando estava para construir o tabernáculo: “Tenha o cuidado de fazer tudo segundo o modelo que lhe foi mostrado no monte”[l]. 6 Agora, porém, o ministério que Jesus recebeu é superior ao deles, assim como também a aliança da qual ele é mediador é superior à antiga, sendo baseada em promessas superiores.
7 Pois, se aquela primeira aliança fosse perfeita, não seria necessário procurar lugar para outra. 8 Deus, porém, achou o povo em falta e disse:
“Estão chegando os dias, declara o Senhor,
quando farei uma nova aliança
com a comunidade de Israel
e com a comunidade de Judá.
9 Não será como a aliança
que fiz com os seus antepassados,
quando os tomei pela mão
para tirá-los do Egito;
visto que eles
não permaneceram fiéis
à minha aliança,
eu me afastei deles”,
diz o Senhor.
10 “Esta é a aliança que farei
com a comunidade de Israel
depois daqueles dias”,
declara o Senhor.
“Porei minhas leis
em sua mente
e as escreverei
em seu coração.
Serei o seu Deus,
e eles serão o meu povo.
11 Ninguém mais ensinará
o seu próximo,
nem o seu irmão, dizendo:
‘Conheça o Senhor’,
porque todos eles
me conhecerão,
desde o menor até o maior.
12 Porque eu lhes perdoarei
a maldade
e não me lembrarei mais
dos seus pecados”[m].
13 Chamando “nova” esta aliança, ele tornou antiquada a primeira; e o que se torna antiquado e envelhecido está a ponto de desaparecer.
A Adoração no Tabernáculo Terreno
9 Ora, a primeira aliança tinha regras para a adoração e também um tabernáculo terreno. 2 Foi levantado um tabernáculo; na parte da frente, chamada Lugar Santo, estavam o candelabro, a mesa e os pães da Presença. 3 Por trás do segundo véu havia a parte chamada Santo dos Santos, 4 onde se encontravam o altar de ouro para o incenso e a arca da aliança, totalmente revestida de ouro. Nessa arca estavam o vaso de ouro contendo o maná, a vara de Arão que floresceu e as tábuas da aliança. 5 Acima da arca estavam os querubins da Glória, que com sua sombra cobriam a tampa da arca[n]. A respeito dessas coisas não cabe agora falar detalhadamente.
6 Estando tudo assim preparado, os sacerdotes entravam regularmente no Lugar Santo do tabernáculo, para exercer o seu ministério. 7 No entanto, somente o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos, apenas uma vez por ano, e nunca sem apresentar o sangue do sacrifício, que ele oferecia por si mesmo e pelos pecados que o povo havia cometido por ignorância. 8 Dessa forma, o Espírito Santo estava mostrando que ainda não havia sido manifestado o caminho para o Santo dos Santos enquanto permanecia o primeiro tabernáculo. 9 Isso é uma ilustração para os nossos dias, indicando que as ofertas e os sacrifícios oferecidos não podiam dar ao adorador uma consciência perfeitamente limpa. 10 Eram apenas prescrições que tratavam de comida e bebida e de várias cerimônias de purificação com água; essas ordenanças exteriores foram impostas até o tempo da nova ordem.
O Sangue de Cristo
11 Quando Cristo veio como sumo sacerdote dos benefícios agora presentes[o], ele adentrou o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito pelo homem, isto é, não pertencente a esta criação. 12 Não por meio de sangue de bodes e novilhos, mas pelo seu próprio sangue, ele entrou no Santo dos Santos, de uma vez por todas, e obteve eterna redenção. 13 Ora, se o sangue de bodes e touros e as cinzas de uma novilha espalhadas sobre os que estão cerimonialmente impuros os santificam, de forma que se tornam exteriormente puros, 14 quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu de forma imaculada a Deus, purificará a nossa consciência de atos que levam à morte[p], para que sirvamos ao Deus vivo!
15 Por essa razão, Cristo é o mediador de uma nova aliança para que os que são chamados recebam a promessa da herança eterna, visto que ele morreu como resgate pelas transgressões cometidas sob a primeira aliança.
16 No caso de um testamento[q], é necessário que se comprove a morte daquele que o fez; 17 pois um testamento só é validado no caso de morte, uma vez que nunca vigora enquanto está vivo quem o fez. 18 Por isso, nem a primeira aliança foi sancionada sem sangue. 19 Quando Moisés terminou de proclamar todos os mandamentos da Lei a todo o povo, levou sangue de novilhos e de bodes, e também água, lã vermelha e ramos de hissopo, e aspergiu o próprio livro e todo o povo, dizendo: 20 “Este é o sangue da aliança que Deus ordenou que vocês obedeçam”[r]. 21 Da mesma forma, aspergiu com o sangue o tabernáculo e todos os utensílios das suas cerimônias. 22 De fato, segundo a Lei, quase todas as coisas são purificadas com sangue, e sem derramamento de sangue não há perdão.
23 Portanto, era necessário que as cópias das coisas que estão nos céus fossem purificadas com esses sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios superiores. 24 Pois Cristo não entrou em santuário feito por homens, uma simples representação do verdadeiro; ele entrou nos céus, para agora se apresentar diante de Deus em nosso favor; 25 não, porém, para se oferecer repetidas vezes, à semelhança do sumo sacerdote que entra no Santo dos Santos todos os anos, com sangue alheio. 26 Se assim fosse, Cristo precisaria sofrer muitas vezes, desde o começo do mundo. Mas agora ele apareceu uma vez por todas no fim dos tempos, para aniquilar o pecado mediante o sacrifício de si mesmo. 27 Da mesma forma, como o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo, 28 assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez, para tirar os pecados de muitos; e aparecerá segunda vez, não para tirar o pecado, mas para trazer salvação aos que o aguardam.
O Sacrifício de Cristo é Definitivo
10 A Lei traz apenas uma sombra dos benefícios que hão de vir, e não a sua realidade. Por isso ela nunca consegue, mediante os mesmos sacrifícios repetidos ano após ano, aperfeiçoar os que se aproximam para adorar. 2 Se pudesse fazê-lo, não deixariam de ser oferecidos? Pois os adoradores, tendo sido purificados uma vez por todas, não mais se sentiriam culpados de seus pecados. 3 Contudo, esses sacrifícios são uma recordação anual dos pecados, 4 pois é impossível que o sangue de touros e bodes tire pecados.
5 Por isso, quando Cristo veio ao mundo, disse:
“Sacrifício e oferta
não quiseste,
mas um corpo me preparaste;
6 de holocaustos e ofertas
pelo pecado
não te agradaste.
7 Então eu disse:
Aqui estou,
no livro está escrito
a meu respeito;
vim para fazer a tua vontade, ó Deus”[s].
8 Primeiro ele disse: “Sacrifícios, ofertas, holocaustos e ofertas pelo pecado não quiseste, nem deles te agradaste” (os quais eram feitos conforme a Lei). 9 Então acrescentou: “Aqui estou; vim para fazer a tua vontade”. Ele cancela o primeiro para estabelecer o segundo. 10 Pelo cumprimento dessa vontade fomos santificados, por meio do sacrifício do corpo de Jesus Cristo, oferecido uma vez por todas.
11 Dia após dia, todo sacerdote apresenta-se e exerce os seus deveres religiosos; repetidamente oferece os mesmos sacrifícios, que nunca podem remover os pecados. 12 Mas quando este sacerdote acabou de oferecer, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à direita de Deus. 13 Daí em diante, ele está esperando até que os seus inimigos sejam colocados como estrado dos seus pés; 14 porque, por meio de um único sacrifício, ele aperfeiçoou para sempre os que estão sendo santificados.
15 O Espírito Santo também nos testifica a este respeito. Primeiro ele diz:
16 “Esta é a aliança que farei com eles,
depois daqueles dias,
diz o Senhor.
Porei as minhas leis
em seu coração
e as escreverei
em sua mente”[t];
17 e acrescenta:
“Dos seus pecados
e iniqüidades
não me lembrarei mais”[u].
18 Onde esses pecados foram perdoados, não há mais necessidade de sacrifício por eles.
Footnotes
- 5.5 Sl 2.7
- 5.6 Sl 110.4
- 6.1 Ou de ritos inúteis
- 6.6 Ou ao arrependimento enquanto estão crucificando de novo;
- 6.6 Ou para o seu próprio mal
- 6.14 Gn 22.17
- 7.2 Gn 14.17-20
- 7.10 Ou estava no corpo do seu antepassado
- 7.17 Sl 110.4; também no versículo 21.
- 7.25 Ou eternamente
- 7.28 Ou constitui para sempre o Filho, que foi aperfeiçoado.
- 8.5 Êx 25.40
- 8.8-12 Jr 31.31-34
- 9.5 Isto é, o propiciatório.
- 9.11 Muitos manuscritos dizem que estavam por vir.
- 9.14 Ou de ritos inúteis
- 9.16,17 O termo grego traduzido por testamento é traduzido por aliança nos outros versículos do capítulo.
- 9.20 Êx 24.8
- 10.5-7 Sl 40.6-8 (segundo a Septuaginta).
- 10.16 Jr 31.33
- 10.17 Jr 31.34
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