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28 A certa altura, os filisteus convocaram o seu exército e prepararam-se para nova guerra contra Israel. “Vem ajudar-nos a combater!”, disse o rei Aquis a David e aos seus companheiros.

“Está bem!”, concordou David. “Verás em breve como podemos ser-vos úteis.” Aquis acrescentou: “Se assim for, tornar-te-ás meu escudeiro para toda a vida.”

Saul e a bruxa de En-Dor

Entretanto, Samuel tinha morrido e Israel chorara o seu desaparecimento. Fora enterrado em Ramá, a sua cidade natal. Saul também tinha banido da terra de Israel tudo o que era adivinhação e consulta dos espíritos dos mortos.

Os filisteus acamparam em Sunem e Saul e os seus batalhões em Gilboa. Quando Saul viu o vasto exército que os inimigos constituíam ficou paralisado de medo. E perguntou ao Senhor o que deveria fazer. No entanto, o Senhor recusou responder-lhe, fosse por sonhos, fosse através do urim[a] ou mesmo pelos profetas. Então Saul deu instruções aos seus ajudantes para tentarem encontrar alguém que consultasse o espírito dos mortos, a quem perguntasse o que devia fazer, e ainda acharam uma mulher que fazia isso, em En-Dor. Saul disfarçou-se, vestindo roupas de gente vulgar e dirigiu-se a casa dela, de noite, acompanhado por dois dos seus homens. E disse-lhe: “Eu pretendia falar com um homem que já morreu. Consegues chamar o seu espírito?”

“Queres que eu seja morta?”, protestou ela. “Sabes bem o que Saul mandou fazer a todos os adivinhos e médiuns. Estás a armar-me uma cilada!”

10 Saul jurou-lhe solenemente que não a trairia. 11 Por fim, a mulher disse: “Então quem é que tu queres que eu faça vir em espírito?” Respondeu-lhe: “Traz-me Samuel.”

12 Quando a mulher viu Samuel, gritou: “Enganaste-me! Tu és Saul!” Ele retorquiu: 13 “Não tenhas medo! Diz-me o que é que estás a ver.” Ela disse: “Vejo um espetro subindo da terra.”

14 “Como é que é ele?”, perguntou Saul. “É um ancião e está envolto numa túnica”, respondeu-lhe. Saul viu que se tratava de Samuel e inclinou-se.

15 “Porque é que me incomodaste, fazendo-me subir?”, perguntou-lhe Samuel. “Porque estou profundamente perturbado. Os filisteus estão em guerra contra nós; Deus abandonou-me e não me responde, nem pelos profetas nem por sonhos. Por isso, chamei-te, para te perguntar o que devo fazer.”

16 Samuel respondeu: “E por que razão me perguntas a mim, se o Senhor te deixou e se tornou teu inimigo? 17 Ele atuou como já antes te tinha dito e tirou-te o reino para o dar ao teu rival David. 18 Tudo isto veio sobre ti porque não obedeceste às instruções do Senhor, dando cumprimento ao ardor da sua ira sobre os amalequitas. 19 Todo o exército de Israel será derrotado e destruído amanhã pelos filisteus. Tu e os teus filhos estarão aqui comigo.”

20 Saul caiu estendido no chão, fulminado de terror pelas palavras de Samuel. Ele também se encontrava muito enfraquecido, pois não tinha comido nada durante todo aquele dia. 21 Quando a bruxa viu a sua reação e o estado em que tinha ficado, disse: “Senhor, eu apenas obedeci às tuas ordens com o risco da minha vida. 22 Agora ouve o que eu te digo e deixa-me dar-te alguma coisa para comer, a fim de que ganhes forças para a viagem de regresso.”

23 Ele recusou. No entanto, os companheiros insistiram para que aceitasse a oferta da mulher. Por fim, acedeu e sentou-se à beira da cama. 24 A mulher tinha em casa um bezerro cevado que se apressou a degolar; amassou também farinha e cozeu uns pães sem fermento. 25 Trouxe a comida ao rei e aos seus homens que comeram, encetando depois a viagem de regresso naquela mesma noite.

Os filisteus rejeitam o apoio de David

29 O exército filisteu concentrou-se em Afeque e os israelitas na fonte de Jezreel. Na altura em que os filisteus organizavam as suas tropas em batalhões e companhias, David e os seus puseram-se na retaguarda com o rei Aquis. Então os comandantes filisteus perguntaram: “Que estão estes israelitas aqui a fazer?”

“Este é David, o servo do rei Saul, que fugiu de Israel. Já há muito tempo que está comigo e não encontrei nele nada de culpável, desde que aqui chegou”, foi a resposta de Aquis.

“Manda essa gente embora!”, pediram-lhe, zangados. “É evidente que não irão à batalha connosco, pois voltar-se-iam contra nós. Haveria melhor maneira de se reconciliarem com o seu senhor do que nos traírem durante a luta? Não te esqueças que este é o homem de quem as mulheres israelitas diziam a dançar: ‘Saul matou os seus milhares e David os seus dez milhares!’ ”

Aquis acedeu, por fim, chamando David e os companheiros: “Tão certo como vive o Senhor, que são os melhores homens que eu já tive e a minha vontade é que viessem lutar connosco; mas os meus chefes militares não pensam assim. Por favor, não os irritem e vão embora sossegadamente.”

“Que fizemos nós para merecer este tratamento?”, perguntou David. “Porque não posso combater os inimigos do rei, meu senhor?”

“No que me diz respeito”, insistiu Aquis, “tu és tão reto como um anjo de Deus. Contudo, os meus comandantes militares receiam ter-te com eles durante a batalha. 10 Por isso, levantem-se cedo e vão embora logo que amanheça.”

11 Então David voltou para a terra dos filisteus, enquanto o exército deles se dirigia para Jezreel.

David destrói os amalequitas

30 Três dias mais tarde, quando David, acompanhado dos seus homens, chegou a casa, na cidade de Ziclague, constatou que os amalequitas tinham feito uma incursão na cidade e ateado o fogo; mas levaram consigo mulheres, crianças e toda a gente que ali estava, pequenos e grandes, sem matar ninguém.

Logo que David e os seus homens chegaram à cidade, observaram que ela fora totalmente incendiada e que tinham levado as suas mulheres, com os filhos e filhas. Ao verem aquilo e ao darem-se conta do que acontecera às suas famílias, todos choraram amargamente. As duas mulheres de David, Ainoã, a jezreelita, e Abigail, a viúva de Nabal, o carmelita, encontravam-se também entre os cativos. David estava seriamente preocupado, porque os homens, na sua grande dor por causa dos filhos que os amalequitas lhes tinham levado, falavam até em apedrejá-lo. No entanto, David tomou forças no Senhor, seu Deus.

Então disse ao sacerdote Abiatar, filho de Aimeleque: “Traz-me aqui o éfode!” E perguntou ao Senhor: “Vou no encalço deles? Apanhá-los-emos?”

O Senhor respondeu-lhe: “Vai, persegue-os e recuperarás tudo o que vos levaram!”

David e os outros 600 homens partiram atrás dos amalequitas. Quando alcançaram o ribeiro de Besor, 200 deles estavam de tal maneira exaustos que não conseguiram atravessá-lo. 10 Mas os outros 400 prosseguiram na corrida.

11-12 A certa altura, encontraram um moço egípcio num campo e trouxeram-no a David. O rapaz não tinha comido nem bebido nada durante três dias e três noites. Deram-lhe parte dum bolo de figos, duas mãos-cheias de uvas secas e água para beber. Depois disso, ele recuperou as forças.

13 “Quem és tu? Donde vens?”, perguntou-lhe David. “Sou egípcio, servo dum amalequita. O meu senhor abandonou-me há três dias porque eu estava muito doente. 14 Vínhamos de uma incursão militar na terra dos cretenses, e também no sul de Judá, e ainda na terra de Calebe; também incendiámos Ziclague.”

15 “Podes dizer-me para onde eles foram?” Ele respondeu: “Se jurares em nome de Deus que não me matas nem me entregas de novo ao meu amo, guiar-te-ei até eles.”

16 Assim levou-os ao acampamento dos amalequitas. Estavam espalhados numa grande área daquela terra, a comer, a beber e a dançar de alegria, por causa do enorme despojo que tinham trazido da Filisteia e de Judá. 17 David e os companheiros saltaram-lhes em cima e lutaram durante a noite toda e no dia seguinte até ao anoitecer. Os únicos que conseguiram escapar foram 400 rapazes que fugiram montados em camelos. 18 David recuperou tudo o que os amalequitas tinham levado e resgatou também as suas duas mulheres. 19 Recuperou todas as pessoas, desde as pequenas às grandes, os filhos e as filhas dos seus homens, e todos os despojos que os amalequitas tinham roubado. 20 Toda a gente juntou o gado e os rebanhos, conduzindo-os diante de si e exclamando: “Este é o teu despojo, David!”

21 Quando chegaram de novo ao ribeiro de Besor e se juntaram aos tais duzentos que não tinham podido continuar, por se encontrarem esgotados e sem forças, David saudou-os pacificamente. 22 Contudo, alguns dos que vinham com David, homens ruins e perversos, começaram a dizer: “Esses não vieram connosco, por isso, não hão de ter parte no despojo. Levem as mulheres e os filhos e vão embora.”

23 “Não, meus irmãos! O Senhor guardou-nos e ajudou-nos a derrotar o inimigo. 24 Numa altura destas alguém poderia dar ouvidos a uma tal proposta? Vamos repartir o que obtivemos irmãmente com os que foram à batalha e com os que guardaram as bagagens.” 25 Foi assim que David fez desta uma lei para todo o Israel que ainda hoje é válida.

26 Quando chegou a Ziclague enviou parte do saque aos anciãos de Judá: “Isto é um presente tirado aos inimigos do Senhor”, escreveu-lhes. 27-31 Estes presentes foram enviados aos anciãos das seguintes cidades onde David e os companheiros tinham estado: Betel, Sul de Ramote, Jatir, Aroer, Sifmote, Estemoa, Racal, as cidades dos jerameelitas, as cidades dos queneus, Horma, Borasã, Atace e Hebrom.

Morte de Saul e dos filhos

(1 Cr 10.1-14)

31 Os filisteus atacaram e derrotaram as tropas israelitas, as quais fugiram, tendo sido liquidadas no sopé do monte Gilboa. Os filisteus foram atrás de Saul e dos seus três filhos e mataram Jónatas, Abinadabe e Malquisua. A luta cresceu depois com violência em volta de Saul e os frecheiros conseguiram feri-lo gravemente.

Então ele gritou ao seu escudeiro: “Desembainha a tua espada e atravessa-me com ela, antes que esta gente incircuncisa me mate, gabando-se ainda do que fizeram.” Mas o homem teve medo de fazer tal coisa. Por isso, Saul pegou na sua própria espada e atirou-se sobre ela. Nessa altura, o escudeiro, vendo que Saul estava morto, matou-se da mesma forma. Assim, Saul e o seu pajem, os seus três filhos e as suas tropas morreram no mesmo dia.

Quando os israelitas do outro lado do vale, para lá do Jordão, ouviram que os seus compatriotas tinham fugido e que Saul e os filhos tinham morrido, abandonaram as cidades, e os filisteus foram viver nelas.

No dia seguinte, quando os filisteus vieram para despojar os mortos, encontraram os corpos de Saul e dos seus três filhos no monte Gilboa. Cortaram a cabeça a Saul, tiraram-lhe as armas e anunciaram-no nos templos dos seus deuses e ao seu povo por toda a terra. 10 As suas armas foram colocadas no templo de Astarote e o seu corpo pendurado no muro de Bete-Seã.

11 Quando o povo de Jabes-Gileade ouviu o que os filisteus tinham feito ao corpo de Saul, 12 os seus guerreiros, os mais valentes, foram de noite até Bete-Seã, retiraram de lá os corpos de Saul e dos filhos e trouxeram-nos para Jabes onde os queimaram. 13 O que restou enterraram sob o carvalho de Jabes, jejuando depois por sete dias.

Footnotes

  1. 28.6 Ver nota a Dt 33.8.

Saul consulta uma pitonisa de En-Dor

28 E sucedeu, naqueles dias, que, juntando os filisteus os seus exércitos para a peleja, para fazer guerra contra Israel, disse Aquis a Davi: Sabe, decerto, que comigo sairás ao arraial, tu e os teus homens. Então, disse Davi a Aquis: Assim saberás tu o que fará o teu servo. E disse Aquis a Davi: Por isso, te terei por guarda da minha cabeça para sempre.

E já Samuel era morto, e todo o Israel o tinha chorado e o tinha sepultado em Ramá, que era a sua cidade; e Saul tinha desterrado os adivinhos e os encantadores. E ajuntaram-se os filisteus, e vieram, e acamparam-se em Suném; e ajuntou Saul a todo o Israel, e se acamparam em Gilboa. E, vendo Saul o arraial dos filisteus, temeu, e estremeceu muito o seu coração. E perguntou Saul ao Senhor, porém o Senhor lhe não respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas. Então, disse Saul aos seus criados: Buscai-me uma mulher que tenha o espírito de feiticeira, para que vá a ela e a consulte. E os seus criados lhe disseram: Eis que em En-Dor uma mulher que tem o espírito de adivinhar.

E Saul se disfarçou e vestiu outras vestes, e foi ele e com ele dois homens, e de noite vieram à mulher; e disse: Peço-te que me adivinhes pelo espírito de feiticeira e me faças subir a quem eu te disser. Então, a mulher lhe disse: Eis aqui tu sabes o que Saul fez, como tem destruído da terra os adivinhos e os encantadores; por que, pois, me armas um laço à minha vida, para me fazer matar? 10 Então, Saul lhe jurou pelo Senhor, dizendo: Vive o Senhor, que nenhum mal te sobrevirá por isso. 11 A mulher, então, lhe disse: A quem te farei subir? E disse ele: Faze-me subir a Samuel. 12 Vendo, pois, a mulher a Samuel, gritou em alta voz; e a mulher falou a Saul, dizendo: Por que me tens enganado? Pois tu mesmo és Saul. 13 E o rei lhe disse: Não temas; porém que é o que vês? Então, a mulher disse a Saul: Vejo deuses que sobem da terra. 14 E lhe disse: Como é a sua figura? E disse ela: Vem subindo um homem ancião e está envolto numa capa. Entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se com o rosto em terra e se prostrou.

15 Samuel disse a Saul: Por que me desinquietaste, fazendo-me subir? Então, disse Saul: Mui angustiado estou, porque os filisteus guerreiam contra mim, e Deus se tem desviado de mim e não me responde mais, nem pelo ministério dos profetas, nem por sonhos; por isso, te chamei a ti, para que me faças saber o que hei de fazer. 16 Então, disse Samuel: Por que, pois, a mim me perguntas, visto que o Senhor te tem desamparado e se tem feito teu inimigo? 17 Porque o Senhor tem feito para contigo como pela minha boca te disse, e o Senhor tem rasgado o reino da tua mão, e o tem dado ao teu companheiro Davi. 18 Como tu não deste ouvidos à voz do Senhor e não executaste o fervor da sua ira contra Amaleque, por isso, o Senhor te fez hoje isso. 19 E o Senhor entregará também a Israel contigo na mão dos filisteus, e amanhã tu e teus filhos estareis comigo; e o arraial de Israel o Senhor entregará na mão dos filisteus.

20 E, imediatamente, Saul caiu estendido por terra e grandemente temeu por causa daquelas palavras de Samuel; e não houve força nele, porque não tinha comido pão todo aquele dia e toda aquela noite. 21 Então, veio a mulher a Saul e, vendo que estava tão perturbado, disse-lhe: Eis que deu ouvidos a tua criada à tua voz, e pus a minha vida na minha mão e ouvi as palavras que disseste. 22 Agora, pois, ouve também tu as palavras da tua serva, e porei um bocado de pão diante de ti, e come, para que tenhas forças para te pores a caminho. 23 Porém ele o recusou e disse: Não comerei. Porém os seus criados e a mulher o constrangeram; e deu ouvidos à sua voz. E levantou-se do chão e se assentou sobre uma cama. 24 E tinha a mulher em casa uma bezerra cevada, e se apressou, e a degolou, e tomou farinha, e a amassou, e a cozeu em bolos asmos. 25 E os trouxe diante de Saul e de seus criados, e comeram. Depois, levantaram-se e se foram naquela mesma noite.

Davi marcha com Aquis contra os israelitas

29 E ajuntaram os filisteus todos os seus exércitos em Afeca, e acamparam-se os israelitas junto à fonte que está em Jezreel. E os príncipes dos filisteus se foram para lá com centenas e com milhares; porém Davi e os seus homens iam com Aquis na retaguarda. Disseram, então, os príncipes dos filisteus: Que fazem aqui estes hebreus? E disse Aquis aos príncipes dos filisteus: Não é este Davi, o criado de Saul, rei de Israel, que esteve comigo há alguns dias ou anos? E coisa nenhuma achei nele, desde o dia em que se revoltou até ao dia de hoje. Porém os príncipes dos filisteus muito se indignaram contra ele; e disseram-lhe os príncipes dos filisteus: Faze voltar a este homem, e torne ao seu lugar em que tu o puseste e não desça conosco à batalha, para que não se nos torne na batalha em adversário; porque com que aplacaria este a seu senhor? Porventura, não seria com as cabeças destes homens? Não é este aquele Davi, de quem uns aos outros respondiam nas danças, dizendo: Saul feriu os seus milhares, porém Davi, as suas dezenas de milhares?

Então, Aquis chamou a Davi e disse-lhe: Vive o Senhor, que tu és reto, e que a tua entrada e a tua saída comigo no arraial são boas aos meus olhos; porque nenhum mal em ti achei, desde o dia em que a mim vieste até ao dia de hoje; porém aos olhos dos príncipes não agradas. Volta, pois, agora, e volta em paz; para que não faças mal aos olhos dos príncipes dos filisteus. Então, Davi disse a Aquis: Por quê? Que fiz? Ou que achaste no teu servo, desde o dia em que estive diante de ti até ao dia de hoje, para que não vá e peleje contra os inimigos do rei, meu senhor? Respondeu, porém, Aquis e disse a Davi: Bem o sei; e que, na verdade, aos meus olhos és bom como um anjo de Deus; porém disseram os príncipes dos filisteus: Não suba este conosco à batalha. 10 Agora, pois, amanhã de madrugada, levanta-te com os criados de teu senhor, que têm vindo contigo; e, levantando-vos pela manhã de madrugada e havendo luz, parti. 11 Então, Davi de madrugada se levantou, ele e os seus homens, para partirem pela manhã e voltarem à terra dos filisteus; e os filisteus subiram a Jezreel.

Ziclague é saqueada pelos amalequitas

30 Sucedeu, pois, que, chegando Davi e os seus homens ao terceiro dia a Ziclague, os amalequitas com ímpeto tinham dado sobre o Sul e sobre Ziclague, e tinham ferido a Ziclague, e a tinham posto a fogo. E levaram cativas as mulheres que estavam nela, porém a ninguém mataram, nem pequenos nem grandes; tão somente os levaram consigo e foram pelo seu caminho. E Davi e os seus homens vieram à cidade, e eis que estava queimada a fogo, e suas mulheres, seus filhos e suas filhas eram levados cativos. Então, Davi e o povo que se achava com ele alçaram a sua voz e choraram, até que neles não houve mais força para chorar. Também as duas mulheres de Davi foram levadas cativas; Ainoã, a jezreelita, e Abigail, a mulher de Nabal, o carmelita. E Davi muito se angustiou, porque o povo falava de apedrejá-lo, porque o ânimo de todo o povo estava em amargura, cada um por causa dos seus filhos e das suas filhas; todavia, Davi se esforçou no Senhor, seu Deus.

Davi persegue os amalequitas e livra os cativos

E disse Davi a Abiatar, o sacerdote, filho de Aimeleque: Traze-me, peço-te, aqui o éfode. E Abiatar trouxe o éfode a Davi. Então, consultou Davi ao Senhor, dizendo: Perseguirei eu a esta tropa? Alcançá-la-ei? E o Senhor lhe disse: Persegue-a, porque, decerto, a alcançarás e tudo libertarás. Partiu, pois, Davi, ele e os seiscentos homens que com ele se achavam, e chegaram ao ribeiro de Besor, onde os que ficaram atrás pararam. 10 E seguiu-os Davi, ele e os quatrocentos homens, pois que duzentos homens ficaram atrás, por não poderem, de cansados que estavam, passar o ribeiro de Besor.

11 E acharam no campo um homem egípcio e o trouxeram a Davi; deram-lhe pão, e comeu, e deram-lhe a beber água. 12 Deram-lhe também um pedaço de massa de figos secos e dois cachos de passas, e comeu; e voltou-lhe o seu espírito, porque havia três dias e três noites que não tinha comido pão nem bebido água. 13 Então, Davi lhe disse: De quem és tu e de onde és? E disse o moço egípcio: Sou servo de um homem amalequita, e meu senhor me deixou, porque adoeci há três dias. 14 Nós demos com ímpeto para a banda do sul dos queretitas, e para a banda de Judá, e para a banda do sul de Calebe e pusemos fogo a Ziclague. 15 E disse-lhe Davi: Poderias, descendo, guiar-me a essa tropa? E disse-lhe: Por Deus, me jura que me não matarás, nem me entregarás na mão de meu senhor, e, descendo, te guiarei a essa tropa. 16 E, descendo, o guiou. E eis que estavam espalhados sobre a face de toda a terra, comendo, e bebendo, e dançando, por todo aquele grande despojo que tomaram da terra dos filisteus e da terra de Judá. 17 E feriu-os Davi, desde o crepúsculo até à tarde do dia seguinte, e nenhum deles escapou, senão só quatrocentos jovens que, montados sobre camelos, fugiram. 18 Assim, livrou Davi tudo quanto tomaram os amalequitas; também as suas duas mulheres livrou Davi. 19 E ninguém lhes faltou, desde o menor até ao maior e até os filhos e as filhas; e também desde o despojo até tudo quanto lhes tinham tomado: tudo Davi tornou a trazer. 20 Também tomou Davi todas as ovelhas e vacas, e levavam-nas diante do outro gado e diziam: Este é o despojo de Davi.

21 E, chegando Davi aos duzentos homens que, de cansados que estavam, não puderam seguir a Davi e que deixaram ficar no ribeiro de Besor, estes saíram ao encontro de Davi e do povo que com ele vinha; e, chegando-se Davi ao povo, os saudou em paz.

Davi estabelece a lei da divisão da presa

22 Então, todos os maus e filhos de Belial, dentre os homens que tinham ido com Davi, responderam e disseram: Visto que não foram conosco, não lhes daremos do despojo que libertamos; mas que leve cada um sua mulher e seus filhos e se vá. 23 Porém Davi disse: Não fareis assim, irmãos meus, com o que nos deu o Senhor, que nos guardou e entregou a tropa que contra nós vinha nas nossas mãos. 24 E quem em tal vos daria ouvidos? Porque qual é a parte dos que desceram à peleja, tal também será a parte dos que ficaram com a bagagem; igualmente repartirão. 25 O que assim foi desde aquele dia em diante, porquanto o pôs por estatuto e direito em Israel, até ao dia de hoje.

26 E, chegando Davi a Ziclague, enviou do despojo aos anciãos de Judá, seus amigos, dizendo: Eis aí para vós uma bênção do despojo dos inimigos do Senhor: 27 aos de Betel, e aos de Ramote do Sul, e aos de Jatir, 28 e aos de Aroer, e aos de Sifmote, e aos de Estemoa, 29 e aos de Racal, e aos que estavam nas cidades jerameelitas e nas cidades dos queneus, 30 e aos de Horma, e aos de Borasã, e aos de Atace, 31 e aos de Hebrom, e a todos os lugares em que andara Davi, ele e os seus homens.

A matança dos israelitas e a morte de Saul

31 Os filisteus, pois, pelejaram contra Israel; e os homens de Israel fugiram de diante dos filisteus e caíram atravessados na montanha de Gilboa. E os filisteus apertaram com Saul e seus filhos e os filisteus mataram a Jônatas, e a Abinadabe, e a Malquisua, filhos de Saul. E a peleja se agravou contra Saul, e os flecheiros o alcançaram; e muito temeu por causa dos flecheiros. Então, disse Saul ao seu pajem de armas: Arranca a tua espada e atravessa-me com ela, para que, porventura, não venham estes incircuncisos, e me atravessem, e escarneçam de mim. Porém o seu pajem de armas não quis, porque temia muito; então, Saul tomou a espada e se lançou sobre ela. Vendo, pois, o seu pajem de armas que Saul já era morto, também ele se lançou sobre a sua espada e morreu com ele. Assim, faleceu Saul, e seus três filhos, e o seu pajem de armas, e também todos os seus homens morreram juntamente naquele dia. E, vendo os homens de Israel que estavam desta banda do vale e desta banda do Jordão que os homens de Israel fugiram e que Saul e seus filhos estavam mortos, desampararam as cidades e fugiram; e vieram os filisteus e habitaram nelas.

Sucedeu, pois, que, vindo os filisteus ao outro dia a despojar os mortos, acharam a Saul e a seus três filhos estirados na montanha de Gilboa. E cortaram-lhe a cabeça, e o despojaram das suas armas, e enviaram pela terra dos filisteus, em redor, a anunciá-lo no templo dos seus ídolos e entre o povo. 10 E puseram as suas armas no templo de Astarote e o seu corpo o afixaram no muro de Bete-Seã. 11 Ouvindo, então, isso os moradores de Jabes-Gileade, o que os filisteus fizeram a Saul, 12 todo homem valoroso se levantou, e caminharam toda a noite, e tiraram o corpo de Saul e os corpos de seus filhos do muro de Bete-Seã, e, vindo a Jabes, os queimaram. 13 E tomaram os seus ossos, e os sepultaram debaixo de um arvoredo, em Jabes, e jejuaram sete dias.

28 Depois os filisteus reuniram suas tropas para combater contra Israel, e Aquis disse a Davi:

—Você e seus homens subirão comigo para combater contra Israel.

Davi respondeu:

—Com certeza! Então o senhor verá o que pode fazer este servo seu.

Aquis disse:

—Nesse caso, será meu guarda-costas. Você me protegerá de agora em diante.

Saul e a espírita de En-Dor

Depois da morte de Samuel, todo Israel tinha feito lamentos por ele, e o tinham enterrado em sua cidade Ramá. (Saul tinha expulsado de Israel os espíritas[a] e os feiticeiros.)

Os filisteus se prepararam para a batalha, acampando em Suném. Saul reuniu os israelitas e acamparam em Gilboa. Ao ver o exército filisteu, Saul se atemorizou. Consultou o SENHOR, mas o SENHOR não lhe respondeu nem em sonhos, nem pelo Urim, nem por meio dos profetas. Por fim, Saul disse aos seus oficiais:

—Tragam-me um espírita para que eu o consulte.

Seus oficiais lhe responderam:

—Há uma espírita em En-Dor.

Saul se disfarçou com outra roupa para que ninguém o reconhecesse, e nessa mesma noite ele e seus homens foram consultar a espírita. Saul disse:

—Quero que invoque um espírito que possa me falar do futuro. Faça aparecer a pessoa que eu lhe falar.

Mas a espírita disse a Saul:

—Você não sabe o que fez Saul? Expulsou do país todos os espíritas e os feiticeiros. Você está tramando contra mim uma armadilha e expondo-me à morte.

10 Saul fez esta promessa a ela no nome do SENHOR:

—Tão certo como o SENHOR vive, que você não será castigada por fazer o que lhe digo.

11 A mulher perguntou:

—Quem quer que invoque?

Saul respondeu:

—Samuel.

12 Quando a espírita viu Samuel, deu um grito, e disse:

—Você me fez uma armadilha! Você é Saul!

13 O rei disse à adivinha:

—Não tema. O que é que você vê?

A adivinha disse:

—Vejo um espírito que está saindo da terra[b].

14 Saul perguntou:

—Como ele se parece?

A mulher respondeu:

—Como um ancião que leva um manto.

Saul se ajoelhou rosto em terra ao se dar conta de que era Samuel. 15 Samuel disse a Saul:

—Por que está me incomodando fazendo-me subir?

Saul respondeu:

—Estou com problemas! Os filisteus estão me atacando e Deus se afastou de mim. Já não me responde, nem por meio dos profetas nem por sonhos. Por isso chamei você. Necessito que me diga o que fazer.

16 Samuel disse:

—O SENHOR abandonou você, e agora está do lado do seu inimigo, por que me chama? 17 O SENHOR está fazendo o que lhe advertiu através de mim. O SENHOR está prestes a tirar o reino das suas mãos, e o dará a Davi. 18 Não obedeceu ao SENHOR, não destruiu os amalequitas nem lhes mostrou a ira de Deus. Por isso o SENHOR está fazendo isso com você agora. 19 O SENHOR entregará você e o povo de Israel nas mãos dos filisteus. Amanhã você e seus filhos estarão aqui comigo. O SENHOR entregará também o exército de Israel nas mãos dos filisteus.

20 Na mesma hora Saul, embora fosse muito alto, caiu muito assustado por causa daquilo que Samuel havia dito. Saul também estava fraco porque não tinha comido nada o dia inteiro e a noite toda. 21 Ao ver como Saul estava amedrontado, a mulher se aproximou, e disse:

—Eu, sua serva, obedeci arriscando minha vida ao fazer o que me pediu. 22 Agora peço que me ouça. Deixe que traga alguma coisa para você comer. Você necessita comer para recuperar a energia e seguir seu caminho.

23 Mas Saul se negou a comer dizendo:

—Não quero comer.

Os oficiais de Saul se uniram à mulher e insistiram que comesse. Por fim, Saul os ouviu, se levantou e ficou sentado na cama. 24 A mulher matou um bezerro gordo que tinha em sua casa e amassou farinha para assar pão sem fermento. 25 Depois serviu a Saul e seus oficiais. Nessa mesma noite, depois de comer, seguiram seu caminho.

Os filisteus desconfiam de Davi

29 Os filisteus reuniram seus soldados em Afeque, enquanto os israelitas acampavam junto ao manancial que está em Jezreel. Os líderes filisteus avançaram em companhias de 100 e de 1.000 homens, seguidos por Aquis e Davi com seus homens.

Os generais filisteus perguntaram:

—O que estão fazendo aqui estes hebreus?

Aquis disse aos generais:

—É Davi. Ele antes era um dos oficiais de Saul, mas tem estado comigo por muito tempo, e nunca vi nada que me fizesse desconfiar dele.

Mas os generais filisteus ficaram chateados com Aquis e disseram:

—Ordene que ele regresse à cidade que você lhe deu. Ele não pode nos acompanhar na batalha. Por acaso não vê que faríamos um inimigo em nosso próprio grupo? Ele poderia ganhar a benevolência do seu rei matando nossos homens. Esse é o Davi do qual os israelitas dançavam e cantavam:

“Saul matou 1.000,
    mas Davi matou 10.000”.

Então Aquis chamou Davi e disse:

—Tão certo como o SENHOR vive, que você é leal a mim, e gostaria que me servisse no meu exército. Não tenho tido nada para desconfiar de você desde o primeiro dia que você chegou e também os líderes filisteus pensam bem de você.[c] Volte para sua casa e não faça nada que desagrade os líderes filisteus.

Davi perguntou:

—Mas que mal tenho feito? Tem algo, Sua Majestade, para desconfiar de mim desde que eu cheguei? Por que não me permite combater contra os inimigos de Sua Majestade?

Aquis respondeu:

—Eu sei que você é um bom homem, como um anjo de Deus, mas os generais filisteus insistiram que você não nos acompanhasse na batalha. 10 Cedo pela manhã, você e seus homens deverão regressar à cidade que lhe dei, e não faça caso do que os generais dizem de você. Você é um bom homem; portanto, volte assim que amanhecer.

11 Na manhã seguinte Davi e seus homens partiram rumo ao território filisteu, enquanto os filisteus avançaram para Jezreel.

Davi vence os amalequitas

30 Depois de três dias, Davi e seus homens chegaram a Ziclague. Os amalequitas tinham invadido a região do sul de Canaã, e também atacado e queimado a cidade de Ziclague. Eles chegaram a capturar todo o povo: mulheres, jovens e líderes; embora não tivessem matado ninguém.

Quando Davi e seus homens chegaram a Ziclague, encontraram a cidade em chamas. Os amalequitas tinham levado cativos suas esposas, filhos e filhas. Davi e os demais homens do seu exército choraram e gritaram até ficar sem forças. Os amalequitas também tinham levado cativas as duas esposas de Davi: Ainoã, de Jezreel, e Abigail, que tinha sido a esposa de Nabal, de Carmelo.

Todo o exército estava tão triste e furioso porque seus filhos e filhas tinham sido levados cativos, que queriam apedrejar Davi até a morte. Ele ficou alarmado, mas recuperou as forças no SENHOR, seu Deus, e disse ao sacerdote Abiatar, o filho de Aimeleque, que trouxesse o éfode.

Então Davi consultou o SENHOR:

—Devo perseguir os que levaram as nossas famílias cativas? Poderei alcançá-los?

Ele respondeu:

—Persiga-os, que os alcançará e resgatará suas famílias.

Davi foi ao ribeiro de Besor acompanhado de seiscentos homens. Ali ficaram 10 duzentos homens porque estavam muito fracos e cansados para continuar. Davi continuou perseguindo os amalequitas com quatrocentos homens.

11 Os homens de Davi encontraram um egípcio no campo e o levaram a Davi. Eles lhe deram de comer e de beber, 12 e também um pedaço de massa de figos e dois cachos de uva passa, pois tinha três dias e três noites que ele não provava comida. Quando o egípcio comeu, recuperou as forças.

13 Davi perguntou ao egípcio:

—A quem pertence? De onde você vem?

O egípcio respondeu:

—Sou egípcio, escravo de um amalequita. Faz três dias que fiquei doente, e meu senhor me abandonou. 14 Tínhamos invadido a região do sul de Canaã, onde vivem os queretitas[d]. Atacamos o território de Judá e de Calebe, e também incendiamos Ziclague.

15 Davi disse ao egípcio:

—Guie-nos para que encontremos esses bandidos.

O egípcio respondeu:

—Levarei vocês, mas jure por Deus que não me matará nem me entregará de novo ao meu senhor.

16 O egípcio os guiou onde estavam os amalequitas. Os encontraram dispersos pelo chão, comendo e bebendo, celebrando o grande despojo que tinham tomado do território filisteu e de Judá. 17 Davi os atacou e os matou. Lutaram desde o amanhecer até o anoitecer do dia seguinte. Nenhum dos amalequitas conseguiu escapar, a não ser quatrocentos homens que montaram em seus camelos e fugiram. 18 Davi recuperou o despojo que os amalequitas tinham tomado, inclusive suas duas esposas. 19 Não faltou nada. Encontraram todas as crianças e líderes, e também todos os seus filhos e filhas, e todos os seus bens de valor. 20 Davi se apoderou das ovelhas e do gado. As pessoas levavam tudo na frente do grupo e diziam:

—Este é o despojo de Davi!

21 Davi regressou ao ribeiro de Besor, onde tinham ficado os duzentos homens que estavam fracos e cansados para segui-lo. Os homens saíram ao encontro de Davi e os soldados que o tinham acompanhado. 22 Entre os homens que tinham acompanhado Davi, havia alguns que eram maus e problemáticos, e reclamaram:

—Estes homens não foram conosco; portanto, não devemos compartilhar o despojo com eles. Que tomem só suas esposas e filhos.

23 Davi disse a eles:

—Não, irmãos meus, não façam isso. Pensem no que o SENHOR lhes deu. Ele nos permitiu derrotar o inimigo que nos atacou. 24 Ninguém lhes fará caso. Tudo será repartido em partes iguais entre os homens que ficaram cuidando das provisões e os que foram à batalha.

25 Davi estabeleceu essa lei e regulamento em Israel, e assim continua até hoje.

26 Depois de chegar a Ziclague, Davi enviou algumas das coisas que tomou dos amalequitas aos seus amigos, os líderes de Judá, dizendo:

—Aqui lhes envio um presente daquilo que tomamos dos inimigos do SENHOR.

27 Também enviou algumas das coisas aos líderes de Betel, de Ramote que fica no sul de Canaã, de Jatir, 28 de Aroer, de Sifmote, de Estemoa, 29 de Racal, das cidades de Jerameel, das cidades dos queneus 30 de Horma, de Borasã, de Atace, 31 de Hebrom, e aos líderes de todos os lugares onde Davi e seus homens tinham vivido.

A morte de Saul e de seus filhos

31 Os filisteus lutaram contra Israel, e os israelitas saíram fugindo. Muitos israelitas morreram no monte Gilboa. Então os filisteus se dedicaram a perseguir Saul e seus filhos, conseguindo matar Jônatas, Abinadade e Malquisua. A batalha se tornou cada vez pior para Saul, e os arqueiros o alcançaram e o feriram gravemente com suas flechas. Então Saul disse ao seu escudeiro:

—Pegue sua espada e me mate para que esses pagãos[e] não venham fazer escárnio de mim.

Mas o escudeiro de Saul teve medo e se negou a matá-lo. Então Saul pegou sua própria espada e se matou. Ao ver que Saul estava morto, seu escudeiro atravessou a si mesmo com sua própria espada e morreu junto com Saul. Deste modo morreram Saul, seus três filhos e o seu escudeiro nesse dia.

Ao ver que o exército israelita fugia e que Saul e seus filhos tinham morrido, os israelitas que viviam do outro lado do vale abandonaram suas cidades e também fugiram. Então os filisteus passaram a ocupar essas cidades.

No dia seguinte, quando os filisteus voltaram para despojar os cadáveres, encontraram Saul e seus filhos mortos no monte Gilboa. Então decapitaram Saul, tomaram todas as armas e enviaram mensageiros para que espalhassem a notícia aos filisteus e a todos os templos dos seus ídolos. 10 Puseram suas armas no templo da deusa Astarote. Depois penduraram seu cadáver na parede de Bete-Sã. 11 Quando o povo de Jabes-Gileade ouviu dizer o que os filisteus tinham feito, 12 os soldados de Jabes caminharam durante toda a noite em direção a Bete-Sã para recuperarem os corpos de Saul e dos seus filhos. Depois de baixá-los do muro, voltaram a Jabes, onde os queimaram. 13 Depois pegaram os ossos e os enterraram debaixo de uma sombra de tamarisco de Jabes. E jejuaram por sete dias.

Footnotes

  1. 28.3 espíritas Uma forma das pessoas do Oriente Antigo contatarem os espíritos ou deuses que viviam debaixo da terra era cavar um poço e chamar pelo espírito para que este saísse pelo poço. Também as pessoas ofereciam sacrifícios ou outros presentes com esse propósito.
  2. 28.13 terra ou “Sheol”, o lugar da morte.
  3. 29.6 e também (…) de você De acordo com a LXX. O TM tem: “mas os líderes filisteus não pensam bem de você”. Os líderes filisteus gostavam de Davi. Eram os chefes do exército que estavam contra ele.
  4. 30.14 queretitas ou “gente de Creta”. Provavelmente são os filisteus, mas alguns dos melhores soldados de Davi eram queretitas.
  5. 31.4 pagãos Literalmente, “incircuncisos”. Isto indicava que não eram israelitas e não haviam feito a aliança com Deus.

(2 Sm 22.1-51)

Este cântico de David foi dirigido ao Senhor quando o libertou dos seus inimigos, incluindo Saul.

18 Eu te amo, Senhor, tu que és a minha força.

O Senhor é o meu rochedo,
o meu lugar forte e o meu libertador.
Esconder-me-ei em Deus
que é a minha rocha e o meu alto retiro.
Ele é o meu escudo,
o poder da minha salvação e o meu refúgio.
Invocarei o Senhor que é digno de todo o louvor;
salvar-me-á de todos os meus adversários.
Cercaram-me laços de morte;
torrentes de maldade desabaram sobre mim.
Fui ligado e atado por laços do mundo dos mortos e por ciladas da morte.

Clamei pelo Senhor, meu Deus, na minha tribulação,
e ele ouviu-me desde o seu templo;
o meu clamor chegou aos seus ouvidos.
Então a Terra foi abalada e tremeu;
os fundamentos das montanhas abalaram-se,
por causa da sua ira.
Saiu fumo do seu rosto,
da sua boca um fogo devorador que tudo consumia,
e punha as brasas a arder.
Fez baixar os céus e desceu,
andando sobre espessas nuvens.
10 Voou sobre um querubim,
sobre as asas do vento.
11 As trevas rodearam-no,
espessas nuvens o circundaram.
12 O brilho da sua presença resplandeceu,
com nuvens, relâmpagos e tempestades de granizo.
13 O Senhor trovejou desde os céus;
o Deus supremo fez ecoar a sua voz.
14 Disparou as suas frechas de luz
e dispersou os inimigos.
15 Pelo sopro da tua respiração,
até o mar se dividiu em dois;
viu-se o fundo das águas
pela repreensão do Senhor.

16 Desde o alto me livrou,
salvou-me de ser levado pelas vagas.
17 Libertou-me do meu poderoso inimigo,
daqueles que me odiavam,
dos que tinham muito mais força do que eu.
18 Saltaram sobre mim, no dia da calamidade,
mas o Senhor foi a minha proteção.
19 Fez-me reaver a liberdade;
resgatou-me, porque me amava.

20 O Senhor recompensou-me,
conforme a minha retidão,
porque tinha as mãos limpas.
21 Guardei os caminhos do Senhor;
não me afastei impiamente do meu Deus.
22 Tive sempre presentes as suas leis;
não me desviei dos seus estatutos.
23 Fui sempre reto perante ele
e fugi do pecado.
24 Por isso, o Senhor atendeu à minha justiça,
pois viu que eu estava limpo.

25 Tu és misericordioso para com os misericordiosos;
revelas a tua retidão para com os que são retos.
26 Com os puros, mostras-te puro,
mas astuto com os perversos.
27 Salvas os que estão aflitos, mas abates os orgulhosos,
mas humilhas os que têm olhar altivo.
28 Senhor, meu Deus, tu acendes a minha luz!
Transformas em luz a minha escuridão.
29 Pelo teu poder posso esmagar um exército;
pela tua força saltarei muralhas.
30 O caminho de Deus é reto.
A palavra do Senhor é verdade;
é um escudo para os que procuram a sua proteção.
31 Só o Senhor é Deus.
Quem é como um rochedo senão o nosso Deus?
32 Deus é quem me fortalece;
faz-me andar em perfeita segurança.
33 Faz com que caminhe com passo bem firme,
como as gazelas sobre os cumes.
34 Torna-me hábil nos combates,
dá-me força capaz de dobrar um arco de bronze;
35 Deste-me o escudo da tua salvação;
amparaste-me com a tua mão direita
e com a tua bondade me engrandeceste.
36 Fizeste-me andar sobre caminhos planos,
onde os meus pés não vacilaram.

37 Persegui os meus inimigos e os alcancei;
não desisti sem os derrotar.
38 Persegui-os e destrocei-os,
nenhum deles se poderá levantar.
Caíram debaixo dos meus pés.
39 Pois deste-me força para a batalha.
Fizeste com que subjugasse
todos os que se levantaram contra mim.
40 Obrigaste os meus inimigos a retroceder e fugir;
destruí todos os que me odiavam.
41 Pediram ajuda, mas ninguém os auxiliou;
clamaram ao Senhor, mas recusou ouvi-los.
42 Pisei-os como o pó do chão que se vai com o vento;
esmaguei-os e dispersei-os como pó nas ruas.
43 Guardaste-me da rebelião do meu povo;
designaste-me para que seja cabeça das nações.
Estrangeiros me servirão.
44 Em breve me serão sujeitos,
quando ouvirem falar do meu poder.
45 Perderão a altivez e virão a tremer,
lá dos seus esconderijos.

46 O Senhor vive!
Bendito seja aquele que é a minha rocha!
Que seja louvado o Deus da minha salvação!
47 Ele é o Deus que por mim faz vingança,
que destrói os que se levantam contra mim.
48 Resgataste-me dos meus adversários.
Sim, tu levantaste-me em segurança,
acima das suas cabeças.
Livraste-me da violência.
49 Por isso, Senhor, dar-te-ei graças entre as nações,
e cantarei louvores ao teu nome.

50 Ele deu uma maravilhosa salvação ao seu rei;
manifestou misericórdia ao seu ungido,
a David e à sua família, para sempre.

Cântico de louvor a Deus pelas suas muitas bênçãos

Para o cantor-mor. Salmo do servo do Senhor, Davi, que disse as palavras deste cântico ao Senhor, no dia em que o Senhor o livrou de todos os seus inimigos e das mãos de Saul

18 Eu te amarei do coração, ó Senhor, fortaleza minha. O Senhor é o meu rochedo, e o meu lugar forte, e o meu libertador; o meu Deus, a minha fortaleza, em quem confio; o meu escudo, a força da minha salvação e o meu alto refúgio. Invocarei o nome do Senhor, que é digno de louvor, e ficarei livre dos meus inimigos.

Cordéis de morte me cercaram, e torrentes de impiedade me assombraram. Cordas do inferno me cingiram, laços de morte me surpreenderam.

Na angústia, invoquei ao Senhor e clamei ao meu Deus; desde o seu templo ouviu a minha voz e aos seus ouvidos chegou o meu clamor perante a sua face.

Então, a terra se abalou e tremeu; e os fundamentos dos montes também se moveram e se abalaram, porquanto se indignou. Do seu nariz subiu fumaça, e da sua boca saiu fogo que consumia; carvões se acenderam dele. Abaixou os céus e desceu, e a escuridão estava debaixo de seus pés. 10 E montou num querubim e voou; sim, voou sobre as asas do vento. 11 Fez das trevas o seu lugar oculto; o pavilhão que o cercava era a escuridão das águas e as nuvens dos céus. 12 Ao resplendor da sua presença as nuvens se espalharam, e a saraiva, e as brasas de fogo. 13 E o Senhor trovejou nos céus; o Altíssimo levantou a sua voz; e havia saraiva e brasas de fogo. 14 Despediu as suas setas e os espalhou; multiplicou raios e os perturbou. 15 Então, foram vistas as profundezas das águas, e foram descobertos os fundamentos do mundo; pela tua repreensão, Senhor, ao soprar das tuas narinas.

16 Enviou desde o alto e me tomou; tirou-me das muitas águas. 17 Livrou-me do meu inimigo forte e dos que me aborreciam, pois eram mais poderosos do que eu. 18 Surpreenderam-me no dia da minha calamidade; mas o Senhor foi o meu amparo. 19 Trouxe-me para um lugar espaçoso; livrou-me, porque tinha prazer em mim.

20 Recompensou-me o Senhor conforme a minha justiça e retribuiu-me conforme a pureza das minhas mãos. 21 Porque guardei os caminhos do Senhor e não me apartei impiamente do meu Deus. 22 Porque todos os seus juízos estavam diante de mim, e não rejeitei os seus estatutos. 23 Também fui sincero perante ele e me guardei da minha iniquidade. 24 Pelo que me retribuiu o Senhor conforme a minha justiça, conforme a pureza de minhas mãos perante os seus olhos.

25 Com o benigno te mostrarás benigno; e com o homem sincero te mostrarás sincero; 26 com o puro te mostrarás puro; e com o perverso te mostrarás indomável. 27 Porque tu livrarás o povo aflito e abaterás os olhos altivos. 28 Porque tu acenderás a minha candeia; o Senhor, meu Deus, alumiará as minhas trevas. 29 Porque contigo entrei pelo meio de um esquadrão e com o meu Deus saltei uma muralha. 30 O caminho de Deus é perfeito; a palavra do Senhor é provada; é um escudo para todos os que nele confiam.

31 Porque, quem é Deus senão o Senhor? E quem é rochedo senão o nosso Deus? 32 Deus é o que me cinge de força e aperfeiçoa o meu caminho. 33 Faz os meus pés como os das cervas e põe-me nas minhas alturas. 34 Adestra as minhas mãos para o combate, de sorte que os meus braços quebraram um arco de cobre. 35 Também me deste o escudo da tua salvação; a tua mão direita me susteve, e a tua mansidão me engrandeceu. 36 Alargaste os meus passos e os meus artelhos não vacilaram. 37 Persegui os meus inimigos e os alcancei; não voltei, senão depois de os ter consumido. 38 Atravessei-os, de sorte que não se puderam levantar; caíram debaixo dos meus pés. 39 Pois me cingiste de força para a peleja; fizeste abater debaixo de mim aqueles que contra mim se levantaram. 40 Deste-me também o pescoço dos meus inimigos, para que eu pudesse destruir os que me aborrecem. 41 Clamaram, mas não houve quem os livrasse; até ao Senhor, mas ele não lhes respondeu. 42 Então, os esmiucei como o pó diante do vento; deitei-os fora como a lama das ruas.

43 Livraste-me das contendas do povo e me fizeste cabeça das nações; um povo que não conheci me servirá. 44 Em ouvindo a minha voz, me obedecerão; os estranhos se submeterão a mim. 45 Os estranhos decairão e terão medo nas suas fortificações.

46 O Senhor vive; e bendito seja o meu rochedo, e exaltado seja o Deus da minha salvação. 47 É Deus que me vinga inteiramente e sujeita os povos debaixo de mim; 48 o que me livra de meus inimigos; — sim, tu me exaltas sobre os que se levantam contra mim, tu me livras do homem violento.

49 Pelo que, ó Senhor, te louvarei entre as nações e cantarei louvores ao teu nome. 50 É ele que engrandece as vitórias do seu rei e usa de benignidade com o seu ungido, com Davi, e com a sua posteridade para sempre.

O SENHOR é a minha fortaleza

Ao diretor do coro. Cântico de Davi, servo do SENHOR. Davi cantou ao SENHOR esta canção quando o SENHOR o livrou de Saul e de todos os seus inimigos.

SENHOR, eu o amo.
    O Senhor é a minha força!

O SENHOR é a minha rocha, a minha fortaleza e o meu libertador.
    O meu Deus é o meu refúgio, a minha proteção;
o meu escudo, a minha poderosa salvação
    e o meu esconderijo mais alto.
O SENHOR é digno de louvor!
    Pedi a sua ajuda, e ele me livrou dos meus inimigos.

Cordas mortais me cercaram.
    Torrentes mortais me levavam embora.
O lugar dos mortos me envolveu nas suas cordas,
    estendeu diante de mim as suas armadilhas fatais.
Na minha angústia clamei ao SENHOR,
    e pedi ajuda ao meu Deus.
Do seu templo, ele ouviu os meus lamentos,
    e ouviu os meus gritos pedindo ajuda.

Então a terra estremeceu fortemente;
    as bases das montanhas foram abaladas.
A terra estremeceu
    porque Deus estava furioso.
Saía fumaça das suas narinas[a]
    e chamas da sua boca;
    dele saíam brasas vivas.

Deus abriu o céu
    e desceu sobre uma nuvem negra.
10 Montado num querubim, ele voou,
    deslizou sobre as asas do vento.
11 Ele estava escondido no meio de nuvens espessas e escuras,
    que o cobriam completamente.
12 Então a glória de Deus brilhou nas nuvens negras
    e lançou sobre a terra granizo e fortes relâmpagos.
13 A voz do SENHOR trovejou do céu,
    o Altíssimo se fez ouvir.
14 Deus lançou as suas flechas e dispersou o inimigo.
    Ele lançou muitos relâmpagos e todos fugiram espantados.
15 O SENHOR enviou a sua repreensão
    com o sopro das suas narinas,
um vento forte que deixou o fundo do mar à vista.
    Os fundamentos da terra ficaram descobertos.

16 Ele estendeu a sua mão e me segurou;
    ele me tirou das águas profundas.
17 Ele me salvou dos meus poderosos inimigos
    e dos que me odiavam,
    dos que eram mais fortes do que eu.
18 Quando eu estava em dificuldades e os meus inimigos me atacavam,
    o SENHOR me deu o seu apoio e proteção.
19 Ele me livrou porque me ama;
    me levou para um lugar seguro.

20 O SENHOR me recompensou justamente,
    porque me comportei com justiça.
Ele me recompensou
    porque não fiz nada errado.
21 Tenho o cuidado de viver como o SENHOR quer que eu viva.
    Por isso, eu não fiz nada que pudesse me separar de Deus.
22 Tenho sempre em mente os seus ensinamentos
    e nunca me desvio das suas leis.
23 Fui sempre honesto com ele
    e tenho me afastado do mal.
24 Por isso, o SENHOR me recompensará conforme a minha justiça.
    Ele fará isso desde que eu não pratique o mal.

25 Deus é fiel com os que lhe são fiéis;
    sincero com os que lhe são sinceros.
26 O Senhor é bom e puro com aquele que é bom e puro;
    mas o Senhor mostra ser mais esperto do que as pessoas ardilosas.
27 O Senhor salva os humildes
    e humilha os arrogantes.
28 O SENHOR ilumina o meu caminho;
    o Senhor, meu Deus, é a minha luz na escuridão.
29 Meu Deus, com a sua ajuda poderei correr com os soldados.
    Com a sua ajuda saltarei as muralhas dos meus inimigos.

30 O caminho de Deus é perfeito;
    as promessas do SENHOR são dignas de confiança.
    Ele protege os que procuram a sua ajuda e proteção.
31 O SENHOR é o único Deus;
    o nosso Deus é a única rocha.
32 Ele é quem me fortalece
    e aperfeiçoa o meu caminho.
33 Ele me ajuda a correr tão depressa como uma gazela
    e me mantém firme mesmo nos lugares mais altos.
34 Ele me prepara para a batalha,
    e dá força aos meus braços para que possam lançar dardos poderosos.

35 Meu Deus, o Senhor me deu o escudo da sua salvação,
    tem sido o meu apoio,
    e tem me ajudado a prosperar.
36 O Senhor dá forças às minhas pernas,
    para que eu possa correr tão depressa,
37 para poder perseguir e destruir meus inimigos;
    não descansarei até derrotá-los.
38 Eu os derrotarei de tal modo que eles nunca mais possam se levantar;
    todos eles estarão debaixo dos meus pés.

39 Meu Deus, o Senhor me dá forças na batalha;
    faz com que aqueles que me perseguem tenham que se inclinar diante de mim.
40 O Senhor me ajuda a derrotar os meus inimigos
    e a derrubar os que me odeiam.
41 Eles pediram ajuda,
    mas ninguém veio ajudá-los.
Também chamaram pelo SENHOR,
    mas ele não lhes respondeu.
42 Dispersei os meus inimigos como o vento dispersa o pó,
    os pisei como se fossem a lama das ruas.

43 O Senhor me salvou dos conflitos dos povos,
    e me fez governante de nações.
Povos que eu não conhecia antes,
    agora me servem.
44 Assim que me ouvem, me obedecem,
    os que não me conheciam antes se submetem a mim agora.
45 Eles terão temor de mim,
    e sairão dos seus esconderijos tremendo de medo.

46 O SENHOR vive!
    Bendita seja a minha rocha.
    Louvado seja Deus, meu Salvador.
47 Deus castiga os meus inimigos
    e os coloca debaixo do meu poder.
48 Ele me salva do meu inimigo;
    me ajuda a vencer os que me atacam,
    me salva do inimigo mais cruel.
49 Por isso louvo ao SENHOR entre as nações,
    e canto louvores ao seu nome.

50 Deus dá grandes vitórias a Davi, o rei que ele escolheu.
    A ele, e aos seus descendentes, Deus mostra sempre a sua bondade.

Footnotes

  1. 18.8 Saía fumaça das suas narinas ou “Saía fumaça dele por causa da sua fúria”.