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Perdão para o pecador confirmado

Lembrem-se que o homem que causou aquela perturbação não foi tanto a mim que afligiu, mas sobretudo a vocês todos. Aliás, ele já foi bastante castigado com a reprovação unânime. É pois agora o momento de perdoá-lo e de lhe mostrar simpatia. Pois de contrário a amargura e o desânimo podem até impedi-lo de se reabilitar. Por isso, peço-vos que lhe testemunhem o vosso amor.

Se vos escrevi daquela maneira foi também para verificar até que ponto iria a vossa obediência. 10 Quando perdoaram aquele homem, eu perdoei-o também. E quando lhe perdoei tudo que havia para perdoar, fi-lo com a autoridade de Cristo para vosso bem, 11 e para que Satanás não tome vantagem de tal situação, pois não ignoramos os seus processos.

Ministros da nova aliança

12 Pois bem, quando cheguei à cidade de Tróade, o Senhor deparou-me esplêndidas oportunidades de pregar o evangelho. 13 Mas o irmão Tito não estava ali, como combinado, e eu não podia descansar sem saber dele. Por isso, despedi-me dos crentes e parti para a Macedónia.

14 Graças a Deus, porque seguimos a carreira triunfal de Cristo e, seja por onde for que passemos, se espalha o perfume do conhecimento dele, por intermédio do nosso testemunho. 15 E para Deus sobe, das nossas vidas, o saudável perfume da presença de Cristo em nós, que é notado por todos, tanto pelos salvos como pelos inconvertidos. 16 Para estes últimos é um cheiro de morte, da condenação de Deus; mas para os outros esse cheiro é um perfume que lembra a vida. E quem afinal é competente para uma tarefa como esta? 17 Nós não somos como negociantes, e há muitos por aí que pregam para ganhar dinheiro. Nós pregamos a mensagem de Deus com sinceridade e com a autoridade que Cristo nos dá, pois sabemos que Deus nos observa.

Mas será que com isto começamos outra vez a louvar-nos a nós mesmos? Precisamos, como outros fazem, de trazer cartas de recomendação para convosco ou que nos recomendem da vossa parte? Porque a única carta de que precisamos são vocês mesmos, que são como uma carta que toda a gente pode conhecer e ler, escrita nos nossos corações. É evidente que vocês são uma carta de Cristo que nos foi confiada. Foi escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo. Não uma carta gravada em pedras, mas em corações humanos.

Se ousamos dizer estas coisas sobre nós mesmos é pela grande confiança que temos em Deus através de Jesus Cristo. Não porque pensamos que podemos fazer alguma coisa por nós próprios. O único poder que possuímos vem de Deus. Foi ele quem nos tornou aptos para estar ao serviço do seu plano da nova aliança. E essa nossa mensagem não se baseia num código de leis a que se deva obedecer ou morrer; a mensagem que anunciamos é que existe uma vida nova através do Espírito Santo.

A glória da nova aliança

Aquele velho sistema da Lei, gravado em pedras e que não podia senão conduzir à morte, teve início com uma grande manifestação de esplendor, que se revelou até no brilho do rosto de Moisés, e que era tanto que o povo nem podia olhar para ele. E contudo esse brilho era apenas passageiro. Não devemos nós, portanto, esperar uma manifestação de glória muito maior no tempo atual em que o Espírito Santo nos comunica a vida divina? Se a antiga aliança que traz a condenação era gloriosa, muito mais gloriosa é a aliança que torna os homens justos perante Deus. 10 Com efeito, aquela primeira glória, que se manifestou no brilho do rosto de Moisés, não é nada em comparação com a deslumbrante glória do novo plano de Deus. 11 E se o velho sistema, que se tornou inútil, porque fora destinado a ser transitório, estava cheio de glória celestial, a glória da nova ordem divina para a nossa salvação é certamente muito maior, porque essa sim é eterna.

12 E já que sabemos que esta nova glória nunca acabará, é com muito mais ousadia que pregamos. 13 Não somos como Moisés que colocou um véu sobre a sua face, porque os israelitas não podiam suportar o brilho daquela glória, que era afinal transitória. 14 E não era só a face de Moisés que estava encoberta, mas as próprias mentes do povo estavam como que vendadas e obscurecidas. E ainda hoje a mente dos judeus está encoberta por um véu, pois não podem compreender o sentido real das Escrituras da antiga aliança que lhes são lidas. Esse véu só lhes é tirado ao crerem em Cristo. 15 É verdade que ainda hoje, quando leem os escritos de Moisés, os seus corações permanecem obscurecidos.

16 Mas no momento em que se voltarem para o Senhor, então esse véu sobre os seus corações cairá. 17 O Senhor é o Espírito, e onde ele estiver reina a liberdade. 18 E nós cristãos, sem véu de espécie alguma sobre os nossos rostos, somos como espelhos que refletem a glória de Deus. E vamo-nos tornando cada vez mais semelhantes à imagem do Senhor, a qual refletimos também cada vez mais fielmente.

Tesouros em recipientes frágeis

Foi Deus mesmo quem, na sua misericórdia, nos deu a missão de anunciar as boas novas e é por isso que nunca desanimamos. Rejeitamos tudo o que seja processos dissimulados e vergonhosos; também não tentamos alterar o sentido da palavra de Deus. Antes expomos toda a verdade, na presença de Deus, de tal forma que ninguém de consciência honesta poderá ter alguma coisa a dizer de nós.

Se o evangelho que pregamos é ainda coisa velada e obscura, certamente que o é para os que se encontram no caminho da perdição, pois que o recusam. Satanás, que é o deus deste mundo, foi quem os cegou, quem os tornou incapazes de verem a luz gloriosa das boas novas e de compreender a maravilhosa mensagem da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque não andamos a fazer propaganda de nós próprios, antes anunciamos Cristo Jesus como Senhor. Nós somos vossos servos por amor de Jesus. Porque Deus, que mandou a luz resplandecer nas trevas, foi quem iluminou os nossos corações, a fim de conhecermos a glória divina que resplandece na face de Jesus Cristo.

E este precioso tesouro está contido como que num recipiente de barro, ou seja, os nossos corpos fracos. E assim toda a gente pode ver que esse maravilhoso poder é mesmo de Deus, não vem de nós.

Somos atribulados de toda a maneira, mas não definitivamente esmagados; perplexos mas não desanimados. Somos perseguidos, mas não desamparados por Deus. Somos derrubados, mas levantamo-nos e prosseguimos. 10 Tal como o Senhor Jesus, o nosso corpo enfrenta constantemente a morte, a fim de que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos.

11 Sim, vivemos em constante perigo de vida por servirmos o Senhor, mas isso dá-nos constantes oportunidades da vida de Jesus Cristo se manifestar nos nossos corpos mortais. 12 É certo que enfrentamos a morte, mas daí resulta que a vida eterna vos é oferecida.

13 Estamos animados do mesmo espírito de fé que o Salmista, que dizia: “Acreditei e por isso falei.”[a] Nós também cremos, por isso falamos. 14 Sabemos que o mesmo Deus que ressuscitou o Senhor Jesus nos conduzirá também à vida junto de Jesus, e nos fará comparecer convosco na sua presença. 15 Assim, tudo aquilo por que passamos contribui para o vosso bem. E quantos forem ganhos pela graça de Cristo, tantos mais serão aqueles que lhe darão graças pela sua bondade, e tanto mais será Deus glorificado.

16 Por isso, nunca desanimamos. E ainda que o nosso corpo fisicamente envelheça, interiormente, contudo, renova-se com novas forças, dia após dia. 17 Estas tribulações por que passamos, afinal relativamente leves e passageiras, resultam numa abundância de glória de Deus, agora e aqui, e para toda a eternidade. 18 E assim não nos prendemos com as coisas do tempo em que vivemos, mas procuramos fixarmo-nos naquelas que ainda não vemos. Porque as coisas desta vida passarão um dia, mas as realidades de Deus permanecem eternamente.

A nossa habitação celestial

Sabemos bem que quando o nosso corpo, que é como que uma tenda onde vivemos, se desfizer, teremos no céu uma nova habitação e um corpo eterno, habitação essa preparada por Deus e não por homens. E é por isso que esperamos com ansiedade pelo dia em que seremos revestidos de corpos celestiais. Porque não seremos apenas espírito sem corpo. Com efeito, enquanto vivemos neste corpo terreno sentimo-nos oprimidos e carregados. Até gostaríamos de, sem ter que despir este revestimento atual que é o nosso corpo, passar a viver na nova habitação, de forma que o que é mortal fosse como que absorvido pela vida eterna. Foi Deus quem nos preparou um tal destino, dando-nos como garantia o seu Espírito Santo.

E assim estamos sempre de bom ânimo, embora sabendo que o tempo que passamos neste corpo material é tempo que deixamos de passar com o Senhor no céu. Estes sentimentos são o resultado de vivermos pela fé e não daquilo que vemos à nossa volta. E é com confiança que desejamos deixar este corpo e com satisfação enfrentamos a expectativa de habitar, enfim, com o Senhor. Por isso, o nosso alvo é agradar-lhe sempre, quer vivamos aqui neste corpo, quer tenhamos que o deixar para estar com Deus no céu. 10 Pois todos devemos comparecer diante do tribunal de Cristo; e aí cada um receberá segundo o que tiver feito de bem ou mal, enquanto viveu no corpo.

O ministério de reconciliação

11 Conscientes assim do temor solene que é devido ao Senhor, procuramos persuadir as pessoas. E Deus bem conhece os nossos corações; vocês também sabem qual a pureza das nossas intenções. 12 Não é que estejamos novamente a elogiarmo-nos a nós próprios; estamos apenas a dar-vos razões para estarem satisfeitos com as nossas vidas, e também para poderem responder aos que se apoiam mais em vantagens meramente exteriores do que numa vida interior consequente e verdadeira perante Deus. 13 Estaremos a dizer disparates? Se for assim, é para que Deus seja servido. E se estamos corretos no nosso entendimento, vocês são quem mais beneficiará. 14 O que quer que façamos ou sejamos é o resultado do amor de Cristo, que nos pressiona, levando-nos a concluir que se Cristo morreu por todos nós, logo todos morremos com ele. 15 E se ele morreu por todos é para que todos os que agora vivem não vivam mais para si mesmos, mas para Cristo que por eles morreu e ressuscitou.

16 Por isso, agora não avaliamos mais as pessoas por aquilo que possam parecer do ponto de vista humano. Antigamente, eu pensava em Cristo como um simples ser humano. Mas agora já não é dessa forma que o conheço! 17 Se alguém está ligado a Cristo transforma-se numa nova criatura; as coisas antigas passaram; tudo nele se fez novo!

18 Tudo isso é obra de Deus que nos reconciliou consigo mesmo, através daquilo que Cristo fez por nós, e nos confiou a missão de anunciar essa mesma reconciliação. 19 Porque Deus estava em Cristo, reconciliando o mundo consigo mesmo, não mais considerando os pecados dos homens como razão de acusação contra eles. Eis pois a mensagem que pregamos. 20 Somos então como embaixadores de Cristo. E é como se Deus por nosso meio lançasse um apelo aos homens. Nós vos suplicamos então, da parte de Cristo, que se reconciliem com Deus! 21 Deus carregou todo o nosso pecado sobre Cristo, que estava isento de qualquer pecado, para que nele fôssemos revestidos da justiça de Deus.

Nós, cooperando portanto com Deus, vos exortamos a que não deixem que a sua graça vos seja anunciada em vão. Porque ele diz pela boca do profeta Isaías:

“Ouvi-te, em tempo oportuno,
e socorri-te no dia da salvação.”[b]

Pois agora é esse tempo oportuno, é agora o dia da salvação.

As dificuldades de Paulo

Assim sendo, procuramos viver de maneira que nunca ninguém se sinta chocado por causa da nossa conduta, de forma que a nossa atividade para Deus nunca venha a ser censurada. De facto, em tudo o que fazemos procuramos mostrar que somos servos de Deus, suportando tudo com muita paciência: as aflições, as necessidades, os sofrimentos. Fomos já açoitados, postos na prisão, enfrentámos multidões furiosas, sabemos o que é o trabalho esgotante, noites sem dormir, fome. Demonstrámos integridade nas nossas vidas, mostrámos conhecimento e demos provas de paciência. Temos sido bondosos, com uma afeição verdadeira inspirada pelo Espírito Santo. Proclamámos a palavra da verdade e o poder de Deus se tem manifestado; temos combatido com as armas ofensivas e defensivas da justiça. Permanecemos leais ao Senhor, quer os outros nos honrem ou nos desprezem, quer nos censurem ou nos elogiem. Somos verdadeiros, embora nos tratem como impostores. O mundo ignora-nos, mas Deus conhece-nos. Dizem que não poderemos continuar a viver por muito tempo, e eis que continuamos vivendo. É verdade que temos sido bastante maltratados, mas não morremos. 10 Temos sido entristecidos, mas nunca perdemos a alegria do Senhor. Somos pobres, mas enriquecemos os outros espiritualmente. Nada nos pertence, mas temos tudo.

11 Ó queridos coríntios, falámos agora convosco com toda a franqueza; abrimos o nosso coração. 12 E se, da vossa parte, os vossos sentimentos não correspondem aos nossos será certamente por culpa vossa. 13 Falo-vos como a verdadeiros filhos: abram-nos igualmente os corações.

Footnotes

  1. 4.13 Sl 116.10.
  2. 6.2 Is 49.8.