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David em Nobe

21 David foi à cidade de Nobe visitar o sacerdote Aimeleque. Este ficou a tremer quando o viu. “Porque é que vens só? Porque não vem ninguém contigo?”

“O rei enviou-me cá para um assunto confidencial”, mentiu David. “Disse-me que ninguém deveria saber que estou aqui. Os meus homens sabem onde me hão de encontrar mais tarde. Para já, tens alguma coisa que se coma? Dá-me uns cinco pães ou outra coisa qualquer.”

“Nós aqui não temos pão nenhum, a não ser o pão sagrado, que suponho podem levar, contanto que os teus moços se tenham abstido de mulheres.”

“Sim, podes estar descansado. Há três dias que os meus homens mantêm a santidade ritual, embora estejamos numa simples campanha. Assim irão mantê-la com muito mais razão!”

Como não havia ali outro alimento, o sacerdote deu-lhe daquele pão santo, o pão da Presença que estava colocado perante o Senhor no tabernáculo. Tinha, aliás, sido substituído por pão fresco naquele mesmo dia.

Aconteceu que Doegue, edomita, o mais valente dos pastores de Saul, se encontrava ali naquela altura, para se purificar cerimonialmente.

David pediu ainda a Aimeleque se tinha à mão uma flecha ou uma espada que pudesse utilizar: “O serviço do rei exigiu-me tamanha pressa que tive de partir precipitadamente e vim desarmado!”

“O que eu tenho aqui é a própria espada de Golias, o filisteu, que mataste no vale de Elá. Está embrulhada num pano ali no armário. Leva-a se quiseres, pois aqui não tenho mais nada.”

David respondeu: “Era mesmo disso que eu precisava! Dá-ma já.”

David em Gate

10 David foi-se logo embora, pois estava com medo de Saul e veio ter com o rei Aquis de Gate. 11 Contudo, os conselheiros deste não ficaram satisfeitos com a sua presença: “Afinal, não é este um chefe máximo de Israel?”, perguntavam. “Não é aquele a quem o povo honrava com danças e cantando que Saul matou um milhar e David dez milhares?”

12 Ao ouvir estes comentários, David receava o que o rei Aquis lhe pudesse fazer. 13 Então pensou fazer-se passar por louco. Punha-se a arranhar as portas e deixava a baba escorrer-lhe pela boca até à barba. 14 Até que finalmente o rei Aquis disse para a sua gente: “Olhem para este homem louco. Por que razão mo trouxeram até mim? 15 Faltam-me cá doidos para que me tragam ainda mais um? Para que me serve um maluco destes aqui na minha casa?”

David em Adulão e Mizpá

22 David deixou Gate e foi esconder-se na caverna de Adulão, onde em breve se lhe juntaram os irmãos e outros parentes. E mais gente começou a ir ter com ele; pessoas que de alguma maneira se encontravam em aperto, endividadas ou revoltadas por alguma razão, de tal forma que reuniu à sua volta uns 400 homens.

Mais tarde, David foi a Mizpá, em Moabe, pedir licença ao rei para deixar viver ali os seus pais, sob a proteção real, até saber o que Deus faria dele. E ficaram ali durante todo o tempo em que David se manteve no seu refúgio fortificado.

Saul mata os sacerdotes de Nobe

Um dia, o profeta Gad disse a David para deixar a caverna e voltar para a terra de Judá. David foi para a floresta de Herete.

Rapidamente a sua chegada a Judá chegou aos ouvidos de Saul, que se encontrava em Gibeá naquela altura, instalado debaixo dum carvalho, entretido com a lança, rodeado da corte. “Ouçam-me bem, gente de Benjamim!” exclamou o rei quando recebeu a notícia. “Será porque David prometeu campos, vinhas e postos no exército para toda a gente? Será por isso que estão todos contra mim? Porque é que não houve um só sequer que me tivesse avisado de que o meu próprio filho tinha feito aliança com David? Vocês não têm pena nenhuma de mim! O meu próprio filho encorajando David a vir aqui matar-me!”

Doegue, o edomita, que ali estava, acompanhando a corte de Saul, pediu para falar: “Quando estive em Nobe vi David a conversar com o sacerdote Aimeleque, filho de Aitube. 10 Este consultou o Senhor sobre o que David devia fazer e depois deu-lhe alimento e a espada de Golias.”

11 O rei convocou imediatamente Aimeleque, assim como os outros sacerdotes em Nobe. Quando estes chegaram, 12 Saul gritou: “Ouve lá, filho de Aitube!” Aimeleque respondeu a tremer: “Estou a ouvir, meu senhor!”

13 “Porque é que tu e David conspiraram contra mim? Porque lhe deste comida e uma espada e ainda consultaram Deus a favor dele? Porque é que o encorajaste a revoltar-se contra mim e a vir aqui atacar-me?”

14 “Senhor, haverá entre os vossos servos alguém que vos seja mais fiel do que o vosso genro? Por que razão é ele afinal vosso pajem e dos membros mais honrados da vossa corte? 15 Nem foi esta, com certeza, a primeira vez que consultei Deus a favor dele! Não é justo que eu seja acusado com a minha família dessas coisas que ouvi. Nós nada sabíamos de semelhante conspiração!”

16 “Terás de morrer, Aimeleque, tu e toda a tua família!”, gritou-lhe o rei. 17 E dirigindo-se aos ajudantes disse: “Matem estes sacerdotes, porque são aliados na conspiração de David. Sabiam que ele andava fugido e não me disseram nada!” No entanto, os soldados recusaram fazer mal aos sacerdotes.

18 Então Saul ordenou a Doegue: “Faz tu isso!” Doegue foi e matou-os; oitenta e cinco sacerdotes, no total, todos usando as vestimentas sacerdotais. 19 Depois foi a Nobe, à cidade dos sacerdotes, e matou as famílias dos sacerdotes: homens, mulheres, crianças e até bebés, assim como bois, jumentos e cordeiros.

20 Só Abiatar, um dos filhos de Aimeleque conseguiu escapar e fugir para junto de David. 21 E contou-lhe o que acontecera, como Saul havia morto os sacerdotes do Senhor. 22 Ao ouvir isto, David exclamou: “Eu já estava à espera! Quando vi ali Doegue, fiquei com a certeza de que Saul seria avisado. Fui eu o culpado da morte de toda a tua família. 23 Fica comigo e proteger-te-ei. Só poderão fazer-te mal depois de me tirarem a vida.”

David salva Queila

23 Um dia, chegou aos ouvidos de David que os filisteus estavam em Queila a saquear as eiras. E perguntou ao Senhor: “Deverei ir atacá-los?” O Senhor respondeu-lhe: “Sim, vai e salva Queila.”

Mas os homens de David disseram: “Nós aqui em Judá vivemos constantemente amedrontados, quanto mais se formos atacar todo o exército dos filisteus!”

David tornou a consultar o Senhor e a obter a mesma resposta: “Vai a Queila, pois ajudar-te-ei a vencer os filisteus.”

Foram até lá e conseguiram, na verdade, matar os filisteus e confiscar-lhes gado. Dessa forma, o povo de Queila foi salvo. Abiatar, filho de Aimeleque, o sacerdote, acompanhou David nessa expedição, levando consigo o éfode para obter as respostas que Deus dava a David.

Saul persegue David

Saul em breve soube que David estava em Queila. “Ótimo!”, exclamou. “Apanhámo-lo. Deus entregou-mo, pois ficará encurralado numa cidade murada!”

Mobilizou todo o exército e marchou em direção a Queila para sitiar David com os seus homens. David teve conhecimento dos planos de Saul e disse a Abiatar para trazer o éfode, a fim de consultar o Senhor sobre o que deveria fazer. 10 “Ó Senhor, Deus de Israel”, disse David, “ouvi que Saul planeia destruir Queila por eu estar aqui. 11 Será que a gente de Queila me entregará na sua mão? E será que Saul vem mesmo cá como ouvi dizer? Peço-te, Senhor, Deus de Israel, que me respondas.” E o Senhor respondeu-lhe: “Sim, ele virá.”

12 “A população de Queila entregar-me-á a Saul?”, insistiu David. “Entregar-te-ão.”

13 Então David e os seus homens, que eram agora uns 600, deixaram Queila e andaram a vaguear por aquela região. Saul depressa soube que David escapara; por isso, não chegou a ir até lá.

14 David vivia agora nas grutas do deserto, na região das colinas de Zife. Saul andava dia após dia à procura dele, mas o Senhor não permitia que o encontrasse.

15 Um dia, perto de Hores, teve conhecimento de que Saul se dirigia a Zife, procurando matá-lo. 16 O seu filho Jónatas foi ter com David e encontrou-se com ele em Hores, encorajando-o a ter confiança em Deus. 17 “Não tenhas receio. O meu pai nunca te encontrará! Tu virás a ser rei em Israel e eu serei o segundo no reino, ao teu lado, e meu pai sabe muito bem disso.” 18 Assim, ambos renovaram a sua aliança de amizade, tomando o Senhor como testemunha. David ficou em Hores e Jónatas voltou para casa.

19 Mas os homens de Zife foram ter com Saul a Gibeá e traíram David: “Sabemos onde é que ele se esconde. Está nas grutas de Hores nas colinas de Haquila, para o sul do deserto. 20 Vem, que nós o apanharemos para to entregar e assim o teu maior desejo será cumprido!”

21 “Louvado seja o Senhor!”, disse Saul. “Até que enfim alguém teve piedade de mim! 22 Vão e verifiquem melhor, para terem a certeza do sítio onde ele está, e tomem nota de quem é que o viu. Olhem que ele é muito astuto. 23 Vejam bem onde é que se esconde, depois voltem para me dar um relato detalhado da situação. Depois irei convosco. Se realmente ele se encontrar ali achá-lo-ei de certeza, nem que tenha de verificar cada centímetro de terreno!”

24 Os homens de Zife regressaram adiante de Saul. Entretanto, David e os seus homens estavam no deserto de Maom, na península arábica, a sul do deserto. 25 David soube que Saul tinha intenções de vir a Zife, por isso, resolveu sair com os companheiros para mais longe, para o deserto de Maom, para os lados do sul. 26 Saul seguiu-os até lá. A certa altura, David e Saul encontravam-se nas vertentes opostas da mesma montanha. Saul começou a cercá-lo e David procurava, com os seus, escapar-lhe, sem o conseguir. 27 Nisto chegou a Saul uma mensagem que os filisteus atacavam de novo a Israel. Por isso, desistiu da perseguição e foi combater os outros. 28 Desde então o lugar onde acampara ficou a chamar-se Rochedo da Separação. 29 David foi dali viver para as grutas de En-Gedi.

David poupa a vida a Saul

24 Voltando Saul de combater os filisteus, disseram-lhe que David tinha ido para os lugares desertos de En-Gedi. Levou então consigo 3000 homens da tropa de elite e foi em busca dele por entre os desfiladeiros rochosos e por caminhos de acesso a cabras-monteses.

Chegado a um sítio onde costumavam descansar rebanhos de ovelhas, Saul retirou-se para uma gruta, para fazer as suas necessidades. Aconteceu que nessa gruta estavam justamente escondidos David e os companheiros.

“É agora a tua vez!”, murmuraram-lhe os seus homens. “Este é o dia do que o Senhor falava quando dizia: ‘Dar-te-ei o teu inimigo nas tuas mãos e far-lhe-ás como melhor entenderes.’ ” David rastejou com muito cuidado até Saul e cortou-lhe, sem ele sentir, um pedaço da capa que trazia.

Contudo, logo a seguir, a sua consciência ficou a acusá-lo. “Não devia ter feito isto”, disse para a sua gente. “É um grave pecado atacar de alguma maneira o rei que foi escolhido pelo Senhor.” E com foi estas palavras que persuadiu os companheiros a não matarem Saul.

Depois de deixar aquela gruta, Saul continuou o seu caminho. David saiu e gritou atrás dele: “Ó rei, meu senhor!” Saul olhou para donde vinha a voz e David inclinou-se até ao chão. A seguir, continuou: “Porque é que dás ouvidos às pessoas que te dizem que eu quero o teu mal? 10 Hoje vais ter a prova de que tal não é verdade. O Senhor pôs-te à minha mercê, ali naquela gruta, e até alguns dos meus homens me disseram para te matar; mas eu poupei-te. Porque disse para comigo: ‘Não lhe hei de fazer mal, pois é o ungido do Senhor.’ 11 Olha aqui o que eu tenho nas mãos. É um pedaço da tua capa. Cortei-o sem te ter feito mal algum! Será que isto não te convence ainda de que não tenho a mínima intenção de te fazer mal e de que não pequei em nada contra ti, apesar de andares todo o tempo a perseguir-me? 12 O Senhor é que há de julgar entre nós dois. É possível que ele te venha a matar por aquilo que procuras fazer-me; mas eu, quanto a mim, nunca te farei mal. 13 Como diz aquele velho provérbio: ‘O perverso atua perversamente.’ Apesar da tua maldade, eu não te hei de tocar. 14 Ao fim e ao cabo, atrás de quem anda o rei de Israel? O que o faz andar a perder o seu tempo, perseguindo um indivíduo que vale tanto como um cão morto ou uma pulga? 15 Que seja pois o Senhor a julgar qual de nós tem razão e castigue aquele que é culpado. Ele é o meu juiz e o meu advogado. Ele me defenderá da tua mão!”

16 “David, meu filho, és tu mesmo quem estou a ouvir?”, disse Saul depois de ele acabar. Então desatou a chorar. 17 E acrescentou a seguir: “Tu és mais justo do que eu, porque me pagaste o mal com o bem. 18 Sim, foste extremamente bom para comigo hoje pois, quando o Senhor me entregou nas tuas mãos, não me mataste. 19 Quem mais no mundo deixaria o seu adversário ir embora depois de o ter ao seu alcance? Que o Senhor te recompense pelo bem que hoje me fizeste. 20 Dou-me conta agora de que te tornarás efetivamente rei e que Israel será bem governado sob a tua mão. 21 Jura-me, em todo o caso, pelo Senhor, que pouparás a minha família quando isso acontecer e que não acabarás com a minha descendência.”

22 David prometeu e Saul foi embora. Mas David regressou à gruta.

Davi vai ter com o sacerdote Aimeleque

21 Então, veio Davi a Nobe, ao sacerdote Aimeleque; e Aimeleque, tremendo, saiu ao encontro de Davi e disse-lhe: Por que vens só, e ninguém, contigo? E disse Davi ao sacerdote Aimeleque: O rei me encomendou um negócio e me disse: Ninguém saiba deste negócio pelo qual eu te enviei e o qual te ordenei; quanto aos jovens, apontei-lhes tal e tal lugar. Agora, pois, que tens à mão? Dá-me cinco pães na minha mão ou o que se achar. E, respondendo o sacerdote a Davi, disse: Não tenho pão comum à mão; há, porém, pão sagrado, se ao menos os jovens se abstiveram das mulheres. E respondeu Davi ao sacerdote e lhe disse: Sim, em boa fé, as mulheres se nos vedaram desde ontem; e, anteontem, quando eu saí, o corpo dos jovens também era santo; e em alguma maneira é pão comum, quanto mais que hoje se santificará outro no corpo! Então, o sacerdote lhe deu o pão sagrado, porquanto não havia ali outro pão, senão os pães da proposição, que se tiraram de diante do Senhor, para se pôr ali pão quente, no dia em que aquele se tirasse.

Estava, porém, ali, naquele dia, um dos criados de Saul, detido perante o Senhor; e era seu nome Doegue, edomita, o mais poderoso dos pastores de Saul.

E disse Davi a Aimeleque: Não tens aqui à mão lança ou espada alguma? Porque não trouxe à mão nem a minha espada nem as minhas armas, porque o negócio do rei era apressado. E disse o sacerdote: A espada de Golias, o filisteu, a quem tu feriste no vale do Carvalho, eis que ela aqui está, envolta num pano detrás do éfode; se tu a queres tomar, toma-a, porque nenhuma outra aqui, senão aquela. E disse Davi: Não outra semelhante; dá-ma.

Davi foge para Aquis, rei de Gate

10 E Davi levantou-se, e fugiu, aquele dia, de diante de Saul, e veio a Aquis, rei de Gate. 11 Porém os criados de Aquis lhe disseram: Não é este Davi, o rei da terra? Não se cantava deste nas danças, dizendo: Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares? 12 E Davi considerou essas palavras no seu ânimo e temeu muito diante de Aquis, rei de Gate. 13 Pelo que se contrafez diante dos olhos deles, e fez-se como doido entre as suas mãos, e esgravatava nas portas do portal, e deixava correr saliva pela barba. 14 Então, disse Aquis aos seus criados: Eis que bem vedes que este homem está louco; por que mo trouxestes a mim? 15 Faltam-me a mim doidos, para que trouxésseis este que fizesse doidices diante de mim? Há de este entrar na minha casa?

Davi esconde-se na caverna de Adulão

22 Então, Davi se retirou dali e se escapou para a caverna de Adulão; e ouviram-no seus irmãos e toda a casa de seu pai e desceram ali para ele. E ajuntou-se a ele todo homem que se achava em aperto, e todo homem endividado, e todo homem de espírito desgostoso, e ele se fez chefe deles; e eram com ele uns quatrocentos homens.

E foi-se Davi dali a Mispa dos moabitas e disse ao rei dos moabitas: Deixa estar meu pai e minha mãe convosco, até que saiba o que Deus há de fazer de mim. E trouxe-os perante o rei dos moabitas, e ficaram com ele todos os dias que Davi esteve no lugar forte. Porém o profeta Gade disse a Davi: Não fiques naquele lugar forte; vai e entra na terra de Judá. Então, Davi foi e veio para o bosque de Herete.

Saul mata todos os sacerdotes de Nobe

E ouviu Saul que já se sabia de Davi e dos homens que estavam com ele: e estava Saul em Gibeá, debaixo de um arvoredo, em Ramá, e tinha na mão a sua lança, e todos os seus criados estavam com ele. Então, disse Saul a todos os seus criados que estavam com ele: Ouvi, peço-vos, filhos de Benjamim, dar-vos-á também o filho de Jessé, a todos vós, terras e vinhas, e far-vos-á a todos chefes de milhares e chefes de centenas, para que todos vós tenhais conspirado contra mim? E ninguém que me dê aviso de que meu filho tem feito aliança com o filho de Jessé; e nenhum dentre vós há que se doa de mim e mo participe, pois meu filho tem contra mim sublevado a meu servo, para me armar ciladas, como se vê neste dia. Então, respondeu Doegue, o edomita, que também estava com os criados de Saul, e disse: Ao filho de Jessé vi vir a Nobe, a Aimeleque, filho de Aitube, 10 o qual consultou por ele o Senhor, e lhe deu mantimento, e lhe deu também a espada de Golias, o filisteu.

11 Então, o rei mandou chamar a Aimeleque, sacerdote, filho de Aitube, e a toda a casa de seu pai, e aos sacerdotes que estavam em Nobe; e todos eles vieram ao rei. 12 E disse Saul: Ouve, peço-te, filho de Aitube. E ele disse: Eis-me aqui, senhor meu. 13 Então, lhe disse Saul: Por que conspirastes contra mim, tu e o filho de Jessé? Pois deste-lhe pão e espada e consultaste por ele a Deus, para que se levantasse contra mim a armar-me ciladas, como se vê neste dia? 14 E respondeu Aimeleque ao rei e disse: E quem, entre todos os teus criados, há tão fiel como Davi, o genro do rei, pronto na sua obediência e honrado na tua casa? 15 Comecei, porventura, hoje a consultar por ele a Deus? Longe de mim tal! Não impute o rei coisa nenhuma a seu servo, nem a toda a casa de meu pai, pois o teu servo não soube nada de tudo isso, nem muito nem pouco. 16 Porém o rei disse: Aimeleque, morrerás certamente, tu e toda a casa de teu pai. 17 E disse o rei aos da sua guarda, que estavam com ele: Virai-vos e matai os sacerdotes do Senhor, porque também a sua mão é com Davi e porque souberam que fugiu e não mo fizeram saber. Porém os criados do rei não quiseram estender as suas mãos para arremeter contra os sacerdotes do Senhor. 18 Então, disse o rei a Doegue: Vira-te tu e arremete contra os sacerdotes. Então, se virou Doegue, o edomita, e arremeteu contra os sacerdotes, e matou, naquele dia, oitenta e cinco homens que vestiam éfode de linho. 19 Também a Nobe, cidade desses sacerdotes, passou a fio de espada; desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito; e até os bois, jumentos e ovelhas passou a fio de espada.

Abiatar, um dos sacerdotes, escapa e vai ter com Davi

20 Porém escapou um dos filhos de Aimeleque, filho de Aitube, cujo nome era Abiatar, o qual fugiu atrás de Davi. 21 E Abiatar anunciou a Davi que Saul tinha matado os sacerdotes do Senhor. 22 Então, Davi disse a Abiatar: Bem sabia eu, naquele dia, que, estando ali Doegue, o edomita, não deixaria de o denunciar a Saul; eu dei ocasião contra todas as almas da casa de teu pai. 23 Fica comigo, não temas, porque quem procurar a minha morte também procurará a tua, pois estarás salvo comigo.

Davi livra Queila

23 E foi anunciado a Davi, dizendo: Eis que os filisteus pelejam contra Queila e saqueiam as eiras. E consultou Davi ao Senhor, dizendo: Irei eu e ferirei estes filisteus? E disse o Senhor a Davi: Vai, e ferirás os filisteus, e livrarás Queila. Porém os homens de Davi lhe disseram: Eis que tememos aqui em Judá, quanto mais indo a Queila contra os esquadrões dos filisteus. Então, Davi tornou a consultar o Senhor, e o Senhor lhe respondeu e disse: Levanta-te, desce a Queila, porque te dou os filisteus na tua mão. Então, Davi partiu com os seus homens a Queila, e pelejou contra os filisteus, e levou os gados, e fez grande estrago entre eles; e Davi livrou os moradores de Queila. E sucedeu que, quando Abiatar, filho de Aimeleque, fugiu para Davi, a Queila, desceu com o éfode na mão.

E foi anunciado a Saul que Davi era vindo a Queila. E disse Saul: Deus o entregou nas minhas mãos, pois está encerrado, entrando numa cidade de portas e ferrolhos. Então, Saul mandou chamar a todo o povo à peleja, para que descessem a Queila, para cercar a Davi e os seus homens. Sabendo, pois, Davi que Saul maquinava esse mal contra ele, disse a Abiatar, sacerdote: Traze aqui o éfode. 10 E disse Davi: Ó Senhor, Deus de Israel, teu servo decerto tem ouvido que Saul procura vir a Queila, para destruir a cidade por causa de mim. 11 Entregar-me-ão os cidadãos de Queila na sua mão? Descerá Saul, como o teu servo tem ouvido? Ah! Senhor, Deus de Israel, faze-o saber ao teu servo. E disse o Senhor: Descerá. 12 Disse mais Davi: Entregar-me-iam os cidadãos de Queila, a mim e aos meus homens, nas mãos de Saul? E disse o Senhor: Entregariam. 13 Então, se levantou Davi com os seus homens, uns seiscentos, e saíram de Queila e foram-se aonde puderam; e, sendo anunciado a Saul que Davi escapara de Queila, cessou de sair contra ele.

Saul persegue Davi no deserto de Zife

14 E Davi permaneceu no deserto, nos lugares fortes, e ficou em um monte no deserto de Zife; e Saul o buscava todos os dias, porém Deus não o entregou na sua mão.

15 Vendo, pois, Davi que Saul saíra à busca da sua vida, Davi esteve no deserto de Zife, num bosque. 16 Então, se levantou Jônatas, filho de Saul, e foi para Davi ao bosque, e fortaleceu a sua mão em Deus, 17 e disse-lhe: Não temas, que não te achará a mão de Saul, meu pai; porém tu reinarás sobre Israel, e eu serei contigo o segundo; o que também Saul, meu pai, bem sabe. 18 E ambos fizeram aliança perante o Senhor. Davi ficou no bosque, e Jônatas voltou para a sua casa.

19 Então, subiram os zifeus a Saul, a Gibeá, dizendo: Não se escondeu Davi entre nós nos lugares fortes do bosque, no outeiro de Haquila, que está à mão direita de Jesimom? 20 Agora, pois, ó rei, apressadamente desce conforme todo o desejo da tua alma; por nós fica entregarmo-lo nas mãos do rei. 21 Então, disse Saul: Benditos sejais vós do Senhor, porque vos compadecestes de mim. 22 Ide, pois, e diligenciai ainda mais, e sabei, e notai o lugar que frequenta e quem o tenha visto ali; porque me foi dito que é astutíssimo. 23 Pelo que atentai bem e informai-vos acerca de todos os esconderijos em que ele se esconde; e, então, voltai para mim com toda a certeza, e ir-me-ei convosco; e há de ser que, se estiver naquela terra, o buscarei entre todos os milhares de Judá.

24 Então, se levantaram eles e se foram a Zife, adiante de Saul; Davi, porém, e os seus homens estavam no deserto de Maom, na planície, à direita de Jesimom. 25 E Saul e os seus homens se foram em busca dele, o que anunciaram a Davi, que desceu para aquela penha e ficou no deserto de Maom; o que ouvindo Saul, seguiu a Davi para o deserto de Maom. 26 E Saul ia desta banda do monte, e Davi e os seus homens, da outra banda do monte; e sucedeu que Davi se apressou a escapar de Saul; Saul, porém, e os seus homens cercaram Davi e os seus homens, para lançar mão deles. 27 Então, veio um mensageiro a Saul, dizendo: Apressa-te e vem, porque os filisteus, com ímpeto, entraram na terra. 28 Pelo que Saul voltou de perseguir a Davi e foi-se ao encontro dos filisteus. Por esta razão, aquele lugar se chamou Sela-Hamalecote. 29 E subiu Davi dali e ficou nos lugares fortes de En-Gedi.

Davi corta a orla do manto de Saul

24 E sucedeu que, voltando Saul de perseguir os filisteus, lhe anunciaram, dizendo: Eis que Davi está no deserto de En-Gedi. Então, tomou Saul três mil homens, escolhidos dentre todo o Israel, e foi à busca de Davi e dos seus homens, até aos cumes das penhas das cabras monteses. E chegou a uns currais de ovelhas no caminho, onde estava uma caverna; e entrou nela Saul, a cobrir seus pés; e Davi e os seus homens estavam aos lados da caverna. Então, os homens de Davi lhe disseram: Eis aqui o dia do qual o Senhor te diz: Eis que te dou o teu inimigo nas tuas mãos, e far-lhe-ás como te parecer bem a teus olhos. E levantou-se Davi e, mansamente, cortou a orla do manto de Saul. Sucedeu, porém, que, depois, o coração doeu a Davi, por ter cortado a orla do manto de Saul; e disse aos seus homens: O Senhor me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, ao ungido do Senhor, estendendo eu a minha mão contra ele, pois é o ungido do Senhor. E, com estas palavras, Davi conteve os seus homens e não lhes permitiu que se levantassem contra Saul; e Saul se levantou da caverna e prosseguiu o seu caminho.

Depois, também Davi se levantou, e saiu da caverna, e gritou por detrás de Saul, dizendo: Rei, meu senhor! E, olhando Saul para trás, Davi se inclinou com o rosto em terra e se prostrou. E disse Davi a Saul: Por que dás tu ouvidos às palavras dos homens que dizem: Eis que Davi procura o teu mal? 10 Eis que este dia os teus olhos viram que o Senhor, hoje, te pôs em minhas mãos nesta caverna, e alguns disseram que te matasse; porém a minha mão te poupou; porque disse: Não estenderei a minha mão contra o meu senhor, pois é o ungido do Senhor. 11 Olha, pois, meu pai, vê aqui a orla do teu manto na minha mão; porque, cortando-te eu a orla do manto, te não matei. Adverte, pois, e vê que não há na minha mão nem mal nem prevaricação nenhuma, e não pequei contra ti; porém tu andas à caça da minha vida, para ma tirares. 12 Julgue o Senhor entre mim e ti e vingue-me o Senhor de ti; porém a minha mão não será contra ti. 13 Como diz o provérbio dos antigos: Dos ímpios procede a impiedade; porém a minha mão não será contra ti. 14 Após quem saiu o rei de Israel? A quem persegues? A um cão morto? A uma pulga? 15 O Senhor, porém, será o juiz, e julgará entre mim e ti, e verá, e advogará a minha causa, e me defenderá da tua mão.

16 E sucedeu que, acabando Davi de falar a Saul todas estas palavras, disse Saul: É esta a tua voz, meu filho Davi? Então, Saul alçou a sua voz e chorou. 17 E disse a Davi: Mais justo és do que eu; pois tu me recompensaste com bem, e eu te recompensei com mal. 18 E tu mostraste hoje que usaste comigo bem; pois o Senhor me tinha posto em tuas mãos, e tu me não mataste. 19 Porque quem há que, encontrando o seu inimigo, o deixaria ir por bom caminho? O Senhor, pois, te pague com bem, pelo que hoje me fizeste. 20 Agora, pois, eis que bem sei que certamente hás de reinar e que o reino de Israel há de ser firme na tua mão. 21 Portanto, agora, jura-me pelo Senhor que não desarraigarás a minha semente depois de mim, nem desfarás o meu nome da casa de meu pai. 22 Então, jurou Davi a Saul. E foi Saul para a sua casa, porém Davi e os seus homens subiram ao lugar forte.