Jó 7
Almeida Revista e Corrigida 2009
7 Porventura, não tem o homem guerra sobre a terra? E não são os seus dias como os dias do jornaleiro? 2 Como o cervo que suspira pela sombra, e como o jornaleiro que espera pela sua paga, 3 assim me deram por herança meses de vaidade, e noites de trabalho me prepararam. 4 Deitando-me a dormir, então, digo: quando me levantarei? Mas comprida é a noite, e farto-me de me voltar na cama até à alva. 5 A minha carne se tem vestido de bichos e de torrões de pó; a minha pele está gretada e se fez abominável. 6 Os meus dias são mais velozes do que a lançadeira do tecelão e perecem sem esperança. 7 Lembra-te de que a minha vida é como o vento; os meus olhos não tornarão a ver o bem. 8 Os olhos dos que agora me veem não me verão mais; os teus olhos estarão sobre mim, mas não serei mais. 9 Tal como a nuvem se desfaz e passa, aquele que desce à sepultura nunca tornará a subir. 10 Nunca mais tornará à sua casa, nem o seu lugar jamais o conhecerá.
11 Por isso, não reprimirei a minha boca; falarei na angústia do meu espírito; queixar-me-ei na amargura da minha alma. 12 Sou eu, porventura, o mar, ou a baleia, para que me ponhas uma guarda? 13 Dizendo eu: Consolar-me-á a minha cama, meu leito aliviará a minha ânsia! 14 Então, me espantas com sonhos e com visões me assombras; 15 pelo que a minha alma escolheria, antes, a estrangulação; e, antes, a morte do que estes meus ossos. 16 A minha vida abomino, pois não viverei para sempre; retira-te de mim, pois vaidade são os meus dias. 17 Que é o homem, para que tanto o estimes, e ponhas sobre ele o teu coração, 18 e cada manhã o visites, e cada momento o proves? 19 Até quando me não deixarás, nem me largarás, até que engula a minha saliva? 20 Se pequei, que te farei, ó Guarda dos homens? Por que fizeste de mim um alvo para ti, para que a mim mesmo me seja pesado? 21 E por que me não perdoas a minha transgressão, e não tiras a minha iniquidade? Pois agora me deitarei no pó, e de madrugada me buscarás, e não estarei lá.
Jó 7
Portuguese New Testament: Easy-to-Read Version
7 “Não é dura a luta dos seres humanos aqui na terra?
Não são os seus dias como os de um trabalhador pobre?
2 O homem é um escravo que geme pela sombra da tarde,
um trabalhador que espera ansioso pelo seu salário.
3 A minha recompensa tem sido meses de frustação;
e noite após noite de angústia.
4 Quando me deito, peço que a manhã venha depressa,
mas a noite é sempre longa.
Passo a noite me virando de um lado para o outro,
até o amanhecer.
5 O meu corpo está coberto de vermes e pó.
A minha pele é uma ferida aberta e cheia de pus.
6 A minha vida passa mais depressa do que uma lançadeira,[a]
e chega ao fim sem qualquer esperança.
7 “Lembre-se, ó Deus, que a minha vida é como o vento,
e eu nunca mais voltarei a ter alegria.
8 Quando me quiser ver, já será tarde,
quando me procurar, já não irá me encontrar.
9 Como a nuvem que passa e se desfaz,
assim é quem desce ao lugar dos mortos[b],
ele nunca mais subirá de lá,
10 não voltará mais para casa,
nem a sua habitação o conhecerá mais.
11 Por isso, não ficarei calado.
Falarei da angústia que sinto,
me queixarei com amargura sobre tudo o que preciso dizer.
12 Será que sou o Mar ou o Monstro do Mar[c]
para que o Senhor sempre esteja me vigiando?
13 Se eu falar: ‘Na minha cama me sentirei melhor,
o meu colchão me dará alívio’,
14 então o Senhor me assusta com sonhos,
e me aterroriza com visões.
15 Eu prefiro morrer estrangulado
do que continuar com este sofrimento todo.
16 Não quero continuar vivendo.
Deixe-me em paz, porque a minha vida é como o vento.
17 “O que é o ser humano para que o Senhor fique perdendo o seu tempo com ele
ou para que se preocupe com ele?
18 Por que o vigia todas as manhãs
e o põe à prova todos os dias?
19 Por que não me deixa em paz?
Pelo menos poderia me deixar engolir a saliva em paz.
20 Se eu pequei, como é que isso afeta o Senhor,
ó guarda da humanidade?
Por que faz de mim o seu alvo?
Será que me tornei um peso para o Senhor?
21 Por que não perdoa o meu pecado
e não apaga as minhas ofensas?
Pois depressa estarei deitado no pó,
quando o Senhor me procurar, já não existirei mais”.
Footnotes
- 7.6 lançadeira Peça de tecer pano lançada rapidamente de um lado para o outro.
- 7.9 lugar dos mortos Literalmente, “sheol”. Também em 11.8; 14.13; 17.13; 21.13; 26.6.
- 7.12 o Mar ou o Monstro do Mar Literalmente, “Yam ou Tanim”. Na mitologia cananita, Yam era o deus do mar e Tanim era o monstro marinho.
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