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Hamã é enforcado

O rei e Hamã foram juntos ao banquete de Ester. De novo, chegado o momento de servir os vinhos, o rei perguntou-lhe: “O que é que pretendes, rainha Ester, qual é o teu desejo? Seja o que for que pedires, dar-to-ei, até metade do meu reino!”

A rainha disse então: “Ó rei, se realmente caí nas tuas boas graças, e se bem te parecer, peço-te que salves a minha vida e a do meu povo! Porque tanto eu como o meu povo fomos vendidos a quem nos quer destruir. Estamos condenados a sermos liquidados, assassinados e exterminados. Se ao menos fôssemos vendidos como escravos e escravas, talvez me calasse, visto que o prejuízo causado ao rei não seria de grande monta.”

“De quem é que estás a falar? Quem é esse cujo coração procura atentar contra a tua vida?”

“O nosso inimigo é este perverso Hamã!”, respondeu Ester. Hamã empalideceu de terror perante os dois. O rei levantou-se furioso e retirou-se para o jardim do palácio.

Hamã, entretanto, tentava proteger a sua vida junto de Ester, implorando-lhe que o salvasse, pois sabia que estava perdido. Hamã lançou-se de joelhos junto ao leito em que a rainha se reclinava, no momento em que o rei regressava dos jardins do palácio. “Será que, ainda por cima, queria abusar da rainha debaixo do meu teto!”, exclamou o rei. E ordenou imediatamente a sua morte. Os ajudantes do rei apressaram-se a colocar sobre o seu rosto o véu de condenado.

Harbona, um dos eunucos do palácio lembrou: “Majestade, Hamã acabou de mandar erguer uma forca de 25 metros para enforcar Mardoqueu, o homem que salvou a vossa vida! Essa forca ainda lá está, junto à casa dele.”

“Enforquem-no lá”, ordenou o soberano. 10 Assim fizeram e a ira do rei apaziguou-se.

O édito do rei a favor dos judeus

Nesse mesmo dia, Assuero deu a Ester o que pertencia a Hamã, o inimigo dos judeus. Mardoqueu foi trazido à presença do rei, porque Ester tinha declarado a relação familiar que os ligava. Assuero pegou no anel que retirara a Hamã e deu-o a Mardoqueu. Por seu lado, Ester nomeou Mardoqueu administrador das propriedades que recebera, confiscadas a Hamã.

Mais uma vez, Ester foi ter com o rei, caindo a seus pés, rogando-lhe, banhada em lágrimas, que suspendesse a ação proposta por Hamã para destruir o povo judeu. De novo o rei estendeu o cetro na sua direção e ela, erguendo-se em frente do soberano, retomou: “Se o rei quiser dar-me ouvidos, e se realmente me ama, então que faça publicar um decreto anulando a ordem inspirada por Hamã, filho de Hamedata, de destruir os judeus em todas as províncias do reino. Como poderia eu resistir vendo o meu povo assassinado e destruído?”

O rei Assuero disse à rainha Ester e ao judeu Mardoqueu: “Dei a Ester o palácio de Hamã, esse homem que acabou de ser enforcado porque tentou fazer-vos mal. Estou com certeza de acordo com o vosso desejo; mandem uma mensagem a todos os judeus, dizendo-lhes o que quiserem, em nome do rei; podem selá-la com o anel real, para que não possa ser revogada.”

Os secretários do rei foram imediatamente chamados; era o dia 23 do terceiro mês, o mês de Sivan[a]. Escreveram, enquanto Mardoqueu ia ditando, um decreto dirigido diretamente aos judeus e para conhecimento de altos funcionários, governadores e chefes políticos de todas as províncias, desde a Índia até Cuche, ao todo 127. Este texto legal foi traduzido nas línguas e dialetos de todos os povos do império, 10 foi selado com o anel real e fez-se acompanhar de cartas enviadas por mensageiros montados em cavalos, condutores de camelos, mulas e dromedários rápidos, usados ao serviço do rei.

11 Este decreto concedia aos judeus de todas as cidades licença para se unirem na defesa das suas vidas e das suas famílias, e matar quem quisesse destruí-los, podendo mesmo apropriar-se dos seus bens. 12 O dia escolhido para isto, em todas as províncias, era o dia 13 de Adar[b]. 13 O decreto estabelecia ainda que o mesmo deveria ser reconhecido por toda a parte como lei, e dado a conhecer ao resto da população, a fim de que os judeus não tivessem dificuldades em preparar-se para vencerem os seus inimigos. 14 Os mensageiros partiram apressadamente, sob as ordens do rei, e o decreto foi tornado igualmente público no palácio de Susã.

15 Mardoqueu vestiu as roupas reais azuis e brancas, colocou uma grande coroa de ouro e ainda um manto de linho fino e púrpura sobre os ombros; saiu da presença do soberano e atravessou as ruas da cidade que se encheram de gente manifestando a sua satisfação. 16 Os judeus exultavam de alegria, regozijo e felicidade. 17 Em cada cidade e província onde as cartas reais iam chegando, os judeus celebravam de alívio e satisfação, estabelecendo um dia feriado para comemorar o facto. Muitos até se fizeram passar por judeus, com receio daquilo que os judeus pudessem fazer-lhes.

Os judeus vingam-se dos seus inimigos

Assim, no dia 13 de Adar[c], o dia em que o decreto real deveria ser posto em execução, quando os inimigos dos judeus contavam aniquilá-los, sucedeu precisamente o contrário. Os judeus juntaram-se nas suas cidades em todas as províncias do império para se defenderem contra alguém que pretendesse feri-los; mas ninguém ousou fazê-lo, porque eram grandemente temidos. Todos os representantes da autoridade, governadores, altos funcionários e chefes políticos, deram o seu apoio aos judeus, com medo de Mardoqueu. Ele tinha ganho enorme prestígio, não só em Susã, como por todo o território imperial; tinha-se tornado muito poderoso.

Os judeus é que não se ficaram por ali; nesse tal dia mataram os seus inimigos. Só em Susã mataram 500 homens. 7-10 Mataram também 10 filhos de Hamã, filho de Hamedata, o grande inimigo dos judeus: Parsandata, Dalfom, Aspata, Porata, Adalia, Aridata, Parmasta, Arisai, Aridai e Vaizata, mas não tocaram nas suas propriedades.

11 Nesse mesmo dia, depois do rei ter sido informado do número de mortos em Susã, 12 ele mandou chamar a rainha Ester: “Os judeus mataram 500 dos seus inimigos, só aqui em Susã!”, exclamou. “E ainda os 10 filhos de Hamã! Se isso foi só aqui, o que não terá sido no resto das províncias! Diz-me o que mais pretendes; diz-me o que queres e se fará!”

13 “Se o rei não se importar”, disse ela, “que se permita aos judeus aqui em Susã continuar ainda amanhã aquilo que já fizeram hoje, e que os filhos de Hamã sejam pendurados em forcas.”

14 O rei concordou; o seu decreto foi publicado em Susã, e penduraram os corpos dos 10 filhos de Hamã. 15 Os judeus da cidade tornaram a juntar-se e mataram mais 300 dos seus inimigos, mas não ficaram com as suas propriedades.

16 Entretanto, os judeus de outras partes do reino tinham-se juntado para se defenderem; passaram depois ao ataque e mataram 75 000 inimigos, que os odiavam, mas também não ficaram com os seus bens.

A celebração de Purim

17 Por toda a parte, foi feito o mesmo no dia 13 do mês de Adar. No dia seguinte descansaram, celebrando a sua vitória com festas e grande alegria. 18 Só em Susã é que os judeus não descansaram no dia seguinte; mas repousaram no terceiro dia, no meio de festa e regozijo.

19 É por isso que, nas povoações sem muralhas, os judeus de todo o Israel têm até hoje uma celebração anual de dois dias em que mandam presentes uns aos outros.

20 Mardoqueu escreveu um relato de todos estes acontecimentos e enviou cartas aos judeus, de perto e de longe, em todo o território do império, 21 encorajando-os a que estabelecessem uma festa anual nos dias 14 e 15 do mês de Adar, 22 para poderem celebrar e trocar presentes nessa ocasião histórica em que os judeus foram salvos dos seus inimigos, em que a sua tristeza se transformou em satisfação e a sua angústia em felicidade.

23 Os judeus aceitaram a proposta de Mardoqueu e mantiveram essa comemoração como um costume, 24 para nunca se esquecerem que Hamã, filho de Hamedata o agagita, o inimigo de todos os judeus, planeara a sua destruição numa altura tirada à sorte; 25 para lhes lembrar também que o rei, ao ter conhecimento disso, mandara fazer um decreto que permitia neutralizar os planos de Hamã, a causa de ele e os seus filhos terem sido pendurados em forcas. 26 É por essa razão que se dá o nome de Purim a esta celebração, porque na língua persa chama-se ao ato de tirar à sorte “pur”. 27 Todos os judeus do reino concordaram em estabelecer regularmente essa comemoração, transmitindo-a aos seus descendentes e a todos os que se tornassem judeus. 28 Declararam, assim, que nunca deixariam de celebrar estes dois dias na altura própria, tornando-se um acontecimento anual, observado de geração em geração por todas as famílias, nas cidades e no campo, a fim de que a memória do sucedido não se apagasse entre os seus descendentes.

29 Entretanto, a rainha Ester, filha de Abiail, prima de Mardoqueu e educada por ele, escreveu uma carta dando todo o seu apoio à carta que Mardoqueu tinha escrito, propondo também a comemoração da festa anual de Purim. 30 Com estas, foram enviadas outras cartas a todos os judeus espalhados pelas 127 províncias do reino de Assuero. 31 Eram mensagens de boa vontade e encorajamento, confirmando a comemoração de dois dias da festa de Purim, decretada tanto por Mardoqueu como pela rainha Ester. No fundo, os judeus já de si mesmo tinham acordado que se deveria estabelecer essa celebração com jejum e oração nacional. 32 As ordens da rainha Ester apenas vieram confirmar as datas de celebração da festa de Purim e dar carácter legal ao assunto, e isto foi escrito num documento.

O prestígio de Mardoqueu

10 O rei Assuero impôs o pagamento dum tributo, não só no seu território, mas também nas ilhas do mar. Os seus grandes feitos, assim como um relato completo da grandeza de Mardoqueu e das honras que lhe foram concedidas pelo imperador, estão escritos no Livro das Crónicas dos Reis da Média e da Pérsia. O judeu Mardoqueu tornou-se primeiro-ministro; a sua autoridade era exercida hierarquicamente, logo a seguir à do rei. Tornou-se, na verdade, um homem com imenso prestígio entre os judeus e respeitado por toda a gente da nação, por ter feito tudo o que pôde pelo seu povo e pela prosperidade da sua raça.

Footnotes

  1. 8.9 Mês de Sivan. Entre a lua nova do mês de maio e o mês de junho.
  2. 8.12 Décimo segundo mês do calendário hebraico. Entre a lua nova do mês de fevereiro e o mês de março.
  3. 9.1 Décimo segundo mês do calendário judaico. Entre a lua nova do mês de fevereiro e o mês de março.

Ester denuncia Hamã

Vindo, pois, o rei com Hamã, para beber com a rainha Ester, disse também o rei a Ester, no segundo dia, no banquete do vinho: Qual é a tua petição, rainha Ester? E se te dará. E qual é o teu requerimento? Até metade do reino se fará. Então, respondeu a rainha Ester e disse: Se, ó rei, achei graça aos teus olhos, e se bem parecer ao rei, dê-se-me a minha vida como minha petição e o meu povo como meu requerimento. Porque estamos vendidos, eu e o meu povo, para nos destruírem, matarem e lançarem a perder; se ainda por servos e por servas nos vendessem, calar-me-ia, ainda que o opressor não recompensaria a perda do rei. Então, falou o rei Assuero e disse à rainha Ester: Quem é esse? E onde está esse cujo coração o instigou a fazer assim? E disse Ester: O homem, o opressor e o inimigo é este mau Hamã. Então, Hamã se perturbou perante o rei e a rainha. E o rei, no seu furor, se levantou do banquete do vinho para o jardim do palácio; e Hamã se pôs em pé, para rogar à rainha Ester pela sua vida; porque viu que já o mal lhe era determinado pelo rei. Tornando, pois, o rei do jardim do palácio à casa do banquete do vinho, Hamã tinha caído prostrado sobre o leito em que estava Ester. Então, disse o rei: Porventura, quereria ele também forçar a rainha perante mim nesta casa? Saindo essa palavra da boca do rei, cobriram a Hamã o rosto. Então, disse Harbona, um dos eunucos que serviam diante do rei: Eis que também a forca de cinquenta côvados de altura que Hamã fizera para Mardoqueu, que falara para bem do rei, está junto à casa de Hamã. Então, disse o rei: Enforcai-o nela. 10 Enforcaram, pois, a Hamã na forca que ele tinha preparado para Mardoqueu. Então, o furor do rei se aplacou.

O rei concede a Mardoqueu um edito em favor dos judeus

Naquele mesmo dia, deu o rei Assuero à rainha Ester a casa de Hamã, inimigo dos judeus; e Mardoqueu veio perante o rei, porque Ester tinha declarado o que lhe era. E tirou o rei o seu anel, que tinha tomado a Hamã, e o deu a Mardoqueu. E Ester pôs a Mardoqueu sobre a casa de Hamã.

Falou mais Ester perante o rei e se lhe lançou aos pés; e chorou e lhe suplicou que revogasse a maldade de Hamã, o agagita, e o seu intento que tinha intentado contra os judeus. E estendeu o rei para Ester o cetro de ouro. Então, Ester se levantou, e se pôs em pé perante o rei, e disse: Se bem parecer ao rei, e se eu achei graça perante ele, e se este negócio é reto diante do rei, e se eu lhe agrado aos seus olhos, escreva-se que se revoguem as cartas e o intento de Hamã, filho de Hamedata, o agagita, as quais ele escreveu para lançar a perder os judeus que em todas as províncias do rei. Por que como poderei ver o mal que sobrevirá ao meu povo? E como poderei ver a perdição da minha geração? Então, disse o rei Assuero à rainha Ester e ao judeu Mardoqueu: Eis que dei a Ester a casa de Hamã, e a ele enforcaram numa forca, porquanto quisera pôr as mãos sobre os judeus. Escrevei, pois, aos judeus, como parecer bem aos vossos olhos e em nome do rei, e selai-o com o anel do rei; porque a escritura que se escreve em nome do rei e se sela com o anel do rei não é para revogar.

Então, foram chamados os escrivães do rei, naquele mesmo tempo e no mês terceiro (que é o mês de sivã), aos vinte e três do mesmo, e se escreveu conforme tudo quanto ordenou Mardoqueu aos judeus, como também aos sátrapas, e aos governadores, e aos maiorais das províncias que se estendem da Índia até à Etiópia, cento e vinte e sete províncias, a cada província segundo a sua escritura e a cada povo conforme a sua língua; como também aos judeus segundo a sua escritura e conforme a sua língua. 10 E se escreveu em nome do rei Assuero, e se selou com o anel do rei; e se enviaram as cartas pela mão de correios a cavalo e que cavalgavam sobre ginetes, que eram das cavalariças do rei. 11 Nelas, o rei concedia aos judeus que havia em cada cidade que se reunissem, e se dispusessem para defenderem as suas vidas, e para destruírem, e matarem, e assolarem a todas as forças do povo e província que com eles apertassem, crianças e mulheres, e que se saqueassem os seus despojos, 12 num mesmo dia, em todas as províncias do rei Assuero, no dia treze do duodécimo mês, que é o mês de adar. 13 E uma cópia da carta, que uma ordem se anunciaria em todas as províncias, foi enviada a todos os povos, para que os judeus estivessem preparados para aquele dia, para se vingarem dos seus inimigos. 14 Os correios, sobre ginetes das cavalariças do rei, apressuradamente saíram, impelidos pela palavra do rei; e foi publicada esta ordem na fortaleza de Susã.

15 Então, Mardoqueu saiu da presença do rei com uma veste real azul celeste e branca, como também com uma grande coroa de ouro e com uma capa de linho fino e púrpura, e a cidade de Susã exultou e se alegrou. 16 E para os judeus houve luz, e alegria, e gozo, e honra. 17 Também em toda província e em toda cidade aonde chegava a palavra do rei e a sua ordem, havia entre os judeus alegria e gozo, banquetes e dias de folguedo; e muitos, entre os povos da terra, se fizeram judeus; porque o temor dos judeus tinha caído sobre eles.

Os judeus matam os seus inimigos

E, no mês duodécimo, que é o mês de adar, no dia treze do mesmo mês em que chegou a palavra do rei e a sua ordem para se executar, no dia em que os inimigos dos judeus esperavam assenhorear-se deles, sucedeu o contrário, porque os judeus foram os que se assenhorearam dos seus aborrecedores. Porque os judeus nas suas cidades, em todas as províncias do rei Assuero, se ajuntaram para pôr as mãos sobre aqueles que procuravam o seu mal; e nenhum podia resistir-lhes, porque o seu terror caiu sobre todos aqueles povos. E todos os maiorais das províncias, e os sátrapas, e os governadores, e os que faziam a obra do rei auxiliavam os judeus, porque tinha caído sobre eles o temor de Mardoqueu. Porque Mardoqueu era grande na casa do rei, e a sua fama saía por todas as províncias; porque o homem Mardoqueu se ia engrandecendo. Feriram, pois, os judeus a todos os seus inimigos, a golpes de espada e com matança e com destruição; e fizeram dos seus aborrecedores o que quiseram. E, na fortaleza de Susã, mataram e destruíram os judeus quinhentos homens; como também a Parsandata, e a Dalfom, e a Aspata, e a Porata, e a Adalia, e a Aridata, e a Farmasta, e a Arisai, e a Aridai, e a Vaizata. 10 Os dez filhos de Hamã, filho de Hamedata, inimigo dos judeus, foram mortos; porém ao despojo não estenderam a sua mão.

11 No mesmo dia, veio perante o rei o número dos mortos na fortaleza de Susã. 12 E disse o rei à rainha Ester: Na fortaleza de Susã, mataram e destruíram os judeus quinhentos homens e os dez filhos de Hamã; nas mais províncias do rei, que fariam? Qual é, pois, a tua petição? E dar-se-te-á. Ou qual é ainda o teu requerimento? E far-se-á. 13 Então, disse Ester: Se bem parecer ao rei, conceda-se também, amanhã, aos judeus que se acham em Susã que façam conforme o mandado de hoje; e enforquem os dez filhos de Hamã numa forca. 14 Então, disse o rei que assim se fizesse; e publicou-se um edito em Susã, e enforcaram os dez filhos de Hamã. 15 E reuniram-se os judeus que se achavam em Susã também no dia catorze do mês de adar e mataram em Susã a trezentos homens; porém ao despojo não estenderam a sua mão.

16 Também os demais judeus que se achavam nas províncias do rei se reuniram para se porem em defesa da sua vida e tiveram repouso dos seus inimigos; e mataram dos seus aborrecedores setenta e cinco mil; porém ao despojo não estenderam a sua mão. 17 Sucedeu isso no dia treze do mês de adar; e repousaram no dia catorze do mesmo e fizeram daquele dia dia de banquetes e de alegria. 18 Também os judeus que se achavam em Susã se ajuntaram nos dias treze e catorze do mesmo; e repousaram no dia quinze do mesmo e fizeram daquele dia dia de banquetes e de alegria. 19 E também os judeus das aldeias que habitavam nas vilas fizeram do dia catorze do mês de adar dia de alegria e de banquetes e dia de folguedo e de mandarem presentes uns aos outros.

A Festa de Purim

20 E Mardoqueu escreveu essas coisas e enviou cartas a todos os judeus que se achavam em todas as províncias do rei Assuero, aos de perto e aos de longe, 21 ordenando-lhes que guardassem o dia catorze do mês de adar e o dia quinze do mesmo, todos os anos, 22 como os dias em que os judeus tiveram repouso dos seus inimigos e o mês que se lhes mudou de tristeza em alegria e de luto em dia de folguedo; para que os fizessem dias de banquetes e de alegria e de mandarem presentes uns aos outros e dádivas aos pobres.

23 E se encarregaram os judeus de fazerem o que tinham começado, como também o que Mardoqueu lhes tinha escrito. 24 Porque Hamã, filho de Hamedata, o agagita, inimigo de todos os judeus, tinha intentado destruir os judeus; e tinha lançado Pur, isto é, a sorte para os assolar e destruir. 25 Mas, vindo isso perante o rei, mandou ele por cartas que o seu mau intento, que intentara contra os judeus, se tornasse sobre a sua cabeça; pelo que o enforcaram a ele e a seus filhos numa forca. 26 Por isso, àqueles dias chamam Purim, do nome Pur; pelo que também, por causa de todas as palavras daquela carta, e do que viram sobre isso, e do que lhes tinha sucedido, 27 confirmaram os judeus e tomaram sobre si, e sobre a sua semente, e sobre todos os que se achegassem a eles que não se deixaria de guardar esses dois dias conforme o que se escrevera deles e segundo o seu tempo determinado, todos os anos; 28 e que estes dias seriam lembrados e guardados geração após geração, família, província e cidade, e que estes dias de Purim se celebrariam entre os judeus, e que a memória deles nunca teria fim entre os de sua semente.

29 Depois disso, escreveu a rainha Ester, filha de Abiail, e Mardoqueu, o judeu, com toda a força, para confirmarem segunda vez esta carta de Purim. 30 E mandaram cartas a todos os judeus, às cento e vinte e sete províncias do reino de Assuero, com palavras de paz e fidelidade, 31 para confirmarem estes dias de Purim nos seus tempos determinados, como Mardoqueu, o judeu, e a rainha Ester lhes tinham estabelecido e como eles mesmos o tinham estabelecido sobre si e sobre a sua semente, acerca do jejum e do seu clamor. 32 E o mandado de Ester estabeleceu o que respeitava ao Purim; e escreveu-se num livro.

Exaltação de Mardoqueu

10 Depois disto, pôs o rei Assuero tributo sobre a terra e sobre as ilhas do mar. E todas as obras do seu poder e do seu valor e a declaração da grandeza de Mardoqueu, a quem o rei engrandeceu, porventura, não estão escritas no livro das crônicas dos reis da Média e da Pérsia? Porque o judeu Mardoqueu foi o segundo depois do rei Assuero, e grande para com os judeus, e agradável para com a multidão de seus irmãos, procurando o bem do seu povo e trabalhando pela prosperidade de toda a sua nação.

A morte de Hamã

Assim, o rei e Hamã foram ao banquete da rainha Ester. Enquanto estavam bebendo vinho nesse segundo dia, o rei perguntou de novo à rainha Ester:

—Rainha Ester, qual é o seu pedido? O que pedir lhe será dado. Mesmo que seja metade do meu reino, lhe será concedido.

A rainha Ester respondeu:

—Se mereço a sua consideração e se Sua Majestade achar bem, peço-lhe que salve a minha vida e também a vida do meu povo. Peço isso, porque o meu povo e eu fomos vendidos para sermos mortos, exterminados por completo. Se só tivéssemos sido vendidos como escravos, eu teria ficado calada porque isso não seria um problema assim tão importante que merecesse incomodar o rei.

Então o rei Xerxes perguntou à rainha Ester:

—Quem foi e onde está o homem que se atreveu a fazer tal coisa?

E Ester respondeu:

—O homem que está contra nós, o inimigo do meu povo, é o malvado Hamã!

Hamã ficou aterrorizado diante do rei e da rainha. O rei ficou furioso e levantou-se, deixou o seu vinho e saiu para o jardim. Hamã ficou dentro da sala com a rainha para lhe suplicar que salvasse a vida dele pois já sabia que o rei iria mandar matá-lo. De repente o rei voltou do jardim, entrou na sala e viu Hamã inclinado sobre o sofá onde estava Ester e disse furioso:

—Até diante de mim, na minha própria casa, quer atacar a rainha?

Assim que o rei disse isto, os oficiais entraram e cobriram o rosto[a] de Hamã. A seguir, Harbona, um dos eunucos que serviam o rei, disse:

—Perto da casa de Hamã há uma torre de madeira de vinte e dois metros de altura que ele fez para empalar Mardoqueu, o mesmo que salvou a vida do rei.

Então o rei disse:

—Empalem Hamã lá!

10 Assim, empalaram Hamã na torre de madeira que ele tinha preparado para Mardoqueu e com isso o rei se acalmou.

A ordem do rei para ajudar os judeus

Nesse mesmo dia, o rei Xerxes deu à rainha Ester tudo o que pertencia a Hamã, o inimigo dos judeus. Mardoqueu apresentou-se diante do rei porque Ester tinha lhe dito que ele era seu primo. O rei pegou o anel que tinha dado a Hamã e deu-o a Mardoqueu. E Ester fez Mardoqueu o administrador de tudo o que tinha pertencido a Hamã.

Ester foi falar novamente com o rei, caiu aos seus pés, começou a chorar e lhe pediu que fizesse algo para ajudar os judeus e assim evitar a destruição deles conforme o plano maligno de Hamã, o descendente de Agague.

O rei estendeu o cetro de ouro a Ester, e ela levantou-se diante dele e disse:

—Sua Majestade, se for de sua vontade e eu merecer a sua estima, peço que aprove o que vou dizer. Se achar bem, por favor, dê uma ordem por escrito que anule as cartas que Hamã, o descendente de Agague, enviou como parte do seu plano para destruir os judeus que vivem nas províncias do reino. Peço isto ao rei porque não poderia suportar se essa grande desgraça chegasse acontecer com o meu povo. Não poderia suportar ver a minha família assassinada.

O rei Xerxes disse à rainha Ester e a Mardoqueu, o judeu:

—Dei a Ester a propriedade que pertenceu a Hamã. Os meus soldados o empalaram na torre de madeira por ter conspirado contra os judeus. Agora é o momento de escreverem outro decreto em nome do rei para ajudar os judeus. Façam isso da maneira que vocês acharem melhor. Depois selem esse decreto com o anel oficial do rei. Pois nenhuma carta escrita em nome do rei e selada com o anel do rei pode ser anulada.

Nesse mesmo dia foram chamados os secretários do rei, no dia vinte e três do terceiro mês, o mês de siván. E os secretários escreveram todas as ordens de Mardoqueu para os judeus, os chefes do exército[b], os governadores, e os chefes das cento e vinte e sete províncias que iam desde a Índia até à Etiópia. Essas ordens foram escritas no alfabeto de cada província e foram traduzidas para a língua de cada povo. As cartas também foram enviadas para os judeus na sua própria língua e no seu próprio alfabeto. 10 Mardoqueu escreveu as ordens em nome do rei Xerxes. Depois selou as cartas com o anel oficial e as enviou por meio de mensageiros que iam a cavalo. Os mensageiros montavam cavalos velozes especialmente treinados para o serviço do rei.

11 Mardoqueu escreveu que o rei autorizava em todas as cidades que os judeus se reunissem e lutassem pelas suas vidas. Dava-lhes o direito de destruir, e exterminar completamente qualquer exército de qualquer nação que os atacasse ou que atacasse as suas mulheres e filhos. Também lhes dava o direito de ficarem com os bens dos seus inimigos.

12 Esta autorização foi concedida aos judeus de todas as províncias do rei Xerxes no dia treze do décimo segundo mês, o mês de adar. 13 Foram distribuídas cópias da carta com a ordem do rei e ficou sendo lei em todas as províncias. A lei foi anunciada aos povos de todas as nações do reino para que os judeus estivessem prontos para se vingar dos seus inimigos nesse dia. 14 Seguindo as instruções do rei, os mensageiros apressaram-se a sair nos cavalos da corte real. A ordem também foi decretada em Susã, a capital.

15 Mardoqueu saiu do palácio real vestido com roupas reais, em azul e branco e com uma grande coroa de ouro. Também levava vestido um manto de cor de púrpura feito do melhor linho. O povo de Susã, ao vê-lo, gritava de alegria. 16 Foi um dia especialmente feliz para os judeus, um dia de grande júbilo e orgulho.

17 Em todas as províncias, cidades, e lugares onde chegava a ordem do rei, havia júbilo e alegria entre os judeus, que celebravam com festas e banquetes. Por todo o reino muitos tornavam-se judeus por causa do temor que tinham aos judeus.

A vitória dos judeus

Supunha-se que no dia treze do décimo segundo mês, o mês de adar, os povos teriam que obedecer à primeira ordem do rei. Nesse dia os inimigos dos judeus esperavam derrotá-los, mas aconteceu o contrário. Os judeus agora eram mais fortes do que os seus inimigos. Os judeus reuniram-se nas suas cidades, em todas as províncias do rei Xerxes, para atacar todos aqueles que os queriam destruir. Ninguém foi suficientemente forte para enfrentar os judeus pois todos tinham medo deles. Todos os oficiais das províncias, os chefes do exército, os governadores e os príncipes do rei ajudaram os judeus porque tinham medo de Mardoqueu. Mardoqueu tinha se tornado um homem muito importante no palácio do rei e em todas as províncias as pessoas tinham ouvido falar dele. Dia após dia, Mardoqueu se tornava cada vez mais poderoso.

Os judeus venceram à espada todos os seus inimigos, matando-os e aniquilando-os. Fizeram o que quiseram com os seus inimigos. Os judeus mataram quinhentos homens, destruindo estes inimigos na capital, Susã. Também mataram Parsandata, Dalfom, Aspata, Porata, Adalia, Aridata, Farmasta, Arisai, Aridai e Vaisata, 10 os dez filhos de Hamã, filho de Hamedata e inimigo dos judeus. Os judeus mataram todos esses homens, mas não tiraram nada do que lhes pertencia.

11 Nesse dia o rei soube do número de mortos no palácio, em Susã, 12 e disse à rainha Ester:

—Os judeus mataram quinhentos homens em Susã, incluindo os dez filhos de Hamã. Sem contar com o que fizeram nas outras províncias! O que mais deseja? Peça e lhe darei.

13 Ester respondeu:

—Se o rei achar bem, peço-lhe que dê mais um dia para os judeus em Susã fazerem o mesmo que fizeram hoje, e que também sejam empalados os corpos dos dez filhos de Hamã.

14 Então o rei concedeu o pedido de Ester. A lei continuou por mais um dia em Susã e os corpos dos filhos de Hamã foram empalados. 15 Os judeus em Susã reuniram-se no dia catorze do mês de adar e mataram ali trezentos homens, mas não levaram nada do que lhes pertencia.

16 Ao mesmo tempo, os judeus que viviam nas outras províncias também se reuniram para se defenderem. Livraram-se dos seus inimigos e mataram 75.000 inimigos, mas não tiraram nada do que lhes pertencia. 17 Isso aconteceu nas províncias no dia treze do mês de adar e no dia catorze descansaram. Os judeus que viviam nas províncias fizeram dessa data um dia de festa e alegria.

A festa de Purim

18 Mas os judeus que viviam em Susã tinham se reunido para se defender nos dias treze e catorze do mês de adar. Só no dia quinze é que descansaram e celebraram a data com festas. 19 Por isso, para os judeus que vivem no campo e em povoações pequenas, é no dia catorze do mês de adar que se celebra esta festa e se trocam presentes.

20 Mardoqueu escreveu tudo o que tinha acontecido e enviou cartas a todos os judeus em todas as províncias do rei Xerxes. 21 Mardoqueu enviou essas cartas para que todos os anos os judeus celebrassem os dias catorze e quinze do mês de adar. 22 Deviam festejar esses dias porque nessas datas é que os judeus se livraram dos seus inimigos, e o mês em que a sua tristeza e o seu choro viraram alegria e celebração. Eram dias de festa e alegria, de troca de presentes e de ajudar os pobres.

23 Os judeus, de acordo com o que Mardoqueu tinha lhes pedido, começaram a celebrar aquela data todos os anos.

24 Hamã, filho de Hamedata, o descendente de Agague, inimigo de todos os judeus, tinha planejado um plano maligno para destruí-los. Ele lançou o pur[c] para ser escolhido o dia em que iria arruinar e destruir os judeus. 25 Mas Ester contou esse plano maligno ao rei e o rei deu novas ordens que fizeram com que todo o mal que Hamã queria fazer aos judeus caísse sobre ele mesmo. Assim, Hamã e os seus filhos foram empalados na torre de madeira.

26 Visto que Hamã lançou o pur, estes dias de festa são chamados dias de Purim. Visto que Mardoqueu escreveu uma carta dizendo aos judeus para celebrarem este dia de festa e por causa do que tinham visto e tinha lhes acontecido, 27 os judeus, e todos os que se juntam a eles, celebram estes dois dias todos os anos na data certa e da maneira determinada. 28 Todas as gerações e todas as famílias se lembram destes dois dias e os festejam em cada província e em cada nação. Os descendentes judeus comemoram sempre os dias de Purim.

29 A rainha Ester, filha de Abiail, e Mardoqueu, o judeu, escreveram juntos uma carta oficial a respeito do Purim, para confirmar a primeira. 30 A carta foi enviada a todos os judeus das cento e vinte e sete províncias do reino de Xerxes com desejos de paz e lealdade. 31 As cartas foram enviadas para lembrar a todos os judeus o seu dever de celebrar o Purim nas datas determinadas e da maneira prescrita pela rainha Ester e Mardoqueu, o judeu, assim como celebram as outras festas de jejum e de luto pelo mal que tinha lhes acontecido. 32 A carta de Ester oficializou as normas para o Purim e tudo ficou registrado num livro.

A exaltação de Mardoqueu

10 O rei Xerxes obrigou todas as províncias do império a pagar impostos, mesmo àquelas terras mais distantes da costa. A história do grande poder do rei Xerxes está escrita no Livro das Crônicas dos Reis da Média e da Pérsia. Também nesse livro, está escrito de que forma o rei Xerxes promoveu Mardoqueu a uma posição de muita importância no império. Mardoqueu, o judeu, ocupou o lugar de maior importância depois do rei Xerxes. Entre os judeus foi um homem honrado e estimado porque procurou o bem dos seus irmãos e do seu povo, e trouxe paz para a sua nação.

Footnotes

  1. 7.8 cobriram o rosto Era costume cobrir o rosto dos condenados à morte.
  2. 8.9 chefes do exército Literalmente, “sátrapas”. Igual em 9.3.
  3. 9.24 lançou o pur Prática de lançar paus, ossos ou pedras como se faz hoje com os dados. Ver Pr 16.33.